Além do Campo de Flores escrita por Lady Pompom


Capítulo 3
O primeiro atentado




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Depois de algum tempo, Aiden levantou-se e fez uma busca em torno do local. Era uma instalação por trás da igreja, uma grande construção de pedra.

—Ah, ele acordou agora… -uma das freiras sorriu para Aiden-

—Obrigada por cuidarem de mim… -ele curvou-se- De qualquer forma, onde está minha armadura? Lionel me disse para perguntar a vocês…

—Ah, nós pusemos na dispensa, podemos leva-la até lá e devolvê-la.

—Sério?

—Claro.

.

.

.

            Ela equipou a armadura e suspirou aliviada. Ela sentia, do fundo do coração, que aquela armadura fazia parte de sua alma, e sem ela, não seria uma cavaleira, mas uma mulher comum, somente Aiden, a dama, não a cavaleira, Aiden. Era isso que a deixava tão insegura. Aquela armadura era uma proteção para o corpo e alma dela.

Me pergunto por que General Glenn estava tão preocupado com esse homem. Ele disse que Lionel tinha inimigos, mas ainda assim… Ele tem tantos inimigos assim que precisa de um guarda-costas para tomar conta dele?

            Algumas horas se passaram, ela de voltar pela grande construção, estudando sua estrutura e vigiando se havia qualquer sinal estranho. Lionel logo apareceu diante dela, sorrindo como de costume.

—Aiden, eu gostaria de dar uma volta ao redor da cidade, preciso fazer visitas e conversar com algumas pessoas.

—Certo. Mas não podemos ficar for a até tarde.

—Me desculpe, não posso prometer isso… Algumas pessoas podem precisar de ajuda imediatamente, não posso estimar um horário. 

—... –ela franziu o cenho aceitando o desafio- Sem problemas, posso te proteger a qualquer hora.

—Muito obrigado, Aiden.

            Ele riu como se o que ela havia dito fosse divertido, e logo depois se encaminhou para ajudar as pessoas que precisavam. Aiden assistia calmamente as ações dele. Ele cumprimentou algumas pessoas, curou as feridas de outras, e tinha sempre o mesmo sorriso no rosto, era suave, mas ela podia dizer que não era um sorriso verdadeiro. Ele apenas fazia aquela expressão por.

            Enquanto havia pessoas que se agradavam da presença dele, havia grupos que olhavam conspicuamente para ele, murmurando maldições.

Eu não consigo entender mesmo… Ele não está ajudando-os? Será que não podem ficar felizes com isso?

            Um homem veio chorando e caiu de joelhos em frente ao sacerdote, ele levantou o homem sem nenhuma dificuldade, e perguntou o que havia de errado. O homem sussurrou algumas palavras no ouvido dele e ele seguiu o homem para algum lugar. As sobrancelhas de Aiden quase se uniram ao ver aquilo, mas ela os seguiu.

            Pararam na porta de uma casa de algum cidadão. Ele era pobre e humilde, Morava numa velha casa de madeira.  O sacerdote parou e dirigiu os olhos para Aiden.

—Se importaria de ficar aqui um pouco? Ele quer conversar, mas está relutante em fazer isso em frente a outras pessoas…

—Captei a mensagem. Eu estou assustando ele, mas… Levou em consideração que pode ser uma armadilha para atraí-lo?

—Hahahah, sim, eu pensei nisso também, mas não consigo vê-lo como alguém que faria algo assim.

—O que te faz confiar tanto nele?

—Bem… -o sorriso dele se alargou- Posso não conhecer o que há no coração das pessoas, mas os olhos dele não são os de um mentiroso…

Ele não acabou de dizer que não conhece o coração das pessoas? Então como ele epode decider algo tão arbitrariamente?

            Eka suspirou, massageou as têmporas e respondeu num tom quase irônico:

—Claro, o sacerdote aqui é você. É seu trabalho ajudar as pessoas não é?

            Ele sorriu pacientemente e entrou na casa. Aiden observou-os por entre o vidro quebrado da janela quando se sentaram à mesa e começaram a falar. Ela não conseguia ouvir bem as palavras, mas ela sabia que eles estavam falando.

            O homem chorava e se tremia, escondendo o rosto com as mãos, o sorriso de Lionel sumiu durante a confissão, ele parecia uma pessoa completamente diferente. O olhar dele era severo e seu rosto adquiriu traços mais bruscos. Após ouvir aquele homem por algum tempo, Lionel abriu a boca e disse palavras que pareceram afetar aquele homem, porque Aiden  viu quando o homem derramou mais lágrimas, enquanto Lionel falava, ele ficava cada vez mais preocupado. Ela podia dizer que ele estava dando uma bronca, mas ainda sentia pena daquela pessoa.

  Me pergunto sobre o que estão falando…

            Ela balançou a cabeça, tentando extrair aqueles pensamentos da cabeça e estapeou levemente as próprias bochechas. Não podia se permitir ser curiosa. Não era da conta dela.

            Lionel logo saiu daquela habitação, e o homem o seguiu, enxugando as lágrimas do rosto.

—Podemos ir agora, Aiden? –Lionel sorriu como de costume, como se aquela expressão severa de antes fosse uma mera ilusão-

—Sim…

—Espere! –o homem parou o sacerdote, segurando-o pela mão e cumprimentando-o- O-obrigado por tudo, Padre Lionel! 

—... –ele estava preocupado com o homem, mas retribuiu o gesto e respondeu- Deve se lembrar que mudanças não acontecem do dia para a noite… É um processo e pode levar meses, anos, por isso precisa se esforçar e persistir. Não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível.

—Obrigado… -o homem se curvou –

            Um sorriso lábil apareceu nos lábios de Lionel e ele acenou com a mão, deixando o local acompanhado de Aiden que ainda olhava por sobre os ombros para inspecionar o estranho sujeito. 

            Quando se virou para olhar o caminho adiante, viu Lionel sorrindo para ela como se ela fosse divertida.

—O-o que foi?

—Está curiosa sobre a minha conversa com ele, Aiden?

—Não é bem isso… -ela tentava se esquivar, envergonhada-

—Não se preocupe com isso… É comum encontrar pessoas que precisam de direção em suas vidas. Ele apenas queria saber o que fazer, mas não posso ajudar muito, e algumas pessoas se recusam a ouvir a verdade. Eu disse o que ele precisava ouvir para começar a mudar, mas se ele terá ou não sucesso, não tenho certeza.

—... Você fica diferente quando fala com os outros… Estava sorrindo quando falou com aquelas pessoas na praça, mas parecia estar sendo bem rigoroso com aquele homem…

—Acha isso?

            Novamente ela não conseguia entender no quê ele estava pensando. Ele continuou falando, e em algum momento, até o sorriso dele parecia solitário:

—As pessoas às vezes precisam escutar coisas que não gostam e passar por inúmeros desafios para mudar. Não podemos escolher por quais desafios iremos passar, mas podemos escolher qual caminho seguir quando o desafio vier…

            O sorriso dele estava de volta e não havia mais nenhum sinal de tristeza ou preocupação. Aiden estava perplexa de novo.

Em alguns momentos, ele parece alguém que passou por momentos difíceis, mas aí, ele volta a ser a pessoa paciente que fala aleatoriamente sobre coisas boas. 

            Ele continuou cuidando e curando as pessoas e eles caminharam naquele ritmo. Até que…

—Aiden, vamos voltar? –o sorriso dele era humorado- Você parece cansada.

—Não estou. Posso continuar.

            De fato, ela estava cansada, mais uma vez. Tudo que havia feito no dia era acompanha-lo e ajudar algumas pessoas, em alguns aspectos, isso era exaustivo. Ela queria mais ação, não que ela quisesse que alguém atacasse ele agora. Contudo… Seu desejo foi concedido…

            Quando estavam caminhando numa rua lotada, Aiden tentava seguir o sacerdote passando por entre a multidão, então, sentiu uma sensação ameaçadora advinda dos altos prédios na rua. Olhou em volta, e só conseguiu perceber o que estava acontecendo quando viu uma flecha voando na direção dele.

—Padre!          

            Numa tentativa de protegê-lo, ela pulou empurrando-o para o lado, para tirá-lo do alcance da flecha, porém, a flecha a atingiu, perfurando sua armadura e quase perfurando seu peito junto. Por alguns centímetros, não chegou até seu coração, se não fosse pela armadura...

            Ela caiu de joelhos no chão, mas se levantou instantaneamente, arrancando a flecha e olhando em volta. Algumas pessoas estavam confuses e Lionel foi até ela.

—Aiden!!

—Quieto! O alvo era você…

—...

            A desaprovação expressa na face dele foi o suficiente para faze-la entender algo. Claro, ele não desejava que isso acontecesse, mas era como se ele não quisesse que ela fizesse este trabalho.

            Exasperada, ela procurou por o perpetrador do crime, mas não encontrou nenhum vestígio dele/dela. Um arqueiro, isso era claro, mas quem?! Ela não pode dizer de qual direção a flecha veio, porque havia muitas pessoas e ela só conseguiu ver a flecha quando estava perto de Lionel.

—Grr… -ela cerrou os punhos-

—Aiden, é melhor sairmos deste lugar, tem muitas pessoas nos observando agora… Não podemos chamar tanta atenção, não é?

            O sacerdote segurou nos ombros dela e gentilmente a guiou para longe da multidão. Quando estavam por trás de uma grande construção, ele a soltou e depois tentou aplacar a fúria dela:

—Aiden, ira não irá te levar a lugar algum… Primeiro, deixe-me curar este ferimento para podermos ir à Igreja-

—Não me toque! –ela rebate a mão dele- Não preciso da sua ajuda! O criminoso escapou e nem conseguimos ver quem era, acha que é hora de ficar calmo?! Você volta pra igreja, e eu irei procurar por ele! Assassinos sempre deixam pistas na cena do crime!

            A expressão dele era apática, mas havia uma aura serene ao seu redor, apesar da seriedade que ele demonstrava. Ele ouviu todas as reclamações dela, como se fosse um dever e depois que ela respirou fundo, ele sorriu.

—Aiden, concordo que devamos investigar a cena do crime, mas só porque eu sugeri que voltássemos, não significa que eu não esteja preocupado com o assunto… Ele ou ela tentou me matar, mas não conseguiu. O que me leva a crer que esta pessoa voltará para tentar me matar de novo.

—... –ela franziu o cenho-

—É por isso que estou pedindo para se acalmar por hora. Da próxima vez que essa pessoa aparecer, vamos pegá-lo, poraquê agora estamos alertas. Tudo bem?

            Ela apertou ainda mais os punhos e mordeu o lábio inferior, era frustrante que ela não conseguisse ver o inimigo. Se não fosse pelos reflexos dela, Lionel estaria morto e ela teria falhado nesta missão.

            Ainda insatisfeita com a decisão do sacerdote, ela voltou para a igreja lançando aquela raiva no ar, deixando que o vento levasse embora aquele sentimento.

.

.

.

            Dentro da igreja, um som morno e calmo ecoava, era o coral cantando, combinando com as luzes coloridas que passavam através do vidro colorido das janelas. Embora fosse um local no qual se devia encontrar paz, esse esra o último sentimento que ela poderia sentir no momento.

—Aiden, se continuar a nutrir essa raiva, ficará cega e sua lâmina irá enferrujar.

—O quê?! Eu respeito sua sabedoria, padre Lionel, mas me poupe de suas liçõezinhas. Sou uma mulher crescida; não preciso que questione minha conduta.

—... Entendo… Você é uma pessoa teimosa, ainda que teimosia não seja exatamente um ponto negativo.

            Um breve sorriso nasceu nos lábios dele, mas logo a expressão dele estava séria e ele se ajoelhou para fazer suas orações.

Tudo que ele sabe fazer é se ajoelhar e orar… Eu sei que ele tem poderes, mas ainda assim, um home tão inútil. Pergunto-me se ele vale a preocupação do General Glenn. Lionel parece ser dez vezes menos homem do que qualquer outro homem que conheci. Essa situação está se tornando insustentável.

            Quando tinha esses pensamentos frescos na mente, Lionel subitamente abriu os olhos e a fitou, sorrindo vagamente como se algo o incomodasse, mas ele suspirou pesadamente e preocupado, fechando os olhos para orar.

O-o que foi isso de repente?! Não me diga que ele pode ler pensamentos?! N-não, impossível, mas a expressão dele agora a pouco…  Ele estava… Olhando para mim como se eu não tivesse jeito…? Não me diga que ele está orando por mim… De novo?

            O sangue dela ferveu e subiu à cabeça, fazendo a face dela enrubescer de raiva e ela mordeu o lábio inferior, estreitado os olhos fervorosamente.

Ugh… EU ODEIO esse homem!

            Nenhum dos dois podia imaginar que de longe, a sombra daquele assasino os assistia, tramando para tomar a vida do sacerdote.


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