Meu crush é um zumbi escrita por GayEmer


Capítulo 4
Maybe we found love right where we are


Notas iniciais do capítulo

Maoooee novo capítulo, eu queria ter postado mais na semana passada, mas coisas aconteceram e eu não pude escrever. Desculpem.
Bom, vamos ao que interessa não é mesmo? Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura.



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Seu cabelo sedoso se enrosca em meus dedos. Eles estão vermelhos cor de fogo, diferente de ontem quando eram negros como a noite. Tento manter sua cabeça erguida enquanto ela vomita salgadinhos, doses de tequila, vodka, cerveja e sei lá mais o que, na privada mais chique que já vi na vida.
Estou no banheiro da casa de Kate, no anexo para a casa principal onde seus pais moram. A maioria das adolescentes normais possue um quarto, mas Kate não é uma delas.
Já estive algumas vezes aqui, quando crianças acreditávamos que esse lugar era assombrado, então vínhamos aqui brincar de Scooby Doo. Eu era o Fred — ele não me engana, aquela Fanta é uva — Kate a Velma, contudo estávamos mais para Salsicha e Daphne. Eu tremia feito vara verde vendo em cada canto escuro um monstro diferente, enquanto ela reclamava que a sujeira dos móveis velhos mancharia seu vestido.
Desde então não vim aqui.
Tudo parece diferente e ao mesmo tempo igual, nada mudou, porém tudo mudou.
Nós crescemos, ela perdeu o irmão, eu o meu pai, paramos de brincar, começamos a ver o mundo com outros olhos. E cá estamos; ela bêbada vomitando as tripas, enquanto eu em um torpor alcoólico, seguro sua cabeça para que ela não se afogue em fluido estomacal. Somos Batman e Robin, a dupla dinâmica.
Ela cospe a bile e eu espero que ela vomite mais uma vez. Seu banheiro é impecável, decorado em tons de branco — deve haver um nome pra isso, mas eu não não faço idéia de qual é — com uma iluminação azulada, bem calmante devo dizer. Agradeço por esse lugar possuir velas aromatizadas.
— Pega minha necessaire. — Ela diz com uma voz patética.
Me levanto sentindo dor nos joelhos, pego a bolsa roxa ali no chão e espero Kate se recompor.
Ela agarra a bolsa como uma leoa protegendo seu filhote, como tal ela possui a agilidade de um felino e a usa para retirar batom, rimel, um pente e outros apetrechos que parecem equipamentos de tortura. Ela os coloca sobre a pia e se olha no espelho, seus cabelos estão desgrenhados, a maquiagem está borrada pelo suor, líquido preto escorre de seu olho como lágrimas sinistras.
Abaixo a tampa da privada e me sento, me surpreendo ao perceber que a tampa da privada é mais confortável que a poltrona na sala da minha casa. Cruzo as pernas teatralmente e assisto.
Ela lava o rosto, não demora até seus dedos ágeis agarrarem um algodão que desliza em sua pele deixando seu rosto lívido novamente.
— Você não quer sair daqui, ir pra ouro lugar? — Pergunto mesmo sabendo a resposta.
— E abandonar minha própria festa?
— Eu tenho mesmo que ficar?
Seu celular vibra sobre a pia, ela larga o batom que segurava para poder checar a mensagem. Com um sorriso malicioso ela diz:
— Eu preciso de você aqui. Ele chegou e o amigo dele também.
— Puta merda.
— Você só precisa ficar com ele enquanto eu... — Pausa para passar o batom — Me divirto com o amigo dele. Se lhe faltar motivação lembre-se que vou pagar seu almoço por duas semanas.
— Nesse momento estou pensando em quatro semanas.
— Que seja.
A parte gananciosa dentro de mim pensa em conseguir mais, porém a parte mais sensata não acha uma boa idéia.
— Espero que isso valha a pena pra você. — Digo me levantando do meu assento para ajuda-la com o cabelo.
— Acredite, seu esforço e meu dinheiro não serão gastos em vão. — Ela retira da bolsa um pequeno quadrado brilhante.
Nele posso ver a palavra "Jontex" em letras douradas.
— Você não está pensando em transar com esse cara, está? Aí, caralho, você perdeu o juízo? — Solto seu cabelo pois minhas mãos estão balançando no ar, ando de um lado para o outro buscando as palavras certas, tentando respirar antes de falar — Sua primeira vez não pode ser com esse cara, Katerina.
Ela me dá aquele olhar, eu odeio esse olhar, me sinto um idiota de repente. Sou um velho conservador preso nos anos 20, penso. Contudo não posso deixar de lado minha irritação com isso, ela merece mais; muito mais.
Tento dizer isso a ela, mas as palavras custam a sair, estão na ponta da língua, porém não sou capaz de expulsa-las para fora.
— Você se preocupa demais. — É o jeito dela de dizer que admira minha preocupação, que agradece por eu me importar e querer sempre o melhor pra ela.
Eu entendo, leio as entre linhas, ambos não somos bons com as palavras quando realmente precisamos delas.
Foda-se, não posso deixa-la fazer isso, a conheço o suficiente para saber que ela irá se arrepender depois. Sei disso. Também sei que se eu fizer algo ela irá me odiar por um bom tempo, umas das coisas que não consigo suportar é ser ignorado por Kate.
E claro, se eu fizer algo nada de comida grátis pro Roman.
— E aí, pareço desesperada demais ou parece que nem ao mesmo estou tentando?
Seu cabelo vermelho cai em ondas contornando suas costas, seus lábios estão vermelhos sangue e contrastam com sua pele pálida. Mas o destaque fica para os seus olhos, hipnotizantes, sexy; debochados.
— Esse cara não vale isso tudo.
— Ciúmes? Ah, Roman, você sempre será o homem da minha vida. Mas a mamãe aqui precisa de algo que você não pode dar. — Ela agarra minhas bochechas, seu rosto se aproxima do meu e torço o nariz ao sentir seu hálito. Ganho um beijo rápido que tinge minha boca de vermelho.
— Acho melhor usar anti-séptico bocal.
— Tá tão ruim assim?
— "Um bicho morreu na sua boca?" É o que eu perguntaria se eu fosse ele.
— Certo. — Ela abre o armário sobre a pia e de costas pra mim continua — Sabe quem eu vi aqui?
— Sua dignidade que você perdeu há um tempo?
— Sim, ela estava indo ao enterro da sua vida sexual. — Por alguns segundos tudo que ouço é o som abafado da festa que acontece no andar de baixo, e o gargarejo de Kate — Estou falando do Daniel, ele tá aqui. Não achei que vinha, mas ele veio.
A malícia em sua expressão me faz corar. Me sinto um idiota vendo em meu reflexo no espelho a vermelhidão que cobre minhas bochechas.
— Pelo visto sua noite vai ser agitada. — Tento disfarçar o desconforto, porém ela me conhece demais para que isso funcione.
— Ro, eu sei que ele é gay. Não estou perdendo meu tempo e usando meu charme em vão...
— Você não ousaria.
— O que? Dar a entender que você está interessado nele, e você claramente está, e convida-lo pra minha festa deixando sub entendido que a idéia foi sua? Jamais.
Olho pra ela imaginando como poderia mata-la agora, há tantas opções. Eu poderia pegar seu batom e enfiar em sua garganta, e mata-la por asfixia. Poderia jogar o secador e ela na banheira deixando a eletricidade cuidar do resto. Poderia socar sua cara de pau no espelho do banheiro até ver seu cérebro escorrer pelo nariz.
Ao invés disso opto por seguir meu caminho até a porta.
— Roman, não seja um babaca. Você gosta dele. E ele de você... — Ela sussurra a última parte.
Paro com a mão na maçaneta.
— Gosto dele? Assim como eu gostava do Mateo no primeiro ano? Um cara que eu conversei três vezes, Kate; três vezes. — Minha mão ainda segura a maçaneta, mas não abro a porta — Eu não acredito que você tá fazendo isso de novo.
— Tá, o Mateo foi um erro. Só que dessa vez é diferente.
— O que é diferente?
— Eu estou certa, e você sabe disso.
Tenho um pouco de dificuldade para girar a maçaneta pois minha mão está suada.
Saio como um raio atravessando o corredor iluminado com essa luz alaranjada irritante. Não quero que ela esteja certa porque uma parte de mim sabe que ela tem razão.
Paro no topo da escada ao ouvi-la, esperta ela aguarda o sinal de que precisa para saber se pode ou não se aproximar.
— Eu não mordo.
— Eu não vou me desculpar por querer que você seja feliz. Nem adianta me olhar assim, mas eu peço desculpas por fazer as coisas pelas suas costas. OK?
Suspiro.
— OK.
— Você pode ir pra casa. Se quiser. Afinal, você não queria vir mesmo.
À medida que descemos a escada, o som da festa fica mais alto; mais irritante.
— Eu ainda quero comida grátis. Além disso, eu disse pra minha mãe que dormiria aqui e não quero encontrar nenhuma surpesa indo pra casa hoje.
— Namorado novo?
— Personal trainer.
— Sua mãe é minha heroína.
A escada nos trouxe até a sala onde nos sofás casais se beijam, pessoas de nossa escola que nunca vi na vida se juntam à colegas de classe e dançam em um espaço que eu poderia chamar de "pista de dança", o que soaria cafona aos ouvidos de Kate.
Um remix de "sorry" toca nas caixas de som, no caminho para a cozinha há uma mesa com bebidas e ao lado uma com porcarias como cheetos e doritos.
— O que acontece se seus pais entrarem aqui e virem aquela mesa cheia de birita? — Grito.
— Eles sabem. — Ela grita de volta — Só pediram pra que eu não deixe ninguém desmaiado no jardim pra não causar confusão com a polícia.
— Sério?
— É claro que não. Vem, vamos pegar alguma coisa.
Esbarro em um ou dois no caminho, nem me dou o trabalho de pedir desculpas, estão agitados demais para notar minha presença.
Há muitas opções e eu não conheço metade das garrafas que estão aqui. Opto por algo fácil e genérico como uma garrafa de Askov azul, encho um copo e me dou por satisfeito.
Kate já é expert em bebidas, seu conhecimento sobre álcool é impressionante. Ela prepara drinks com a perspicácia de uma química.
A música acaba, aproveito o beve silêncio para poder perguntar à Kate se ela tem comida de verdade aqui.
— Na cozinha, vem.
Ela segura um copo com um líquido verde. O gosto não parece ser bom.
As pessoas pararam de dançar, só agora que percebo que nenhuma música está tocando. Não que eu esteja achando ruim, na verdade eu adoraria se continuasse assim, mas pergunto a ela se ela não vai procurar saber o que aconteceu.
— Você vai pra cozinha e eu resolvo isso. Não some.
— Eu mando um sinal de fumaça.
Quando chego na cozinha não resta nada em meu copo exceto algumas gotas solitárias.
Uma das razões por eu a acompanhar em suas noites de bebedeira, é minha resistência ao álcool, posso beber a mesma quantidade que ela, porém ela estará caindo pelos cantos enquanto eu estarei cambaleando com ela apoiada em meu ombro.
Acontece que hoje esse super poder é o que está me ferrando, pois eu não quero estar sóbrio, amanhã quero acordar e me lembrar dessa noite como um borrão, nada mais. Não estou com saco para dar atenção ao cara do tanquinho trincado, enquanto Kate se diverte; quer dizer se eu estiver sóbrio, é claro.
Antes de tudo quero satisfazer meu estômago, estou com fome e ao abrir a geladeira de Kate não vejo nada que possa satisfazer esse monstro no meu estômago, não estou exagerando, não tem nada mesmo.
Tipo, uma pessoa com a conta bancária de Kate não ter nada na geladeira é estranho; chocante; e inconveniente pra mim.
Há um vidro de ketchup na porta, uma garrafa de suco não muito confiável, e alguns sacos de bala. Nas grades há uma bandeja de sanduíches tão pequenos quanto a mão de um bebê, eu precisaria comer todos eles e ainda assim não seria suficiente.
Ninguém nesse lugar parece interessado em comer exceto eu, então pego a bandeja e a coloco sobre a bancada. Espanto a idéia idiota de pegar guardanapos ou um prato e retiro o plástico que cobre os mini sanduíches.
Abocanho um e já agarro outro o deixando a centímetros da minha boca, pronto para o abate.
A música volta a tocar e eu engasgo, corro até a pia, abrindo a torneira enfio minha boca na saída de água e forço o queijo e companhia a descer garganta abaixo, bebo o máximo de água que consigo até que não sinto mais a sensação angustiante na garganta.
Fecho a torneira recuperando o fôlego para mais alguns sanduíches.
— Tudo bem aí?
Me viro tão rápido que minha cabeça dói. Daniel está sentado na bancada com as mãos nos meus sanduíches, faço uma contagem rápida e ele provavelmente já comeu três ou quatro. Restam apenas oito.
Um pensamento me ocorre, não é bem um pensamento, quer dizer é tipo a essência de um pensamento, não dura mais que um segundo; tempo suficiente pra eu surtar.
— Há quanto tempo você está aqui? — Pergunto, mas já sei a resposta.
— O suficiente para ver você chupando a torneira. Quer dizer, com a boca na torneira... — Ele come mais um, restam sete — Não tem jeito de falar isso sem parecer sugestivo.
Poderia explicar porque estava com a boca na torneira, eu poderia dizer que estava engasgando e fiz a primeira coisa que pensei. Eu poderia perdeu meu tempo explicando, mas eu não vou. Por que a opinião dele não é importante, porque o que ele acha ou não de mim, não me interessa.
Ele não me interessa; não mesmo. Essa noite vou provar a Kate que ela está errada, vou mostrar a ela que esse garoto não é nada para mim.
Avanço até ele e antes que eu ouça alguma reclamação, pego a bandeja com o restante dos sanduíches. Ele me olha indignado como se tivesse esse direito.
— Agora se você me dá licença, meu encontro me espera.
Não devia ter dito isso, mas disse e não posso voltar atrás. Não é da conta dele o que faço da minha vida.
Só que eu lhe dei uma explicação; eu basicamente lhe dei permissão para xeretar a porra minha vida.
E é isso que ele faz.
— Encontro? — Estou chegando à mesa de bebidas cuja quantidade caiu consideravelmente.
— Kate acha que eu preciso sair mais, concordo com ela. — Agora eu estou mentindo, ótimo. Enfio o último dos sanduíches na boca pra deixa-la ocupada.
— Então... como ele é?
Aham, como se isso fosse da sua conta, penso. Mas ao invés de responder encho um copo com mais Askov, pois é a única coisa que conheço aqui.
Ele aguarda uma resposta, sei que sim, se posicionar ao meu lado e fingir interesse por alguma bebida na mesa, não passa de um lembrete.
Você só está aqui pra me lembrar que você existe e assim fazer com que te ignorar se torne um desafio maior; acontece que eu gosto de um desafio, penso mais uma vez.
É incrível como ele poluiu minha mente com seu rosto. É assustador o fato de que eu me pego pensando nele às vezes, que eu imagine como deve ser a sensação da pele dele na minha.
Deve ser o álcool, só o álcool me faria matutar sobre Daniel quando ele está à centímetros de mim.
Tipo, tão perto que posso sentir seu calor humano, seu cheiro — uma leve fragrância floral, um tanto feminina devo dizer — pelo canto analiso seu rosto, ele tem uma pequena cicatriz na testa, um corte horizontal. As maçãs de seu rosto são rosadas, seus lábios são fartos e vermelhos, devem ser macios também.
Aí meu Deus, eu tenho que parar de beber.
Viro meu copo de uma vez deixando a bebida esquentar minha garganta.
— Eu não o conheço. — Digo.
Ele me olha surpreso, não sei se pelo fato de eu não conhecer o cara — nem sequer lembro seu nome — ou por eu ter respondido sua pergunta.
— É um encontro às cegas? — Ele debocha.
— Não. — Encho meu copo mais uma vez, ele decide beber o mesmo que eu — Vi fotos no Facebook, ele deve ter feito o mesmo.
Ele não diz nada, o que acho estranho. Esperava algum comentário sarcástico, mas não ganho nada além de um:
— Sei.
Sigo para a sala carregando uma garrafa de vodka, a música está mais alta que antes, e estou mais chapado que antes, então não me incomodo.
Estou ciente dele acompanhando meus passos, sei que ele virá atrás de mim.
De acordo com Kate ele está interessado, se não porque ele estaria aqui? Começo a achar que ela está certa, porém ainda me pergunto se ela também tem razão quanto a parte em que eu estou interessado nele. Não poderia dizer que é uma mentira sem fundamento, pois não é.
Estar bêbado abre sua mente, você percebe coisas que antes não havia notado, o que é perigoso pois você não está em condições de decidir o que fazer com essas "coisas", afinal você não está sóbrio.
Encontro um lugar vazio no sofá gigante, da sala gigante, de Kate. Daniel está prestes a se sentar ao meu lado quando ouço o grito de uma gazela, quer dizer de Kate.
Ele se assusta, assim como eu, dando chance a ela de enfiar um brutamontes ao meu lado. Um ruivo de quase 1,80 m. Sei disso pois eu tenho 1,76 e ele é um tanto mais alto que eu. O "super gato" de abdômen trincado, meu encontro.
Olho para Kate depois para Daniel, em seguida paro no ruivo, só pra repetir o ciclo novamente.
Daniel não parece nada feliz, vejo a irritação estampada na sua cara, que fica ainda mais feia por ele tentar disfarçar. Por algum motivo gosto disso.
Kate parece mais sóbria que eu, o que é ridículo. Como na maior parte do tempo ela está presa na Kateland, onde o mundo gira ao seu redor. Ela não repara na minha cara amarrada, na carranca de Daniel, ou no olhar perdido do "super gato" que na minha opinião está vendo unicórnios agora.
Há coisas pesadas rolando por aqui, Kate não deve saber sobre isso, ela não usa drogas, exceto pela vez que usamos LSD ano passado. Por isso minha única e breve experiência no ramo, me diz que o "super gato" está viajando no barato (?).
Ela se aproxima de mim para sussurrar no meu ouvido.
— Cuide bem dele, que eu cuido do outro.
Ela sai deixando sua risadinha ecoando na minha cabeça.
— Ele tá bem? — Daniel pergunta. Ele ainda está em pé, por isso tenho que erguer minha cabeça para olhar em seus olhos.
— Ele tá bêbado e ainda usou alguma coisa, maconha? LSD? O que está na moda hoje em dia? Você poderia chutar a bunda dele daqui, ele não ia se importar.
— Sei não, ele parece forte, não quero tomar um soco.
Olho pro ruivo mais de perto, meu nariz roça em sua bochecha. Ele sorri, não sei se é pra mim, mas sorrio de volta.
— É, ele tem braços fortes. — Pressiono seu bíceps.
— Você está bolinando alguém que não está em plena capacidade física ou mental, isso é abuso. Sabia?
Dou um gole na vodka, não sei onde foi parar meu copo. Estava aqui, agora não está mais.
— Supergato, tem uma coisa na sua boca, bem aqui...
Apenas encosto minha boca na sua, mas é o suficiente para que Daniel me puxe pela gola da camisa. O movimento brusco machuca meu pescoço e derrubo a garrafa no chão. — Que merda é essa?
— Você não pode beijar esse cara. — Ele grita de volta.
— Eu beijo quem eu quiser. — Grito com mais intensidade.
— Isso não é verdade. — Sua voz soa tão potente quanto a minha.
— O que? — Dessa vez não grito.
Ele está ofegante, também estou. Supergato nos observa confuso, ao nosso redor alguns assistem esperando para ver quem dará o primeiro soco.
Ironicamente uma música melosa do Ed Sheeran começa a tocar.
Ele chega perto, perto demais, tão perto que nossas respirações se sincronizam.
— Você não beija quem você quer, Roman. Você quer me beijar, não quer? Mas você não o faz.
— Quanta arrogancia.
— É a verdade, e você sabe disso.
Busco o pouco de juízo que ainda me resta para dizer:
— O que eu sei é que isso termina aqui. Eu não sei exatamente o que "isso" é, mas vou superar. Vou parar de gostar de você.
Aceito essa verdade, pela primeira vez digo isso em voz alta. Eu gosto dele, porém vou acabar com esse sentimento tão rápido quanto ele surgiu.
"Maybe, we found love right where we are". Não Ed, não tem amor nenhum aqui.


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Notas finais do capítulo

Mal feito, feito.
Nos vemos no próximo capítulo.
OK?
OK