Always escrita por Gabs


Capítulo 4
véier


Notas iniciais do capítulo

Oi, e aí galera?



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“- Amo você, sabia? – ouvi mamãe dizer.

— Não, não. Eu amo, amo, ADORO você muito mais!”

— Kathe. – A voz rouca de Harry me trouxe de volta para a realidade.

Alô, terra chamando Katherine Froster!

— O quê? – indaguei, um pouco alto demais. – Desculpe, sai fora do ar por alguns segundos. O que foi?

— A sua amiga, Angel. – ele começou.

— O que tem a Angel? – perguntei.

— Disse que não precisa esperar por ela. – Respondeu-me.

— Obrigada por avisar. Sua festa foi bem legal, apesar de eu não ter bebido ou podido beber.

Ele sorriu, então eu percebi algo, o sorriso de Harry poderia iluminar uma rua inteira.

— Já vai? – indagou para mim.

— Sim, por que não? – “me diga pra ficar, por favor”, pensei.

— Tudo bem. – Harry assentiu de leve. - Posso te perguntar algo?

— Sim. – respondi um pouco desapontada.

— Você tem leucemia, né? – ele me perguntou, meio sem-graça. – Já te disse que tive câncer, certo?

Eu assenti.

Harry continuou; - Sei como deve ser o tratamento, um pouco pesado, perder os cabelos então...

— Eu desisti. – murmurei, interrompendo. – Desisti do tratamento.

Ele em encarou, surpreso. – Verdade?

— Sim. – assenti de leve com a cabeça. – agora estou preparada pra morrer. Tipo esperando a morte, sabe? – eu ri banalmente, ele ficou sério. – Ok, o sr Harry não curte humor mórbido. Vou anotar isso. Mas, olhe, sempre quis dizer ‘”estou vendo a luz branca no fim do túnel.”

Harry não riu, pelo contrario. – Meu Deus, pensei que estivesse falando com uma pessoa madura mas você é uma criança boba. Corajosa, mas meio-suicida.

O encarei. – Está preocupado comigo?

Ele me respondeu com um tom carregado de rancor; - Não sua, mas com os seus pais. Você não pensa na dor deles?

— Quem é você pra me julgar? Jesus Cristo? – meu tom era cheio de sarcasmo.

— Não. – respondeu grosseiramente. – alguém que usa o cérebro.

Ele me deixou plantada, virou as costas e saiu andando.

Fiquei olhando pela janela do meu quarto, queria ver o sol nascer e a luz prateada brilhar fortemente com sua aura dourada. Estava deitada e semi coberta por lenções brancos confortáveis. Então pensei que sentiria muito falta disso tudo quando morresse. Dessa sensação de falso conforto, como se nada mais importasse. Era só eu e a luz dourada do sol. Senti uma pontada no peito. Será mesmo que sentiria falta de qualquer outra coisa? Tremi de medo imaginando o que se passaria comigo depois que morresse.

Mamãe entrou no quarto, beijou minha bochecha e disse; - Onde está Angel?

Emudeci antes de responder. - No meio da noite ela foi embora. – menti. – Parece que a mãe dela precisava da ajuda. Eu não sei direito.

No café da manhã, as coisas estavam quase bem. Papai comprara meu iogurte favorito, o que para mim era algo realmente muito bom.

— Caramelo está com a barriga muito grande, não acha mamãe? – perguntei.

— Acho que está com bebês gatinhos aí dentro. – ela riu.

Aquilo me fez rir.

— Adoraria!

Depois do café, mamãe pediu para que eu levasse o lixo da cozinha pro lado de fora. Obedeci e fiquei calado sobre estar sentido uma forte tontura na cabeça.

Olhei para a casa de Harry e o vi, recolhia as garrafas de cerveja no seu gramado. Ele nem me notou, estava muito ocupado.

Balancei a cabeça. Ele me chamara de “Uma criança boba. Corajosa mas meio suicida”. Afinal o que diabos aquilo significava? Pensei nisso enquanto lavava as louças, enquanto tomava banho, enquanto penteava Caramelo, emfim, quase o dia todo.


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