Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 7
Capítulo 7 - Verdades


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem de ler esse capítulo tanto quanto eu gostei de escrever ^3^



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Ladybug sentiu o corpo adormecer, como se algo tomasse conta de seus membros e controlasse seus movimentos. Antes mesmo de perceber, estava gritando com Chat Noir.

"Não grite com ele" a voz na cabeça dela dizia "A culpa não é dele".

Via o olhar de Chat incrédulo, olhando como se não soubesse quem ela era, e então Maremarvin falou. E o resto do mundo todo silenciou. A borboleta pousou no ombro de Marinette, e ela ouviu uma voz grave e profunda soar dentro de sua cabeça:

"Você enfraquece a cada dia mais e eu fico um passo mais próximo de conseguir o que é meu por direito. O que tiraram de mim. As minhas portas estão sempre abertas pra você, Ladybug. Mas não esqueça de uma coisa: É um caminho sem volta."

Hawkmoth. Ela iria achá-lo. Iria acabar com aquilo tudo de uma vez por todas. O futuro de Paris e do mundo dependia daquilo, dependia dela. E não deixaria ninguém ficar em seu caminho.

Sabia que sua transformação estava prestes a acabar, mas suas pernas haviam parado de responder. Estava exausta. Queria dormir. Sentiu então algo puxá-la contra si, e o chão desapareceu sob seus pés. Olhou para cima, e viu Chat mirando o longe com um olhar determinado. No próximo segundo que percebeu, estava sentada no chão, fitando as próprias pernas. Não estava mais de uniforme. Não era mais Ladybug.

Olhou em volta. Estava em um beco escuro, e mal lembrava como chegara ali. Aquele, definitivamente, estava sendo um dia estranho. Marinette fez menção de se levantar, mas sentiu uma pressão em sua nuca.

"Se eu fosse você, não faria isso" era a voz de Chat. Ele pressionava a nuca contra a dela, alertando-a que não deveria levantar.

"C-Chat?" Marinette engoliu a seco. Ele a havia visto. Sabia o segredo dela. Seu coração começou a palpitar furiosamente e um zumbido forte tomou conta de sua cabeça.

"Calma, eu não vi nada. Você destransformou enquanto eu estava de costas. E também não sou mais o Chat agora." ele falava sério, e ela sentiu os músculos das costas dele retesarem contra os dela. Eles agora eram só um garoto e uma garota sentados sozinhos em um beco escuro no meio de Paris, a uma virada de distância de saberem o segredo um do outro.

Ele poderia ter virado, poderia tê-la visto, e ela sabia o quanto ele queria. Inúmeras vezes insistira para que ela ficasse, para que mostrasse quem realmente era embaixo da máscara, mas proteger a própria identidade era proteger as pessoas que ela amava, e por mais que confiasse em Chat Noir, sabia que aquele não era o momento de revelar seu segredo.

"O que aconteceu?" ela perguntou enquanto segurava a cabeça, tentando relembrar exatamente o que havia acontecido. Tikki estava deitada no seu colo, em sono profundo.

"Eu acho que é minha hora de perguntar. O que está acontecendo, Ladybug?" Marinette nunca ouvira Chat soar tão sério. Ela conseguia ouvir a angústia no tom de voz dele. Será que poderia contar o que Tikki lhe contara? Será que ele a apoiaria? Ou será que a julgaria e a consideraria inapta para o trabalho que estava fazendo?

"Eu..." Marinette começou, mas as palavras eram tão pesadas e carregadas de tanto medo que ela quase se afogou ao tentar falar.

"Ladybug..." o gato fez uma pausa, como se tomando coragem para seguir o próprio raciocínio "As máscaras podem mudar como a gente se comporta, mas não muda quem somos por dentro, ou nossas intenções. E a minha intenção é ficar do seu lado, e ajudar no que eu puder."

Marinette baixou a cabeça até quase encostar o queixo no peito. Como podia pensar mal do parceiro que tantas vezes arriscara a própria vida para ajudá-la? Ela devia confiar nele como ele confiava nela. Ela estava sendo egoísta. Sabia que a verdade o preocuparia, mas escondê-la dele só ia machucá-lo mais ainda.

"Eu vou atrás do Hawkmoth."

"O quê?! Ladybug, você- " ela ouviu Chat gritar e se afastar dela.

"Não vire!" ela gritou e se arrependeu logo em seguida, repetindo mais baixo logo depois "Por favor, não vire."

Marinette sentiu as costas do garoto encostarem nas dela de novo, e as costelas dele expandirem em um suspiro profundo, então continuou.

"Eu preciso acabar logo com isso. Nós não temos muito tempo." e então ela sussurrou "Eu não tenho muito tempo."

"Por favor, me fala." a voz dele era doce e cheia de dor. Ela não queria dizer, não queria contar, mas também sabia que estava fraca demais para fazer aquilo tudo sozinha.

"O cronômetro está andando, mas em um estalar de dedos ele irá parar." Marinette levantou os olhos para a faixa de céu azul que pairava sobre o beco, e os pequenos traços de nuves fofas que rastejavam preguiçosamente sobre eles.

"O que isso quer dizer?" Chat perguntou, alongando as costas contra as dela.

"Minha kwami que me contou" Marinette respirou fundo duas vezes e começou a explicar para seu parceiro o que sabia.

"Nós ficávamos esperando os akumas aparecerem para serem neutralizados, achando que nosso trabalho estava sendo suficiente..." ela fez uma pausa e continuou "...mas a verdade é que a cada akuma que nós capturávamos, um pouco da minha energia era trocada pela dele."

"Como assim? Isso não é trabalho do Miraculous?" Marinette sorriu tristemente. Ele fazia as mesmas perguntas que ela fizera para Tikki.

"O trabalho do Miraculous é neutralizar o akuma, e o meu trabalho é portar o Miraculous, então enquanto eu sou Ladybug, tudo o que acontece com ele, acontece comigo também."

"Mas quando você termina de neutralizar o akuma, as coisas não voltam ao que eram antes?" Chat fazia perguntas, mas ela torcia para que ele parasse, pois a cada questão ela preciava responder com mais detalhes. E não queria preocupá-lo ainda mais.

"Tudo volta ao normal, inclusive eu, mas o meu poder de cura está diminuindo, está acabando. Eu achava que era um poder infinito, mas não é. Para o mundo não correr risco, o Miraculous usa toda a energia que pode para recuperar os estragos do akuma, e não sobra muito mais pra mim." Marinette repetia as palavras de Tikki, tentando minimizar o choque de tantas informações.

Chat manteve-se em silêncio. Olhava para Plagg que ressonava dormindo em suas mãos, alheio a tudo o que acontecia. Quanto o kwami sabia sobre aquilo? Por que não havia contado para ele? Quando chegassem em casa, os dois conversariam muito sério sobre tudo aquilo.

Marinette percebeu o silêncio de Chat. Perguntava-se o que estava passando na cabeça dele. Queria muito saber, mas tinha medo da resposta. Decidiu então continuar "Eu e você somos o yin e o yang. Somos o que mantém o balanço do bem e do mal do mundo e de todos os Miraculous. Por que você acha que o Hawmoth nunca pegou o seu Miraculous primeiro? Por que ele sempre quer o meu antes?"

"Não sei, nunca parei pra pensar nisso. Achei que ele não pensava direito." Chat Noir respondeu, olhando para o mesmo céu que Marinette observava.

"Ele pensa direito. Melhor do que nós dois imaginamos. O meu Miraculous é o único capaz de purificar o mal. É o único capaz de construir, de curar. Se o mundo perde isso, ele perde o balanço. E você, como a outra metade do balanço, ganha mais poder.."

"Mas isso é bom, não é? Se eu ganhar mais poder, posso destruir o Hawkmoth!" Marinette ouviu o sorriso na voz do garoto.

"E a você mesmo também, Chat. O seu cataclismo tem um poder imensurável, mas ele destrói só o que você quer porque você pode controlá-lo. Agora imagine se você causar uma destruição imensa e eu não puder fazer tudo voltar ao normal?"

Marinette passou as mãos no rosto. Sentia-se cansada, mas precisava continuar.

"É por isso que eu estou aqui. É por isso que você está aqui. É por isso que estamos juntos. Para manter o equilíbrio." Marinette trincava os dentes, com raiva de si mesma por não ter pecebido antes "Todos esses akumas, toda essa correria, ele só estava ganhando tempo."

Adrien juntava as peças dentro de sua cabeça. Por isso que ela andava agindo tão estranho, e por isso que ela parecia tão doente. Ele sentiu um estalo no fundo da cabeça, e a imagem de Marinette brilhou na sua frente. Seria isso...?

"Ladybug, você está doente?" Ele precisava perguntar, ou engasgaria com as palavras.

Marinette arregalou os olhos. Uma resposta errada e ela podia colocar tudo a perder.

"Eu não estou me sentindo mal, mas estou piorando." Nem um sim, nem um não, nem uma mentira. Ela estava começando a ficar boa naquilo. Sorriu para si mesma.

"Quanto tempo nós temos?" ela ouviu a voz de Chat, e seu coração se aqueceu. Deveria saber desde o início que ele a entenderia e a apoiaria. Ele era uma das únicas pessoas no mundo que estava ao lado dela para qualquer coisa que acontecesse. Até para quando ela agia como uma idiota sem coração.

" 'O cronômetro está andando' - Foi o que a minha kwami disse - Isso significa que o nosso tempo está correndo, e 'em um estalar de dedos ele irá parar' significa que a qualquer momento esse tempo vai terminar." e sussurrou na esperança de que ele não a ouvisse "Terminar pra mim."

Marinette sentiu um peso sobre seu ombro direito e cabelos que não eram seus tocarem seu rosto. Chat Noir havia deitado a nuca no ombro dela. Mari nunca havia reparado em como ele era maior do que ela. Sorriu com o pensamento. Tanto tempo lado a lado e eles nunca paravam para se conhecer de verdade.

"Isso não vai acontecer." ela ouviu a voz grave do garoto retumbar em seus ouvidos como uma oração, como uma promessa.

A garota sentiu os olhos encherem d'água. Como ele podia ser tão incrível e tão idiota ao mesmo tempo? Ela riu baixinho com o pensamento e apoiou a cabeça para trás.

"Gato idiota" Ela riu baixinho e apoiou a cabeça para trás.

"Seu gato idiota, my lady." As bochechas dos dois se encostaram, pele contra pele, em um toque macio e íntimo, mas seus olhares continuavam fixados no céu azul acima e no futuro que os esperava.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam, curtidas e comentários me fazem postar mais rápidooooo ;3