Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 101
A loucura nascida no coração apaixonado




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Lucy POV

— Eu... Ainda não consigo entender. Por que eu sou tão especial assim, para você ter me escolhido?

Segurei meu braço e olhei de soslaio para as imagens flutuantes do túnel branco. Eram tão horríveis que franzi as sobrancelhas. Sentindo a profunda mágoa no meu coração.

— O que acha que aconteceu quando eu parei de ser o inimigo de vocês? -Zeref olhou para uma fissura em particular.

Eu olhei para a imagem daquele mundo que já desapareceu, mostrando seus últimos momentos.

Mas o que ela mostrou... Foi uma pequena casa de tijolos, com plantas em vasos e uma cadeira de balanço de madeira na bancada cheia de trepadeiras. Flores rosas e amarelas foram plantadas em todos os lugares, dando um ar de aconchego.

Era estranhamente pacífico, comparado com os outros mundos que vimos.

Logo uma albina apareceu com uma expressão séria no rosto e tocou na porta de madeira da casa.

— Espera, eu estou indo!! -uma voz de dentro falou alarmado.

Não demorou muito, com um clic a porta se abriu.

— Lisanna! -o rosto surpreso da loira se tornou em um sorriso.

— Lucy, vim te visitar -a albina arqueou uma felicidade.

— Oh, entre -ela abriu passagem para a outra.

— Então, com licença -a albina assentiu com a cabeça- Não é muito, mas te trouxe um bolo de morango.

— Ah, não precisava.

A Lucy da imagem pegou o pequeno cesto com uma um rosto radiante.

— Você está bem? -Lisanna tombou a cabeça para o lado. Então seus olhos demonstraram preocupação, fitando a barriga da amiga.

— Não é nada -ela riu, balançando a mão- Não é a primeira vez, sabe?

A Strauss sorriu, olhando fixamente para o ventre inchado da loira.

— E Natsu?

— Ah... -a porta se fechou com um suspiro- Ele andou afobado de novo e saiu correndo com Happy. Não sei da onde ele tirou que precisava arranjar leite de cabra das montanhas nevadas de fogo. Deve voltar logo.

— Oh... Mira-nee disse para ele que eram bons para grávidas -a outra escondeu os lábios com a mão e riu.

— Não é a primeira vez que ele é pai. Não sei o que devo fazer com esse problemático.

— Vamos Lucy, ele está sendo apenas atencioso com você.

— Sei, sei.

A sala tem dois sofás largos, uma lareira com lenha ao seu lado. Com ela, uma manta em cor rosa ficou jogada em cima da mesa de livros empilhados. Na estante, há algumas decorações, todos em pares. Assim como duas canecas em formato de coração, um par de gatos de porcelana rosa e amarelo, todos foram formados em pares.

Junto com fotos do casal. O maior era de um homem e mulher em roupas brancas recebendo uma chuva de pétalas, mostrando o melhor dia de suas vidas. Ao lado, a imagem desse mesmo par segurando um bebê loiro.

— Precisa de ajuda para limpar? Com essa barriga deve ser muito difícil.

— Não, eu sou bastante saudável. E Erza falou que exercícios são ótimos para a minha fase.

— A Erza!?

— Supresa né? Ela está animada em ser tia de novo e andou lendo uns livros com a Levy-chan.

As duas riram alegremente.

— Já se fazem dois anos né? -Lisanna perguntou, com a mão no queixo.

Os olhos da loira foram para a foto de casamento pendurada na parede e todo o seu rosto expressou um amor infinito.

— Sim... Como o tempo passa rápido -então percebendo o olhar sorridente de Lisanna, a loira corou, despertando. E pegou as mãos da amiga falando rápido, tentando esconder o constrangimento- Enfim, já que você está aqui, quer ir ver a Nashi? Está no segundo andar.

— Claro!

Lucy puxou Lisanna pela mão escada acima, de bom humor. Mas lentamente por causa do grande inchaço na barriga.

— Sabe... -a albina sussurrou- Tem uma coisa que eu não entendo.

— Hum? -a loira virou o rosto, com um lindo sorriso.

— Por que sou eu quem tem que sofrer, sendo a única que lembra de tudo, ter pesadelos com o homem que amo morrer a ponto de ficar louca... Mas é você quem tem ele, vivendo felizmente?

Os olhos azuis brilharam perigosamente, então puxou o braço da loira com violência.

O corpo que não podia se equilibrar pelo peso na barrida dela, caiu facilmente e rolou pelas escadas.

— AAAAH!! -ela gritou de dor.

Um sangue começou a vazar entre suas pernas. Enquanto seus braços instintivamente protegeram o estômago. Os olhos achocolatados ficaram cheio de lágrimas.

— Lucy -Lisanna sorriu friamente- Ele tentou te proteger tantas vezes... E por sua culpa ele morreu. Não importou o que eu fizesse -seus punhos se fecharam- Sabe por quê? Porque você é fraca. ELE PRECISOU TE PROTEGER. NÃO FORAM UMA OU DUAS VEZES!! PORQUE VOCÊ É MALDITAMENTE FRACA! VOCÊ CONSEGUE ENTENDER ISSO?

— Meu... Meu bebê... -o sopro da mulher foram ficando mais baixos, seus olhos não deixando de cair lágrimas. As mãos trêmulas apertando o ventre mais fortemente.

— Se eu não tivesse ido para Edolas... Eu teria continuado ao lado de Natsu. A pessoa que seria sua companheira, era eu. Lucy, você só tomou o meu lugar. O MEU lugar -ela apontou para si mesma, com um sorriso grotesco e louco.

Então sua atenção foi para casal de gatos de porcelana arrumados lindamente em cima da estante. Um amarelo e um rosa. Seu rosto contorceu de raiva e inveja.

— Você não o merece, Lucy.

Nesse ponto, o corpo da loira parou de responder. Enquanto os passos de Lisanna desceram friamente pela escada. Nenhum vestígio de emoção apareceu em seu rosto.

A porta se abriu abruptamente. Lisanna ficou surpresa, arregalando os olhos.

— LUCE, EU VOLTEI! Finalmente consegui a bendita leite de cabra!

Seu sorriso triunfante mostrou bem alto o frasco de líquido, então ele congelou.

— Luce...? -seus olhos tremeram, descendo até o chão.

Na visão assustadora de uma mulher grávida, protegendo o abdômen instintivamente manchada em sangue. O vidro em sua mão caiu e espatifou no chão, espalhando aquele líquido para todos os lados.

— LUCE! -ele saltou, com a mão erguida, se apressou para pegar a loira caída.

Seus olhos fechados, com sobrancelhas trincadas de dor. Os olhos ônix se apavoraram com aquela visão sem se importar que estava se encharcando com o sangue dela.

— Luce! Luce! -chamou, trêmulo.

A balançou, olhando para a testa com fios dourados colados, cheias de suor.

— Natsu -uma voz fria o chamou.

— Lisanna...? -tremulamente olhou para cima.

— Ela não te merece, Natsu. Por que você está tão triste?

— O... Quê?

— Se for para escolher... -os olhos azuis brilharam de alegria eufórica, com um sorriso apaixonado- Eu não seria melhor?

— Espera... O que você está falando?

— Natsu eu te amo.

O rosado congelou.

— Espera... Você que fez isso? VOCÊ QUE FEZ ISSO COM ELA?

— Essa mulher sempre está atrapalhando, você não percebeu Natsu? Não precisamos dela. Podemos ser felizes juntos.

Ele abraçou a loira com mais força. Com uma expressão descrente.

— Juntos? VOCÊ FICOU LOUCA LISANNA?

— Você está interpretando o meu amor errado... -ela ergue a mão, tentando tocar na bochecha do rosado.

— NÃO... NÃO ME TOQUE! -ele bateu em sua mão fazendo um estalo alto.

Seus olhos continham raiva, mostrando os caninos ferozmente, fazendo a sala esquentar lentamente por causa de sua magia de fogo.

— VOCÊ É LOUCA, LISANNA!

Ele fechou o maxilar e levantou com Lucy nos braços, se virou.

— Natsu, aonde você vai? -a albina tentou segui-lo, expressando surpresa.

Os ombros dele tremeram levemente, então com uma voz gentil, ele sussurrou, ajeitando a cabeça da loira em seu ombro.

— Lucy, vai ficar tudo bem... Eu vou te levar ao médico agora.

E correu apressado pela porta aberta.

A Lisanna que foi deixada sozinha para trás, ficou paralisada. Pouco a pouco, as lágrimas caíram dos olhos azuis.

— Natsu... Me odeia...?

Seu corpo escorregou para o chão, perdendo as forças. Olhando fixamente para a porta aberta, achando que ele voltaria. Mas não importou quanto tempo ela ficou esperando, sua visão tinha apenas as flores rosas e amarelas plantadas fora da casa.

— ... Está tudo bem... -ela sorriu- Eu posso concertar isso... Take Unison... Hope Return.

A eu que assisti isso, congelei. Zeref continuou a caminhar, como se isso fosse nada.

Na próxima fissura foi a mesma coisa. Não havia guerras, não existia lutas. Uma paz incrível.

A Lucy dessa visão sorria enquanto regava algumas flores e puxava o cabelo para trás da orelha. Lisanna vestida de gatinho, saltou furtivamente por trás. Os raios do sol brilharam nas garras expostas.

— AAAH! -a sua mão cravou nas costas da loira.

O sangue respingou no rosto da albina e ela sorriu enquanto assistiu Lucy cair entre o arbusto de flores, pintando tudo de vermelho.

— ... Luce!? -nesse mesmo momento, Natsu apareceu surpreendentemente com um buquê de rosas.

Os ombros de Lisanna tremeram em choque por ter sido descoberta.

Enquanto o rosto do rosado se tornaram em descrença, logo virando pânico. A albina ficou mais assustada ainda.

— TAKE UNISON! HOPE RETURN!!

Respirei fundo ao assistir aquele final. Os próximos não foram diferentes. Alguns ainda tinham lutas, Lisanna planejou matar a Lucy desses mundos, cada vez mais disfarçados como acidentes. Mas em todos eles Natsu descobria.

Porque Natsu estava sempre ao lado de Lucy.

Não podendo viver com o ódio de Natsu, Lisanna resetou o mundo.

— Você vê? -Zeref falou baixo.

Minhas mãos tremeram.

— Em algum momento, o desejo de Lisanna de "Quero salvar Natsu" se tornou "Eu devo matar Lucy".

Mais e mais a estrada ficou sombria, junto com as minhas mortes. Em uma Lisanna se tornando mais louca a cada momento. Mais obsessiva e paranoica.

E ele parou na frente de um outro fragmento.

— Até que... Chegou esse mundo. O mundo em que eu estive preso.

As terras vermelhas, as ruínas abandonadas. Então... Apareceram Dragões.

Um mundo repleto de dragões agindo como reis e brigando entre si para ver quem é o mais forte do grupo. Uma guerra estendida contra alguns humanos remanescentes.

E uma albina estava correndo entre os destroços. Ofegante e se escondendo das criaturas gigantes. Parece que passou tanto tempo desde a vitória dos dragões, que os prédios estava cheia de trepadeiras, com arbustos e árvores nascendo desenfreados nas ruas.

Uma sombra voou, e Lisanna se abaixou, escondida, protegendo firmemente uma bolsa nos braços. Seu rosto cheio de terra e sujeira não conseguiu esconder a determinação da sua alma.

Se moveu assim que achou que era seguro. Espiando por cima do ombro, então continuou a correr. Entrou por um prédio abandonado, mostrando uma sala com escadas quebradas. Mas ela se aproximou de uma entrada invisível no canto, entre algumas pedras.

Se arrastou para dentro usou algumas escadas de ferro. Era um esgoto seco e meio escuro. Se ramificando em várias passagens, Lisanna passou por eles com familiaridade, sem hesitação.

Então... Um grupo de humanos sobreviventes apareceram.

A humanidade criou uma resistência subterrânea.

— Pessoal? -a albina olhou para as pessoas abatidas.

Eu não pude reconhecer essas pessoas. Completamente desconhecidos. Mas Lisanna se aproximou delas, com as sobrancelhas franzidas.

— O que houve? -estranhou o ambiente abatido e sombrio deles.

— Lisanna... -um homem fechou o punho e esmurrou o chão. As outras pessoas amargaram mais a cara- Lucy... Lucy morreu.

— O que...? -a bolsa que ela segurava com tanta firmeza, escorregou no chão.

— A nossa expedição... Enquanto você saiu em busca de mantimentos... Era uma armadilha do grupo da Sabertooth...

O queixo da albina tremulou.

— E Natsu!? -ela gritou, pegando os ombros do homem.

— Natsu... Ele...

— Ele está bem!?

— Lucy... Se sacrificou para que nós pudéssemos escapar... Natsu tentou ficar, mas nós o arrastamos contra a sua vontade... Agora, está no salão e pediu para ninguém se aproximar.

Ela se virou, correndo pelo túnel do esgoto.

— Lisanna!? -o homem chamou e ela o ignorou.

O rosto antes preocupado, mudou para uma euforia de um sorriso torcido.

— Ela morreu...! Eu não acredito! Eu não a matei e ela fez o favor de morrer! E Natsu está vivo!

Quando chegou perto do lugar que eles denominaram como salão, sua expressão mudou velozmente para uma cheia de lágrimas.

— Natsu!

No ambiente com uma mesa redonda ao meio, claramente era um salão de reuniões. Em sua superfície tendo mapas e papeladas espalhadas, com algumas canetas e tintas. Tem seis cadeiras rodeando a mesa... E em uma delas há um homem sentando.

Com as mãos escondendo o rosto e os cotovelos amassando alguns papéis, ele ergueu o rosto abatido.

— Lisanna...

— Natsu... -ela se aproximou com cautela.

A sua mão pousou no seu ombro.

— ...

— Eu sou um inútil...

— Isso não é verdade.

— Eu não pude protegê-la.

Os punhos dele se fecharam, Lisanna alisou as costas frágeis dele, gentilmente.

— Eu escutei dos outros. Lucy... Ela ficou para proteger vocês... Foi algo nobre. E você tem que aceitar, essa foi a escolha dela.

— Pff... Deixar ela morrer é algo nobre...? -deu um riso irônico.

— Natsu, ela já foi. Se... Você ficar dessa forma, quem é que vai nos guiar? Ainda estamos vivos. E precisamos de você.

— Não entende Lisanna? Eu a tinha, por isso achei que poderia ser um bom líder para vocês.

Nesse segundo, percebi. Em um mundo aonde a vida de todos depende de você, Natsu dessa vida era mais maduro. Ele tinha responsabilidades pesadas, então se tornou em uma pessoa mais adulta do que o Natsu de outros mundos.

— Agora... Sem ela... Eu sinto que falhei miseravelmente. Luce era a pessoa quem eu mais queria proteger.

O rosto de Lisanna vacilou levemente, mas se recompôs rapidamente.

— E as pessoas que sobraram Natsu? E eu? Eu não estou aqui? Não significo nada para você?

— Ha... -ele deu um suspiro profundo, cheio de ironia- Lisanna... Você realmente não entende...

Os olhos de ônix se ergueram, abatidos. Seus lábios ergueram em um escárnio cheio de dor.

— Eu... Não entendo? -os olhos azuis dela se assustaram com o brilho frio de Natsu. Ela deu um passo para trás.

— Acha que eu não percebi? Você tentou várias vezes colocar a vida de Luce em risco. Parecia um acidente, e eu achei mesmo que era uma coincidência. Mas eu descobri. Nunca foram acidentes.

A albina ficou mais pálida. Os olhos se arregalando mais.

— Aquele dia no rio? Quando um dragão apareceu, achou mesmo que não teria descoberto que você quem filtrou as informações erradas? Ou quando a ponte se destruiu quando tentamos passar. Você sabia que não era seguro, mas fez Luce ir para aquele caminho, torcendo a opinião do pessoal pelas minhas costas.

— Não... Eu não...

— Quando descobri, fiquei com tanta raiva. Eu acreditei nas pessoas que estava protegendo. Lisanna, temos um inimigo em comum que são os dragões! Realmente pensei que estávamos unidos. Então... quando descobri, eu quis te confrontar, te expulsar.

— Natsu... Não... -os olhos da albina marejaram- É tudo uma mentira, não fui eu...

— Eu tenho provas! -ele gritou, fazendo a mulher estremecer- Não adianta fingir que nunca aconteceu, Lisanna!

— ... -os lábios dela se abriram, mas nada saiu.

— E quando fiquei tomado pela raiva... Luce quem me parou.

— ... Lucy...?

— Aah... Ela disse que não te culpava. Ela falou que estava bem com isso -seu olhar se tornou feroz, enquanto falou aquelas palavras- "Olha Natsu, eu não morri, certo? Então não vamos fazer confusão. Somos o pouco que restou da resistência, em vez de brigar entre nós, temos que nos unir!"... Lisanna, ela disse isso sorrindo para mim! E te perdoou no mesmo segundo!

Ele escondeu o rosto novamente entre as mãos.

— Lisanna... Você nunca poderia entender. Luce era uma pessoa especial. Alguém que não sabia como odiar alguém, ela escolhia ser otimista do que se afogar em rancor pela pessoa que a tentou matar. E é por isso... Por isso eu a amei.


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