As lendas de heróis sagrados escrita por MrSakamaki


Capítulo 8
A possessão demoníaca! O novo Rei de Eliia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!!
Mais um capítulo da história para vocês!!
Quero agradecer as 164 visualizações até o momento.
Espero que gostem. Boa leitura!



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Uma vez sonhei que tinha memórias. Ou talvez as memórias eram um sonho? Tudo sempre foi confuso, escuridão, trevas, luz, vazio… Só consigo me lembrar das coisas que aconteceram depois dos meus sete anos, antes disso, tudo é apenas um borrão escuro.

De aldeão para o Rei de Ellia, umas das maiores nações de Ernas. Um rei prisioneiro de sua própria escuridão.

Desde que consigo me lembrar, eu tinha sete anos, morava em uma vila pequena de Ellia com minha mãe, essa que sempre fez de tudo para me proteger, ela me pedia para ter cuidado, não falar com estranhos, não chamar atenção. Eu não tinha amigos, e só ela como família, ficava sempre em meu quarto sozinho, pensando o porquê de tudo aquilo acontecer.

As outras crianças me achavam estranho por eu sempre estar quieto, sem falar com ninguém, nunca querendo nada perto, mas no fundo, era o que eu mais queria. Logo começaram a implicar comigo, todos os dias, me batiam, destruíam minhas coisas e acabavam com a minha mente.

Eu não entendia por qual motivo aquelas coisas aconteciam, porquê minha mãe era tão protetora. Então aos 10 anos eu saí de casa para treinar a arte ninja com um velho ancião de nosso vilarejo. Durante 4 anos aprendi as mais diversificadas técnicas ninjas e também a manipular duas adagas.

Após o intenso treinamento retornei para casa. Minha mãe estava orgulhosa de mim, e a vila toda ficara sabendo que eu havia me tornado um ninja através do ancião. Por diversas vezes eu defendi o povo de mercenários, assassinos e bandidos, assim minha fama ia se espalhando pelas vilas ao redor.

Porém essa fama teve seu preço ao chegar nos ouvidos de alguns interessados em um poder que eu obtinha mas nem mesmo sabia que ele existia. Uma delas era a soberana máxima de toda Ellia, a rainha Syndra. Conhecida por sua frota militar, Os cavaleiros das trevas, todos a temiam por obter poderes extraordinários a partir de magia negra.

Durante meses os cavaleiros me buscaram por toda Ellia, porém algumas dezenas deles não eram suficiente para me neutralizar. Logo considerei que Syndra e seus homens não seriam um problema. No entanto, o verdadeiro problema estava a espreita apenas esperando o momento certo.

Já era noite, e eu perseguia uma dupla de bandidos que haviam saqueados um vilarejo todo. Como se não bastasse o roubo, haviam matado inocentes. Eu não os deixaria saírem sem pagar. Se adentraram em uma penumbrosa floresta, até que os interceptei em uma enorme clareira. Aquilo me pareceu estranho, quem vai até uma clareira em meio uma floresta tão densa quando se quer fugir de um ninja?! Mas eu não estava ligando, meu único propósito era de fazer o que deveria ser feito.

— Fim de jogo para vocês. - olhei fixamente para os dois, com os dentes trincados e as adagas em punho. - Rendam-se e entregue tudo.

— Como pode dizer que o jogo acabou se ele só está começando?! - escutei uma voz fria mas ao mesmo tempo risonha, estava claramente debochando de mim.

Quando me dei conta havia uma carruagem se aproximando por de trás dos bandidos. Imaginei que seriam mais cavaleiros da trevas, mas isso era muito pior. Extremamente pior.

— Quem está aí?! - gritei.

A carruagem parou, o cocheiro abriu a porta e estendeu um pequeno tapete vermelho. De dentro, saiu um homem coberto com um manto negro, usava uma cartola azul escura, óculos e também segurava uma carta de baralho na mão esquerda, as duas cobertas com luvas negras.

— Certo, trouxemos o garoto, nosso pagamento! - um dos bandidos que eu perseguia exigiu indo direto ao homem misterioso.

— É claro… - colocou a carta que segurava nas mãos dele. - Aqui está o pagamento de vocês. - sorriu.

— Não estamos de brincadeira. Nos dê logo o dinheiro! - o outro também se dirigiu até ele e tentou socá-lo, mas o homem tranquilamente desviou inclinando o pescoço.

— Quanta ingratidão. - sorriu novamente, mas dessa vez um sorriso mais largo, um tanto diabólico. - Não sabem o quão poderoso é o velete de espadas?

— Olha aqui seu… - e aquelas foram as últimas palavras proferidas do que estava com a carta nas mãos. Uma enorme espada saltou da carta e o atravessou pelo peito. O chão manchou-se de sangue e o corpo caiu o espalhando.

— O que é isso… ? - o outro indagou. - Seu monstro! - saiu correndo passando por mim.

— É uma pena que agora você é carta fora do baralho. - gargalhou por alguns segundos, e no seguinte o alvo atrás de mim gritou de agonia. Quando me virei, ele estava vesgo, com as mãos na cabeça, aterrorizado, e por fim, morto.

— Quem é você? - perguntei de novo, com certo receio, minhas mãos tremiam.

— Nem começamos e já está com medo? - voltou a sorrir, aquilo me incomodava. - O que faremos não é algo para se temer e sim para glorificar. Então é bom que nos apresentemos. Harlequinn. - fez uma reverência. - O mestre dos truques. E você é Lass, o ninja. - eu não conseguia acreditar, ele sabia meu nome.

— Como sabe meu nome? - me posicionei para luta.

— Muitos sabem seu nome. Afinal, um grande guerreiro tem uma grande fama. Um grande poder…

— Tsc… Prepare-se para morrer! - usei uma técnica das sombras e fui para uma das árvores ao redor da clareira o espreitando.

— Você realmente é muito divertido. Vamos brincar de esconde-esconde então. - em menos de um segundo senti uma presença bem nas minhas costas. - Buh. Achei. - mas do que rápido fui de volta para o centro da clareira. Não era algo humano conseguir tal feito.

— O que é você? O que quer comigo? Um dos servos de Syndra? - perguntei.

— Syndra? Não me compare com aquela imbecil. Sou muito mais poderoso para ser subordinado dela. - um baralho surgiu de repente em suas mãos e ele começou a embaralhar. - Vamos jogar o meu jogo agora, o seu foi muito entediante. - ele estava zombando de mim, parece que era apenas uma brincadeira para ele.

— Cansei de você. - corri em direção dele para atacar, porém quando ia fincar uma de minhas adagas nele, sumiu, virou apenas cartas de baralho.

— O único que pode se cansar aqui sou eu, garotinho. - disse Harlequinn logo atrás de mim.

— Como? - senti minhas pernas tremerem e recuei alguns passos.

— É avançado de mais para um velho idiota poder ensinar a você, mas eu posso. - sorriu novamente.

— Não zombe do meu mestre! - gritei.

— Quem? Esse velho acabado. - o cocheiro foi até o interior da carruagem e chutou alguém de lá, era Shang, meu mestre.

— Mestre! - gritei preocupado.

— Lass… - disse ele no chão com os olhos mareados. - Vá embora, não pode luta com ele. Só estará fazendo o que ele quer, eu já sou velho não se preocupe comigo.

— Eu não vou embora sem o senhor. - comecei a chorar.

— Que coisa adorável. E sem graça. - interferiu.

— Solte meu mestre agora! - voltei a atenção para meu inimigo.

— Então vamos jogar um jogo. - mostrou seus dentes. - Se você for capaz de fazer minha cartola cair eu liberto o velhote. Se ela não cair, ele morre e você vem comigo. Parece justo não acha?

— Vou fazer você engolir essa cartola! - respondi fervendo de ódio.

— Lass, eu ordeno que vá embora agora! - gritou Shang. - Você não pode fazer isso, ninguém pode. Esse homem está muito a frente de qualquer coisa já vista nesse mundo.

— Perdoe-me mestre, mas não deixarei que o senhor morra. Vamos começar!

— Você tem até o nascer do sol. Isso deve dar por volta de nove horas de tentativa. - ele queria mesmo que eu me sentisse desafiado.

Comecei a combater com Harlequinn enquanto a noite se esvaía. Usei todas minhas técnicas que aprendi os quatro anos com Shang, a maior parte dos ataques ele apenas parava com uma simples carta de seu baralho, era inacreditável. Ele se teletranspotava em uma velocidade incrível, nem parecia se esforçar, nem se cansar. Eu estava exausto, faltavam apenas poucas horas para o amanhecer, mas eu não poderia desistir de Shang.

Continuava tentando e tentando, mas não chegava nem perto de sua cartola, todas as tentativas estavam sendo em vão. Ele nem me atacava, apenas esquivava e raramente se defendia. Sempre com aquele sorriso confiante, soberbo, orgulhoso, aquilo estava me perturbando, era como se eu já tivesse visto aquele sorriso mas não me lembrava onde.

Por fim, os primeiros raios de sol começavam a tocar o horizonte e eu não havia nem o tocado. Segurou uma de suas cartas e a soltou contra mim, que numa velocidade incrível fez um corte profundo em meu braço, o que me fez dar um grito de dor e segurar o ferimento.

— É. Acabou o tempo. - olhou para mim e depois para Shang.

— Fuja Lass. Por favor. - implorou meu mestre.

— E essas foram as últimas palavras daquele velho morto. - zombou. - E você falhou Lass. - soltou uma carta que atravessou o coração de Shang.

Coloquei minha mão na boca, comecei a chorar, não podia acreditar que a pessoa que me ensinou tudo que eu sabia até aquele dia morreu por eu não ser capaz de tirar uma maldita cartola de alguém. Harlequinn queria que eu me sentisse culpado.

— Que lástima. Não chore garoto. - veio até mim e segurou meu pescoço levantado-o para ele. - A vida é cheia de perdas, e agora você vem comigo. - eu estava em choque, não conseguia responder, nem me mexer.

— Guardas! Prendam o garoto! - quem vinha de trás era a própria rainha Syndra e seus cavaleiros.

— Rainha Syndra…

— Harlequinn. - do modo como se olhavam parecia que já se conheciam.

— Parece que não trouxe só seus cavaleiros das trevas. - disse ele notando a presença da guarda real máxima, há metros dali.

— Então sabe que não pode resistir. Entregue o garoto. - dito isso Harlequinn me soltou e sumiu.

Os guardas da rainha me levaram como prisioneiro e eu fui conduzido até a sala do trono, perante a rainha.

— O que você quer de mim? - perguntei.

— Você ficará aqui e será meu prisioneiro. - respondeu ela.

— O que te faz pensar que não irei escapar? - retruquei.

— Se tentar fugir, antes que chegue na vila, mandarei os meus cavaleiros matarem todos, inclusive pedirei para que me tragam sua amada mãe para que eu a mate na sua frente. - respondeu convincente. Eu apenas aceitei ser preso.

Esperava ser conduzido a um calabouço, mas bem diferente disso, Syndra me levou a um quarto enorme, com uma enorme porta de vidro que dava acesso a varanda, com tudo que a realeza tenha direito.

— Este é seu quarto. Pode usar todos os bens do castelo desde que não tente fugir. - explicou.

— Mas… Por que isso? - perguntei perplexo.

— Só preciso de companhia. De alguém que acredite em mim. - respondeu ela. - Ah Lass, não fique assustado, tudo irá melhorar. - me abraçou contra seus seios e começou a acariciar meus cabelos.

Durante o próximo ano, Syndra me deu tudo o que eu poderia pedir. Eu era uma autoridade em seu castelo, todos os servos e guardas deveriam me obedecer. Tinhas boas roupas, festas, uma boa cama e também bons amigos. A rainha se tornou minha amiga também, cuidava de mim como se eu fosse seu filho, e também me proclamou príncipe de Ellia, logo futuramente, eu seria o rei de todo aquele império.

Aprendi como governar. Tinha aulas de matemática, história e etiqueta. Me tornei um nobre. A cada dia que passava meu passado se tornava algo mais morto. Syndra ficava feliz apenas por me ver feliz.

Houve um dia em que ela disse que seus poderes estavam enfraquecendo, que precisava de mim, pois ela poderia morrer a qualquer momento. Eu disse que ajudaria no que fosse preciso, pois comecei a amar ela como uma mãe.

— Isso exige um ritual meu querido Lass. Pode ser um pouco doloroso. Tem certeza? - me perguntou preocupada.

— É o mínimo que posso fazer por você majestade. - respondi convicto.

— Você realmente é um bom garoto. Obrigada por confiar em mim. - disse me fazendo carinho, mas agora eu já era mais alto que ela.

Dito isso ela me conduziu a uma sala que eu nunca havia visitado no castelo. Não havia janelas, era bem escura e vazia, apenas alguns kanjis escritos em forma de cícurlo com um espaço em branco no meio.

Syndra retirou minhas roupas, me deixando apenas com as roupas de baixo e me disse para me ajoelhar no centro do círculo. Com a mesma tinta roxa que estavam os kanjis ela escreveu mais alguns vindos de minha boca passando pelo pescoço, braços, abdômen, costas e pernas.

Fechou a grande porta nos deixando em uma escuridão completa. Escuridão da qual eu jamais sairia. Senti algo me tocar, a rainha havia me beijado, fiquei extremamente corado, mas isso acendeu o primeiro kanji em minha boca, causando um efeito em cadeia iluminando todos com uma luz como uma chama roxa.

Senti meu corpo ferver, queimar, não suportava a dor, comecei a gritar, percebi que ela apenas observava com um sorriso. Seus olhos também brilharam e esse brilho invadiu os meus. Senti uma estranha presença dentro de mim. Eram as trevas me invadindo. Uma voz ecoou na minha mente.

Eu sou Cazeaje, a rainha das trevas. Seu corpo agora me pertence, e com ele jamais precisarei trocar novamente. Você agora é meu, o coração puro de luz, perfeito para as trevas invadirem. Você possui a luz mas não a força. Lass me aceite como sua nova alma e durma pela eternidade!

Quando abri os olhos novamente, ainda era eu mesmo. Eu podia ver, mas não sentia meu corpo, não conseguia falar nem me movimentar, apenas ver e ouvir, porém meu corpo estava se movendo só que não era mais só meu. Agora pertencia a Cazeaje, a encarnação das trevas.

Eu pude ver Syndra, ela estava assustada, caída no chão. Chorando e me pedindo perdão.

— Eu não consegui impedir Lass, ela estava me possuindo, seja forte, lute com as trevas não permita que ela te domine. Se o fizer, será invencível. - implorava.

— Chega de tanta tolice. - esse era eu falando, minha voz estava séria, minha expressão fria. - Saia do meu caminho, eu serei o rei, Lass será destruído logo. Assim eu irei governar o mundo. - cerrei meu punho e o coração de Syndra parou de bater. - Esse corpo é realmente poderoso.

Nos próximos dois anos, Cazeaje dominou meu corpo e fez tudo aquilo que bem entendia. Ela governava com maldade e arrogância, nunca seria um rei assim. Todas suas atrocidades eram atribuídas ao meu nome.

Ela tinha uma aliança com os Asmodianos, que obtinham seu verdadeiro corpo, fonte de um poder inimaginável, seu maior objetivo era tê-lo novamente, mas os Asmodianos a forçava fazer parte de seus planos para que não destruíssem seu precioso corpo.

Porém, conheceu uma sacerdotisa do reino de Canaban que lhe disse saber como recuperar seu corpo, desde que a ajudasse a conseguir um pergaminho no templo da Sintonia. Durante muitos meses ninguém do reino de Ellia fora capaz de trazer tal artefato. Estava irritada até que encontrou-se com Sieghart, o imortal, queria pedir para que fosse até lá, mas ele não parecia interessado.

As trevas ainda me dominam, mas eu tento todos os dias me livrar dela. Me arrependo de ter sido inocente e fraco. Meu espírito está fraco. Talvez não houvesse esperança até que…

— Prepare-se Cazeaje, a líder dos Cavaleiros Vermelhos irá te destruir! - gritou uma menina ao lado de um garoto, ambos com espada empunhada.

— Quem é você? - perguntou a rainha.

— Eu sou Elesis, do reino de Canaban, e irei libertar Lass das suas maldades!

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?! Espero que sim.
Até essa semana com o capítulo 9.



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