Topaz and Cobalt Eyes escrita por mydearestmissalice


Capítulo 1
Capítulo 1 e único - At the Gala


Notas iniciais do capítulo

Um biscoito para quem pegou a referência no título do capítulo. Entrem e aproveitem o baile ♥



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Cidade de Twinleaf. Festival de Twinleaf. Algumas coisas nunca mudam, outras apenas se aperfeiçoam, e Barry sabia muito bem disso. Todos os anos ele voltava para casa para esta data; já havia se passado oito anos desde que esteve lá com Dawn, Ash e Brock, cada um seguiu sua vida e até mesmo a garota de cabelo azul raramente retornava, estava trabalhando mais e mais em seus sonhos de ser uma top coordenadora e pelo que ele ouvira, estilista. As festividades iam quase como sempre; durante o dia havia as palestras e barracas de jogos e comida, no terceiro dia a batalha contra Palmer, seu pai, e a festa de encerramento. Esta última se modificou muito desde que o treinador era criança, ao invés da música ao ar livre, havia um baile de gala. Normalmente para evitar o que considerava uma chatice, ele criava desculpas para não ir, mas aos 18 foi proibido de fazê-lo, foi instruído estritamente a ir à edição desse ano.

Claro, ficou contrariado por tal ordem, mas confiava que seu pai devia ter um bom motivo. Tentando ver o lado bom da situação, pensou que a chance de ver Dawn, e quem sabe Kenny, valia o sacrifício. Não tardou a chegar o último dia do festival; não foi surpresa quando ninguém derrotou o Magnata da Torre, e ele mesmo havia chegado perto de ser o desafiante final. Pois então anoiteceu, e numa das grandes casas de Twinleaf estava tudo preparado para o baile final, inclusive ele teve que fazer algo que detestava: usar roupas formais.

— Pai, por que preciso ir? –reclamou pela enésima vez para Palmer, que estava no mesmo quarto que ele.

— Eu já disse, Barry. –suspirou. –Já tem 18 anos, é hora de entrar mais no mundo adulto. Além disso, haverá convidados importantes de outras regiões, preciso que ajude a recebê-los.

— Sei. –disse sem dar muita importância. Não era normal ele se desanimar, mas realmente não queria ir. –Ei, sabe se o Kenny ou a Dawn vêm?

— De acordo com Johanna a Dawn virá esse ano. Não ouvi nada sobre Kenny. –respondeu terminando o nó da gravata laranja do filho, que usava um smoking completamente preto, mas não abriu mão da cor favorita.

— Legal! Será que ela ganhou algum troféu em Hoenn? –seu humor havia melhorado.

— É provável, mas pelo que ouvi ela tem passado muito tempo em Unova. –pareceu lembrar-se de algo importante. –Ah! A gravata. –pegou uma verde-escuro e pôs em si mesmo. –Vamos, temos que chegar antes de todo mundo. –o puxou pela manga.

A decoração e o Buffet estavam impecáveis, esse crédito ele dava para os organizadores, equipe que incluiu a mãe de Dawn. Mas isso não lhe tirava o tédio que foi ficar à porta junto de seu pai para receber um por um os convidados. Perguntava-se se faria aquilo até a meia-noite, quando finalmente viu quem esperava: havia chegado uma garota de cabelo azul num elegante vestido amarelo-claro, que lembrava muito o que ela havia usado no Grande Festival, mas era mais brilhante e bem-costurado.

— Dawn! Você veio! –não escondeu o sorriso.

— Já faz tempo, não é, Barry? –fez uma leve mesura, afinal estava num baile de gala. –Como tem passado?

— Até o dia de hoje estava muito bem, mas agora estou preso aqui cumprimentando todos que aparecem. –explicitou sua contrariedade. –Ei, você veio sozinha? –estranhou que a antiga amiga olhava pela porta como se esperasse alguém.

— Ah... –corou um pouco. –Você vê, é que...

— Dawn, você deixou sua flor de pulso cair antes da escada. –interrompeu. E era alguém que Barry conhecia e admirava muito.

— Uau! Paul! –seus olhos alaranjados brilharam. –Você aqui?! Nossa, que honra! Mas por quê?! –quando a empolgação passou se pôs a pensar. –Não me diga que...! –apontou para os dois.

— Provavelmente pensou certo uma vez na vida. –Paul respondeu sendo arrogante como sempre. –Algum problema com isso? –pegou a mão de Dawn, que sorriu timidamente.

— N-Não! Claro que não. –se recompôs. –É só uma grande surpresa. Mas Dawn, quando isso aconteceu?

— Quando eu voltei de Unova. Eu gostaria de contar, mas parece ocupado.

— Tudo bem, Barry. Pode ir com seus amigos. –Palmer ouvira e assentiu para o filho.

— Ótimo! Então vocês dois, venham conversar na sala principal. –puxou os dois treinadores.

— Então, imagine você que... –Dawn começou. E eles se sentaram e conversaram.

Enquanto isso, na entrada:

— Boa noite! É um prazer revê-los! –recebeu um casal que entrara. –Olá, aproveitem a noite! –virou-se para outro. Não contou para Barry, mas tinha uma família que esperava ansiosamente recepcionar. E tinha motivos pessoais para isso. Longa uma hora se passou, então haviam chegado. Era um distinto casal, o homem era alto e quase pálido, com olhos de um azul-claro e cabelos curtos loiros. A mulher tinha cabelos e olhos negros como a noite de inverno e estava num vestido vermelho. Os dois tinham porte, e junto a eles entrou uma jovem garota baixa e esguia de cabelos loiro-alaranjado na altura do peito, a mesma tez do pai e olhos azul-cobalto, num vestido digno de uma princesa em azul e prata que lhe seguia bem as formas joviais de seios pequenos, firmes e elevados e quadris delineados, além de portar um colar com um enorme topázio.

— Ficamos honrados pelo convite. –o homem se pronunciou.

— Imagine, nós é que nos sentimos agraciados com sua presença. –curvou-se em respeito.

— Fará como combinamos? –a mulher perguntou.

— Mas é claro. –Palmer respondeu prontamente. –Podem entrar e ficar à vontade, se puderem me emprestar sua adorável filha por um instante...

— Certamente. –a mãe concordou. –Alyssa, por favor, vá com ele. –ordenou.

— Mas... –ficou reticente.

— Alyssa. –o pai disse firme, com um olhar impossível de questionar. A menina abaixou os olhos e obedeceu, seguindo o Magnata.

— Não precisa ter medo. –a encorajou pondo a mão em seu ombro. –Todos eles são ótimas pessoas, vão te receber muito bem.

— Mas eu não preciso disso! –parecia indignada.

— Lady Alyssa, pelo que seu pai disse não tem amigos de idade parecida com a sua, não é?

— É verdade. –suspirou sem querer admitir. –É difícil achar alguém de 15 anos e ainda no mesmo status social.

— No caso ninguém aqui tem 15, na verdade têm 18, mas vai ficar bem, confie em mim. –sorriu lhe assegurando o que dizia. A jovem senhorita não disse mais uma palavra até eles alcançarem a sala onde os três treinadores conversavam, na verdade mais Dawn e Barry, ela animada e ele surpreso. Os chamou:

— Paul. Dawn. Principalmente Barry. –frisou.

— O que foi, pai? –virou-se para ele.

— Olha, ele está com alguém. –Dawn notou a garota, que se escondeu atrás do pai de Barry.

— Parece que diferente de você, Dawn, ela é tímida. –Paul provocou. –Sabe, não faria mal você ser mais discreta e recatada às vezes.

— Ah, cala a boca, Paul! –reclamou para o namorado.

— Como eu dizia. –Palmer aumentou a voz. –Barry, os convidados especiais acabam de chegar. Esta é Lady Alyssa, filha única de uma família muito influente de Johto. Ela não tem muitos amigos lá, e sempre quis vir ao baile de Twinleaf, então cuide para que ela se sinta em casa. –instruiu. –Posso contar com você nisso?

— Mas é claro. –Dawn tomou a frente. –Eu vou ajudar. –pegou a mão de Alyssa. –Nossa, você é tão bonita! –ficou impressionada notando as feições dela, que eram muito como a de uma boneca, incluindo o rosto oval e os olhos grandes e arredondados. –Venha, junte-se a nós.

— Sim. –disse num tom baixo e foi com a coordenadora.

— Fico feliz por isso. Se me derem licença, tenho que voltar para o outro lado. –deixou os mais jovens por conta própria.

— Então, seu nome é Alyssa, não é? Eu sou a Dawn, aquele de mau humor ali é meu namorado Paul, e esse é o Barry, filho do Palmer. –fez as apresentações. O antigo rival de Ash não se importou, enquanto o treinador mais energético ficou alguns instantes fitando a nova presença. Não sabia o motivo, mas tinha algo fascinante nela.

— É... Um prazer conhece-los. – olhou um por um, corando levemente ao fazer contato visual com Barry. Olhou para a região do busto de Dawn e inconscientemente cobriu a sua com as mãos.

— Algum problema? –a treinadora estranhou.

— N-Nada. –desviou o olhar. A verdade era que sempre teve um complexo de ter seios pequenos, mas não contaria isso para desconhecidos.

— Nossa! Seu vestido é lindo! É seda de verdade? –mudou o foco da conversa, queria deixar a outra menina mais á vontade.

— É sim! Minha mãe fez questão de que eu tivesse um vestido feito especialmente para hoje. –contou se sentindo orgulhosa da peça.

— Queria ser uma Lady e usar algo assim. –suspirou sonhadora. –A cor é muito bonita.

— É. –por algum motivo olhou o filho de Palmer novamente, mas logo desviou. 

— Ah, mas um grande tesouro é o troféu e as fitas da minha mãe! –contou animada.

— Não me diga que sua mãe é a Johanna...? Se parece com ela. –havia relaxado.

— Ela mesma! Ela é muito legal, né?

— Sim. Sempre a admirei, ouvi muito dela de meus pais. Adoraria que Johto tivesse concursos, eu iria entrar em um. –fitou o chão.

— Lady Alyssa... –Barry interrompeu. –Sua família treina Pokémons?

— Sim. –respondeu surpresa de ele ter lhe dirigido a palavra. –Quer dizer, meu pai o fazia. Hoje em dia não mais, está ocupado com seus negócios. –pareceu chateada. –Mas eu sim. Gosto muito de Pokémons.

— De que tipo? –o treinador prosseguiu a conversa parecendo interessado.

— De todos, mas meus favoritos são os tipo grama e os insetos que voam. –sorriu ao pensar em alguns dos seus monstrinhos.

— Tem um Pokémon que goste mais? –sem perceber chegou mais perto dela para ouvir mais.

— Essa é fácil, meu maior orgulho é Venomoth. –se referiu ao Pokémon mariposa.

— Sabe, também tenho um inseto que valorizo muito, o Heracross. –contou

— Uau, sempre quis ver um de perto. –ficou impressionada. –Pode me mostrar qualquer dia?

— É claro. Quando Lady Alyssa quiser!

— Por favor, senhor Barry, retire a palavra “Lady”, já me tratam tão formalmente em Johto. –pediu.

— E você retire a parte do “senhor”. –os dois riram. –Não sou muito mais velho que você. Só tenho 18.

— E eu 15. Mas acho que seria pedir demais achar alguém da mesma idade. –retrucou.

— Ei, Paul. –Dawn sussurrou para o de cabelo roxo.

— O que foi? –disse no mesmo tom.

— Vamos sair daqui.

— Por quê?

— Eles estão se dando tão bem sem a gente. Vamos dar um tempo para os dois. –ficou mais séria.

— Está bem. Estou com fome mesmo. –concordou por fim e os dois saíram sem fazer barulho. Os dois jovens restantes continuaram a prosear sem notar a ausência do casal que saíra. Conversaram por muito tempo, até anoitecer mais e mais, eventualmente se alimentando do que era oferecido por serventes.

— Então, Alyssa... Tem algum lugar que queira conhecer aqui? –ofereceu enquanto pensava como aqueles olhos azul-cobalto expressavam majestade e grandeza. Sem dúvidas aquela garota era uma nobre. E algo na sua presença confortava o coração dele.

— Tem algum lugar com flores? –respondeu após pensar um pouco.

— Tem. Na verdade, há uma varanda no andar de cima, de onde dá para ver todos os jardins daqui. –lembrou.

— Eu gostaria de ver. –sorriu levemente. Um sorriso tão puro e doce que fez Barry sentir a face esquentar.

— E-Então... Vamos até lá. –aquele momento o desconcertou. Como se fosse natural, ofereceu a mão para ela, que não esperava por aquilo, mas aceitou e foi escoltada por ele até a parte superior da casa.

A varanda era bem extensa e toda branca, com um balcão em mármore envolto em plantas que se enrolavam nas grades e nas paredes, contando também com uma pequena mesa redonda com pernas longas e quatro cadeiras estreitas. A vista era magnífica, via-se todo o céu e toda a variedade de flores em seu esplendor de cores e pétalas, todas muito bem cuidadas e vívidas.

— Nunca pensei que veria um jardim tão bonito. –suspirou encantada.

— Em Johto não há nada assim? Nem na sua casa? –estranhou.

— Não. –o olhou por um instante, mas logo voltou a olhar para frente. –Sempre gostei muito de flores, mas meus pais têm uma opinião diferente. Eles acham que elas morrem facilmente e não combinam com nada. –explicou. Seu tom mostrava que aquilo era uma frustração sua.

— Ah. –ficou sem saber o que dizer. Queria conversar com Alyssa tanto quanto fosse possível, sentia vontade de conhecê-la melhor, mas estava se sentindo nervoso como nunca. Falar com seu ídolo Paul foi fácil, mas se aproximar de uma nobre de Johto? Entretanto, ele sabia que era possível, pois era claro que a natureza da Lady era bondosa e gentil, embora discreta. –Como... Como você era quando criança? –foi a pergunta que lhe ocorreu.

— Eu? –estranhou. –Bem, eu diria que fui normal para a idade.

— Então você ia à escola de treinadores e brincava com seus amigos?

— Não exatamente. –sorriu triste. –Eu quis dizer que foi uma infância normal para alguém da minha posição social. Pais ocupados, criados em casa, ganhar brinquedos caros dos quais eu cansava logo, sem ter alguém para me ouvir. Nunca consegui ter amigos, ou eles eram esnobes ou achavam que eu era, no caso de pessoas de menor classe. Então nunca ficava perto de ninguém.

— Isso deve ter sido difícil. –imaginava como era a dor dela. Era algo pelo qual não tinha passado. Divertia-se muito quando era pequeno. –Mas... E seus Pokémons?

— Claro, eles são meus amigos. Mas não os tive a vida toda. –contou. –E quer saber do que mais? Eu sempre tive um sonho naquela época... –comentou nostálgica.

— Um sonho? Sobre o que? –ficou interessado.

— Ah, você vai rir. –disse de forma autodepreciativa.

— Não vou não, eu juro! –garantiu.

— Tá. –respirou fundo. –Quando criança eu sempre sonhei que iria crescer e frequentaria bailes, como meus pais. E fantasiava sobre como seria encontrar um príncipe em um. –contou embaraçada, com a expressão facial mais adorável que o filho do Magnata já tinha visto na vida.

— Na verdade... É um sonho muito bonito. –virou-se para ela com um sorriso confiante.

— É coisa de criança. Sei que nada assim acontece. –suspirou tristemente. –Que cravos lindos ali! –viu as flores rosadas iluminadas pela lua. –Barry, você sabe o que cravos significam?

— Não, eu não sei muito sobre flores. –mas por algum motivo queria saber.

— Fascinação, distinção e amor. Pessoalmente gosto muito deles. –deu a resposta.

Ele ficou quieto. Como havia uma flor que dizia tão bem as vibrações que vinham de Alyssa? Ao menos a fascinação ele admitia estar sentindo.

— E aquelas ali? –ele mostrou as orquídeas azuis.

— Orquídeas são fantásticas. Têm muita classe. Se me lembro bem, significam amor, beleza, luxo e força.

— Alguém já disse que isso descreve bem você? –disse sem pensar e cobriu a boca em seguida, pensando quão ridículo soou.

— Ah... Você... Acha? –ficou da cor de uma cereja. Sentiu seu pulso acelerar.

— Mas... –tentou pensar em algo para consertar. –Tem uma que eu sei o que é. A gardênia. Pureza, inocência, modéstia, sinceridade. Talvez essa pareça mais Lady Alyssa. –acrescentou.

— Não precisa tentar me agradar. –mexia nervosamente no colar de prata com o topázio.

— Eu não estou. Não é falsidade. Realmente é a impressão que passa para qualquer um que te veja! –sem notar segurou as duas mãos dela.

—...! –não conseguiu dizer nada. Havia gostado do contato repentino, sentia o calor que saía das mãos dele passarem para as suas, tão menores, como eletricidade. Perdera o controle dos seus batimentos cardíacos.

— Sinto muito por isso! –a soltou, o que a deixou estranhamente decepcionada. Porém ele mesmo estava quase tão vermelho quanto ela. –Seu... Colar é lindo. É uma gema de verdade? –mudou o assunto.

— É... –custou a responder. Não entendia como ele conseguia mudar a atmosfera tão rápido. –Um topázio. Sempre gostei da cor... Mas durante essa festa eu fiquei o tempo todo pensando como é a mesma cor dos seus olhos. Não acha? –mostrou a pedra mais de perto para ele.

— Lady Alyssa diz as coisas mais adoráveis. –disse num tom baixo. Não se importava com o topázio nem com nada, havia apenas uma coisa que queria mais que tudo naquele momento. E sem pensar nas consequências, ele tomou o que desejava. Uma fração de segundo depois de sua fala, estava com os lábios sobre os dela. Era tão doce quanto esperava, e diferente de tudo que já provara na vida. Não tinha importância que ela fosse tão jovem, sua boca era deliciosa, pequena e de um vermelho maduro. Será que era tão especial porque ele a amava mesmo a conhecendo há pouco tempo? Parou de pensar nessas coisas quando viu que ela continuava com os olhos abertos em choque.

— Aaaaah! –a nobre gritou e se retirou correndo da varanda. O que doeu profundamente em Barry.

— Foi... Tão ruim assim? –disse em voz alta a vendo sumir dali. –Ah! Alguém vai pagar por isso! Eu vou multar o responsável por essa situação! –começou a gritar quando Paul apareceu na sua frente.

— Tenha modos. Não pode falar tão alto em um baile. –disse friamente.

— Paul? –estranhou vê-lo, mas não importava o motivo, estava chocado demais com o que acabara de acontecer.

— Eu... Vi o que houve. –desviou o olhar constrangido por ter presenciado.

— É mesmo? Ah, dava pra ficar pior?! –queria se bater na parede.

— Olha, eu sei que não somos grandes amigos, mas...

— Não somos? Como assim? –parecia decepcionado.

— Como eu dizia! –levantou a voz. –Tá, somos meio que amigos. E eu sei que você gosta da Lady Alyssa. –foi direto ao ponto.

— Que importância tem isso? Obviamente ela não gosta de mim. Viu como ela correu.

— Mas... Pode ter sido por outra razão. –começou a pensar. O treinador loiro o olhou com certa incredulidade.

Enquanto isso, conversa similar acontecia em outro canto da casa. Dawn viu quando Alyssa fugiu e imediatamente foi atrás dela para acalmá-la e saber o que aconteceu.

— Mas qual o problema, Alyssa? Você não gosta dele? –a olhava nos olhos e segurava a mão dela, que ainda tremia.

— Não é isso. Se me perguntar, eu diria que gosto. Na verdade, acho que gosto muito. –suspirou com tristeza e vergonha pela cena que fizera. –É só que... Eu fiquei tão surpresa. Meu coração nunca bateu tanto, chegou até a doer. E... –hesitou antes de continuar. –Não esperava que meu primeiro beijo fosse assim. –confessou.

— Então foi seu primeiro... –começara a entender o que houve. –Mas não foi bom?

— Foi... Sim. –respondeu timidamente.

— Apenas ficou assustada, não é? –a viu assentir. –Olha, depois disso, o segundo, o terceiro, são todos iguais. E acaba de dizer que foi com alguém que você gosta. Então não precisa se preocupar. –fechou com sua frase pessoal.

— Mas... Como posso falar com Barry agora? –ficou preocupada.

— Vá com jeito. Sei que ele está se perguntando se fez algo errado, deve querer sua explicação, ou até mesmo se desculpar. –aconselhou.

— Pode... Vir comigo? –pediu receosa.

— Mas é claro. Imagino que Paul esteja com ele. –a escoltou de volta à varanda. Parecia que a conversa entre os treinadores estava encerrada, pois estavam em silêncio.

— Ei. –Dawn chamou a atenção de ambos. –Voltamos. E Barry, acho que deve falar com Alyssa. –com um toque nas costas dela, a encorajou a ficar na frente e contar o que houve. Nenhum dos dois falava nada, pior que isso, não conseguiam se olhar.

— Qual é! Daqui a pouco é meia-noite! –Paul perdeu a paciência. –Barry, diga logo para ela o que me disse agora há pouco!

— Certo. –suspirou para começar. –Alyssa, quero me desculpar. –o que era estranho para ele, que geralmente não o fazia.

— Mas... Pelo que? –o olhou consternada.

— Por ter te atacado daquele jeito. Não foi certo! É só que... –seria difícil continuar, mas precisava. –Não pude resistir. Você é tão linda e gentil, e me fez sentir tantas coisas diferentes nessas últimas horas. É quase como se... –pensou se devia dizer a palavra, mas não encontrou um modo, ao menos não sem saber como ela se sentia.

— Eu... Acho que sei o que ia dizer. –deu outro triste sorriso. –Não tem que se desculpar. No fundo eu fiquei feliz com o que houve, eu esperava ansiosamente, mas estava com medo, sem saber o que fazer quando e se o momento chegasse. Fiquei em choque porque foi meu primeiro. –confessou.

— Quer dizer que eu...? –não esperava ter lhe tirado um marco tão importante. –Eu não sabia disso, não devia fazer isso com uma garota tão inocente ainda.

— Não tem mais importância. Foi bom ter sido com você. Talvez eu faça melhor da próxima vez. –disse com naturalidade.

— Próxima vez? –não acreditara no que ouviu. –O que quer dizer com...

— Vejam! Está na hora da última dança do baile! Venham, vamos logo! –Dawn interrompeu, levando todos para o salão principal. Ela sabia o que estava fazendo, era o jeito certo de pôr tudo de volta ao lugar. Pôs-se a dançar com seu incompreensível namorado, era uma música lenta, longa e romântica, muito agradável aos ouvidos, e estava perto de onde Barry guiava Alyssa com muita naturalidade, como se fossem feitos para aquele momento, um encaixe perfeito de seus corpos.

— Alyssa, está tudo bem? –perguntou sem que outros ouvissem, sem parar de dançar. Estava se saindo melhor do que esperava, mas ter uma parceira tão talentosa ajudava, ele pensou. –Não para de olhar para os lados, mais ainda, fica olhando o busto das outras mulheres daqui.

— Você... Notou? –ficou envergonhada. –Não imagine nada estranho, é só que fico pensando em como os meus são tão menores. Praticamente duas maçãs. –contou seu segredo.

— Não precisa se sentir mal por isso. Me parece que é perfeita desse jeito. –retirou uma das mãos da cintura dela para acariciar os cabelos alaranjados.

— Mas... –tentou protestar enquanto sentia um aquecimento em seu peito.

— E eu nunca te trocaria por nenhuma outra garota, nem mesmo de busto maior. –riu da expressão surpresa dela em ouvir uma frase dessas. –Sabe, eu acho que amo você, Alyssa.

— Eu... Também te amo. Eu te amo muito. –ali estavam. As palavras que ela queria ouvir um dia, respondidas com toda sua sinceridade. Com as notas da música diminuindo, se aproximaram facilmente para um beijo de verdade. Começou como o primeiro, mas enquanto a nobre de Johto pensava em como ele era fisicamente bem construído e com as costas mais largas do que ela achava antes, sentiu algo úmido e macio no seu lábio inferior, permitindo que a língua dele adentrasse e se misturasse à sua tão estreita e rósea. Sim, os dois tinham certeza do que havia entre eles. Talvez por falta de ar, talvez por se lembrarem de onde estavam, quebraram o contato. Sorriam com satisfação do que fizeram, quando três adultos formados apareceram: Palmer e os pais de Alyssa. Tinha algo estranho em suas expressões, como se estivessem muito contentes, mas escondendo algo.

— Estou vendo que se entendeu bem com Lady Alyssa, Barry. –o Magnata disse com certa malícia. Foi quando ocorreu ao treinador: será que eles viram aquilo?

— Minha querida Alyssa, parece estar se divertindo. –a ofuscante mãe se pronunciou.

— É... –a menina respondeu sem entrar em detalhes.

— Vocês dois, vamos direto ao assunto. –o pai dela interrompeu os outros dois.

— Tem razão, Sebastian. –Palmer se recompôs e concordou com o negociante. –Barry, nós três ficamos felizes que pareça ter gostado de Lady Alyssa.

— E parece que ela também gostou de seu jovem filho. –a mulher disse.

— Sim, Lindsay. É o que parece. –o pai de Barry queria continuar a contar o que devia para os mais jovens. –Continuando... Meu filho, eu insisti muito para que viesse esse ano ao baile, sabe disso.

— Mas o que isso tem a ver com Alyssa? –estava sem entender nada da presença deles.

— Eu também estava muito ansioso para que a família dela chegasse ao festival. E essas duas coisas têm muito a ver. A verdade é que Lord Sebastian, Lady Lindsay e eu tínhamos conversado muito antes do dia de hoje. No fundo nós sabíamos que vocês dois se dariam bem. –riu nervosamente.

— Mãe, pai, o que está havendo?! –a pequena loira se exaltou.

— Nós conversamos e decidimos que Alyssa será esposa de Barry, isso é, futuramente. –Sebastian concluiu.

— Então quer dizer que... Eu tive que vir porque me arranjaram uma noiva?! –foi a coisa mais estranha e surpreendente que ouvira o dia todo.

— Barry, sei que hoje em dia não se faz muito isso, mas nos pareceu a coisa certa. Por acaso não gostou?

— Eu... –olhou o rosto corado e olhos reluzentes da jovem à sua frente. –Eu adoraria tomar Lady Alyssa como minha esposa. –passou o braço ao redor dos ombros dela. –Mas só se ela quiser isso.

— Sim. –disse a palavra mais pura e certeira como sua resposta final.

— Obrigado. –ele sussurrou para ela.

— Eu realizei meu sonho de infância. –disse no mesmo tom para que só ele ouvisse. É, ela sentia que encontrou seu príncipe num baile, como sempre quis.

— Nossa! Não achei que veria algo assim! Meus parabéns! –a coordenadora de cabelo azul foi a primeira a correr e abraçar a nova amiga.

— Um casamento arranjado hun? Quem diria... –Paul disse com um tom que expressava vontade de sorrir. Era seu jeito de parabenizar.

— Estou surpresa também. Mas nada me deixaria mais feliz. –Alyssa se pronunciou com muita certeza.

— Não se preocupe, Alyssa. Prometo fazer você feliz. Você e todos ao nosso redor. Eu preciso de você. –beijou levemente a mão direita dela.

— Ei, Paul. –Dawn chegou mais perto dele. –Isso não é legal? Quando vamos nos casar também? –perguntou apenas para ver a expressão irritada dele. Ela apenas riu, mas sabia que eventualmente aconteceria.

E assim mais um festival de Twinleaf se encerrou.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que esteja boa como quando escrevi. Nessa não alterei nada da original.

L
Miss Alice