Love Me, Love Me escrita por Kendall


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bom, não sei direito o que falar aqui, só que, sério, BTR e Kames merecem mais fanfics, têm extremamente poucas aqui, chega a ser um absurdo. ;3; 3
Acho que me dou melhor escrevendo one-shots do que longfics, sério, minha única fanfic completa é essa aqui. Escrevi ela porque do nada voltei a ficar obcecado por BTR e Kames ~cof~, então daí veio a inspiração, e quis aproveitar a oportunidade pra tentar um estilo de escrita diferente. Nunca escrevi uma fanfic em primeira e segunda pessoa, e eu acho bem mais difícil, sério. Mas eu acho que o resultado final fica melhor também, então eu gostei muito dessa experiência. Essa é uma fanfic bem leve em termos de ação, foca mais em sentimentos e tal, porque escrever em primeira pessoa quase que te força a isso. HAUSHAS
Então, queria agradecer à biazitha, do spirit, por betar e aos meus amigos que aguentaram meu sumiço do facebook pra ficar escrevendo ela. hdhuhf ♥
PS: Capa improvisada, feita na última hora, não liguem muito. q
Dito isso, espero que gostem, ó.
Vamos á fic.



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“Como faz para descobrir se você subitamente se apaixonou pelo seu melhor amigo?

 

Aparecem, do nada, corações flutuando e uma orquestra romântica e clichê começa a tocar no fundo? É quando você, do nada, começa a se sentir extremamente feliz toda hora, tanto que nem o mau humor dos outros consegue te deixar para baixo? É quando você quer gastar todo seu tempo com essa tal pessoa porque ela te faz sorrir que como bobo?

Provavelmente. Mas de qualquer jeito, esses sentimentos provavelmente deveriam apenas aparecer quando os apaixonados são um garoto e uma garota. Seria mais fácil.

Quando aparecem em dois garotos que são melhores amigos, bom, é confuso, complicado e talvez até seja considerado errado e proibido.

Esse era o problema na relação entre Kendall Knight e James Diamond. Eles eram melhores amigos, e ambos secretamente - ou talvez não tanto, já que segundo Logan, Carlos e Camille, eles já sabiam faz tempo e os dois adolescentes eram dolorosamente óbvios - estavam apaixonados um pelo outro.

E, claro, obviamente não podiam admitir isso em voz alta, não importa o quanto quisessem. Arriscaria muita coisa.

James era mais uma alma perdida num mundo cheio de gente que competia por fama e fortuna, mas Kendall deu por si querendo mais do moreno, querendo tudo dele, querendo ele todo para si. Ele não queria partilhar o amigo com os milhões de fãs espalhados pelo mundo que provavelmente tinham várias fotos do moreno penduradas na parede. Por fora, Kendall não se incomodava nem um pouco com o fato de que James queria ser tão famoso ao ponto de todo mundo (‘tá, provavelmente mais as garotas adolescentes do que o resto do mundo, mas tá contando) saber seu nome e querer que ele ‘lhe engravidasse’. No entanto, por dentro... Por dentro Kendall estava gritando de frustração, ansiando por muito mais.

E quando lhe perguntavam, ele disfarçava e chamava James de tudo, menos do que ele realmente era para si.

Um amigo.

Um BOM amigo.

Um melhor amigo.

Um...?

Não.

Claro que não.

Kendall negava para todo mundo, inclusive para ele mesmo, e James fazia o mesmo, claro.

Por que raios eles se esforçavam em esconder algo que era tão óbvio para o resto do mundo?

Oh, sim. Porque eles acreditavam que era mentira.

Ambos estavam desprovidos de qualquer tipo de autoconfiança. Acreditar que havia algo ali, entre eles, que valia mais do que mereciam ter, seria tolo. Eles sabiam que até mesmo contemplar tão belo pensamento como... "namorados", só iria terminar em sonhos despedaçados.

Mas então, haviam vezes, oh, haviam vezes, em que alguns gestos que James fazia pareciam dizer algo tão diferente, ter um significado diferente do que Kendall achava que tinham.

E pareciam tanto que Kendall se via tendo que lutar contra si próprio para não acreditar, não se deixar iludir.

Algumas palavras proferidas, alguns sorrisos dados, elogios entregues a ele em forma de presentes, embrulhados tão cuidadosamente que Kendall sabia que tinham que significar algo mais. De uma só vez, Kendall se viu tonto e aterrorizado, com medo de que a esperança dentro dele seria esmagada por culpa dele mesmo, pela sua mania de achar um lado bom, um duplo significado em tudo e alimentar as suas ilusões e a sua esperança.

Porque quando ela se esmagasse, ela desapareceria, para sempre, para nunca mais voltar, e ele também.”

 


 

‘Tá bom, talvez eu até ache que é engraçado quando você começa a saltar por aí que nem um macaco drogado que bebeu café demais de manhã. Talvez eu até ache que é bonitinho quando você corre gritando - masculinamente, claro— para fora do quarto porque você acha que viu uma aranha - do tamanho de uma pipoca - do outro lado da sala. Talvez eu até não me importe tanto quando você não quer calar a boca em plenas 4 da manhã e fica falando sobre o seu cabelo, mesmo que nessas ocasiões eu esteja quase pegando a lâmpada mais próxima e tacando ela em você.

É porque você simplesmente é esse tipo de cara.

Você pode fazer qualquer um se apaixonar por você com um sorriso, uma risada, algumas palavras, um olhar rápido, ou um abraço apertado. (Quando você não está obcecado com a ideia de ficar famoso).

Não é justo.

Honestamente, como você ousa ser desse seu jeitinho que te faz ser tão digno de ser amado?

Eu chego no apartamento depois do jantar, depois de todo mundo se voltar aos seus afazeres - Carlos foi visitar uma nova loja de jogos que acabou de abrir na cidade e Camille conseguiu convencer Logan a lhe ajudar a ensaiar as falas dela para um filme de terror qualquer -, só para ser chamado pela minha mãe e informado de que você ligou. Você tinha ido passar o fim de semana com sua mãe, na empresa dela, e só estávamos esperando você voltar na segunda. Eu corro lá para cima, para o meu quarto, fecho a porta atrás de mim, tiro o meu celular do meu bolso (cujo estava desligado) e disco o seu número. Com todo esse frenesim, eu mal noto o que estou fazendo.

— Hey! — você responde com entusiasmo, enquanto eu me enterro embaixo de umas trinta camadas de cobertores e lençóis e, no topo de tudo isso, um edredom peludo e gigante. — Onde você estava? Eu te liguei várias vezes! Tenho várias coisas pra te contar, ó!

Eu consigo escutar os pontos de exclamação extras na sua voz; fico feliz de que você esteja com animação o suficiente para nós dois:

— Hey — eu sussurro. — E aí?

E também consigo ver o seu sorriso enquanto você tenta explicar: — Então, você sabe que eu estive falando sobre fazer umas mudanças no meu penteado esses últimos dias, né? Eu fiz, ficou super legal. Bom, como esperado, né. Eu ‘tô demais. — você anuncia em seu tom presunçoso, e eu sorrio, porque não tem como não. — Estou muito animado para mostrar pra vocês. As fãs vão amar. Posso ir aí?

— Você não ia ficar com sua mãe até segunda? — pergunto imediatamente, mordendo o lábio inferior.

Você bufa do outro lado da ligação.

— Eu não consigo dormir direito nesse lugar. Ela vai entender. Como ela é dona de uma empresa de cosméticos, ela sabe como um sono de qualidade faz bem à pele, e eu não posso ficar com ela enrugada ou algo assim, né? — você ri. — E aí, posso voltar ‘praí’ agora ou preciso esperar até exatas dez da manhã? — Oh, e eu consigo definitivamente ver você revirando os olhos.

Você respira, e eu tento soltar um “não”, porque sua presença aqui definitivamente não fará bem para minha sanidade que nesse momento está... Frágil. Claro que não consigo, e você, obviamente, não percebe - porque você é você—, já que começou a me dizer que "ótimo, estou indo!" e a murmurar como você adoraria poder aparatar que nem o Harry Potter, voar que nem o super-homem ou se teletransportar para aqui como o Noturno, e então você começa a divagar e a tagarelar, e eu só suspiro.

— ‘Tá bom, vem. — E então eu te lembro que você tem que sair do celular para chegar aqui.

Você ri, aquela sua risada harmoniosa, e termina a chamada sem nem mesmo um 'tchau'.

Olhando pela janela, fico esperando por um sinal de você. Eu sei que não vai demorar muito, já que a empresa de sua mãe fica a apenas duas ruas de distância - de tão desesperada pra te ver mais frequentemente que ela estava quando a comprou -, e você está vindo a pé com sua mochila, porque você não tem uma licença ainda e a empresa fica tão perto que seria quase que inútil usar o motorista de sua mãe só para descer duas ruas.

Depois de vários minutos, eu te vejo passar correndo pela janela e consigo ouvir os seus passos retumbando pela escada, enquanto você pula cada degrau dela, antes mesmo de eu ter a chance de me afastar da janela e me preparar para te cumprimentar. Eu te olho quando a sua figura alta e sorridente aparece no batente da porta: você nunca realmente apenas fica quieto; você está sempre em movimento, sempre um pouco instável, e um pouco inquieto. Você está sempre um pouco alguma coisa. É quase engraçado.

Você me olha, esperando, inquietamente, por um sinal meu que te diga para onde se dirigir.

Eu te mando um olhar do tipo “porque você ainda não está sentado aqui?”, e você salta para a minha cama, - esqueça o fato de que a sua estava mesmo do lado - roubando seu cobertor favorito e se espremendo para perto de mim. Nós já nos conhecemos à tempo o suficiente para que isso não seja mais estranho; é apenas como as coisas funcionam entre melhores amigos.

Devagar, viro a cabeça e te olho. Quase sorrio, porém, meu humor não estava me permitindo. Seu cabelo não possuía mais aquela franja e estava mais curto, mas não muito - você ficaria desesperado caso se visse com menos de oito centímetros de altura de cabelo.

— Cabelo legal.

Você sorri grande. — Você achou?

Eu murmuro em confirmação e inclino a cabeça, preparado para ouvir você tagarelar sobre o seu fim de semana. Ao contrário do que muita gente pensaria, não era algo chato ou irritante. Era bem confortante, e você irradiava bom humor sempre que começava seus murmúrios quase infinitos.

E você começa. Começa o seu conto de aventura, perigo e sofrimento, de Argh-minha-mãe-me-obrigou-a-ajudar-ela-com-a-papelada-durante-a-tarde-inteira e Cara-o-cabeleireiro-quase-queimou-meu-cabelo!

O jeito como você arremessa seus braços ao redor de você enquanto fala faz com que você quase atinja minha cara pelo menos umas duas vezes, mas eu não consigo imaginar suas histórias sem esses seus movimentos 'violentos', os silêncios cativantes, os gritos de riso, de aflição, de indignação.

Um dia na sua vida, segundo o jeito que você a narra, supera todos os meus 16 anos de vida, mas eu gosto das coisas desse jeito - não importa o quão melodramático você consiga ser. Nós equilibramos um ao outro desse jeito. E então você sorri para mim quando termina, e pergunta como foi meu dia.

Meus ombros sobem e descem lentamente.

Infelizmente, você me conhece bem demais. Você pula para o meu lado da cama, pra cima de mim, me prendendo na mesma. A proximidade não era problema para você:  — Oooh, aí tem coisa! Me diz. — você choraminga. Quando eu não digo nada, você se repete, como uma criança birrenta e insistente. — Me diz, vaaaai.

Eu continuo sem falar nada.

Então você se aproxima, e seu rosto fica a centímetros do meu. Reconheço imediatamente o que você está fazendo: é um jogo, aquele maldito jogo que você adora - quem recuar primeiro perde.

Eu sempre perco.

Você nunca recua. Você não se importa de ficar perto e íntimo das pessoas. Não é segredo nenhum que você é um pouco amigável demais. Sempre que você faz um novo amigo, você o abraça de felicidade em vez de o dar um aperto de mão ou algo assim.

Eu estremeço, mas ainda não desisto. Fico quieto, e eu acho que isso te surpreende, mas você disfarça bem, continuando a se aproximar, até que o seu nariz toca o meu e você para. Eu fico curioso: quero ver até onde você se atreve a ir. Estamos tão perto que consigo sentir o cheiro de hortelã em seu hálito, que consigo ver as listras em seus olhos, os vestígios de verde e marrom que dançam na imensidão cor de avelã que sua iris é.

— Poxa, me diz, Kendall. — você murmura.

Eu fico mudo, com medo demais para dizer alguma coisa. Eu admito que tenho medo de ficar assim tão perto de você, e que sou tímido demais para chegar ainda mais perto, para te surpreender novamente. Após uns segundos, você revira os olhos e explode em risadas, e me declara o vencedor. Wow. Não é o que eu esperava. Você se afasta, mas não muito.

Você ainda está perto o suficiente para que eu consiga ver os começos de barba ao longo da sua linha da mandíbula, as papilas gustativas em sua língua enquanto você ri, a forma como seu pomo de Adão se move, a curva em sua sobrancelha que eu gosto.

É legal.

Você rola para o meu lado de novo, finalmente saindo de cima de mim, e pressiona a bochecha contra a minha, de repente sério, "Mas, falando sério, o que foi?"

Eu queria que você não me conhecesse tão bem. Eu queria que você me conhecesse como Carlos e Logan me conhecem - melhor do que o resto do mundo, entretanto não melhor do que eu próprio. Você me conhece melhor do que eu próprio. E eu queria mentir. Eu tinha uma negação preparada na ponta da língua.

Mas como eu sei que você me conhece melhor do que eu próprio, e que por isso eu não vou conseguir te enganar com um simples "nada", eu nem tento.

— Tudo? Sei lá. — Minha voz soa rouca, prova da minha dor de garganta. — Só... Umas coisas aí... — Eu quase faço uma careta por causa das minhas frases vagas, e pelas reticências na minha voz que parecem prolongar-se por anos.

Você arqueia uma sobrancelha e sorri aquele sorriso de “tudo bem, você sabe que pode contar comigo pra tudo”, aquele sorriso de anjo, mesmo que todo mundo saiba que você está bem longe de ser um: — É? — Você está esperando que eu me explique, que eu elabore sobre a injustiça da minha vida.

Eu não posso. Claro que eu não posso. E eu não vou fazer isso. Como posso explicar me apaixonar por você? Eu não posso: — É. — Eu lambo, nervosamente, os meus lábios ressecados, tentando encontrar algo mais para falar.

Como de costume, você encontra por mim.

— Escuta. — Você começa, rolando para ficar mais perto, apoiado em seus cotovelos e olhando para o teto, só para em seguida olhar para mim. — Bom, eu consegui notar - é bem óbvio - que não é a merda do costume, aquelas coisas de adolescência, mas também não é nada realmente ruim, ou você me diria. E nem fodendo que você ficaria assim tão chateado por causa da escola, então... Quem é?

Eu sei que eu realmente só preciso falar uma palavra para resolver isso tudo, e que é isso que você espera que eu faça. Mas eu não consigo.

Eu estou cansado de mentir para você, mas eu também não posso falar a verdade, então eu sorrio sem graça e pego um lençol, o puxando para cima da minha cabeça:

— Nnnn. — Minha voz sai abafada, como era a intenção.

Você ri.

— Ela é legal? —  Consigo ouvir você perguntar.

— Nnngah…

Puxando o lençol, você também enfia a cabeça debaixo dele. Sua respiração é quente na minha testa, e eu estou rapidamente começando a ficar sem ar fresco: — É assim tão ruim? Honestamente, Ken, eu tenho certeza que eu já tive piores.

— Não é isso. —  Eu insisto, descobrindo nossas cabeças e tomando um gole de ar fresco. — Mas você provavelmente já teve.

Você revira os olhos, no entanto um sorriso se espalha pelo seu rosto.

— Engraçadinho. ‘Tá, ‘tá. Como queira. Enfim, eu estou liberado para ficar esta noite, certo?

Não poderia negar isso, já que você já estava aqui e provavelmente já tinha se despedido da sua mãe: — Claro. — eu murmuro, feliz pela mudança de assunto. — E aí, quer jogar um jogo?

Você estala a língua.

— Você não vai fugir tão facilmente.

Eu faço uma careta. Imaginei que você diria isso. Você sabe exatamente como me atormentar até que eu revele todos os meus segredos, mas não dessa vez, James.

Eu saio debaixo da pilha de cobertores e me arrasto para fora da cama. Eu não me preocupei em mudar de roupa quando cheguei a casa, então eu ainda estou em jeans e uma camiseta, mas está me faltando uma meia. Não que isso importe, porém é mais fácil pensar em uma meia faltando do que na possibilidade de você estar apaixonado pelo seu melhor amigo.

Você é a pessoa que me conhece à quase tanto tempo quanto os meus pais, mas melhor. Você é a pessoa que, mesmo antes de morarmos juntos, morava na minha casa, agindo como se tivesse nascido na família. (Para grande irritação de Katie). Você é a pessoa com quem eu posso falar sem tropeçar em minhas palavras. Você é a pessoa que me ama incondicionalmente como um amigo. Você é a pessoa que eu amo incondicionalmente, mas não só como um amigo.

Também como algo mais do que um amigo.

Só que eu não quero nem pensar na possibilidade disso.

Você se levanta, me seguindo para fora do meu quarto e através da casa até a sala: — É a sua vez de escolher.

— É? — Eu pergunto, distraído pela minha procura pelo controle.

Você percebe: — É… — E eu percebo. Você está esperando que a minha escolha de jogo te dê alguma pista do que tem errado comigo.

— Hm... Por que você não escolhe hoje?

— É sua vez.

— Eu escolho duas vezes depois, então.

— Não.

É.

Veja, você não é perfeito. Você é um pouco particular, um pouco infantil. E isso me faz gostar ainda mais de você.

— ‘Tá bom. — Eu puxo o controle e olho para as prateleiras, tentando escolher um jogo que não revele muito sobre meu mau humor, mas que ambos curtimos.

Você dá uma espreitada por trás de mim e coloca o seu queixo no meu ombro.

Eu não vou falar nada idiota como "meu coração disparou", entretanto o ar definitivamente ficou mais difícil de chegar para dentro dos meus pulmões.

E então, depois de analisar rapidamente as escolhas, você se afasta e se joga para um pufe qualquer, esperando que eu escolha, e liga a televisão.

 

Eu agarro o jogo mais próximo, um jogo musical brega que nem Guitar Hero, só que sem guitarras, que a gente jogava quando era mais pequeno. É um bom jogo para hoje; preciso da nerdisse, do alívio do stress que perguntas sobre minha vida amorosa inexistente causam, e você precisa de algo para drenar a sua energia. Eu sei o quanto você gosta de jogar esse tipos de jogos, fingindo que é um Rock Star enquanto se abana ao som das músicas.

Eu me acomodo no pufe ao lado da seu, te passando um controle e dando play quando o menu aparece.

Sinto seu corpo ficar tenso do meu lado quando você percebe a minha escolha de jogo. Eu franzo as sobrancelhas: com certeza o jogo não revela nada sobre meus sentimentos. É só um jogo comum. Minha respiração acelera e eu brinco com os botões do controle nervosamente, sentindo a textura áspera destes arranhar a minha pele. Por que raios você está tenso? É só um maldito jogo! E então sinto você, gradualmente, relaxando do meu lado, e sinto minha respiração rápida se acalmar um pouco.

Você se vira para mim e pisca, como se tudo estivesse bem, e eu me vejo incrivelmente aliviado por isso: — Você sempre escolhe o jogo perfeito. Faz séculos desde que a gente jogou isso. Era o meu preferido, lembra?

Agora é minha vez de ficar tenso. Eu engulo em seco e preciso me conter para não arregalar os olhos. Merda, merda, merda. Meu subconsciente me traiu! Eu nem tinha prestado muita atenção no fato desse jogo ser seu preferido, embora a informação esteja bem clara em minha memória, não importa quantos anos tenham passado desde a última vez que jogamos. Merda, cara. Parece que tudo o que eu faço, de algum jeito, acaba estando relacionado a você.

Eu só espero que dessa vez você seja denso demais, como costuma ser, para notar isso.

Eu dou de ombros, a minha boca ficando seca de tão nervoso que eu fiquei pela sua pergunta, e olho fixamente a televisão, esperando, com paciência, que você volte a se focar no jogo. Quando você não faz isso, eu me volto para te olhar, o meu estômago desagradavelmente dando uma espécie de pulo. “Me diz que ele não notou, por favor”.

Arqueio uma sobrancelha, como se nada estivesse errado: — O que foi?

— Você é incrível. — você diz, como uma mãe censurando o filho, antes da sua expressão mudar para uma de preocupação, e você morder o seu lábio inferior. Antes que eu pudesse perguntar o que eu fiz e o que estava errado, você se inclina e aperta os seus lábios contra os meus, fechando os olhos. E nesse instante eu acho que apenas estava feliz, nada estava me incomodando mais, porque eu percebi que o que eu estava te tentando dizer, você estava me dizendo naquele beijo.

A esse ponto, eu acho que não me importo mais em ser um melhor amigo ‘incrível’.

Porque eu sei que eu vou ser um namorado ‘incrível’ também.

FINITO.


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