Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 6
Um recomeço


Notas iniciais do capítulo

Bom dia meu povo, novamente quase não deu para eu vir até aqui postar, está sendo uma semana corrida e minha net não está ajudando muito também, mas quero e não vou cansar de continuar agradecendo o carinho de cada uma leitora (or), vocês muito me alegram a cada comentário. É gratificante para a reescrita e repaginada que estou dando a fic. Vi que todos curtiram a ideia de ter lembranças do passado da Kat e farei isso com os POVs do Peeta e também nos da Prim – de repente. Não farei nenhuma atualização até o feriado, ok? O penúltimo cap de BH está pronto, mas deixarei pra lançar na estreia da minha outra fanfic tbm inspirada em THG. Sany querida, quando você ler “minhas mãos valem um milhão de dólares” vc já sabe que teve maior contribuição nisso e muito lhe agradeço. E, estou preparando algo especial para esta citação. Espero que gostem do capítulo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683570/chapter/6

POV PEETA

Ela era a noiva mais linda. Tinha certeza de que seríamos felizes, pois nos amávamos incondicionalmente.

— Irmão, está na hora de sua noiva dançar com o pai dela. – Nicole estava linda em seu vestido lilás de madrinha.

— Volto num segundo para os seus braços, querido. – Daphne me deu um selinho antes de caminhar até seu pai.

— Acha loucura estarmos nos casando agora? – minha irmã sempre foi a pessoa mais sincera comigo e sabia que não mentiria para mim.

— Não é loucura. Vocês se amam. Você já está ganhando bem com a realização das cirurgias, não vejo o porquê protelarem esse momento.

— Pois é, alguns médicos acham loucura um garoto como eu estar fazendo cirurgias até certo ponto, delicadas. Mas, a chefe da minha equipe disse que minhas mãos valem um milhão de dólares e ah, te contei a novidade? – minha irmã negou com a cabeça. – Ela quer me levar para a UCLA, para eu fazer um curso intensivo de um mês.

— E, isso é ruim?

— Não, claro que não, mas Daph terá que ficar sem mim nesse período.

— E, o que ela acha disso?

— Disse que é para eu ir.

— Então você vai. Daph é forte e se for preciso nós as Harmony, faremos companhia para ela.

— Já disse que amo você? – estreitei meus olhos e ela jogou sua cabeça levemente para trás com aquele sorriso lindo que eu adorava em minha irmã.

— Hoje você não disse.

— Então digo agora, eu te amo. – disse beijando seu rosto rosado pela maquiagem.

— Ei, amiga que tal devolver seu irmão para mim. Não quero perder nenhum minuto longe dele, já que daqui a algumas semanas irá viajar. – minha esposa chegou com seu olhar intimidador, mas ao mesmo tempo cheio de doçura.

— O marido é todo seu e deixa eu ir atrás do meu, senão sou uma mulher morta também. – Nick trocou um rápido beijo no rosto com a amiga e se pôs entre os casais que dançavam pelo salão.

— Eu amo a sua irmã. Tive a maior sorte do mundo em ter me casado com o irmão mais velho, de uma das minhas melhores amigas. – ela rodeou seus braços em torno do meu pescoço e juntos continuamos a dançar uma nova música.

— Sorte foi, nos apaixonarmos.

(...)

— Peeta... – ela me olhou surpresa e começou a chorar. Depois abraçou-me e por um instante fiquei atordoado. Não recebia algum tipo de afeto há tempo. Parecia que alguma coisa parecia errada – Peeta. – repetiu ela, deitando o rosto na curvatura do meu pescoço. Senti suas lágrimas quentes em minha pele e algo dentro de mim se moveu. Retribuí seu abraço. Toda a infância me voltava à mente, trazida pelo cheiro de pão assado de aneto com canela que mamãe preparava e o doce perfume cítrico do xampu de minha irmã. Ela afastou-se, enxugando os olhos vermelhos – Achei que não falava sério, quando disse que voltaria. – passou as mãos nos cabelos e fez uma careta – Estou parecendo uma múmia que acabou sendo descoberta por algum historiador. Estava plantando flores no jardim dos fundos.

— Você está linda. – disse com sinceridade, afagando seu cabelo.

— E, você está péssimo. Horrível para dizer o mínimo.

Ela segurou minhas mãos e puxou-me para a sala iluminada pelo sol.

— Estou mesmo. Minha cabeça está doendo.

Nick saiu correndo da sala indo em direção a cozinha.

— Água. – gritou – E, aspirina.

Me aproximei de um retrato que se encontrava sobre o consolo da lareira. Era uma foto de cinco mulheres juntas, quatro delas usando vestidos cor-de-rosa claro. Todas sorriam. Nick – à frente, no meio vestia branco. Daphne estava ao lado, sorrindo.

— É uma das minhas fotos preferidas. – comentou minha irmã – Eu não estava feliz só por ser meu casamento, mas por todas nós, estarmos juntas.

— No fim... – confidenciei – Ela falava de vocês. Das Five Harmony. Deve ter me contado uns cem casos do lago quando iam a Chester.

Ela me segurou pelo ombro e fez uma leve pressão.

— Todas nós, sentimos saudades dela.

— Eu sei.

— E, você encontrou... o que quer que estivesse procurando?

Pensei por um instante na pergunta.

— Não. – respondi – Mas agora que estou aqui quero desaparecer. Para onde eu olhar, sei que vou vê-la.

— Isso não acontecia lá também?

Suspirei. Minha irmã tinha razão. Não importava onde estivesse. Daphne tomava conta de meus pensamentos, de meus sonhos.

— Estou perdido, Nick. Não sei como começar. – desabafei.

— Já começou. Está aqui. - disse tocando meu o rosto – Tem que esvasiar sua mente e tentar deixar que Daph descanse em paz.

Pus a mão sobre a dela e tentei pensar em algo. Não me ocorreu nada, então sorri.

— Onde está minha sobrinha linda? E meu cunhado?

— Willow está na casa de uma coleguinha brincando.

— E John, hoje ele não trabalha, certo? – olhei aos arredores, mas não escutei nenhum ruído senão a nossa conversa.

— Ele me deixou, Peeta. Nós nos divorciamos.

Ela não jogou na minha cara “Enquanto você estava fora”, mas poderia. Minha irmã caçula precisara de mim, e eu não estava presente para ajudá-la. Estava acovardado nas profundezas do meu mundo sombrio. Puxei-a em meus braços.

Nick começou a chorar desta vez com mais intensidade. Voltei a afaguar seu cabelo e sussurrei que estava ali, que não iria a lugar nenhum.

Pela primeira vez em cinco anos isso era verdade.

Depois de se recompor ajudei-a a preparar o almoço ela estava um pouco mais animada. Fez uma ligação, então voltou a cozinha dizendo que minha sobrinha ia almoçar com a coleguinha. Comemos somente nós dois e depois que a ajudei com a louça fui tomar um banho e me deitar. Minha febre tinha baixado um pouco, mas minha garganta ardia como brasa, com toda certeza precisaria de antibióticos.

Acordei no fim da tarde e quando descia as escadas podia escutar minha sobrinha conversando com a mãe.

— Mamãe, eu quero ver o tio Peeta.

— Filha, seu tio está cansado e não está passando muito bem. Depois que ele acordar você...

— Ei... estou aqui, minha princesa! – falei e logo ela sorriu e correu para meus braços.

— Tio Peeta, que saudades! – a peguei em meus braços e a girei no ar.

— Como você cresceu! Está linda como sua mãe. – minha sobrinha riu e me beijou a bochecha.

— Estou feliz, e agora que voltou podemos fazer um montão de coisas legais. – olhei sua empolgação e pensei no quão devia ser difícil para ela a separação dos pais.

Fomos para a sala desenhar enquanto minha irmã preparava o jantar.

(...)

Na segunda noite na casa de minha irmã me senti sufocado. Para onde olhasse, via lampejos da minha antiga vida. Não sabia o que fazer, mas sabia que não podia ficar aqui.

Pela manhã esperei que minha irmã fosse até o supermercado. Coloquei meus pertences na velha mochila – inclusive alguns porta-retratos com fotografias de Daphne. Dela encostada à ponte onde adorávamos passear, e outro retrato de nós dois dançando em meio ao salão no dia do nosso casamento – deixei um bilhete na bancada da cozinha:

“Não posso ficar. Desculpe. Dói demais. Sei que é um momento difícil para você, então não irei longe. Telefonarei em breve. Com amor, Peeta”

Andei alguns quilômetros de volta ao centro da cidade. Pessoas andavam nas ruas, e mais de um rosto se voltou surpreso para mim, mas ninguém me abordou e agradeci internamente por isso.

Estava prestes a desistir de procurar emprego quando cheguei ao fim da cidade observei algo. Do outro lado da rua avistei um barracão de metal que anunciava: SMALL’S, A MELHOR OFICINA DE BELLEVILLE.

Na cerca de aço havia uma placa: PRECISA-SE DE MÊCANICO. EXIGE-SE EXPERIÊNCIA, MAS A QUEM QUERO ENGANAR?

Atravessei a rua e dirigi-me à entrada.

Um cachorro começou a latir. Notei então a placa de CUIDADO COM O CÃO. Instantes depois, aparecia um vira-lata branco com manchas marrom.

— Lady, pare de latir! – um homem velho surgiu do barracão escuro. Usava um macacão manchado de óleo e um boné – Não ligue para a cadela. Em que posso ajudar?

— Eu vi a placa “precisa-se de mecânico”.

— Não brinca? – ele parece que se animou – Essa placa está aí há quase dois anos... – o homem se deteve, deu um passo à frente e me encarou – Peeta Mellark?

No mesmo instante, senti meus músculos tencionarem.

— Oi, Sr. Small.

Ele suspirou profundamente.

— Uau, sério isso, é você mesmo?

— Eu voltei. Preciso de um emprego. Mas, se isso for lhe custar os clientes, posso entender. Sem ressentimentos.

— Você quer um emprego concertando carros? Mas você é...

— Aquela vida acabou.

O Sr. Small me encarou durante um longo tempo, então perguntou:

— Você se lembra do meu filho, Devon?

— Ele era bem mais velho que eu, mas me lembro sim.

— O Iraque acabou com ele, quando serviu lá. Culpa, eu acho. Ele fez umas coisas por lá... enfim, já vi homem fugir. Não é bom. Claro que vou contratar você, Peeta. O chalé ainda vem com o emprego. Quer?

— Quero. – respondi rapidamente

Ele me conduziu até o local que me oferecera. O quintal era grande e bem cuidado. Havia muitas flores ao longo da passagem de pedras. Muitos arbustos aninhavam-se ao lado do pequeno chalé de madeira e uma quantidade variável de petúnias e azáleas.

— Você era jovenzinho quando morou aqui.

— Faz muito tempo.

— É. – suspirou – Louise ainda mantém o lugar imaculado. Vai ficar feliz em ver que você voltou.

Segui ele quando abriu a porta e adentrou. O interior estava como sempre fora. Uma manta de lã xadrez vermelha cobria o antigo sofá de couro, e havia uma cadeira de balanço próximo a lareira de pedras. Havia uma cama de casal no único quarto. Apertei a mão dele.

— Obrigado, Sr. Small.

— Me chame de Anthony. Muita gente nesta cidade gosta de você, Peeta. Parece que se esqueceu.

— É bom ouvir isso. Ainda assim, prefiro que ninguém saiba sobre o meu retorno. Pelo menos por enquanto.

— Imagino que seja um longo caminho para superar uma coisa dessas.

— Muito longo. – disse eu.

Ele se virou para ir embora, mas deteve-se e me encarou

— Você é jovem. Com todo respeito filho, mas quem sabe um dia desses aparece uma garota que tenha um coração tão bom quanto a da saudosa Daphne. Isso poderá ser um recomeço, não?

Depois que ele saiu, procurei em minha mochila um dos porta-retratos que peguei na casa de minha irmã. Fitei o rosto sorridente de Daphne e disse:

— Pode até ser que seja um recomeço.

(...)

Na tarde do outro dia eu estava debaixo do chassi de um antigo trator, trocando o óleo, quando ouvi um carro aproximar. Esperei escutar a voz poderosa de Anthony, mas só silêncio.

— Alguém aí? – um homem gritou – Anthony?

Então levantei-me. Um homem corpulento, careca e cheio de tatuagens estava na oficina. Logo o reconheci. Era Brutus Nash, antigo lenhador que havia perdido um braço no trabalho. Baixei a aba do boné.

— Em que posso ajudá-lo?

— Minha caminhonete não está muito boa e fica morrendo a todo tempo. Acabei de trazer essa bosta para o Anthony. Ele disse que tinha consertado. Só vou pagar quando ele estiver realmente concertado.

— O senhor vai ter de acertar isso com ele. Mas, se quiser trazer a caminhonete para a oficina, posso...

— A gente se conhece? – Brutus franziu a testa e aproximou-se – Peeta Mellark. – ele soltou um assobio – É você, não é? Cara-de-pau em voltar aqui! Ninguém esqueceu o que você fez. Achei que estivesse na cadeia.

— Não. – mantinha-me imóvel, ouvindo. Merecia cada uma daquelas palavras.

— É melhor você dar o fora daqui. O pai dela não vai querer saber que você voltou à cidade.

— Ainda não o vi. – respondi de cabisbaixo.

— Claro que não. É tão covarde que não tem coragem.

— Chega, Brutus!

Era a voz de Anthony. Ele encontrava-se à porta da oficina, trazendo numa das mãos um sanduíche e na outra uma lata de Coca-Cola.

— Não acredito que você contratou esse desgraçado. – resmungou Brutus dando uma cuspida no chão – Não trago mais minha caminhonete aqui, se é ele que vai fazer o concerto.

— Posso perder você como cliente e ainda sobreviver. – rebate Anthony.

Brutus deu mais uma cuspida no chão, deu meia-volta e saiu. Quando entrou em seu veículo, gritou:

— Você vai se arrepender, Anthony Small. Gentinha assassina como ele não tem lugar nesta cidade.

Depois que o homem se foi, Anthony pôs a mão em meu ombro.

— Gentinha é ele, Peeta. Sempre foi. Ruim feito o diabo.

— Você vai perder clientes quando ele abrir a boca e a notícia de que estou de volta se espalhar.

— Não tem importância. A casa está paga. O terreno está pago. E tenho uma casa alugada na cidade que rende mais de quinhentos dólares por mês.

— Mesmo assim, sua reputação é importante.

Ele apertou meu ombro.

— Na última vez em que Louise e eu tivemos notícia de Derek, ele estava vivendo longe, muito longe daqui morando debaixo de um viaduto, e não queria ser encontrado por nós. Todos os dias peço a Deus para que alguém lhe ofereça uma mão amiga. - fiz um sinal com a cabeça de que entendia o que ele queria dizer. Não sabia o que dizer – Preciso dar uma saída. Acha que dá conta da oficina por umas duas horas?

— Não se Brutus servir de parâmetro.

— Não serve. – ele jogou as chaves para mim – Feche quando quiser. Ah, esse lanche é para você.

Lhe agradeci, então se foi. Consegui concluir meu dia de trabalho, mas não conseguia esquecer o incidente com Brutus. As palavras do homem pairavam à minha volta, envenenando o ambiente. Gentinha assassina como ele não tem lugar nesta cidade.

— Daph, estou tentando, mas é tão difícil recomeçar.

Bem no fundo da minha alma pude senti-la dizer:

— É um recomeço, Peeta. Você é forte, conseguirá lidar com isso.

Quando fechei a oficina senti um vazio por dentro. Tranquei tudo e estava prestes a retornar para o chalé quando olhei para o outro lado. O néon Monk’s bar, chamou-me a atenção. De repente queria entrar naquela escuridão enfumaçada e beber até sentir a dor no peito desaparecer. Antes de atravessar a rua baixei a aba do meu boné. Mentalmente pedi para que ninguém conhecido estivesse ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Bem está bem perto do nosso casal se encontrar, talvez mais dois caps pra isso acontecer. Tenham todos um ótimo FDS e até quando der...