Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 23
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amados, Paty na área trazendo um capitulo novinho para vocês, um pouquinho mais cedo que o habitual, mas essa a época do ano complica um pouquinho as coisas.

Eu e a Bel agradecemos a todos que acompanham EI, e esperamos que gostem do capítulo. Desejamos também um Feliz Natal e próspero ano novo. Amamos vocês.

Boa leitura.



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Pov. Prim

 

 As últimas três semanas estavam sendo excruciantes, a rádio e a quimioterapia cobravam um preço alto em meu corpo, por esse motivo Peeta e Johanna acharam melhor antecipar a cirurgia. No entanto embora fosse contraditório, eu poderia afirmar.  As últimas três semanas haviam sido muito especiais para mim.

 Há anos não via minha família inteira reunida, tampouco meus pais conversando civilizadamente. Após a separação, Effie e Haymitch não conseguiam estar no mesmo recinto sem que isso causasse um pequeno terremoto. Minha mãe tirou folga de sua agenda apertadíssima para se fazer presente no hospital. Sempre muito alegre e cheia de energia ela  intitulou-se minha personal stile. Entre lenços, echarpes e maquiagens, Effie cuidava para que eu estivesse sempre bonita e apresentável na hora de receber minhas visitas, que não foram poucas considerando a distância de Belleville até Seattle.

— Qual combina mais com o vestido, Becky?

— O estampado com fundo rosa vovó.

— Ah, que ótimo! Então será esse. Você ficará linda, minha bebezinha. – Olhei de soslaio para minha filha e minha irmã a tempo de vê-las revirando os olhos ante a fala de minha mãe. Sem pensar duas vezes Effie aproximou-se do meu leito e colocou o lenço colorido em minha cabeça, deixando as pontas do mesmo caído sobre meus ombros.

— De fato é lindo mamãe. – Fui sincera, entretanto minha voz soou mais baixa que eu gostaria demonstrando o quanto me encontrava exausta.

— Agora vamos caprichar nesse rostinho lindo. – Repleta de entusiasmo ela bateu palmas.  

— Mãe, acho que já está bom por hoje. Prim precisa descansar antes que as meninas cheguem. Deixa-a dormir ao menos por uma horinha, mais tarde terminamos de arruma-la. Pode ser?  – Katniss se manifestou e Effie olhou-me com um ar tristonho.  Lancei lhe um sorriso cansado.       

— Vamos vó, a gente aproveita e toma aquele sorvete que você disse que queria experimentar na lanchonete. – Foi a vez de minha filha partir em meu auxilio e agradeci mentalmente.

— Okay. – Effie, por fim disse em concordância deixando a maleta com suas quinquilharias sobre a mesinha ao lado da cama hospitalar. Becky pegou-a pela mão e juntas deixaram o quarto.

— Obrigada... – pedi a minha irmã assim que minha mãe saiu do cômodo.  

— Ela não ia parar tão cedo e você precisa estar bem disposta para a cirurgia amanhã.

— Não por isso, por ter paciência com ela.

— Ela também está sofrendo. – Encarei Katniss e foi impossível não me emocionar ao perceber o quanto aquelas palavras mexiam com ela.  

Todos nós estávamos sofrendo, e minha mãe, mesmo usando de euforia para mascarar seus reais sentimentos, estava sofrendo tanto quanto qualquer um de nós. Talvez até em dobro, afinal eu era sua filhinha. Nem em meus piores pesadelos conceberia ver minha Becky passar por tal provação como a que eu estava passando.

— O que foi Prim? – Katniss aproximou-se da cama ao perceber a expressão em meu rosto mudar ao pensar em minha pequena.

— Se eu partir...

— Você não vai a lugar algum Primrose... – retrucou irritada, ela não pararia o discurso motivacional tão cedo se não a interrompesse com rapidez.   

— Não Katniss! Me deixa falar, por favor... Tenho pensado muito,  desde que recebi o diagnostico é o que mais faço.  Penso no passado, no presente e principalmente no futuro... Se algo de bom aconteceu em minha vida após o câncer, esse algo foi poder parar.  

 Eu não mentia. A doença obrigou-me a desacelerar. Durante as sessões de radioterapia, o convívio com outras pessoas convalescendo do mesmo infortúnio, a história de vida de cada uma delas me fez valorizar e contemplar coisas simples do cotidiano.    

Parar?— Katniss perguntou como se não tivesse entendido o que ouviu.

— É parar... para tomar um sorvete, pentear os cabelos de minha filha, beijar meu marido, até brigar com meu pai por causa das garrafas de whisky que ele teima em guardar nos lugares mais inusitados de nossa casa, todavia o melhor de tudo isso foi poder ter você de volta.

 Katniss engoliu em seco, as lágrimas já molhando seus olhos. Provavelmente, como acontecia comigo, toda a nossa história se revelava em sua cabeça também.

— Eu amaldiçoei essa doença assim que ela chegou. Foi quando veio a negação e a raiva. Pensei: Não é justo, acabei de me casar, minha filha ainda é uma criança, não tive o prazer de ver minha irmã mais velha casada, nem ser chamada de titia Prim por seus filhos...  Após este estágio veio a negociação, em seguida o pior deles, a depressão, e agora...

— E agora...? – Katniss me cortou. Notando onde eu queria chegar com o falatório.

— Agora veio a aceitação... – Pausei meu desabafo para que ela digerisse tudo que eu acabava de lhe confessar. – Eu quero muito ficar boa, Kat. Deus sabe o quanto eu quero ficar boa, mas sabemos que para que isso aconteça dependemos de um milagre... – Minha irmã não conseguiu mais controlar o choro, me abraçou colocando o rosto na curva do meu pescoço.

— Prim... – sussurrou de uma maneira sofrida próximo ao meu ouvido, contudo eu precisava ser forte para continuar, não teria outra oportunidade.  

— A vida é muito frágil Katniss, devemos amar hoje, perdoar hoje, só o hoje importa... O passado não tem mais poder sobre nós. O futuro é, e sempre será uma caixinha de surpresas, cujo conteúdo presente nela só vamos descobrir quando de fato a abrirmos. – A cada frase dita por mim, os soluços vindos dela ecoavam mais pelo quarto.

— Prim... – disse novamente.

— Eu quero que me prometa...

Não. Não posso fazer isso...

— Quero que me prometa que cuidará da Becky e do papai se alguma coisa me acontecer...

— E-eu...

— E que irá se permitir ser feliz com o Peeta... eu sei que está apaixonada por ele. – Katniss afastou um pouco o rosto para olhar em meus olhos.

— Eu preciso de você aqui comigo Prim... preciso de ti minha irmãzinha... eu te amo.

— Eu também te amo Katniss e sempre estarei ao seu lado.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 – Aiiiii...— Sinceramente, eu não sabia o que mais fazia minha região abdominal doer.  Os efeitos colaterais das medicações, ou as piadas que minhas amigas faziam sobre a segunda lua-de-mel que eu e Cato faríamos no Caribe após minha cirurgia. – Eu já disse o quanto amo vocês? Obrigada por terem vindo...

— Disse, mas é sempre bom ouvir de novo, e de novo, e de novo...  – Nicole falou convencida, sentando-se na beirada da cama e me apertando entre os seus braços. O gesto carinhoso quase me deixou sem fôlego e me fez lembrar da saudosa Daphne, que nos deixou tão precocemente. 

Ah! Como era bom estar na presença delas, as Five Harmony.  Minhas amigas. Irmãs de alma que a vida me deu de presente. Elas: Nicole, Ariana e Dani junto com Daph permaneceram ao meu lado em diversos momentos, sendo estes felizes ou tristes. Como seria diferente agora? Eu as amava como se fossem sangue de meu sangue.  

— Não precisa nos agradecer Prim, nós jamais te deixaríamos sozinha num momento como este. – Dani disse com seu sorriso dócil e tão característico.

 – Agora abra o nosso presente. – Ariana ordenou animada e um tanto infantil. – Antes que os meninos voltem. – Sorri com sua empolgação. A idade mental de minha amiga com certeza se igualava a dos seus filhos.  

Os meninos a que se referiam eram ao meu marido e pai.  Os dois, Junto com Katniss, Beck e minha mãe saíram do quarto para nos dar mais privacidade.

— Uau! – Foi a única palavra que consegui pronunciar ao ver o conteúdo da caixa.

— Sua segunda lua-de-mel já está garantida loira. – Nicole dirigiu-me uma piscadela no final da frase.

— V-vocês... e se... e se... eu não volt... – Minha voz saiu embargada.

 E se eu não voltar? Era a pergunta que rondava minha mente, no entanto me calei, na caixa duas passagens e o folder explicativo, anunciavam o itinerário do cruzeiro de luxo que eu sempre sonhei em fazer com meu marido. As lágrimas que eu tentava controlar desde o início da manhã desceram sem impedimentos pela minha face.

Tudo o que elas fizeram foi amontoar-se em cima de mim com um abraço coletivo que aqueceu-me por dentro.

 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 

— Eu queria falar a sós com o Peeta. Podem nos deixar sozinhos por um minuto? – Toda minha família estava no quarto, era a última visita antes da cirurgia, que seria realizada em menos de vinte e quatro horas. Peeta e Johanna estavam nos dando as derradeiras orientações de como seria os procedimentos, no entanto, eu já sabia de cor todas aquelas informações. – Por favor, não irei demorar.

— O que quer falar com Peeta, que não pode ser dito em nossa frente? – Katniss questionou desconfiada. Não respondi, apenas fitei-a de maneira séria. 

— Docinho, não precisa ter ciúmes, ela agora é uma mulher muito bem casada.

— Haymitch! – Mamãe chamou a atenção de meu pai. .

— Não comece os dois! Okay? Andem! – ordenei, Katniss que se encontrava abraçada a Becky deu-se por vencida e puxando minha filha pela mão saiu do quarto emburrada sendo seguida por meus pais e Johanna. A última,  lançou um olhar interrogativo na direção de Peeta.

— Tem certeza que quer mesmo fazer isso?

 Cato questionou com os olhos marejados, meu marido estava sentado na cadeira ao lado de minha cama e segurava minha mão. Já tínhamos conversado antes, e embora ele discordasse totalmente com o que eu estava prestes a pedir ao Mellark prometera me apoiar em minha decisão.

— Sabe que tenho. – Cato sussurrou um. Eu te amo, depois deixou um selinho carinhoso e demorado nos meus lábios antes de seguir os outros.  Assim que ele se foi, olhei nos olhos de Peeta que estava visivelmente  desconfortável.

— Não me alongarei, afinal tudo que eu menos tenho agora é tempo.

— Pode dizer o que quer.

— Primeiro quero lhe agradecer por me dar esperanças. – Um sorriso tímido se desenhou nos lábios de Peeta.  

— Era o mínimo que poderia fazer por você, sei que nunca lhe agradeci por tudo que fez por Daphne quando ela estava doente, mas lhe sou muito grato.

— Eu sei. E também quero te pedir duas coisas. A primeira é que faça minha irmã feliz, ela já sofreu muito nessa vida.

 – Tudo que eu mais quero é fazer sua irmã feliz. Eu a amo Prim, jamais poderia imaginar que isso aconteceria novamente. – Peeta mudou de expressão ao falar de Katniss, era a prova de que ele atenderia meu pedido mais uma vez. – Qual é o outro pedido? – O sorriso ainda não tinha abandonado seu rosto.

— Estou ciente sobre uma tal *ONR e... Não quero que me reanime, caso eu morra durante a cirurgia – falei sem rodeios. Peeta abriu a boca e arregalou os olhos, por essa ele não esperava.

— E-eu não posso... – O Mellark respondeu chocado, podia imaginar o que se passava em sua mente. – Não posso atender esse pedido seu...

 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 

Eu não me lembrava muito bem como havia chegado até ali, minha última lembrança era de estar deitada na sala aonde seria operada. A equipe médica, composta por: Peeta, Johanna, Derek, um anestesista e alguns enfermeiros estavam lá.  Lembro-me que o anestesista me informou que aplicaria uma substância que me faria dormir profundamente, mas não lembro qual.

— Ei tem alguém aí? – questionei para ninguém em específico, visto que só enxergava paredes brancas a minha volta. Entretanto risadinhas infantis chamaram minha atenção, procurei ao redor a origem do som. – Alguém...?  Oi, tem alguém aí?

Como num passe de mágica, ou num sonho já não me encontrava mais entre paredes brancas e sim no lago do resort. De longe eu podia ver Becky. Minha filha estava linda num vestido rodado, ela sorria como fizera em nosso último piquenique.

— Filha? – chamei-a, mas ela parecia não me ouvir. – Filha, é a mamãe... – Becky tinha a atenção voltada para outra direção e estava tão radiante que me encantou vê-la assim. Tentei chegar mais perto para ver o que tanto lhe prendia o interesse. No chão, Cato estava deitado, meu marido sorria mais ainda que minha menina.

— Cato? Amor... – Ele também não me ouvia, estava entretido com algo, ou melhor alguém, um bebê pulava em seu colo, um menininho lindo! 

Naquele instante meus olhos transbordaram-se em lágrimas tudo que mais desejei estava diante de mim. Meus pés se moveram e comecei a correr na direção deles. Entretanto era como se eu flutuasse sobre fofas nuvens brancas. Não tinha noção do que acontecia, mas assim que me aproximei mais de minha adorável família eles sumiram como em uma miragem.

 

*ONR – Ordem de não reanimar


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Notas finais do capítulo

Fortes emoções né? Tentaremos não demorar com o próximo.
Beijokas.

Ps: Ah minhas lindezas! Assim que der responderemos os comentários nos capítulos anteriores, nos perdoem a demora.



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