— Outra vez aqui,  senhor Kagamine? – a diretora olhou para o loiro com calma.

Ele não respondeu. Era típico. Tem perguntas, não tem respostas. Pelo menos com Kagamine Len.

— Sabe Len, tem que começar a responder as pessoas. Como sempre, a segunda sala a direita. – a mulher disse, apontando.

Len caminhou até a porta, e a abriu. Ele já estava procurando o seu lugar habitual, quando viu que estava ocupado. E ocupado por ninguém mais ninguém menos que MegPoid Gumi.

Seu rosto queimou, e seu coração acelerou 3x mais. Len não entendia o que aquela verdinha fazia com ele, e por isso fingia a odiar.

Ela conversava animadamente com um garoto de gorro cinza e cabelos rosa, apresentado para Len como VY2 Yuma.

Len chegou perto da mesa dela, tremendo dos pés a cabeça. Ele deu três tapinhas com a mão na mesa para ela o notar ali.

— Uhn? Ah, oi! – ela sorriu, confusa.

— Oi. – ele respondeu seco. – Esse é meu lugar.

— Seu lugar? – ela perguntou.

— Sim.

Ela o encarou por alguns segundos, e Len já estava quase caindo de nervosismo. Aquela garota animadinha o deixava sem ar, tremendo, corado. Seria isso alguma doença?

— Desculpe. Já estou saindo! – ela se levantou, e sentou do lado de Yuma. Len se sentou, e pegou os fones de ouvido.

A verdinha pegou um livro e começou a folheá-lo. Len tentava, mas não conseguia tirar os seus olhos dela. Ela era tão...tão...

— Sekai de ichi-ban ohime-sama. Sou-yu atsukai kokoro-ete
Yo ne.* – ela murmurou.

— Agora, Gumi-chan, por que você veio pra detenção? – Yuma perguntou, visvelmente interessado. Isso deu uma pontada de ciúmes em Len, que continuou a fingir que não ouvia.

— Nani? Ah, isso...eu tentei defender Aoki, ela tinha chegado muito atrasada. Aí o professor me mandou pra cá, por desacato ao maior. Algo do tipo. – ela deu de ombros. Até seus motivos para estar na detenção eram legais.

Len ouvia a música, e olhava de esguelha para a esverdeada. Ela continuou a conversar com Yuma, que já estava com as bochechas rosadas. O loiro queria dar um soco nele, e dizer para ele se afastar de sua amada.

“Tire esses pensamentos irritantes de sua mente, Kagamine. Você não está apaixonado.” ele pensava consigo mesmo.

Não dava para não amar aquela garota tagarela, animadinha e carismática. Era inevitável.

Mas Kagamine Len não se apaixona. Kagamine Len não se apaixona. Esse era seu ditado.

Ele sacudiu sua cabeça, em uma tentativa falha de levar esses pensamentos pra longe.

— Como eu posso ser tão ridículo? – ele sussurrou pra si mesmo. Mas, sem querer, Gumi ouviu.

****Suki Kirai****

A verdinha já admitiu sua paixão pelo loiro desde seu 1° ano no fundamental 1. Ela não tirava os seus olhinhos daquele novato, quieto, bonito e inteligente.

Mesmo sabendo que o seu amor não era recíproco, ela não desistia.

Iria fundo, até fazer esse garoto gostar dela do mesmo jeito que ela gostava dele.

Mas, para sua tristeza, ao chegarem no Ensino Médio, muitas garotas já começaram a se interessar por Len. E ela não queria deixar, não podia deixar.

Até que Gumi descobriu que uma dessas garotas, era sua melhor amiga.

Kasane Teto, uma amiga para todas as horas. Gumi não acreditava, não. Então, resolveu falar para Teto como se sentia em relação a Len, e parece que não deu mutio certo.

Teto acabou amizade com ela, dizendo que agora ela era só mais uma oponente, o que deixou Gumi afetada.

Desde aquele dia, Gumi tentou ser a mais amável de todas. Carismática, humilde, amigável. Era uma amiga e tanto.

E então, ela começou a ser a garota mais amada da escola. Nos dois sentidos.

Todos a amavam pela sua pessoa incrível, legal, e tudo.

Os garotos a amavam pela sua pessoa.

Mas Len não estava nesse grupo.

E ela queria que ele estivesse.

****Suki Kirai****

Caminhando de volta para casa, Len conseguiu ver Gumi sendo encurralada por um garoto. O loiro estranhou, e começou a andar nessa direção. Então, conseguiu ouvir o que ele dizia.

— Calma Megpoid. Um beijo não mata ninguém. – falava. Len sentiu um ódio muito grande, e isso o fez empurrar o garoto pro chão, e socar sua cara. Gumi assistia, paralisada.

— L-Len...L-Len...Para. – ela murmurou, segurando seu punho quando ele ia socar novamente. Len sentiu faíscas.

Ele olhou para ela, e viu que estava lacrimejando. Ele se levantou, e deu um último no cara. Estava com a boca machucada, de um soco que o garoto havia lhe dado. Doía...

— Já pode soltar meu punho. – ele disse, seco.

Gumi corou e soltou, encarando Len logo em seguida. Ela abriu um sorriso agradecido.

— Muito obrigada Len. — ela disse, a voz falha. Len a encarou, e viu que estava com medo de que algo de ruim tivesse acontecido. Len suspirou. “Mantenha postura de seco, Len. Não pode deixar uma garota amolecer você.” Ele pensou consigo mesmo.

— De nada. Agora, você precisa ir pra casa. Está ficando escuro. – ele disse, olhando pro cara ainda desmaiado no chão.

— Você está machucado. Deixe-me limpar esse sangue... – ela pegou um lenço umidecido e começou a passar no queixo dele.

— Eu estou b-bem. — ele tirou a mão dela do queixo dele. – Não se preocupe comigo. Sei me cuidar sozinho. E é irritante.

Ela riu, e Len sentiu suas bochechas esquentarem.

— Eu te acompanho até sua casa, para não acontecer isso de novo. – ele disse, tirando os olhos do corpo desmaiado.

— Não precisa. Estou bem. – ela disse, em um sorriso.

— Isso não foi uma sugestão. – ele andou para fora do beco, seguido por ela. – Qual é o caminho?

****Suki Kirai****

Gumi e Len andavam silenciosamente, cada um esperando o outro falar. Gumi estava com o coração acelerado, assim como Len. Ele sério, como sempre, e ela com um sorriso contagiante.

Mas Len sabia disfarçar interesse, e sabia ignorar sorrisos. Mas aquele que ela tinha, como ignorar? Ele não sabia.

Ele só queria saber como iria aguentar ignorar a verdinha por mais tempo.

Chegando na casa dela, eles se despediram, e Len voltou pra casa. Rin o esperava na sala, com um bico.

— Por que demorou tan...o que diabos é isso em seu rosto, senhor Kagamine?! – a loirinha quase berrou, assustada. Len riu da irmãzinha. Por que as garotas são tão escandalosas?

“Gumi não é escandalosa.” Len pensou.

Ele novamente sacudiu a cabeça, esquecendo o que pensou. Ele odiava a garota. Odiava. Ela era idiota.

Bem, era isso que ele tentava por em sua cabeça.

****Suki Kirai****

— Otoosan, eu cheguei! – Gumi gritou para seu pai, que assistia ao futebol em um volume máximo.

— Gumi-san, oi! – ele berrou – GOOOL!

Gumi revirou os olhos, e caminhou até seu quarto. Gumo estava com a porta fechada.

— Onii-chan! – ela chamou.

— O quê? – ele perguntou.

— A porta, cabeção.

— Ah, é! – ele abriu, e Gumi entrou se jogando na cama.

— Eu to muito cansada. Cê num tem noção. – ela suspirou.

— Hahah. Bem, acho melhor se trocar. Miyako-kun vai reclamar com você se não sair daí rápido.

— Eita, é mesmo!

Gumi foi tomar banho, e se trocou. Ela se deitou para dormir, pensando em como Len ficava fofo zangado.

“Eu, Megpoid Gumi, juro que irei fazer aquele loirinho rebelde se apaixonar por mim. Não sei como, mas vou!” ela pensava consigo mesma.

Logo adormeceu, sonhando com pandas e ursos brancos...