Meu crush é um zumbi escrita por GayEmer


Capítulo 2
Uma piranha sem coração e um alien em extinção


Notas iniciais do capítulo

Hellooooo from the other side
Capítulo fresquinho, vou ser breve aqui e desejar uma boa leitura pra você aí do outro lado.



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Há um vazio dentro de mim. Não falo de um vazio emocional, um lugar frio que sente falta de amor, não é nada disso. Também não é um vazio existencial, uma falta de propósito que me impede de levantar da cama e seguir com a minha vida, não se trata de deixar a maré me levar por não saber o que eu quero.
Me sinto vazio pois meu estômago está vazio, ele faz barulhos me implorando por uma fatia de pizza — uma pizza inteira seria mais apropriado — ou um saco de bacon crocante. Me sinto fraco e mal humorado além da dor no estômago, então quando Kate cruza o corredor da escola à passos largos vindo em minha direção, vejo no seu rosto pálido e coberto de maquiagem, que seja qual for o assunto de nossa conversa não vai me agradar nem um pouco.
Um garoto amarrando os sapatos tem o azar de estar no caminho dela, o coitado é empurrado e acaba beijando o chão, ela se desculpa sem ao menos olhar pra ele; afinal ela não é a vadia que todos pensam.
Ela prende seus longos cabelos negros em um rabo de cavalo antes de parar na minha frente em uma pose exagerada e dizer:
— Você é uma piranha, Roman. Uma piranha sem coração, eu nem ao menos sei o porquê sou sua amiga. Estou literalmente despedaçada.
— Eu não acho que "literalmente" deveria ter sido usado nessa frase.
— Você literalmente — Ela faz questão de ser enfática — Está me tirando do sério.
— Eu não vou pra essa festa com você.
— Você disse que ia.
Olho para os seus seios pois ela infla o peito na minha cara. Posso ver seu sutiã rosa.
— Eu não disse que ia, na verdade eu disse que de jeito nenhum eu iria nessa festa com você.
— Eu não posso ir sem você. Todo os esquema depende da sua presença. Não me olha assim, eu te arranjei um encontro com um cara super gato, sabe quantos morreriam por um abdômen daquele?
— Você só fez isso pro amigo dele ir pra festa. Ou seja, a principal interessada aqui é você, não eu. Mais uma coisa, você se esqueceu de mencionar que o "super gato" é a porra de um humano.
Decido encerrar a conversa por aqui, mas ela ainda não desistiu e me segue pelos corredores empurrando quem se opõe em seu caminho.
— Como você sabe que ele é um humano?
— Ah, então você confessa que mentiu de propósito? Facebook, Kate. É o que todos fazem antes de ir à um encontro com um estranho.
— Se eu ajoelhar e implorar você vai?
— Não.
Meu estômago geme em sofrimento, tento disfarçar o desconforto, porém fica evidente pela minha expressão que algo está errado.
— Te pago o almoço por uma semana.
— Você não tá falando sério.
Trocamos um olhar intenso, estou cogitando a hipótese de isso ser verdade e os benefícios que esse acordo pode me proporcionar. Ela deve estar pensando se mordi a isca ou não, e em que roupa usará para levar o cara pra cama, caso eu aceite.
— Duas semanas. — Ela me estende a mão oferecendo uma proposta tentadora e irrecusável. Não tenho escolha se não aceitar.
— O acordo inclui levar você bêbada pra casa?
— E segurar meu cabelo quando eu estiver vomitando.
Suspiro.
— E você ainda diz que eu não tenho coração.

O vento sopra as folhas das árvores que farfalham, fecho os olhos e sinto a brisa em meu rosto.
Aproveito esse breve momento de paz após o almoço para ler, mas meus pensamentos me levam a diferentes lugares e não consigo focar no livro.
Penso se foi uma boa idéia negociar minha ida nessa tal festa com Kate, então de Kate passo para Raphael, o portador do abdômem trincado, o "super gato" que eu tenho a sorte de ser meu par em um encontro duplo. Então penso como "encontro duplo" soa ridículo e se ainda soaria ridículo em voz alta, para confirmar eu repito pra mim mesmo três vezes, e sim, ainda soa ridículo.
Minhas divagações não param por aí, ao olhar para a direção da ala sul onde a sala de história se encontra, a primeira coisa que me vem a cabeça é minha nota na dissertação que não foi como eu esperava, porém foi o suficiente. As redações foram entregues por Danielle a pedido da professora, o que leva meus pensamentos à Daniel, ao homem no beco, ao motivo dele estar lá aquela hora e ao fato disso não ser da minha conta.
Me deito sobre a grama, o aviso diz para não pisar e bom, não estou pisando. É um dia ensolarado, bonito em alguns aspectos, contudo eu prefiro dias nublados quando o sol se esconde atrás das nuvens e a brisa fresca desliza sobre a sua pele, se você tiver sorte pode até chover.
— Você tá bem?
Algo ou mais provavelmente alguém, bloqueia a luz do sol que banhava meu rosto segundos atrás.
Abro os olhos só para ver Daniel olhando pra mim com aquela expressão intrigante, como se o que eu estivesse fazendo fosse algo complicado de entender.
— Você está impedindo que eu receba vitamina D.
— Você fica bronzeado?
Ele não parece estar brincando, seu olhar indica que está falando sério o que me faz perguntar pela milésima vez:
— Qual é o seu problema?
— Você nunca sorri, quer dizer. Desde que nos conhecemos...
— Há uma semana. — Murmuro.
— Não te vi sorrir uma única vez. Então, me pergunto o porquê daquele sorriso idiota agora à pouco.
— Se eu te ignorar você vai embora?
— Não sou testemunha de Jeová.
Ele se deita ao meu lado e de forma teatral boceja até que eu precise controlar a vontade de fazer o mesmo.
Decido ignorar sua presença pois talvez silêncio constrangedor seja aquilo que eu preciso para afasta-lo de mim.
Por um tempo tudo o que ouço é o som de conversas distantes, o farfalhar das folhas, e vez ou outra o bocejar de Daniel que eu deveria ignorar, mas que está me tirando do sério. Então de repente ele diz:
— Bitch better have my money. — Olho pra ele embasbacado, mal acredito no que vem em seguida — Y'all should know me well enough. Bitch better have my money. Please don't call me on my bluff.
Ele continua a cantar.
— Pay me what you owe me.
Ballin' bigger than LeBron. Bitch, give me your money. Who y'all think y'all frontin' on?
Olho pra ele como um cientista observaria um alien. Ele é um espécime raro de uma raça alienígena em extinção se refugiando em nosso planeta, e eu tive o azar de conhece-lo.


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Notas finais do capítulo

Mal feito, feito.
Kissus com doces.
A gente se esbarra



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