E ... Novamente estou sendo dramática! escrita por Hissa Odair


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*!



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Sei que sou dramática, que minha vida podia ser bem pior. Eu tenho uma família, não nasci com deficiência ou algum problema. Nunca sofri bullying. Estou em uma escola particular e sou uma "boa aluna".
Eu tenho tudo pra ter uma vida bem feliz, certo?
Bem, isso eu não sei. Eu não posso reclamar de nada, além de mim mesma. Afinal, se eu sou uma gorda idiota, é porque sou preguiçosa e adoro doces. Claro que se meu pai não comprasse tanta porcaria isso ajudaria (valeu, pai!). Eu ainda acho que ele me engorda de propósito. Pra depois falar que eu sou gorda, sendo que ele não é nada magro.
Onde eu estava mesmo? A tá. Falando que eu sou uma gorda. Bem, isso é culpa minha.
O fato de eu ser uma maldita tímida medrosa também é culpa minha. Quem mandou eu ter um medo estúpido de falar com pessoas que não costumo falar? Por culpa minha sou uma solitária!
E ... Novamente estou sendo dramática!
Sério, eu não quero ser dramática, juro. Mas é que é meio que um instinto, um impulso.
Ninguém na escola me julga por ser gorda, apesar de eu pesar bem mais do que deveria, eles nem me zoam. Não sei se é falsidade e falam pelas minhas costas ou se simplesmente nem notam (o que eu duvido).
Eu não sou aquela pessoa que não fala com absolutamente ninguém. Na minha sala somos bem poucos (uns 9 alunos) e se eu perguntasse algo ou me metesse na conversa eles iam deixar numa boa. Mas ... Eu nem sei como explicar.
Sabe esse lance de "Melhores Amigas Para Sempre (BFF's)" ? É bem isso. Cada menina tem sua melhor amiga, mas eu estou sozinha.
Minha melhor amiga na escola era a Clara, mas agora a melhor amiga dela é a Verônica. Eu não tenho nada contra as duas. Mesmo eu tendo sido "excluída", eu não consigo sentir raivinha delas, apenas tristeza.
Enquanto as duas estão felizes eu estou me sentindo péssima.
E vocês se perguntam o que estou fazendo agora.
Eu só estou na perua esperando mais um dia horrível e hulmilhante na educação física. Na escola onde estou a gente vai de perua para um clube e usamos a área do futsal com campo fechado (pra gente não ter desculpa pra não ir, eu imagino). Temos essa aula uma vez ao mês e só vão o pessoal do Fundamental II.
6° e 7° ano vão juntos e 8° e 9° vão juntos.
Eu sou do 6° ano e tenho um medo ridículo pelo 7° ano.
Só pra falar logo: eu odeio educação física.
Assim que chegamos eu espero o povo descer e desço por último. Nos aproximamos da professora da matéria que diz que vamos ter que nos dividir em 2 times.
-Danilo e Tomás vão ser os capitães - ela diz.
Típico. Desde o início do ano eles são os capitães. O Danilo é da minha sala e o Tomás do 7° ano. Eu fico calada tentando me esconder atrás de uma menina aleatória da minha sala enquanto os capitães já escolhiam seus membros.
-Rosmery - Tomás me chama e eu fico meio surpresa com isso.
-Não!
O time dele grita ao mesmo tempo. E sinto um nó em minha garganta, fecho o punho levemente na tentativa de não demonstrar que isso me magoou.
Lógico. Eu sou a garota gorda que nem corre direito, perna de pau e mão furada. Não era pra menos a reação deles.
Mas bem que a professora podia fazer 6° contra 7°, pelo menos a escolha dos times era anulada e o pessoal da minha sala aparenta gostar de mim ... ou pelo menos é isso o que parece.
Ando em direção ao time do Tomás,mas na verdade o que eu queria era ir logo pro time do Danilo e falar que o Tomás não precisava ter peninha de mim. Mas tive medo de Bárbara falar algo que me magoasse, então eu fui silenciosamente e com a cabeça meio baixa em direção ao time do Tomás.
Bárbara é do 7° ano e não gosta de mim por eu ser filha de bolivianos. Ela nem me provoca ou algo assim, mas eu nunca vou esquecer de como ela me disse:
"Eu não vou ser falsa e fingir que gosto de você. Eu não gosto de bolivianos. Entendeu?"
Eu só tinha concordado com a cabeça e ido pro meu "cantinho escuro", mas era a primeira vez que alguém falou isso pra mim. Ei, isso é racismo. Aposto que se eu falasse que eu não gosto dela por ser negra ela ia fazer birra e chilique. Mas eu não sou racista.
Enfim, ela não me provoca nem me olha torto. Ela só me ignora.Eu odeio essa garota mas por outro motivo.
E ... Novamente estou sendo dramática!
Desculpa, gente.
A professora disse que a gente ia jogar handboll. Bem, podia ser pior.
O jogo foi normal e ninguém passou a bola para mim. O que foi ótimo.
- Eu ainda não vi ninguém passar a bola pra Rosmery! - a professora gritou do lado de fora do campo e eu quase a xingo mentalmente.
Acontece que se eles me passarem a bola eu vou fazer porcaria e atrapalhar o time! Será que ela não notava isso?! Eu sei que é o trabalho dela, mas ela não percebia o quanto eu atrapalhava e me sentia culpada por isso?!
Tomás me passa a bola e eu não consigo receber o passe. Danilo pega a bola e avança no campo e por pouco não marca um gol. E é tudo culpa minha.
Me chame de chorona, mas eu senti vontade de chorar. Eu sou uma inútil. Quando a partida acabou e a aula também, voltamos para a perua. Me sento perto da janela, na esperança de que, olhando o caminho, eu conseguisse conter a carta de tristeza.
Enquanto isso, o Cirilo está fazendo uma palhaçada bem típica dele, o que me faz ser um sorriso verdadeiro. Isso é ridículo. Ela é da minha sala e ele nem fala direito comigo, geralmente ele fala para todos ouvirem suas palhaçadas e bizarrices. Mas mesmo assim, as vezes parece que, na escola, ele é o único que me faz sorrir e rir de forma tão sincera. Não sei o que seria de mim sem ele na sala.
E ... Novamente estou sendo dramática!


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Notas finais do capítulo

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