Pov’s Ziva:

Estava mais uma vez deitada em minha cama, apreciando mais um dia de castigo. Apesar de estar chovendo muito, eu preferia estar com os meus amigos em algum outro lugar que não seja aqui em casa.

Não me arrependo de ter dado uns bons tapas na Mariah. Ela é a pessoa mais cruel que eu conheço. Não, espera. A pessoa mais cruel que eu conheço é definitivamente Anthony DiNozzo. Aquele playboyzinho pega no meu pé desde o inicio do ano, nunca fui com a cara dele e ele nunca pareceu me notar. Mas agora, por alguma merda de motivo, ele reparou na minha existência. Eu odeio aquele estrupício.

Leroy Jethro Gibbs, ex-fuzileiro e um pai muito rígido. Porém não tenho muito que reclamar dele. Jenny Sheppard Gibbs, mais conhecida como minha mãe. Apesar de constantemente me deixarem de castigo, eu amo tanto os meus pais e me sinto tão orgulhosa por ser filha deles.

Desligo a música que estava tocando em meu IPod,“Breakaway” da Kelly Clarkson, uma das minhas preferidas. Minha atenção agora está totalmente focada no barulho relaxante da chuva.

Senti meu corpo relaxar até que ouço batidas na porta:

— Já estou indo. – Me visto o mais rápido possível. Abro a porta e dou de cara com meu pai e Abby, minha melhor amiga. – Abby? O que faz aqui?

— Eu vim convencer o senhor Cabeça Dura de te liberar do castigo para ir pelo menos na minha festa de aniversário. Porque ele sabe o quão importante seria a presença da minha MELHOR amiga na minha festa.

Olho para o papai com a expressão mais fofa que eu consigo fazer e ele apenas balança a cabeça:

— Jura? – Abraço ele. – Muito obrigada. Eu prometo não voltar tarde.

Gibbs não diz nada, apenas nos deixa sozinhas no quarto:

— Zi, eu convidei o Timothy McGee pra minha festa! – Abby é completamente apaixonada pelo Tim desde a quinta série. Timmy é um cara super legal, inteligente, educado, companheiro, o seu maior defeito é ser irmão do Anthony. Ás vezes me pego pensando, como pessoas do mesmo sangue podem ser tão diferentes assim?

— Finalmente criou coragem e deu o primeiro passo?

— Será que ele vai?

— Claro que sim. Por que ele não iria? Você é conhecida pelas maravilhosas festas que organiza.

— Isso é verdade. – Abby respira fundo e me olha como se tivesse se lembrado de algo importante. – Nossa, já estava me esquecendo, você não me disse como que conseguiu voltar pra sua casa na semana passada.

Semana passada... conhecida por mim como uns dos piores dias da minha vida.

“Tinha acabado de sair da escola, estava chovendo muito e meu pai disse que seria impossível me buscar por conta da chuva. Eu disse que não havia problemas, estava perto do ponto de ônibus, era só pegar um. Mas para a minha surpresa, vejo uma moto enorme parando na minha frente e buzinando, eu finjo não ouvir, então o motorista tira o capacete e era ele, Anthony DiNozzo:

— Você não acha que é meio perigoso uma donzela andar sozinha na rua? – ele pergunta estacionando a moto na minha frente, me impedindo de continuar andando.

— Eu estava completamente segura, até você chegar.

— Okay, você é uma grossa, já sabemos disso, mas eu sou um cavalheiro, então vou te levar até a sua casa. – ele estende o braço me entregando um capacete. – Vamos, suba na Atena.

— Subir em quem? – não consigo controlar minha risada. – Você deu um nome a sua moto? Isso é tão ridículo.

— Cala a boca e sobe logo.

— Você acha mesmo que eu vou subir nessa coisa? Ainda mais com você dirigindo.

— Não confia em mim? – ele pergunta com aquele sorriso cínico na boca. Que idiota.

— Claro que não. Prefiro dar a volta na cidade caminhando do que pegar carona com você.

— Mas que merda. Para de graça e sobe aqui logo.

Não sei qual foi o momento que ele me convenceu, mas quando minha sanidade volta, já estou em cima da “Atena”. Ele até que está indo devagar. Eu achei que ele era daquele tipo de cara que...

Oh não, ele está acelerando, e muito. Eu tenho a impressão de que não estamos no chão. Tento abrir meus olhos, mas estou tremendo de medo:

— PARA ESSA DROGA, AGORA! EU QUERO DESCER.

Sinto ele freiando bruscamente:

— Você quer descer? – ele perguntou e eu já desço da sua moto.

— Você parece um louco dirigindo. Onde foi que tirou essa droga de carteira? Seu pai comprou para você?

Não consigo pensar em mais nenhuma forma de ofendê-lo, sabe o por quê? Porque aquele idiota não está mais aqui. Ele simplesmente foi embora, me largando em qualquer lugar, de baixo de chuva.”

Balanço a cabeça tentando me livrar daquela infeliz lembrança. Olho para a janela e faço uma nota mental: Nunca, em hipótese alguma, devo confiar em Anthony DiNozzo.

— Eu voltei andando mesmo. Até agora não estou acreditando que aquele psicopata me largou no meio da estrada.

— É, isso deve ter sido uma merda. Aliás, essa relação de vocês é uma merda.

Passamos o resto da tarde discutindo a roupa que eu deveria usar. Abby é muito exagerada, em tudo, sem exceção de nada. Então nossos estilos são bem diferentes e muitas vezes brigamos por isso, ainda não sei o motivo de sermos melhores amigas.

Abby vai embora faltando poucas horas para a festa começar.

Quando já estou pronta desço as escadas correndo e quando já estava saindo escuto meu pai me chamar:

— Hey mocinha, precisamos conversar. – Dei meia volta e sentei no sofá ao lado do Gibbs. – Só estou deixando você ir a essa festa porque eu sei o quão amigas você e Abby são, mas você ainda está de castigo até o fim da semana.

— Tudo bem.

Quando me levanto sinto ele me abraçando. Apesar de tudo, essa era uma das melhores sensações de todas.

A casa da Abby era bem perto da minha. Levei uns dez minutos caminho distraída pela rua. Quando fui me aproximando consegui ouvir o barulho absurdamente alto. Não consegui deixar de sorrir. Tudo sobre a Abby era alto e no extremo. Tudo mesmo, por isso odiava brigar com ela.

Assim que entro na casa, Abby já me vê e eu a abraço muito forte. Abigail. Ela odiava quando eu a chamava assim, mas eu sempre fazia isso. Abbs e os meus pais se tornaram as pessoas mais importantes da minha vida, não consigo me imaginar sem eles, eles são parte de mim.

Abby me puxa para um canto da casa e tenta falar comigo:

— A Sofia está aqui!

— QUEM? – eu realmente não estou conseguindo ouvi-la.

— A SOFI ESTÁ AQUI.

— Não acredito. – Sofia era a irmã mais velha de Abby. Ela morava em Nova York, poucas vezes do ano vinha visitar a família. Quando estávamos nós três juntas, era confusão na certa. – Onde ela...

Não consigo terminar a minha frase.

Em questão de segundos já perco Abby de vista, alguém que não consegui identificar, saiu arrastando ela para a porta principal da casa. Apesar de eu ser sua melhor amiga, Abby era uma menina popular, sempre rodeada de gente, era impossível não ama-la. Vou caminhando mais um pouco até visualizar a piscina. Sento na borda, tiro os meus sapatos e balanço os meus pés tocando-os devagar na água gelada.

— Oi. – Como em um instinto já me levanto olhando pra baixo e ajeitando o meu vestido.

— Você? O que está fazendo aqui?

— Abby me convidou.

— Não. Ela convidou o Timmy. Você ela não quer ver nem pintado.

— Então aquela chuvinha não te ajudou a acalmar os nervos? – de novo ele coloca aquele sorriso sacana no rosto. Eu não sou cega, odeio Anthony com todas as forças que tenho dentro de mim, mas impossível não reparar no quanto ele é lindo. Seus olhos verdes ficam ainda mais brilhantes com a luz da lua os iluminando.

— Você é um idiota. Não tem salvação pra você, estrupício.

— Por que você não vem pra dentro e se diverte comigo? – ele pergunta ainda sorrindo.

— Nem se hoje fosse o último dia da minha vida.

— É uma pena, eu sou um cara bem divertido.- ele coloca o copo de cerveja na minha mão.

Psicopata, é isso que ele é, não penso duas vezes, apenas viro o copo e entro para pegar outro. A noite vai ser longa.