A Hóspede Insuportável Que Roubou Meu Coração! escrita por Dri Viana


Capítulo 2
Capítulo 1




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33 dias antes da despedida no aeroporto...

Caminhando pelo corredor do colégio, eu vou distraidamente olhando para a tela do meu celular enquanto leio compenetrado um artigo interessante de ciência ao qual baixei ontem. De repente, vou ao chão após tropeçar em um pé que julgo ter sido posto ali de propósito pra que eu caísse.

Levanto a cabeça e vejo um bando de adolescentes caindo na risada de mim e junto com eles está o babaca que me derrubou. Seu nome? Hank! Ele está acompanhado dos amigos dele, todos do time de basquete da escola. Eles são ‘’os maiorais’’ que gostam de implicar com todos, mais ainda com sujeitos como eu, um nerd total!

Completamente sem jeito, eu cato meu celular que por obra divina não quebrou, depois eu pego minha mochila e meus óculos, e saiu dali sem dizer nada aqueles idiotas pra não arranjar confusão com eles. Ao longe os escuto me xingarem de ‘’nerd medroso’’.

Esse sou eu. Gilbert Arthur Grissom, ou para os íntimos apenas Gil. Sou um sujeito nerd, porém não medroso apenas pacífico e que foge de confusão. Tenho dezessete anos, sou anti-social, hiper-envergonhado e um alvo constante das implicâncias de Hank e seu bando.

A primeira vista, você olha pra mim e diz que sou um sujeito estranho, mas a realidade é que eu sou mesmo! Até meus poucos e raros amigos têm essa mesma opinião de mim. Catherine, Jim, Greg, Nick e Warrick, são os meus amigos, meus melhores amigos. Como você pode ver, meus amigos são contados e cabem em uma mão só. Como eu disse anteriormente, sou um anti-social e por isso só tenho esses poucos amigos, mas esses poucos já me bastam e eu os adoro. Apesar de que, às vezes, eles me zoam muito por eu ser esse cara ‘’estranho’’, mas independentes disso, eles são uns amigões. Tenho sorte de tê-los comigo!

Conheci os cinco no meu atual colégio onde estudo há três anos. É claro que também tenho mais alguns colegas de classe, mas não os considero tão amigos quantos os meus cinco melhores amigos. Desses cinco, curiosamente, eu sou super próximo da Catherine. Ela é minha confidente! Dizem que é um pouco difícil haver amizade verdadeira entre duas pessoas de sexo oposto, mas acreditem... Entre nós dois há. Ela é uma pessoa incrível e também o oposto de mim, entretanto, nos damos super bem. Confesso que quando a vi pela primeira vez, eu a achei a maior gata, mas também muita areia pra minha camionete. Ela é popular na escola, a capitã do time de torcida. No primeiro papo que tivemos obviamente puxado por ela na cantina durante o intervalo das aulas, a empatia entre a gente foi imediata e graças a Catherine a minha lista de amigos não ficou restrita a somente a loira, pois foi ela a responsável por me apresentar aos outros amigos que tenho.

Agora voltando a falar mais um pouco de mim, tenho que admitir que sou um sujeito desastrado; desajeitado; antiquado; meus gostos musicais são totalmente diferentes dos adolescentes da minha idade; adoro ficar em casa e estudar; uso óculos aos quais a Catherine abomina por achá-los antiquados, mas nem ligo, pois adoro meus óculos. Eles lembram um pouco aos usados pelo Clark Kent, meu personagem de quadrinhos preferidos. Minha adorável amiga costuma brincar, dizendo que eu sou ‘’O Clark Kent do mundo real!’’. Cath é louca!

Eu moro num bairro calmo e tranqüilo com minha mãe Beth, que é uma mulher batalhadora e dá um duro danado pra me criar sozinha, desde a morte do meu pai há dez anos. Ela trabalha numa galeria de artes e adora o que faz. Graças ao trabalho dela que eu acabei virando também um amante de artes.

—Oi, Gil, meu Clark Kent do mundo real!

Levanto meus olhos da tela do celular e encontro Catherine se acomodando na cadeira a frente da minha.

—Oi, Cath!

—Nossa, que cara amarrada é essa? Não dormiu bem, foi?

—Dormi muito bem, mas foi só colocar os pés nessa escola pras coisas ficarem péssimas pra mim.

—Aposto que tem o dedo do Hank nisso.

Catherine era ciente de que meu inimigo naquela escola era Hank. A verdade é que todo mundo ali era ciente disso! Hank sempre deixou claro que me detestava e o pior é que nunca fiz nada pra ele, simplesmente o sujeito encasquetou comigo e isso desde o ano retrasado, quando ele entrou naquela escola!

—O dedo não, o pé!... Aquele idiota pôs o pé na minha frente e eu acabei caindo no chão, bem na frente de um bando de gente que ficou rindo do palhaço aqui!

—Mas que bastardo infeliz! Devia relatar para o diretor o que o Hank faz.

—E arranjar uma tremenda confusão com o capitão de basquete? Não, obrigado! Tenho amor à vida e a minha cara, apesar dela não ser nada linda!

Eu brinquei pra amenizar o clima, mas acabei, na verdade, atraindo o olhar furioso da Cath e já sabia o porquê disso.

—Não gosto quando fica se menosprezando desse jeito, Gil! Você pode não achar, mas mesmo escondido atrás dessas armações de ósculos estilo Clark Kent, você é sim, um cara bonito!

—Eu que uso óculos e você que é a cega, Cath?! – Sorri pela brincadeira e minha amiga acabou não agüentando e riu junto.

Ainda ficamos conversando mais um pouco até que Jim, Nick, Greg e Rick chegaram e se juntaram a nós. Nosso papo animado nem bem começou e foi interrompido pela chegada do professor.

***

—Férias! Aleluia!

Vi Greg comemorar como se tivessem aberto as portas do paraíso pra ele.

—Nossa, esse semestre foi bem puxado, pelo menos pra mim foi!

—Foi pra todo mundo, Nick!

—Todo mundo, não, Cath! Pro Gil não foi. Ele se deu bem em todas as provas e trabalhos.

—Me dei bem, porque simplesmente estudo, Nick! Devia fazer o mesmo, sabia? – Em tom de brincadeira provoquei meu amigo. Ele não era de levar muito a sério os estudos, mas era gente boa. Adorava mesmo uma festa, curtição, pegação, tanto que foi apelidado pelo Rick de: Caubói pegador.

—Au! Podia ter ficado sem essa, caubói!

A risada foi geral quando Jim deu essa alfinetada em Nick.

Seguimos todos para o ponto de ônibus, enquanto os outros iam sempre falantes e brincalhões, eu ia calado no meu canto observando a algazarra que os meus amigos faziam. Eles são umas figuras, cada um a sua maneira. Greg é o típico palhaço da turma, aquele que sempre tira brincadeira com tudo e todos. Já Nick é o pegador, as meninas morrem de amores por ele. Jim é aquele cara de humor negro e ácido, que a princípio você não se agrada, mas quando conhece, descobre que é gente boa pra caramba. O Warrick ou Rick é aquele cara tranqüilo, amigo de todos e que quando você precisa, ele te ajuda independente do que seja. E a Cath, bem... É a Cath! A garota mais direta e sem papas na língua que conheço. Uma grande amiga e que a gente pode contar nas horas boas e ruins.

—Aí, galera, lá vem o meu busão.

Todos nós despedimo-nos do Jim que foi o primeiro a ir embora. Depois foi a vez de Greg e Nick que pegaram o mesmo ônibus, pois moravam próximos. Não demorou muito e Rick também pegava o busão dele. Ainda tive que aturar a melação dele se despedindo da Cath já que os dois são namorados. E assim, ficamos Cath e eu a espera da nossa condução, que nem demorou pra vir.

—Gil, meu amigo amado e idolatrado. Você é uma das pessoas mais especiais que eu tive o prazer de conhecer...

Revirei os olhos enquanto encarava a rua pela janela do ônibus. Geralmente quando a Cath começa a me bajular assim é porque quer algo de mim!

—... A gente é super amigos e tal. E por isso mesmo, eu tenho certa liberdade de te pedir um enorme favor.

‘’Aí, não disse! Sabia que ela ia me pedir algo. É batata! Conheço essa garota!’’

—Que favor é esse, Cath? – Olhei pra ela.

Sabe o que é engraçado na minha relação com a Catherine? É que na maioria das vezes as quais pergunto isso a ela, acabo fazendo algo que não é do meu agrado, mas ainda assim, eu sou incapaz de negar um favor a minha amiga.

—Sabe o que é... Semana que vem tenho uma festa bem chique de uma amiga lá do meu condomínio. Só que o Rick não vai poder ir comigo já que ele vai viajar pra casa da avó dele na quinta-feira que vem, então...

—Me diz que você não quer que eu te acompanhe nessa festa? – Pedi, na verdade, implorei silenciosamente pra Catherine dizer que não queria minha companhia pra essa festa, mas foi totalmente o contrário o que ela disse.

—Sim, quero!

—Ah, não! – Deixei um gemi de insatisfação escapar.

—Vai, Gil, por favor! Eu não quero ir sem acompanhante.

—Catherine você sabe que eu detesto festas. Por que não chama um dos outros garotos pra te acompanhar?

—Ai, porque eles não são nada discretos e tampouco, um gentleman como você. Amo aqueles três, mas eles são espalhafatosos e malucos, sabe disso.

Eu ri dela. Realmente os outros garotos eram assim. Talvez faltasse um pouco de maturidade a eles, que muitas vezes se comportavam como moleques brincalhões e não caras de dezessete anos.

—Por favor, Gilzinho! Vai ser numa recepção, vai comigo!... Por favor!... Por favor!

Ela me implorava e sem coragem de lhe dizer ‘’não’’, eu disse:

—Ok, Catherine! Eu vou!

Ela soltou um de seus gritinhos de alegria e se jogou em cima de mim, fazendo algumas pessoas olharem na nossa direção e rirem da gente. Eu quase quis me enfiar em baixo da cadeira por causa disso.

—Cath agora chega. Pode me largar? Tá todo mundo olhando. – Eu cochichei em seu ouvido.

Ela me largou e riu por me ver vermelho de vergonha. Realmente eu sou extremamente tímido!

—Sabia que você fica lindo assim envergonhado?

—Não diga?!

—Digo sim. E agora deixa eu me levantar, desço no próximo ponto. Te ligo mais tarde.

Assenti e vi Cath me jogar um beijo antes de seguir para porta do ônibus.

***

Entrando em casa, eu escuto a voz da minha mãe e também a de outra mulher, ambas vindas da cozinha. Larguei minha mochila no sofá e segui pra onde estava minha mãe e a dona da voz desconhecida.

—Olá mãe!

—Filho, chegou cedo!

—Último dia de aula, então terminou cedo, mãe.

—Claro. Hum... Querido, essa é Adélia, minha amiga da galeria de arte que sempre falo pra você.

—Prazer, senhora. – Cumprimentei, estendendo a mão à mulher, que me olhava de uma maneira estranha.

—Minha nossa, Beth!... Seu filho é um rapagão! Ele é muito mais bonito pessoalmente do que na foto que me mostrou!

Nem preciso dizer que fiquei envergonhado com essas palavras dela, né?

—Muito prazer em conhecê-lo, meu jovem. Espero que minha sobrinha e você se dêem bem.

Eu fiquei sem entender o que aquela mulher quis dizer com isso. E parece que minha mãe percebeu e tratou logo de explicar pra mim.

A amiga dela mora num pequeno apartamento com o marido e as duas filhas adolescentes, e como no lugar mal cabem os quatro, ela pediu a minha mãe se podia deixar a sobrinha dela ficar hospedada durante as férias na nossa casa que é grande pra somente minha mãe e eu. A garota vinda de São Francisco pra conhecer Las Vegas passaria as férias na cidade do pecado, depois voltaria pra cidade dela.

—Tudo bem pra você a sobrinha da Adélia ficar aqui, não é filho?

Vou ser franco, essa história não me agradou nada. Uma desconhecida passando um mês aqui em casa? Não me soou agradável, mas o que eu podia fazer? Não podia dizer ‘’não’’ na frente da amiga da minha mãe, isso seria deselegante demais. Então só me restou concordar com isso.

—Por mim tá tudo bem, mãe!- Dei de ombro e rezei pra garota ser legal.

Se eu fosse vidente, veria que minha prece não seria atendida e assim bancaria o deselegante e diria ‘’não’’ na mesma hora!


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