Roda do Tempo escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 14
Capítulo 14




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— Me chamou, Tiago?

Alvo se aproximou do irmão e se sentou, olhando-o. Os dois rapazes estavam exaustos.

— Lílian? – o mais velho perguntou, depois de alguns minutos.

— Está em Hogwarts, e a diretora McGonagall disse que não a liberará mais, sob nenhuma circunstância. – Alvo respondeu, se sentando.

— Ela disse alguma coisa para você? Digo, depois do casamento? – Tiago perguntou, virando-se na cadeira e encarando o irmão.

Alvo respirou fundo e se levantou.

— Já sei o que vai dizer, Tiago. Vai falar sobre o feitiço e sobre a mamãe... e também da acusação descabida de que ela traiu meu... – hesitou, irritado – Bom. Eu não acredito nisso e sinceramente? Quero mais que ele sofra pelo que fez!

A raiva na voz do irmão fez Tiago se levantar, a testa franzida.

— No começo eu também pensava assim e...

— Ele me passou essa doença! – a voz de Alvo o interrompeu, elevando-se – Eu sou doente por causa dele! É tudo culpa dele!

Tiago encarou o irmão com os olhos arregalados, estupefato.

— O quê? Do que está falando?

Alvo mal continha a raiva, estava vermelho e gesticulando nervosamente.

— Essa doença... o que ele é... me passou isso.. – falou, sem olhar Tiago – Eu não tenho culpa e a mamãe disse que pode dar um jeito... vamos dar um jeito...

Tiago respirou fundo e balançou a cabeça.

— Está falando do papai ser homossexual? – perguntou, cuidadoso.

Alvo explodiu de novo, cuspindo. – Isso não é normal! É uma doença e ele me passou isso! Ele me passou isso!

O mais velho observou, pasmo, o irmão andar de um lado para outro, resmungando e balançando os braços.

— Disse que a mamãe vai dar um jeito... – comentou, dando um passo para trás.

— Isso! – o jovem pareceu se dominar – Era o que ela ia fazer! Ia ajudá-lo a se livrar disso! Mas ele não quis! Ele não quis!

A voz do garoto se elevou de novo e Tiago ergueu uma sobrancelha.

— Homossexualidade não é doença nem crime, Alvo.

— Não diga isso! Não diga isso! – descontrolado, o rapaz pegou a varinha e a apontou para o irmão mais velho – Eu vou me curar! Não vou ser um doente nojento como ele!

Tiago encarou a varinha apontada diretamente para seu rosto e então, olhou o irmão.

— Como ela disse que ia te ajudar? – perguntou, calmo – poções, feitiços...

— Não é da sua conta! – Alvo teimou, afastando-se finalmente – Você ficou esse tempo todo em cima do muro! Não merece saber nada de mim!

— Somos irmãos e me preocupo...

— Mentira! – o rapaz apontou a varinha de novo, gesticulando – Não se importa! Devia ter feito alguma coisa! Dito alguma coisa! Obrigado ele a...

Tiago, apesar da tensão da situação, riu.

— Mesmo lançando um feitiço negro, fazendo-o perder sangue como um animal ferido, a mamãe não conseguiu fazê-lo se curvar. Acha que eu poderia obrigar Harry Potter a fazer algo que ele não quisesse? – balançou a cabeça – Eu nem me atreveria a tentar.

— Ele não nos ama! Nunca nos amou! Se ele nos amasse, ficaria a nosso lado e não nos faria passar por essa vergonha! – o tom raivoso voltou – E ele não é tão poderoso quanto diz... a mamãe o fez ficar de joelhos... – Alvo riu de uma forma meio doentia – Ela o fez ficar de joelhos!

— Não com os próprios meios.  – Tiago rebateu, recebendo um olhar fulminante – Bom... acho que o que eu ia dizer perdeu o sentido, agora.

Ignorando a varinha de novo apontada para ele, o jovem recolheu algumas folhas que estavam espalhadas pela mesa e saiu da sala sem voltar a olhar o irmão.

Gina encarou o filho mais velho com altivez.

— Está me dizendo que vai embora? Vai sair dessa casa? – perguntou, incrédula – Para onde?

Tiago suspirou e passou a mão pelo cabelo, um gesto que o fez ficar parecido com o pai. Gina franziu os lábios.

— Bom, mamãe, eu não quero brigar nem nada... só quero que me dê a parte da herança e só. Vou arrumar um lugar para mim perto do ministério. – ele explicou, baixo.

A bruxa empalideceu.

— Está do lado dele mesmo, não é? Está me julgando e condenando... – falou, a voz seca.

— Não quero mais estar no meio de vocês dois. Sinceramente falando, acho que já passou do limite. – o jovem encarou-a – Estou cansado, mãe.

Gina se levantou e alisou o vestido, esperando que seu silêncio deixasse o filho desconfortável. Depois de alguns minutos, notou que ele não pareceu abalado.

— Sair daqui é escolha sua, Tiago Sirius. Você é maior de idade e já trabalha... tem sua vida. – a voz dela soou um pouco esganiçada – Mas digo uma coisa: se sair dessa casa não será mais meu filho e não sendo meu filho, não tem direito a nada.

Tiago a encarou com a testa franzida. Jogando o cabelo para trás, Gina o encarou com os olhos faiscantes.

— O dinheiro que consegui arrancar do seu pai é para meus filhos. Meus filhos que me apoiam e ficam do meu lado! Você não está do meu lado, não é? Não está me apoiando a manter nossa família unida e feliz, antes, quer sair daqui e gastar o dinheiro que consegui a custo da minha dignidade sem ter direito a ele! – o final da frase saiu cheio de raiva e algo mais.

O jovem abriu a boca para protestar, mas recapitulou. Com um cumprimento rápido de cabeça, virou-se para deixar a sala. A voz da mãe o parou no portal.

— Pensando bem, se quer sair, devia sair só com a roupa do corpo porque tudo o que você tem e usa, foi o meu dinheiro, que eu uso para meus filhos, que comprou.

Tiago se virou e a bruxa não escondeu a surpresa diante da expressão desafiadora.

— Está enganada. Eu trabalho, tenho um salário e tudo o que tenho e uso foi comprado com ele. Se quiser, podemos usar magia para comprovar que não me compra nada há muito tempo.

A voz dele soou gelada e ela se encolheu visivelmente, pela primeira vez hesitando. O jovem encarou-a por alguns minutos e então, elevou uma sobrancelha.

— Não quer verificar? Aconselho a fazer porque quando eu sair, não vou aceitar que diga que eu levei... – Tiago engoliu seco a raiva e a decepção - coisas que não devia. – diante do silêncio dela ele encolheu os ombros – Nada do que você faz devia me surpreender, mãe, mas confesso que estou surpreso. Surpreso, pasmo, embasbacado...  – olhou-a com pena – O que está fazendo com Alvo, seu caso com Dekell, o feitiço e a chantagem... por Merlin, mãe! – balançou a cabeça – No fim, quando a conta chegar, espero que possa pagar o preço dos seus desejos.

A bruxa ficou parada, encarando um ponto atrás de Tiago parado na porta. Ele a cumprimentou de novo de leve com a cabeça e saiu para o corredor. Gina deu alguns passos incertos para ir atrás dele, mas perdeu a coragem e olhou em volta, perdida.

*****

Lílian Luna encarou os dois envelopes e respirou fundo. Guardando-os no bolso da saia, saiu para o pátio e andou lentamente até à beira do lago. Costumava fantasiar que foi ali o primeiro beijo de seus pais, mesmo sabendo que foi na Sala Precisa. Ali era mais romântico.

Sentou-se e pegou a carta de Tiago, rasgando o selo. O estilo do irmão era como o do pai, direto e sem rodeios. Logo, a adolescente estava pálida.

“Irmã...

Estou escrevendo apenas para te manter atualizada sobre o que está acontecendo. Saí de casa.

Hermione me ajudou a arrumar um apartamento perto do ministério em Londres. Eu pedi à minha mãe minha parte do dinheiro para comprar algo e me estabelecer, mas ela se recusou.
Disse que não sou mais filho dela porque não a apoio nessa loucura.

Se para ser filho preciso apoiar a monstruosidade que ela fez, acho que não quero mesmo.

Se não sabe, devo informar que Alvo ficou do lado dela porque descobriu que também é homossexual, ou bi, como no caso do papai. Ele está furioso e acha que o papai passou a “doença” a ele. Não precisa pensar muito para saber quem colocou essas ideias na cabeça dele, não é?

Não estou te contando isso para envergonhá-lo nem nada disso, apenas para você saber porque ele está tão contra o papai. Ele disse que a mãe prometeu uma cura... não vou nem comentar sobre esse absurdo.

Existe uma outra coisa. No dia em que papai veio pedir o contra feitiço, soubemos também que a mãe não é tão vítima quanto diz ser. Ela arrumou um namorado e foi ele quem deu a ela o feitiço, e talvez a ideia da chantagem. Desculpe por contar isso assim, irmã, e pode confirmar com Hermione. Ela estava lá com a gente e ouviu tudo. Nossos tios Gui e Carlinhos também estavam e ouviram também. Não sei se ela traiu o papai enquanto estavam casados, mas depois que se separaram com certeza. Ela arrumou alguém mesmo enquanto jurava de pés juntos e para quem quisesse ouvir que ainda é apaixonada pelo papai e o quer de volta a qualquer custo. Bem, pelo menos na última afirmação acredito sem reservas.

Sinto dizer que não pode mais ficar em seu castelo cor de rosa, Lílian. Nossa família está aos pedaços e não acredito, sinceramente, que meu pai vai aceitar essa chantagem suja. As atitudes da mãe não podem mais ser desculpadas com palavras vãs como traída, desesperada e apaixonada.

Quem ama não faz isso. Quem ama não mente, enfeitiça e chantageia dessa forma.

Não vou dizer nada sobre o namorado porque ela é livre, no fim. Livre para fazer o que quiser com quem quiser. O problema foi que ela, mesmo tendo alguém, não seguiu em frente.

Isso é obsessão, não amor. Talvez até mesmo um desejo de vingança por ter sido traída e desprezada. Dizem que o inferno não conhece a fúria de uma mulher assim. Agora acredito nisso e lamento profundamente que a que tive a infelicidade de conhecer seja minha própria mãe.

Escrevi a Luna, Rolf e a papai várias vezes, mas não recebi resposta nenhuma. Quero acreditar que é porque estão ocupados em encontrar uma cura ou algo que possa ajudar, mas minhas esperanças são poucas. Acho que depois disso tudo, e acredito firmemente que o papai vai conseguir, vou comemorar se ele olhar para mim do outro lado da rua.

Não sei qual sua posição nisso tudo, irmã. Mas se precisar de um lugar para ficar caso decida que também não pode aceitar o que está acontecendo, pode vir ficar comigo. Meu salário no ministério não é alto, mas consigo me manter. Também guardei algo durante esse tempo e com um pouco de controle (finalmente estou amadurecendo) posso viver sem ter que pedir nada a mãe de novo. Mas já aviso, se você optar por esse caminho, vai ter que encarar a realidade e trabalhar para se manter. Eu não tenho dinheiro para te manter sem ajuda. Teremos que viver como o papai sempre quis que fizéssemos, como pessoas normais.

Desculpe não ter palavras bonitas e conforto para você, irmã, mas eu puxei essa parte do papai. Prefiro a verdade dos fatos e lidar com eles, sem hesitação.

 

Um beijo do seu irmão

Tiago”

 

— Não... não... – murmurou, olhando em volta e piscando furiosamente para conter as lágrimas.

Apesar da vontade de jogar o papel longe, não o fez. Limpou o rosto e abriu a carta da mãe. Bem diferente do irmão, a bruxa pintou os fatos totalmente diferentes do ocorrido e encheu páginas de lamentações e reclamações do irmão mais velho e não citou o namorado ou a situação de Alvo em lugar algum.

A menina dobrou as cartas e guardou-as de novo no bolso, olhando o lago.

— Tiago está certo. Não pode correr para seu quarto cor de rosa e fingir que nada está acontecendo, Lílian Luna – murmurou para si mesma, o olhar perdido – Minha família está separada, meu pai enfeitiçado perdendo sangue em algum lugar do mundo... meu irmão gay e desesperado... – ela mexeu as folhas caídas com o pé, suspirando – Eu aqui e Tiago agora em Londres... e minha mãe... Por Merlin! Minha mãe...

Um grupo de alunas passou conversando e rindo e Lílian invejou a inocência delas.

“Queria não ter que lidar com nada disso!” pensou, olhando-as de longe “Porque isso tinha que acontecer logo com a minha família?

Levantou-se e suspirou.


******

Hermione encarou Sirius e suspirou. O animago encarou a bruxa com olhos turvos.

— Nada? – ela perguntou, sem necessidade.

Ele balançou a cabeça e se afastou da lareira, deixando-a entrar. A sala estava um pouco escura, mas limpa. A bruxa observou o homem ajeitar algumas almofadas sobre o sofá.

— Estou mantendo tudo limpo e arrumado para quando ele chegar. Não quero que se aborreça. – explicou, sentando-se cuidadosamente.

Ela atravessou a sala e sentou-se também, virando-se para ele.

— Agora que já pensou e repensou, me conta, Sirius, como isso foi acontecer? – a voz dela soou macia.

Ele riu sem humor e deu de ombros.

— O problema todo foi que eu não aceitei que Harry pudesse ser homossexual como eu. – explicou, a voz rouca bem baixa – Eu não quis aceitar e pronto. Tornei a vida dele um inferno e coloquei meu casamento em risco...  quando Gina veio falando sobre essa ideia maluca, eu vi como a luz no fim do túnel. – ele encarou a bruxa e pegou uma almofada, abraçando-a – Nem percebi que o tempo todo estava querendo forçar Harry de volta para dentro do armário.

— Todos nós fizemos isso. – ela constatou, baixo.

— Mas eu não podia ter feito. – ele balançou a cabeça vigorosamente – Não eu!

— Sirius... – Hermione começou, hesitante.

— Eu atravessei o véu na frente dele. Morri literalmente e ele ficou de luto. – o bruxo se ergueu e andou de um lado para outro – Fiquei longe e quando consegui voltar, ele não me cobrou nada! Não me repreendeu nem fez perguntas! – abriu os braços – Ele nem reclamou porque eu estive a maior parte do tempo com Remus e não com ele! Quero dizer, quando eu consegui voltar, Remus foi a pessoa a quem procurei, não ele!

Ele parou e se recostou à parede, cruzando os braços.

— Todos nós cometemos erros nisso tudo, ele inclusive. – bruxa se ergueu e se aproximou do animago – Mas não é isso o que precisamos consertar agora. Como Gina soube do feitiço? Ela chegou a explicar o que ele fazia?

— Não falamos muito do feitiço... eu não queria saber. – ele respondeu, baixo – Ela disse que era um feitiço fraco... que como é muito antigo era certeza dele não conhecer e que só ia usá-lo como forma de obrigá-lo a ouvir o que ela tinha a dizer. Eu não pensei em chantagem nem nada disso, só pensei, de forma egoísta e idiota, que era uma esposa fazendo o que tinha que fazer para trazer o marido de volta à razão.

— Tiago saiu de casa. Ele e Gina tiveram uma briga e acho que foi o limite dele. – diante do olhar do bruxo, ela encolheu os ombros – Ela se recusou a entregar a parte dele do dinheiro de Harry, mas eu o ajudei a encontrar um lugar decente.

— E Alvo? – o animago perguntou, preocupado.

— Ele está do lado de Gina. Quer a família unida e que se dane o resto. – a bruxa olhou em volta – Vou fazer um refresco.

Sirius a observou ir até a cozinha e foi atrás. Enquanto Hermione preparava o suco, os dois ficaram em silêncio.

— E Rony? – Sirius perguntou, olhando-a.

Ela balançou a cabeça vigorosamente.

— No começo estava como você: revoltado e se recusando a aceitar, depois foi deixando para lá, à medida que Gina ia cometendo erros atrás de erros. – a bruxa olhou o animago do outro lado balcão – Acho que ele está incrédulo com tudo isso.

— Era para ser apenas uma separação de casal. Com perdas para ambos, mas tomou uma proporção quase inacreditável. – ele acrescentou – E eu causei a maior parte do estrago. – encolheu os ombros, balançando a cabeça. – Meu afilhado, a quem eu devia ser como o segundo pai e proteger...

A voz dele falhou e Sirius baixou a cabeça. Hermione o encarou por alguns segundos e terminou de fazer o refresco. Servindo um copo grande, empurrou-o para o bruxo.

— Tome. Algo gelado vai fazer bem. – disse, baixinho.

— Escrevi para Luna... e para Harry... cartas e cartas – encarando o copo, o homem suspirou – E muitas para Remus, onde quer que esteja... Ninguém me mandou resposta.

— Eu também escrevi, inclusive para Teddy, mas não tive resposta também. Acho que estão ocupados correndo atrás de uma solução, já que Gina se recusa a sequer discutir o assunto.

Remus tomou um longo gole de suco.

— A mulher agora se esconde como um verme. Procurei por ela há alguns dias e ela simplesmente some. Alvo fica de um lado para outro, como um garoto de recados... – a voz dele traiu a raiva que estava sentindo – Ela usou minha frustração com Harry... usou meu... preconceito... e eu deixei. Deixei ela me usar para atingir as duas pessoas que mais amo no mundo. E agora as perdi. As duas.

Hermione tomou o suco e os dois ficaram em silêncio por alguns minutos.

— Onde Tiago está morando? – o homem perguntou depois de algum tempo.

— Perto do ministério. Conseguimos um apartamento pequeno e barato... – ela encolheu os ombros – Como eu disse, Gina se recusou a dar dinheiro para ele, mas isso não o impediu.

Sirius riu roucamente.

— Ele é mais parecido com Harry do que pensei. – afirmou, baixo – Deve tê-la deixado louca de raiva...

— Escrevi para Lílian na escola, como ela não respondeu, pedi a Hugo que ficasse por perto. – a bruxa se serviu de mais suco.

— E como estão seus filhos nisso tudo? – ele perguntou, inclinando a cabeça.

— Hugo não quis saber de nada e defendeu Harry o quanto pode. Ele tem vários amigos que são... bem... homossexuais na escola e não viu nada demais. – Hermione sorriu de leve – Rose também encarou com naturalidade, embora pense que ele devia ter protegido a família de um escândalo. Ela não foi tão radical quanto Rony, mas os dois pensam que talvez Harry pudesse ter dominado seus... impulsos, para proteger e manter a família.

Sirius rosnou baixo.

— Foi esse argumento, como nenhum outro, que me levou a tomar tantas decisões ruins. – reconheceu – Manter a família unida antes que qualquer coisa, acima de qualquer coisa. – ele encarou a bruxa – A culpa é minha.

Hermione deixou o copo sobre o balcão e respirou fundo.

— Agora não importa mais quem estava certo e quem estava errado. Na verdade, ninguém estava certo e Harry podia ter feito as coisas diferentes, já que não dava mais para manter o casamento. Gina podia ter feito as coisas diferentes na separação e nós, agido de maneira diferente. Mas não aconteceu e agora temos que lidar com as consequências. – decidida, pegou os dois copos vazios e os lavou, guardando o resto do suco na geladeira – Temos que nos juntar para ajudar Harry.

— Acho que ele não vai nos deixar chegar perto. – o animago respondeu, pálido – E se Teddy já não gostava muito de mim, agora deve literalmente me odiar.

— Vou tentar falar com Gina de novo. Não achei nada sobre o feitiço virtus retrahere em nenhum lugar que pesquisei. – ela encarou o bruxo – Tem certeza de que foi esse mesmo que ela ensinou a Remus?

— Tenho. Ela falou sobre esse feitiço várias vezes, e eu reforcei a ideia na cabeça dele. – Sirius soou seco – Disse que não causava grandes danos e que era uma forma de fazer Harry parar e nos ouvir. Ela nunca disse que ele perderia sangue e poderia morrer...

— Acha que ela sabia disso? – ao ver o olhar incrédulo dele, Hermione encolheu os ombros – Acho que se Harry estiver certo e aquelas pessoas ensinaram o feitiço a ela, podem não ter contado sobre os efeitos.

— Ele está certo – o tom do animago mudou para sombrio – e isso me faz sentir mais raiva. Enquanto posava de esposa inconsolável, arrumou um amante e aprontou tudo isso! – ele franziu os lábios – Chorando o tempo todo na nossa frente e por trás, tramando com o amante! E Remus por aí, sozinho e à mercê de ser atacado por Dolohov de novo...

Sirius se afastou do balcão nervoso. Hermione respirou fundo.

— Calma, Sirius. Remus é inteligente e já passou por situação assim. Ele...

— Ele não sabe sobre Dolohov! – o bruxo a interrompeu, elevando a voz – Não sabe que está em perigo grave! Ele não sabe que Gina estava com esse tal de Dekell tramando! Ele...

O animago engasgou e parou, respirando pesadamente. Hermione deu a volta e se aproximou, colocando a mão em seu braço.

— Vamos conseguir, Sirius! Temos que ter fé... – ela tentou incentivar – Harry e o pessoal dele, especialmente Teddy, também devem estar atrás de Remus e da cura.

— Teddy chamou Harry de pai. – o animago engoliu seco – Acha mesmo que Remus é prioridade para ele agora?

Sirius e Hermione trocaram um olhar pesado.


****

— Eles a pegaram, Alvo. – Gina entrou na sala com uma carta nas mãos – Lílian disse que não virá para casa e ficará com Tiago... eles a alcançaram...

O jovem se levantou e encarou a mãe.

— Isso está fora de controle... – comentou, resignado.

— Não. Ainda podemos consertar tudo quando seu pai voltar. – a bruxa afirmou, se aproximando – Quando ele voltar, Tiago e Lílian voltarão também. Tudo vai voltar ao normal!

Alvo a olhou e o sorriso dela vacilou.

— E seu namorado? O que vai acontecer com ele? – perguntou, gelado.

Gina piscou e empalideceu.

— Foi uma fraqueza, filho. Eu estava frágil e desesperada, e ele se aproveitou disso... usou meu desespero e me convenceu a usar o feitiço... – a voz dela falhou.

— Enquanto estavam traindo meu pai. – ele acrescentou, ainda gelado.

— Não me orgulho desse erro, filho. – a bruxa desviou os olhos e encarou a carta – Fui fraca e manipulável... mas agora devo deixar isso para trás e me concentrar em consertar tudo. Seu pai já deve estar sem poção e em breve, muito em breve, virá de uma vez por todas. – apesar da hesitação e da palidez, olhou o filho – Seremos uma família de novo e poderemos recomeçar. Colocaremos uma pedra grande em cima de tudo isso...

— E quanto ao feitiço que me falou. – ele corou, mas não desviou os olhos – O que nos tornará normais de novo? Qual é o feitiço?

Gina passou pelo filho e se sentou, olhando a carta de Lílian. Alvo a acompanhou com o olhar, na expectativa.

— É um feitiço complicado e precisamos do seu pai. – ela engoliu seco e ergueu a cabeça, olhando-o – Está vendo? Precisamos do seu pai aqui, a nosso lado.

— Não me disse qual o nome do feitiço. – ele insistiu, franzindo a testa.

A bruxa desviou os olhos e molhou os lábios.

— Não adianta nada eu te dizer. Precisamos do seu pai para realizá-lo. – respondeu, soando hesitante – Mas não se preocupe, Alvo. Vocês dois se livrarão disso e serão perfeitos de novo!

Gina se levantou e parou, franzindo a testa. Alvo a encarou e arregalou os olhos ao vê-la desmaiar.

 

Rony chegou ao Saint Mungus junto com Hermione, ambos cheios de preocupação no olhar. Apesar de tudo, Gina era família. No corredor, encontraram Molly e Arthur, além de Alvo.

— E então, o que aconteceu? – o ruivo foi logo perguntando.

Molly franziu a testa e Arthur suspirou. Alvo se virou para o outro lado. Hermione olhou de um para outro.

— O que aconteceu? – repetiu a pergunta do marido, confusa.

— Gina está grávida de quase dois meses. – Arthur respondeu, seco.

— O quê? – Rony soou incrédulo.

Hermione olhou para Alvo, pálido atrás dos avós.

— Está fraca e sem forças. – o mais velho continuou falando, a voz distante – Por isso desmaiou.

— Harry há de se responsabilizar...

Arthur se virou e encarou a esposa com um olhar terrível, calando-a.

— Se responsabilizar pelo filho do amante que tramou com ela tudo isso? – ele perguntou, gélido – Isso se ele ainda estiver vivo.

— Quem está vivo?

O grupo se virou e Rony e Arthur sacaram suas varinhas. Rodolfo Lestrange ergueu as mãos e sorriu, desdenhoso.

— Senhores, estamos em um hospital.

— Você é um criminoso! – Arthur atravessou na frente para proteger a esposa.

Irônico, o bruxo indicou um papel sobressaindo do bolso do casaco.

— Ainda bem que pensei em pegar isso. – devagar, estendeu o papel a Hermione, mais próxima.

A bruxa pegou o papel e Rony a colocou atrás dele. Logo, ela soltou uma exclamação pasma.

— Mas não pode ser!

Rodolfo baixou as mãos e ajeitou o casaco.

— Pode e é. – respondeu, calmo.

Hermione ergueu os olhos e encarou a família.

— Esse é um documento do ministério concedendo perdão total a ele. – disse, a voz baixa.

— Falso! – Arthur cuspiu, ainda segurando a varinha com força.

— Não. Não é falso. Tem o selo do próprio ministro, se duvida. – Rodolfo olhou os presentes – Ainda vão me deter ou posso visitar a mãe do meu filho?

Molly, descontrolada, avançou e tentou esbofetea-lo, mas Rodolfo a segurou e a encarou com frieza.

— Achou que ia matar minha esposa e ficar por isso mesmo, Molly Weasley? – ele riu, debochado, mas continuou segurando a bruxa diante de si.

Impotente os outros apenas observaram.

— Não era com Dekell que sua preciosa princesa pura e imaculada se deitava. Era comigo. – ele troçou, cheio de satisfação – E o filho que está na barriga dela, é meu. Aquele que me negou a ter com Bellatrix.

— Não pode ser... – agora a negativa veio de Alvo, ainda mais pálido.

— Tenho muito o que comemorar... – ele continuou, sem tirar os olhos de Molly – A morte de Harry Potter, meu filho crescendo forte e saudável, minha liberdade e claro, minha vingança, gelada e deliciosa...

Ele riu, soltando a bruxa. Hermione fez com que Rony baixasse a varinha e olhou para os lados, preocupada. As pessoas estavam olhando e comentando.

— Aqui não é lugar para isso... – começou, incerta.

— Não vim em busca de confronto e sim, saber do meu filho. – Rodolfo não podia conter a satisfação diante dos rostos pálidos e irados à sua frente – Como sabem, um filho é um laço eterno...

— Maldito! – Molly

— Então tudo não passou de vingança... – Alvo comentou, balançando a cabeça.

Rodolfo o encarou e sorriu, maldoso.

— Sim. E sua mãe, na cama, me contou que também é gay! – o rapaz empalideceu e cambaleou – Ela me contou porque me pediu um feitiço de controle, para você pensar que deixou de gostar de homens... – o bruxo inclinou a cabeça, saboreando a tensão do grupo – Eu até cheguei a argumentar que ia ser como a poção do amor, não ia ser você de verdade, mas ela afirmou que nem que tivesse que passar a vida te lançando o feitiço de tempos em tempos, não ia deixar que fosse igual a seu pai.

— Está mentindo! – o jovem puxou a varinha e, sem pensar, lançou um feitiço estuporante prontamente defendido.

Houve pânico e correria no corredor do hospital e alguns seguranças se aproximaram.

— Como eu disse, não quero confronto, mas se eu tiver que enfrentá-los, prefiro legalmente. Podemos fazer um feitiço de paternidade. – Rodolfo indicou o documento ainda na mão de Hermione – Pode ficar com essa cópia e conferir, se quiser. Sou um homem livre e tenho meus direitos.

Ele suspirou como um gato satisfeito e se virou, deixando o lugar. Hermione passou por Rony e Arthur, fazendo Alvo baixar a mão com a varinha.

— Acalme-se, Alvo. Estamos no hospital... – ela disse, suavemente.

— Ele estava mentindo, não sou doente como meu pai... – o jovem mastigou, atormentado.

— Seu pai não é doente, e você também não. Sua mãe disse e fez coisas terríveis, Alvo. – ele olhou para ela e Hermione endureceu a voz – Você deve escolher entre se comportar como um garoto mimado e preconceituoso, ou crescer.

Alvo a encarou com os olhos arregalados, pasmo. A bruxa estreitou os olhos.

— Toda essa confusão começou por causa disso. De coisas que deviam e não foram ditas, principalmente entre seus pais. Pare e pense com sua própria cabeça, Alvo! Já passou da idade de se agarrar à barra da saia da sua mãe e obedecer cegamente a tudo o que ela diz. – Hermione o olhou e então se virou para o sogro, empurrando o documento em sua mão – Não vou conferir nada, Sr. Weasley. Tenho que ir.

Sem esperar sequer o marido, Hermione deixou o corredor quase correndo. Rony a olhou ir e então, encarou o pai.

— Hermione está certa. Chega disso! – disse, balançando a cabeça – Grávida? Sério? Do inimigo da mamãe? Isso é um pesadelo, certo?

Molly se sentou com a ajuda do marido, ambos envelhecidos subitamente. Alvo se encostou à parede, trêmulo. Um dos seguranças se aproximou do grupo e Arthur o afastou, explicando o descontrole do jovem.

Assim que ele voltou, Alvo simplesmente deixou o hospital correndo e Rony suspirou, exausto.

— Vou para casa, mamãe... – disse, baixo.

— Não duvido que Lestrange e Dolohov tramaram isso há muito tempo, e o fato de Harry e Gina terem se separado só facilitou tudo. – Arthur concluiu, sombrio, olhando o filho – Eles deviam estar esperando... torcendo para que algo acontecesse e desse a abertura que precisavam.

Rony o encarou e balançou a cabeça.

— Bom... eles conseguiram exatamente o que queriam, graças à Gina.

— Harry não é inocente... – Molly protestou, pálida – Se ele não tivesse...

— Pare. – a voz de Arthur soou seca – Simplesmente pare, Molly. Concordo que Harry devia ter conversado e se separado se estava realmente apaixonado pelo Malfoy, mas não acredito que Gina teria concordado com o divórcio se ele tivesse falado.

— Eu também não acho que ela aceitaria. – Rony comentou, neutro.

Molly olhou de um para outro e então, abriu a boca para protestar, mas Arthur encarou a esposa.

— Pense, Molly. Pense com a cabeça e não com o coração querendo proteger a cria. – o tom de voz dele não admitiu recusa – Pense em tudo o que aconteceu! E não apenas com Gina, mas com Harry também.

— Ele estava casado e feliz... minha filha era boa para ele...  ele não podia – ela parou e soluçou – Foi ele que a empurrou para esses dois malditos! É tudo culpa do Harry! – incrédulos, Rony e Arthur observaram Molly se erguer, vermelha – Se ele não tivesse feito essa monstruosidade com a minha filha, eles não teriam conseguido destruir a vida dela! Espero que ele morra pelo que fez!

Molly encarou o filho, que simplesmente balançou a cabeça.

— Vou para casa. – Rony afirmou, recuando um passo.

— É sua irmã lá dentro! Infeliz e com a vida destruída por causa do seu amigo! – Molly rebateu, a voz um pouco estridente.

— Desculpa, mãe, mas não concordo com a senhora. Harry pode até ser culpado por ter começado tudo isso, mas a maior parte aconteceu por causa de Gina. – Rony olhou o pai – Vou para casa, pai.

Sem esperar e ignorando o protesto indignado da mãe, o bruxo deixou o hospital de cabeça baixa. Arthur acompanhou o filho com o olhar e quando se virou, Molly o encarava de forma terrível.

— Também vai culpar nossa filha? – perguntou, raivosa.

Ele a encarou por alguns minutos e então, balançou a cabeça.

— Não acredito que está defendendo Gina depois de tudo isso. – ele falou, abismado – Diante do que ouvi de você sei agora de onde ela puxou esse temperamento terrível, maldoso e vingativo. Você não está pensando, Molly.

— Minha filha foi traída e desprezada. – ela ergueu o dedo – E publicamente. Perdeu a razão e fez coisas por causa do desespero...

— Bom, Rodolfo Lestrange é pai do seu neto. Ele é o amante secreto da sua filha que está dentro daquele quarto, provavelmente pensando em qual história vai inventar para se inocentar. – ele calou um protesto com um gesto – Alvo saiu correndo daqui. Rony foi embora e Hermione também. Tiago já se afastou, e eu não penso como você.

Molly empalideceu e sentou-se de novo, atingida.

— Gui, Carlinhos e Jorge, até mesmo Pearce podem pensar como você... talvez... mas eu não. A falha de Harry foi trair um casamento já fracassado, mas acho que os erros de Gina superam o dele.

 - Ela é nossa filha e está assim por culpa...

— Sua. – Molly encarou o marido de boca aberta, mas ele apenas devolveu o olhar – Sua, Molly. Rodolfo deixou claro que está se vingando de você por ter matado Bellatrix. Esse plano todo, isso tudo, aconteceu por sua causa.

— Não pode dizer isso... – ela protestou, baixo.

— Se você não tivesse matado Bellatrix, mesmo que Gina e Harry tivessem se separado naquele escândalo todo, Rodolfo e Antônio não teriam se aproximado, nem Rodolfo seria o pai do seu neto. Nada do que aconteceu depois da separação teria acontecido. – ele respirou fundo – Ou pelo menos teriam sido diferentes.

 Ele se virou e saiu do hospital, deixando Molly sozinha no corredor. Pessoas passavam e a olhavam, fazendo-a avermelhar o rosto. Depois de longos minutos, um médico se aproximou.

— A senhora é mãe da paciente, não é? – ele perguntou, suave – Ela acordou. Pode entrar agora, mas aviso para não deixá-la nervosa. Ela está com a pressão alterada.

 

Molly assentiu e ficou sentada no corredor por mais algum tempo, pensativa. A raiva e a indignação ainda borbulhavam dentro da bruxa, mas ela se controlou.

 Gina estava descabelada e pálida, e não olhou para a mãe quando ela entrou no quarto e fechou cuidadosamente a porta, lançando feitiços de silêncio e proteção.

Molly puxou uma cadeira para perto e se sentou, ajeitando a saia e o casaco por mais tempo do que necessário, e então respirou fundo.

— Lembra da bruxa que matei na batalha em Hogwarts? – não esperou pela resposta – Era Bellatrix Lestrange e era casada com Rodolfo Lestrange. Ele jurou que ia me fazer pagar a morte da esposa e não sei como, se com feitiços ou alguma coisa parecida, se passou por esse tal de Dekell e é o pai do filho que está esperando.

Gina empalideceu ainda mais e arregalou os olhos, encarando a mãe.

— Não é possível... – murmurou, chocada.

— Ele disse que foi um plano cuidadosamente feito e levado à cabo. Ele também conseguiu, não sei como, o perdão do ministério e é um homem livre agora.

— Mãe... – a mulher começou, os olhos cheios de lágrimas.

— Há menos de dez minutos atrás culpei Harry por tudo o que te aconteceu. O culpei porque se não tivesse começado isso tudo, você não teria feito coisas reprováveis e loucas, mas apenas eu pensei assim. Seu pai me repreendeu duramente lá fora, - a mulher mais velha encarou a porta – Duras... muito duras foram suas palavras. Nunca foi tão duro, antes.

Gina não ousou interromper a mãe.

— Eu fui membro da primeira Ordem da Fênix e também da segunda. Vi Harry se transformar de um garoto em homem e o tive como meu filho. – Molly balançou a cabeça – Sim, como meu filho! Eu cuidei dele como cuidei de vocês e foi uma maravilha quando se casaram. – com um suspiro, ela baixou o rosto – E hoje eu o culpei por tudo o que aconteceu com você. Culpei e desejei que estivesse morto.

As duas se trocaram um olhar mas Gina não conseguiu sustentar o olhar da mãe.

— Casei com seu pai por medo de morrer e não ter futuro. É claro que nos amávamos, mas talvez... fico pensando... que se não fosse o terror da primeira ascensão, talvez não tivéssemos nos casado. – Molly se levantou – É claro que honramos os votos e ficamos juntos. Lutamos juntos contra... bem... você-sabe-quem. Ele mais que eu, mas ainda assim estávamos juntos. – a bruxa olhou a filha – Ver você e Harry lutando juntos me fez lembrar daqueles dias... quando éramos jovens e tínhamos o mundo à nossa frente! – Molly suspirou – Talvez eu apenas estivesse me vendo através de você, Gina, e por isso reagi tão mal a tudo.

A mulher voltou e se sentou, encarando a filha.

— Estamos só nós duas agora. Diga-me Gina, porque tudo isso? – perguntou, a voz baixa.

— Mãe, eu não...

Molly ergueu a mão..

— Não, Gina. Não mesmo! – interrompeu a hesitação da mais nova, endurecendo a voz e o olhar – Eu tentei te entender e não julgar. Achei mesmo que estava lutando por seu casamento, mas o fato de ter tido um caso me diz que não era assim tão importante.  – vendo que a filha ia rebater, balançou a cabeça – Não. Apenas quero que me explique o que foi que você fez com a sua vida, filha.

Gina hesitou e seus olhos se encheram de lágrimas. Por alguns minutos, fungou e soluçou e então, respirou fundo e limpou o rosto.

— Não fiz nada, mãe. Nada a não ser lutar pelo meu casamento, por minha família. – respondeu, fazendo Molly arregalar os olhos, totalmente pasma – Eu não sei do que está falando, não conheço nenhum Rodolfo e quanto a Dekell, não acho que isso seja da sua conta.

Molly ainda ficou alguns minutos encarando a filha, que sustentou o olhar. Então se levantou e retirou as proteções, deixando o quarto sem olhar para trás. Gina acompanhou a mãe com o olhar e ainda ficou encarando a porta fechada por longos minutos.

— Isso não pode ser verdade... – murmurou, a voz falhando.


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