Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 12
Capítulo 12 - Sorriso


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de ação e uma surpresinha ♥



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Adrien e Marinette haviam pulado para trás do sofá a tempo suficiente de se livrar da torrente de cacos de vidro que quebraram todas as janelas da casa. Os dois se olharam.

"Você está bem?" Marinette perguntou primeiro.

"Estou, e você?" Adrien a viu acenar em sinal positivo com a cabeça.

Os dois espiaram por cima do sofá e viram uma figura incandescente sobrevoando os prédios. Por onde passava, as janelas estouravam em uma torrente de cacos. Ao mesmo tempo, a temperatura a volta deles parecia ter subido. "Akuma", foi a palavra que atravessou a mente dos dois ao mesmo tempo, mas que não foi dita em voz alta por nenhum deles.

"Meus pais saíram e eu preciso ver se eles estão bem!" Marinette precisava de uma desculpa para se transformar longe dos olhos de Adrien. Correu escada acima e olhou para Tikki que já entrava na pequena bolsa, esperando ser levada para um local seguro. Quando desceu, viu Adrien procurando algo nos bolsos da camisa, parecendo extremamente angustiado "Tá tudo bem?" ela então perguntou.

"Tá sim, eu acho que deixei meu, hã, celular em casa, preciso saber se está tudo bem por lá." Adrien havia esquecido Plagg em casa. Não poderia fazer nada sem ele ali, mas ao mesmo tempo não queria deixar Marinette sozinha. Olhou-a em aflição.

"Pode ir, eu vou ficar bem!" ela sorriu, assegurando. Por algum motivo que não soube explicar, acreditava nela.

Adrien saiu correndo porta afora e Marinette aproveitou a deixa para se transformar ali mesmo.

"Tikki, me transforme!" sentiu o poder percorrer o seu corpo e na mesma hora todo o cansaço e dores que sentia acabaram, sendo substituídos por uma sensação de bem-estar completo. Agarrou o ioiô da cintura e pulou janela afora, olhando Adrien no andar de baixo que corria para casa, do lado contrário para onde o akuma ia. Sentiu-se mais tranquila. Ele ficaria bem.

Sobrevoou os prédios, lançando o corpo o mais rápido que podia para impulsionar a chegada até o local onde estava o akuma. A noite estava estranhamente quente, quase como se fosse um dia de veraão. Considerando que era uma noite de outono, se perguntou se aquilo também teria relação com o novo ataque. Abaixo de si, pelas ruas, Ladybug via as pessoas correndo na direção contrária, algumas olhando para cima e sorrindo quando a viam passar. Aquele era um dos poucos momentos que fazia com que não se sentisse uma louca completa por estar indo em direção ao perigo enquanto todo o resto de Paris fugia dele.

Imaginou que estivesse bem perto do local onde encontraria a causa do ataque, já que a temperatura parecia subir mais e mais conforme avançava. Havia chegado a avenida Champs-Élysées, e pela primeira vez a via deserta. Os poucos carros no meio da rua ou na beira da calçada estavam abandonados, alguns com as janelas estouradas e latarias retorcidas. Ladybug andava pelo meio da rua, sentindo o calor insuportável deixá-la sem fôlego. Ergueu os olhos vendo os estragos a sua volta enquanto caminhava. À sua frente, o Arco do Triunfo aparecia imponente, e no topo dele, estava quem ela procurava.

"O Hawkmoth disse que você viria." uma voz feminina soou em meio ao silêncio da noite, e Ladybug viu uma figura incandescente pular de cima do Arco do Triunfo e cair à sua frente.

A garota parecia feita de fogo. Seu corpo era alaranjado com sombras vermelhas que dançavam sobre a pele, mudando de cor e pulsando como se em suas veias corresse lava pura. Os cabelos eram negros e flutuavam, as pontas quase transparentes como fumaça. Uma máscara escura sobre os olhos, um vestido preto curto com um profundo decote e duas fendas laterais cobriam seu corpo. Ladybug se perguntou como o tecido não queimava sobre a pele incandescente, mas vendo com mais atenção, percebeu que ao invés de tecido, as roupas eram feitas de placas de carvão.

"Pode me chamar de Fênix, muito prazer." estendeu a mão para Ladybug, que agarrou o iôiô em posição defensiva "Ora, quanta raiva nesse coração" a garota vermelha riu, circundando a heroína. Ladybug sentiu um fio de suor escorrer pelo seu rosto com a proximidade da garota.

"O que você quer?" Ladybug perguntou, ainda com o iôiô em mãos, girando a cabeça para acompanhar os movimentos da Fênix.

"Você sabe o que eu quero. O seu Miraculous." estendeu a mão aberta, e a heroína deu um passo para trás.

"E você sabe que eu não vou te dar." sorriu para a vilã, cujo rosto mudou de risonho para furioso.

"Então você não me deixa outra escolha, joaninha!" Fênix abriu os braços e grandes esferas ardentes surgiram em suas mãos, às quais foram arremessadas em direção a Ladybug. A heroína se desviou de ambas. A vilã seguia arremessando bolas de fogo sem muito esforço, mas Ladybug começava a cansar devido ao calor intenso que emanava dos ataques.

"Vamos, Chat, aparece logo." ela não queria gastar o Lucky Charm antes do Chat Noir aparecer. Tinha medo de precisar dele para distrair a Fênix e não tê-lo ali. Teria que aguentar mais um tempo. Enrolou o iôiô nos postes, impulsionando o corpo pelo ar, desviando dos ataques.

"Por que você foi akumatizada?" Ladybug gritava de cima de um dos prédios, vendo a garota incandescente andando sobre o concreto rachado da calçada.

"Você sabe o que é dor, Ladybug?" a heroína foi pega de surpresa com a pergunta. Viu Fênix pular do meio da rua e pousar a sua frente sem dificuldade no topo do prédio.

"Claro que eu sei!" a heroína respondia, colocando-se em prontidão para um novo ataque.

"Tem certeza?" Fênix perguntava, andando vagarosamente na direção de Ladybug "Você sabe o que é ser machucada de propósito por alguém que você ama? Sabe o que é passar por tanto sofrimento a ponto de preferir a morte?"

Ladybug percebia que as cores do corpo da garota se tornavam mais brilhantes e a temperatura alta era cada vez mais insuportável. Dava passos para trás, tentando manter-se longe da fonte de calor.

"Você não sabe o que é dor, Ladybug! Você não tem ideia do que é dor!" Fênix falava cada vez mais alto, e abriu as mãos novamente, onde surgiram novas esferas de fogo "Mas eu faço questão de te mostrar!" uniu as duas mãos, juntando as esferas e transformando-as em um orbe imenso que pulsava em chamas e labaredas escaldantes.

Ladybug pulou de cima do prédio, enrolando o iôiô em um poste abaixo, fugindo do ataque que estava para acontecer, mas não foi rápida o suficiente, e descobriu isso no exato momento em que uma força imensa lhe atingiu nas pernas enquanto ainda estava no ar, fazendo-a perder o equilíbrio. Sentiu o corpo ser desajeitadamente arremessado na direção contrária a que estava indo, acertando a lateral de um carro com brutalidade. Acima de si, ouviu a gargalhada da garota de fogo.

"Você não é páreo para as minhas habilidades, Ladybug!" Fênix ainda ria enquanto falava. Desceu do prédio, planando vagarosamente pelo ar, sem muita pressa, aproximando-se de Ladybug em passos preguiçosos "Ele me disse que seria fácil, que você estava fraca, joaninha" o tom de deboche na voz era claro.

Fênix segurou o braço de Ladybug, e a heroína gritou quando sentiu o toque de brasas lhe encostar. Achava que o uniforme lhe protegeria de qualquer coisa, mas sentia a pele queimar, a sensação de mil agulhas penetrando até os ossos.

"Eu disse que lhe mostraria o que é dor de verdade. Ainda duvida?" a garota de fogo estava abaixada ao lado de Ladybug que ainda não conseguira levantar após o último golpe.

A heroína agarrou o iôiô rapidamente com a mão esquerda e atirou-o contra as pernas da Fênix, amarrando-a e fazendo-a perder o balanço. Quando isso aconteceu, a vilã largou Ladybug na tentativa de se equilibrar novamente. Nesse pequeno segundo, a heroína aproveitou para correr para longe, puxando o iôiô com Fênix presa nele. A garota incandescente era puxada, encontrando o corpo com violência contra asfalto, calçada e laterais de prédios e carros. Ela aumentou a temperatura do próprio corpo, na esperança de derreter o fio do iôiô que a amarrava, mas não estava obtendo sucesso.

Ladybug corria e saltava pelo ar. Precisava chegar rápido até seu destino. Não podia usar o iôiô, precisava manter a Fênix presa o máximo que conseguisse. Sentia o braço queimado latejar, mas a adrenalina era tanta que a dor havia dado espaço para a dormência. O suor descia por seu rosto livremente, mas ela agradecia internamente pela máscara desviar o curso do suor, impedindo que atrapalhasse sua visão. A mistura de calor e cansaço dizia que estava chegando ao limite. Teria que usar o Lucky Charm, com ou sem o Chat Noir.

Felizmente, o Reservatório de água de Passy não era muito longe dali. Avistou sobre o prédio o reflexo da lua na água, e jogou Fênix lá dentro sem pensar duas vezes, puxando o iôiô de volta. O encontro do corpo da garota de fogo com a água levantou uma nuvem imensa de fumaça cinza.

"Achei!" Ladybug ouviu uma voz, sentindo algo pousar ao seu lado, e pôs-se em posição de ataque, mas relaxou ao ver que era Chat Noir "Calma, calma!" ele ria, com as mãos jogadas para o alto "Como vocês vieram parar aqui? Eu tive que atravessar a cidade inteira procurando!" ele olhava para baixo, avistando a fumaça.

"Longa história pra contar agora Chat, a coisa meio que perdeu o controle" respondeu, franzindo a testa e sentindo o braço queimado latejar "Não consegui achar onde está o akuma, mas agora que eu já fiz quase todo o trabalho, quem sabe você dá seus pulos e resolve isso, gatinho?" ela forçava um sorriso, mas ele franziu a testa, percebendo que ela não estava tão bem quanto queria que ele acreditasse. Ele sabia o motivo, não iria mais fazê-la perder tempo com aquilo.

A fumaça começava a dispersar, e do meio do reservatório de água pulou a garota, mas não da forma que eles esperavam. Ela parou em pé a frente deles, o corpo ainda crepitando pelo toque da água. A pele, antes vermelha e quente, havia se transformado em placas de pedra e carvão. A garota parecia uma escultura que se movia. O cabelo, antes comprido e formado de fumaça, agora caía na altura dos ombros, e sobre sua cabeça apareceu a pequena tiara, antes escondida em meio as chamas.

"Ali" Ladybug murmurou, mas Chat já havia visto o acessório.

"Hora de dar uma afiada nas garras então!" ele sorriu, investindo na contra vilã.

Fênix abriu as mãos, mas o fogo não apareceu. A água fria ainda impedia que as chamas levantassem, ela precisaria de mais tempo. Pulou para longe, tentando ganhar tempo, e Ladybug percebeu.

"Chat, não deixa ela fugir! Ela está tentando recuperar os poderes que a água tirou!" a heroína sentia o corpo refrescar e as energias voltarem.

"Pode deixar, bugaboo!" ele jogou o bastão contra a garota de pedra, mas apenas se ouviu uma batida metálica e a arma voltou para a mão de Chat.

"Isso não vai adiantar! Talismã!" Ladybug gritou, arremessando o iôiô para o ar. Em suas mãos, caiu um bumerangue vermelho com pintas pretas.

"Um bumerangue?" Chat Noir e Ladybug corriam atrás da Fênix, e Ladybug mirou o bumerangue na tiara da Fênix, para tirá-la da cabeça da garota. O bumerangue acertou a tiara, fez o mesmo som do bastão do Chat contra a estrutura de pedra e voltou para a mão de Ladybug.

"Está presa na cabeça dela! Precisamos desmanchar a capa de pedra!" a joaninha gritava para Chat, enquanto os dois pulavam de prédio em prédio atrás da vilã.

"Deixa comigo! Cataclismo!" Chat gritou com o punho para o ar, sentindo a energia se concentrar na mão direita portando o anel "Continua atrás dela, eu vou pegar um atalho!" ele gritou para Ladybug, que concordou com a cabeça.

Fênix saltava sobre as construções, fugindo dos heróis. Sentia o corpo aquecendo novamente, a sensação da lava correndo por suas veias, e um dos cantos de seus lábios puxou um sorriso. Ela ganharia daquela vez. Se conseguisse seus poderes de volta, com certeza ganharia deles. Não se deixaria ser enganada de novo, por mais ninguém. Olhou para trás, e sentiu os olhos arregalarem ao ver apenas Ladybug. Não enxergou Chat Noir. Quando voltou a visão para sua frente, o estava ali. E ela estava encurralada.

"Nunca te ensinaram a não brincar com fogo, gatinho?" Fênix provocava, tentando ganhar tempo.

"Eu sou um gato. Tenho mais medo de água do que de fogo. Então hoje é seu dia de azar! Até porque eu sou um gato preto e dizem que gatos pretos dão azar, então..."

"Termina isso logo, Chat." Ladybug murmurou do prédio ao lado, com o rosto afundado na palma da mão, sem ter mais paciência para as piadas ruins do parceiro.

Chat Noir sorriu e atirou o corpo na direção dela, agarrando a perna da garota com a mão que emitia a energia negra do cataclismo. Ela gritou em dor, sentindo as placas de pedra descolarem de seu corpo, mas ao mesmo tempo percebia que a força do fogo reaparecia. Entendeu, naquele momento, que muitas vezes a dor era necessária para fazê-la mais forte. Quanta ironia descobrir aquilo no exato momento em que estava sendo derrotada.

Ladybug atirou o bumerangue na direção da cabeça da garota de fogo que recuperava seus poderes. Os cabelos se transformavam em fumaça de novo, e a tiara antes negra começava a ter a aparência de brasas novamente. O bumerangue atingiu o acessório, prendeu-o em uma das pontas e voltou para a mão de Ladybug, que pisou na estrutura feita de chamas, libertando a borboleta escura e a prendendo dentro do iôiô. Fechou o iôiô na mão, impedindo-o de abrir e liberar a borboleta.

"Ladybug..." Chat murmurou, ao ver que a joaninha não soltava o iôiô e a mão da garota tremia levemente.

"Chat, nós precisamos achar o Hawmoth." olhou seriamente para a garota deitada no chão, desacordada, o corpo ainda preso dentro das chamas.

"Nós vamos." ele se aproximou e colocou a mão sobre o braço dela, e viu que ela hesitou ao sentir o toque "Você está machucada?" perguntou em um tom preocupado, mas não via qualquer falha no material do uniforme. Tudo parecia perfeito.

"Eu não sei" ela respondeu sinceramente "Achei que o uniforme me protegeria de qualquer coisa, mas hoje eu tive certeza que ele só me protege enquanto eu sou a Ladybug" ergueu os olhos para encontrar os dele "Quem eu sou por baixo da máscara ainda sente tudo." terminou a frase com um sorriso triste e quando a ouviu se arrependeu de tê-la falado.

"Vai dar tudo certo." ele sorriu, mas os olhos continuavam apreensivos, e ela percebeu que ele estava tentando ser forte pelos dois. Ele era mesmo especial.

Ladybug sorriu sinceramente, mas ao invés de sentir a paixão de sempre, Chat franziu a testa. Aquele sorriso, aquele mesmo sorriso. O maldito sorriso que fazia seu coração falhar uma batida toda vez que via Marinette, mas agora nos lábios de outra garota. Deu um passo para trás, ligando os pontos. Coincidência? Ou sinais da verdade? Via Ladybug liberar o akuma na forma de uma borboleta branca e usar o poder do Miraculous para fazer tudo voltar ao normal, alheia aos pensamentos dele. Ele engoliu a seco para acalmar o coração que pulava enlouquecidamente dentro do peito.

Sacudiu a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Marinette estava começando a mexer com seus sentimentos, era a única explicação. Estava começando a confundir Ladybug com Marinette, assim como confundia os sentimentos pelas duas. Rezava para que aquela fosse a verdade, do contrário, havia descoberto algo que não devia.


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Notas finais do capítulo

Vocês não fazem ideia de como é difícil inventar designs e nomes pros akumas sem fazer algo completamente sem noção e idiota! HAEHUIAEH
Eeeee... Será que a revelação está se aproximando?