Diferentes mas iguais escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 32
Everything has changed


Notas iniciais do capítulo

Oii! Peço desculpa por não ter postado mais cedo, mas não tenho tido muito vagar, assim que espero que gostem.
Preferi demorar mais um bocadinho, mas postar um capítulo grande e com conteúdo. Além disso mudei a imagem de marca, achei mais apropriada esta, já que estão mais jovens e as imagens escolhidas refletem um pouco da personalidade de cada uma das personagens.
I hope you like it :)



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Hoje levei a Sophie para minha casa, ela não podia ficar com o Gale, estava demasiado sem paciência e preocupadíssimo, além de meio furioso com a decisão da irmã.

—Tio Peeta? - despertou-o da estrada e do olhar vazio.

—Diz, Sophie - respondeu-lhe com um sorriso.

—Eu vou poder dormir no quarto da Riley com ela? - questionou.

—Se quiseres e se ela também quiser, nós temos o quarto da Prim livre, podes ir para lá se quiseres! - e porque é que não se ouve nada a D. Primrose Everdeen? Porque ela foi o com Sr. Ryan Mellark de férias e ainda não deu sinal de vida.

—Ela pode ficar comigo! - ri-me da fala do Josh e olhei para o Peeta que arqueava a sobrancelha.

—Não! - negou o Peeta e o Josh olhou-o com confusão.

—Porquê? - eu estava a conter-me para não me partir a rir ali.

—Porque tu és um rapaz e a Sophie é uma rapariga, e as raparigas têm de conversar, por isso ela vai dormir no quarto de Riley, caso queira, caso contrário, dorme no da Prim! - acabou com o assunto e ele amuou. 

Chegamos então a casa, a Sophie foi para o quarto da Riley com a mesma e o Josh foi para o quarto dele jogar consola. Eu e o Peeta ficamos na sala abraçados.

—Tu ouviste aquilo? Aquele Josh vai ser um problema, nem quero imaginar quando crescer, mais um daqueles miúdos inconsequentes, eu tenho de ter muitas conversinhas sérias com ele! - gargalhei na altura sem parar. - Porque é que te estás a rir? Qual é a piada disto? Já percebi de onde vêm aqueles genes!

—A sério? É que não parece mesmo nada! O miúdo é igualzinho a ti, a fotocópia fiel e tu eras o quê? Aquele miúdo atiradiço que encostava miúdas aos cacifos, as seduzia e o resto... - expliquei-me.

—Pois eu era assim, mas mesmo assim não é o facto de ele vir a ser um namoradeiro de primeira, isso não me preocupa tanto, preocupa-me mais a onda que pode haver com a Sophie, isso é que me preocupa! - beijei-o, era óbvio que eram coisas de criança, e que os pensamentos deles já estavam a alcançar uma sujidade não suposta. O meu telemóvel começa a tocar e no visor era a Prim.

—Olá Katniss! - ela estava toda bem-disposta.

—Olá D. Primrose, com que então a menina está viva? - resmunguei irónica. - Para quem disse que ia ligar assim que o avião pousasse, demoraste muito tempo, cheguei a pensar que o avião nunca tivesse pousado!

—Desculpa, mas estivemos a instalar-nos e fomos conhecer a cidade e passou-me completamente, mas eu estou a falar contigo, não estou?

—Estás, pois estás! Espero que te estejas a divertir!

—E estou, o Ryan manda beijinhos para ti! - e aí estava uma boa oportunidade para pegar com ela, mas não agora.

—Diz-lhe que eu e o Peeta lhe mandamos beijinhos, e a ti também! Continuem a divertir-se! - está quase a chegar o momento.

—Sempre Katniss! Beijinhos para o Peeta! - eu olhava para ele e ele olhava para mim com cara de "Já percebi o que vais fazer!".

—Estão entregues, mas já agora Prim, não se esqueçam de usar preservativo! - o Peeta começa a rir e eu também pela reação dela que se deve ter ouvido na conchichina.

—KATNISS EVERDEEN!!!! - desliguei-lhe o telefone na cara e continuei a rir com ele como dois loucos.

—Foi boa aquela, tu gostas mesmo de provocar! - beijou-me o pescoço e eu mordi o lábio.

—Pois gosto, mas parece-me que não sou a única! - ri perante aquelas carícias deliciosas que ele me fazia.

—Eu? Sou muito inocente! - provocou de novo e eu gemi baixinho perante um apalpão.

—Para Peeta! Olha as crianças... Hum! - tentei fazê-lo parar, mas o mesmo não ligou.

—Mamã! Papá! Podemos ir... que é isto? - falou a Riley e ao ver o nosso estado o Josh tapa os olhinhos dela e ri para nós. Eu até riria se não estivesse tão embraçada.

—A mamã fez dóidói! - inventou o Peeta e ele vieram dar-me um beijinho igual ao pai, ri internamente.

—Mas onde querem ir? - foquei-me neles.

—Podemos ir pintar? - assenti e eles foram a correr para dentro e eu arregalei os olhos ao Peeta, que se limitou a rir de mim.

Resolvemos ir ver um filme, apesar de sermos muitas vezes interrompidos, ora por telefonemas, ora pelas crianças, realmente, eu não vou ter mais filhos. Era um filme sobre uma miúda que fugia de casa quando descobria estar grávida, o que nos trouxe o assunto da Johanna de novo.

—Como é que eu pude ser tão estúpido? – suspirou ele e eu olhei-o nos olhos, vendo o fundo daquelas íris azuis que eu amo, e que naquele momento transbordavam preocupação. – Que raio de exemplo é que eu dei à minha irmã? Eu dormi com quase todas as miúdas do colégio, e a minha irmã fez o mesmo, mas com os rapazes. Eu nunca pensei nas consequências, e ela também não, eu engravidei uma miúda, e ela engravidou dois anos depois, eu sinto-me culpado! Eu não quero que a minha irmã estrague a vida dela!

—Ei, calma! Eu percebo isso tudo, eu não sou a mais isenta de culpas da história, eu engravidei, tinha uma reputação muito conhecida e tentei fugir, ela limitou-se a seguir os nossos passos, inconscientemente, a Johanna cometeu os mesmos erros que nós, o que é lamentável, não devíamos ter sido nós o exemplo a seguir, esse devia ter sido o Gale, nós fomos um exemplo das consequências, que ela devia ter evitado ao máximo! Mas agora não há muito a fazer, é uma ida sem volta, ela quer uma volta sem ida? Então que agora deia a volta à vida e a vida voltará! – tentei retirar-lhe um bocado da culpa que ele tinha metida dentro da cabeça e que se recusava a sair.

—Tu não percebes Katniss? A Johanna não está preparada para isto, ela não consegue tomar conta dela, quanto mais de um bebé! – eu já estava a ficar um bocado cansada da história do “não estamos preparados”.

—Eu estou a ficar cansada dessa conversa! – ele lança-me um olhar incrédulo. – Que foi? Não me olhes assim! O Finnick veio-me com esta conversa, agora tu referes-te à Johanna assim, parece que estão a gozar comigo, só pode! Tu estavas pronto?

—E é isso que queres para o meu sobrinho ou sobrinha? Olha o pai que eu dei! – olhou-me no fundo dos olhos e eu pude perceber deceção, não sei se por ter a impressão de ser mau pai, de ter sido um mau exemplo, ou pelo meu comentário cruamente verdadeiro.

—Tu és um bom pai! Tu não estavas nada preparado, mas tu deves achar que todos sabemos automaticamente! Eu caí do sofá quando era pequenina! Os bebés não trazem um manual de instruções, tu vais aprendendo com eles e deles também, não podes exigir tanto de ti! Erros são normais, nós cometemos os nossos, mas estamos a crescer, nós crescemos ao acompanhá-los no crescimento deles! – ele não me parecia convencido. – Olha o meu exemplo! Katniss Everdeen, a rapariga rebelde, inconsequente e o que quiseres e mais um pouco, sempre metida em confusões, baldava-se às aulas, acompanhada do melhor amigo, fazia o que queria e acabava sempre metida em sarilhos. Aos 16 anos recém-cumpridos ela engravida do rapaz mais popular do colégio, o capitão da equipa de basketball, o charmoso e irresistível Peeta Mellark. Eles casam-se por obrigação, ela descobre estar grávida de gémeos, eles nascem e a vida dela muda de vez, eles divorciam-se, voltam, e estão agora a tentar dar o melhor deles para dar uma educação decente aos filhos. Se eu superei aos 16 anos, com uma vida toda estragada e com o secundário por acabar, o primeiro ano, aliás, ela com 17 anos, o secundário acabado, sem um casamento, com irmãos e amigos para a ajudar, amigos com experiência, diga-se de passagem, e outros a entrar nesta viagem, ela vai conseguir! – ele parecia estar irritado, já que se levantou e pegou nas chaves. – Onde é que vais?

—Ver se encontro a minha irmã grávida, desprotegida, a dormir sabe-se lá onde! Vou ver se encontro a minha irmã para lhe dar um bom exemplo antes de morrer, já que até agora, de bom exemplo, não tenho nada! – e saiu deixando-me com cara de taxo.

Feito isto resolvi fazer videochamada com a minha melhor amiga, com isto tudo da Johanna ainda não falei muito com ela sobre a gravidez, ainda por cima já sei que o Finnick está a desesperar, e ela deve ser outra que tal. Conecto-me no Skype e ligo-lhe, sendo atendida quase que de imediato.

—Kat, ainda bem que me ligaste! – sorri e ela imitou-me.

—Então, minha grávida ruivinha favorita, como vai essa gravidez? – ela suspirou.

—Bem, tirando a parte do vómito, e do mau hálito, e dessas coisas todas pelas quais tu passaste! – ri-me imenso com aquilo.

—Vês a angústia que foi? Não é fácil, mas olha que quando o meu sobrinho ou sobrinha nascer vai ser pior, vai-te despedindo das boas noites de sono! – avisei e ela bufou.

—Nunca pensei que estar grávida fosse tão complicado! – reclamou. – Peço-te muitas desculpas, devia ter acreditado em ti e ter sido menos chata!

—É uma loucura, não é? Há dois anos era eu, como é que é possível que já tenham passado dois anos? – sorrio meia abobada ao lembrar-me.

—É verdade, e uma loucura é maior é o facto de te teres casado há dois anos, e teres tido dois filhos, teres-te divorciado, mas voltado com o Peeta! – rimos juntas.

—Lembraste do colégio? – eu sei que é estranho eu ter passado quase uma vida a dizer mal do colégio, mas agora que ele é apenas mais uma recordação distante eu ter saudades e querer voltar.

—Claro! Lembro-me de andar lá desde pequenina, lembro-me do dia em que te vi com o Finnick nos corredores pela primeira vez, estavam a correr e a rir, vim mais tarde a saber que tinham pregado uma partida ao Haymitch – que nostálgia, naquele dia lembro-me de termos coberto a sala dele cheia daquele papel das bolhinhas.

—É verdade, bons velhos tempos! Porque é que nunca vieste falar connosco antes? – questionei, era algo que me aguçava curiosidade.

—Bom, tu eras um bocadinho isolada e ao mesmo tempo, muito rebelde, e confesso que tinhas um bocadinho a mania. O Finnick deixava-se arrastar nessas loucuras e não era muito diferente, além de que sempre achei que fossem namorados – abanei a cabeça negativamente.

—Eu admito que era assim, mas acho que podias ter vindo falar connosco mais cedo, eu provavelmente ia ficar de pé atrás contigo, mas o Finnick ia adorar-te! – comentei honestamente com um sorriso e nesse momento alguém entra.

—Annie Cresta e bebé Cresta Odair, trouxe o almoço para nós os três, um prego da rulote! – falou-se no diabo e ele apareceu. – Olha a minha irmãzinha KitKat! Então, como vai a minha mamã de gémeos favorita?

—Vou muito bem! Deixaste-me com uns desejos, eu comia dois desses quando estava grávida! Mas já agora, como vai o meu futuro-papá favorito? – nós continuamos com uns tratamentos esquisitos.

—Estou muito bem! Estás com desejos? Vê lá se não estás grávida! – ri com o comentário, mas nesse momento comecei a sentir-me meia nauseada.

—Achas Finnick? Já tenho dois filhos, chega-me e sobra! – tentei ignorar a preocupação que pairava sobre mim, mais um filho é que não, ou melhor, se fosse como da primeira vez, mais dois é que não!

—Não pareces muito convencida disso, achas que estás grávida outra vez? – arrepiei-me só de pensar, eu tenho 18 anos e tenho dois filhos com dois anos, não estou preparada para ter o terceiro, nem agora, nem nunca.

—Achas? Não Finnick, era só o que mais me faltava! – respondi de imediato.

—Pronto, mas aqui a grávida tem de ir comer, tchau Kat, boa sorte com as três criancinhas que tens em casa!

Ela desligou e eu fiquei a pensar, estava preocupada, estas náuseas, acho que não é preciso, pode ter sido da comida que me caiu mal! O meu problema é que não posso contar com a altura da minha menstruação chegar, ela está mesmo muito irregular desde que os gémeos nasceram, o que uma gravidez de rico faz, mas mesmo assim eu vou ficar alerta a mais sintomas, tenho é que ter calma!

—Peeta! – a porta abre-se nesse momento. – Encontraste-a?

—Não, não a encontrei, mas a sorte é que falei com algumas pessoas na rua que a encontraram. É provável que esteja em casa do pai da criança, se eu soubesse quem era, talvez pudesse pedir informações, mas ela nunca falou de nada, vou ver se arranco alguma coisa de uma amiguinha qualquer – nesse momento vou a correr para a casa de banho vomitar, ele vem atrás, aparentemente preocupado comigo.

—Estás bem, Katniss? – larga os meus cabelos e deixa-me lavar a boca.

—Estou, só estou um bocado enjoada, deve-me ter caído mal alguma coisa que comi – respondi e ele suspirou.

—Se continuar tens de ir ver isso, podes ter alguma coisa de mal, eu até falava com a minha tia, mas ela está de férias com as criancinhas – coçou a cabeça. – O melhor é ires deitar-te, descansar e quem sabe dormir, eu vou ver os miúdos, chamo-te quando o jantar estiver pronto. Vou avisar a Hazelle de que estás doente e pedir-lhe para que te faça alguma coisa mais suave.

—Obrigada Peeta, eu vou fazer isso – concordei e fui para o quarto.

Adormeci, não sei ao certo quanto tempo dormi, mas fez-me bem, estava cheia de sono e muito cansada. Acordei quando um ser moreno me chama.

—Kat! – custou-me a recuperar a visão, mas lá consegui, e reconheci-a de imediato.

—Clove! Que estás aqui a fazer? – era uma surpresa para mim vê-la ali, já que não me lembro de termos combinado nada.

—Vim jantar, o Peeta convidou-me a mim e ao Cato enquanto voltava da patrulha da procura da Johanna, o Cody está a brincar com a Sophie e os gémeos, e o Cato e o Peeta estão na sala a ver o jogo – informou-me.

—Ah, então vamos lá ter com eles – quando ia sair ela puxa-me pelo braço.

—Katniss, o Peeta disse-me que estavas doente, que tinhas vomitado, a Annie falou-me de um nervosismo quanto a gravidez, tu estás… - interrompi-a imediatamente.

—Não! Clove, eu tenho tomado a pílula, sempre que fazemos, era preciso muito azar! – pensei por momentos, mas eliminei aquele pensamento da cabeça de imediato. – Eu não posso estar grávida do terceiro filho aos 18, além do mais, realmente não há possibilidade, deve ter sido da comida que me deve ter caído mal.

—Tudo bem, vamos para a sala ter com eles! – fizemos o caminho ao corredor e quando chegámos à sala deparamo-nos com as crianças a brincar e com o Cato e o Peeta a falar sobre o jogo.

—Estás melhor, amor? – sorri quando ele se aproximou de mim e me beijou.

—Ainda um pouco enjoada, mas estou bem, estou cansada! – queixei-me e deparei-me com olhares da Clove, que ignorei por não querer meter mais minhocas na cabeça.

—Como é que estás cansada se acabaste de acordar! Quem te ouve falar até pensa que estás grávida! – será que todos tiraram o dia para me falarem sobre uma suposta gravidez?

—Estou só cansada com esta coisa toda da Johanna, ela ainda não me procurou, mas ela não deve estar muito longe daqui, tenho quase a certeza absoluta de que ela me vai procurar, e para isso precisa de saber onde estou – inventei uma desculpa qualquer, sendo que esta era credível o suficiente para despistar qualquer suspeita, já que eu já tenho as minhas.

—Vamos deixar-nos de assuntos tristes e vamos para a mesa! – entreviu o Peeta com cara de quem não queria tocar naquele assunto.

—Yeahh!!!! – animaram-se as crianças e foram lavar as mãos, nós fomos a seguir.

—Sabes o que me apetecia agora, Peeta? – sussurrei. – Um bife com ovo estrelado e batatas fritas.

—De onde é que veio esse desejo? – sorriu atraindo a atenção da Clove.

—Sei lá, olha apetecia-me mesmo! Mas o que é que vai ser o jantar? – perguntei.

—O jantar é panados com batatas fritas, mas se quiseres peço à Hazelle para te estrelar um ovo! – fiquei satisfeita e aceitei.

Fomos para a mesa, as crianças riam e brincavam, e os “adultos” conversavam. Para a sobremesa houve gelado de chocolate, estava tudo ótimo, uma boa conversa, uma boa companhia, tudo ótimo, até que sinto uma ânsia de vómito incontrolável e vou a correr para a casa de bano, onde vomito tudo o que comi.

—Acho que devias ir ao médico se realmente estás doente! – percebi a indireta da Clove.

—Não, deve ser só indisposição, ou na pior das hipóteses uma gastroenterite, não é necessário ir! – recusei, estava a começar a ficar preocupada.

—Katniss, começo a ficar preocupado contigo, tens a certeza que estás bem? – certeza, certeza, eu não tenho Peeta, mas pronto.

—Sim, fica descansado! Se quiseres peço ao Finnick para vir fazer-me companhia, ou à Annie, aproveito e vou ver como é que a chegada do meu sobrinho está a ser preparada – descansei-o.

Mais tarde eles foram embora, as crianças adormeceram e eu e o Peeta fomos deitar-nos. Adormeci com carícias no cabelo, acalmam-me e fazem-me dormir bem.

Acordo às 09:00 da manhã, dirijo-me à sala já vestida e arranjada, onde encontro a Hazelle a limpar.

—Bom-dia Katniss! O Peeta pediu-me para a informar de que já tinha deixado a vossa sobrinha em casa dos pais dela e que já tinha deixado a Riley e o Josh na creche. Pediu-me que lhe fizesse o pequeno-almoço, já que tem de se cuidar, está servido em cima da mesa. Ele fez questão que a fizesse comer tudinho! – deu-me o relatório completo.

—Obrigada, Hazelle! – agradeci com um sorriso.

—De nada, sabe que pode contar comigo sempre, é um prazer trabalhar para uns jovens tão simpáticos, conheço-vos há dois anos, e devo dizer que nunca trabalhei para pessoas tão maravilhosas como vocês! – soube tão bem ouvir aquilo.

—Hazelle não digas isso, até choro! – lágrimas vieram-me aos olhos, e eu não sou nada destes sentimentalismos. Ela retirou-se e foi arrumar lá dentro, comecei a tomar o pequeno-almoço, mas a campainha começou logo a tocar e eu fui abrir.

—Olá KitKat! – abraçou-me e deu-me um beijo na cara.

—Olá Finn! – dei-lhe passagem para entrar e ele fê-lo. – Estava agora a tomar o pequeno-almoço, também queres comer qualquer coisa?

—Não, já tomei em casa, sabes que agora que o pai e a minha mãe andam em viagem, vivo sozinho e tenho a casa por minha conta! – ri da reação descontraída que ele tem.

—Já eu, não tenho de os aturar desde que tenho 16 anos! – entrei na onda e ele meteu a língua de fora.

—Por falar nisso, eu soube que ontem andaste a vomitar e dormiste imenso, andavas muito cansada… que se passa? – oh não, já sei onde é que isto vai dar, e não gosto nada.

—Nada, devo ter passado mal, uma coisa passageira, nada demais! – comento desvalorizando e ele levanta uma sobrancelha, típico do Odair. Ele abriu a boca, mas não disse nada por ter sido interrompido pela campainha. Mais uma vez, levanto-me e vou abrir a porta, e o Finn aproveita e leva a loiça à Hazelle.

—Olá Kat! Vim saber se estavas melhor! – cumprimentou-me a Clove. -Oh, olá Finnick!

—Olá Clove! – cumprimentaram-se e sentamo-nos todos no sofá.

—Estás melhor ou não? – questionou mais uma vez.

—Sim, está tudo bem, estou normal, só passei mal! – tranquilizei-os.

—Tu estás estranha, parece que estás grávida de novo, o humor, a forma de estar, os enjoos, tudo indica que estás grávida, podes estar doente, mas podes estar grávida! – revirei os olhos.

—Relaxa Finn, eu estou como nos outros dias todos, e já vos disse a vocês que não estou grávida, é impossível, eu tomei a pílula sempre que eu e o Peeta fizemos, é impossível eu estar grávida! – parece que me contrariaram, já que assim que acabo de dizer isto vou a correr para vomitar. Atrás de mim estão o Finn a segurar-me nos cabelos e a Clove a chegar da sala.

—Acabou Katniss! Vais fazer este teste quer queiras, quer não! Nem que seja preciso eu ficar aqui contigo até o fazeres, mas tens de fazer o teste! – insistiu a Clove.

—Eu não vou fazê-lo, não quero! – recusei-me.

—Preferes ficar com as dúvidas nessa cabecinha que já deve estar a fazer um grande filme? – eu não ia voltar atrás, fazer aquele teste era impensável!

—Eu não tinha dúvidas até vocês começarem com estas coisas! – reclamei com eles.

—Vais fazer o teste e não se fala mais nisto, nós não vamos comentar nada sobre isto! – asseguraram-me.

—Saiam daqui, deixem-me sozinha, eu faço o teste só para mostrar que não há nada de anormal! – aceitei e eles saíram. Fiz o teste e por alguma razão estava nervosíssima para ver o resultado do teste. Saí e eles levantaram-se, lembro-me de fazer isto há dois anos, mas por alguma razão, as coisas alteraram-se ligeiramente.

—E então? – perguntou a Clove.

—O teste deu negativo! – mostrei-lhes e suspiramos de alívio. – Que alívio, nem queria imaginar-me com três filhos aos 18 anos, que raio de vida seria a minha? A de uma mulher de 40? E além do mais, eu bem vos disse que não havia nada para desconfiar, estou só com um pequeno vírus, está tudo ótimo!

—Cheguei mesmo a pensar que estivesses grávida, tinha esperança de ser tio de novo! – assumiu o Finn e eu abanei a cabeça negativamente.

—A sério, Finn? Preocupa-te antes com a Annie, com ela é que tens que te preocupar, não é comigo! – atirei-lhe uma almofada e a Clove riu. – E a menina Clove devia preocupar-se em não ter o segundo filho agora!

—A ti é que já não te apanhava de certeza! – atirei-lhe uma almofada.

—Olha que parva! – ela fez-se de indignada o que nos fez rir a todos. – Já agora, não há possibilidades?

—Não Katniss, eu e o Cato não vivemos juntos, pelo menos por enquanto! Queremos ir para a Faculdade fazê-la, arranjar um emprego estável e quem sabe aí casamos ou algo do género – explicou.

—Pois eu mal posso esperar por colocar a aliança no dedo da Annie, viver com ela e educarmos o nosso filho ou filha juntos! – arregalei os olhos.

—Quem és tu? O Finnick Odair que eu conhecia nunca casaria! – pus-lhe a mão na testa como se ele estivesse com febre, o que fez a Clove rir e o mesmo revirar os olhos.

—E tu e o Peeta? Quando é que se vão casar… outra vez? – paralisei, nunca sequer tinha pensado na possibilidade de me casar de novo, aliás, a possibilidade de me casar só pela primeira vez já era algo muito impensável, quanto mais pela segunda, e com o mesmo rapaz.

—Não falamos sobre isso, estamos bem assim, além de que os miúdos estão numa fase muito engraçada da vida deles e nós queremos aproveitar isso muito, mas mesmo muito bem. Parece que começam a descobrir-se pouco a pouco, mexem em tudo, falam, perguntam coisas… - sorri ao falar dos meus filhos. O telemóvel do Finnick toca, assim como o da Clove. Tiveram de ir embora, começou a chover imenso, nada bom, detesto chuva. A campainha volta a tocar e mal abro a porta assusto-me.

—Johanna! – nem tenho hipótese de dizer mais nada, ela abraça-me, tem as roupas e o cabelo encharcado.

—Katniss! Eu voltei para casa porque eu não sei mais que fazer, pensei em fugir, mas cheguei à conclusão que ficar sozinha com esta coisa não é o melhor e eu preciso da tua ajuda porque eu quero… - e ela não acaba a frase já que desmaia.

—JOHANNA! ACORDA! HAZELLE! – gritei e a mulher veio a correr. -AJUDE-ME! CHAME UMA AMBULÂNCIA AGORA!

—Sim, estou a ir! – ela apressa-se e rapidamente os paramédicos estão a levá-la numa maca, eu entro na ambulância com ela, e trato de dar as informações necessárias. Ligo para o Peeta em seguida.

—Olá amor! – cumprimenta-me docemente.

—Peeta! Tens de vir para o Hospital já! – ordenei-lhe.

—Que se passa? É alguma com os gémeos? É alguma coisa contigo? Estás bem? – preocupei-o, sou mesmo uma excelente namorada.

—Não é nada disso, a Johanna apareceu lá em casa e desmaiou à porta, avisa o Gale e vem já para o Hospital! – contei mais detalhadamente.

—Sim, eu vou já para aí! – desligo e em poucos minutos estamos à porta das urgências.

—17 anos, grávida, desaparecida há uns dias, desmaio – o paramédico deu as instruções aos médicos. Eu vou atrás deles, estou preocupada com o meu sobrinho, ou sobrinha, e com a minha cunhadinha.

—Desculpe, mas não pode acompanhá-la, terá que aguardar por notícias na sala de espera. Qualquer novidade nós informamos – impediram-me de passar e eu ponho as mãos nos cabelos dirigindo-me à sala de espera e caminhando.

—Amor! Como é que ela está? – dirigiu-se o Peeta.

—Não sei, temos de ficar a aguardar novidades, nada de muito concreto até agora! – bufei. De repente começo a sentir uma dor no ventre, uma dor que só senti uma vez na vida, o que me deixa preocupada. Coloco a mão sobre o local.

—Amor, estás bem? – perguntou-me.

—AH! – gemo com a dor. – Estou cheia de dores Peeta, não me estou a sentir bem. AI!

—Ajudem! A minha namorada está cheia de dores! – de imediato uma enfermeira dirige-se a nós.

—Ela tem tido alguns sintomas mais estranho nos últimos dias? – perguntou.

—Sim, ontem andou a vomitar, e anda meio enjoada nos últimos dias. Não sei se é do nervosismo, mas faça qualquer coisa! – levam-me dali para uma sala de ecografias. Mas a última coisa que me lembro é de ouvir “Estamos a perdê-la”.

Acordei um tempo depois. Estava sozinha. Passado uns minutos, o médico e o Peeta entraram.

—O que é que se passou? – perguntei ao meu namorado.

—Não sei, o doutor disse que queria dar-me a notícia quando estivesses acordada, por isso fui ver a minha irmã. Felizmente, ela e o meu sobrinho estão bem! – ele parecia aliviado, mas ao mesmo tempo angustiado, assim como eu.

—Calma, jovens! Está tudo bem com a Srta. Everdeen, e com o bebé também, é uma gravidez de risco devido à última gestação, mas vai correr tudo bem, desde que haja muito descanso e uma boa alimentação, vai ter aí um bebé forte e saudável! – esperem lá, que bebé?

—Como assim gravidez de risco? Eu estou grávida? Desde quando? Andam-me a chatear com esse assunto, eu fiz um teste esta manhã e deu negativo, é impossível deve haver algum erro, só pode! – comecei a entrar em pânico.

—Tenha calma! Não há erro nenhum, a Srta. Everdeen está grávida de 12 semanas, não há dúvida alguma! Talvez não tenha notado porque a sua menstruação ficou muito alterada desde o nascimento dos gémeos, mas eu tenho a certeza absoluta, os exames de sangue não deixam margem para dúvidas, já agora, temos de aproveitar e fazer uma ecografia pélvica, peço-lhe que beba esta garrafa de água e que aguarde aqui, mais tarde viremos aqui buscá-la – não, não, não! É impossível, eu não quero outro filho e eu não posso ter outro filho. O médico sai da sala e ficamos eu e o Peeta, e o que aí vem. Começo a chorar, não é possível, estou desapontada, precavi-me, mas talvez não tenha sido o suficiente.

—Ei! Lembras-te de dizeres que a Johanna ia conseguir? E que o Finnick e a Annie também? Então nós também vamos, aliás, já fomos uma vez, não é agora, que nem sequer são gémeos e que temos mais estabilidade, maturidade e idade, que não vamos conseguir! Se aos 16 anos, casada, dependente dos teus pais, com o secundário todo pela frente, grávida de gémeos e imatura tu conseguiste, não é agora, aos 18 anos, com um namorado, independente, com o secundário terminado, dois filhos a ser criados e responsável que não vais conseguir! – abraçou-me e eu chorei.

—Eu não queria outro filho, eu queria que as coisas continuassem como estão agora! Eu tenho 18 anos, mas na prática, a minha vida é a de uma mulher com 40 anos! – resmunguei.

—Vá, bebe a água, temos de ir ver se o nosso filho, ou filha está bem! – encorajou-me, é tão bom tê-lo ao meu lado desde o início, as coisas são realmente diferentes agora. Passado uns minutos levam-nos para a sala das ecografias, deito-me na maca, e o Dr. Aurelius está lá com um sorriso.

—Vejam só quem temos por aqui, e ainda diziam que não queriam outro! Parabéns! – sorrimos de volta, ele aplicou o gel na minha barriga e eu dei a mão ao Peeta.

—E então, está tudo bem? – indagou o Peeta de imediato. – Já dá para ver o sexo?

—Sim, papá! Está tudo ótimo com o bebé – tranquilizou. – Quanto ao sexo, não, ainda não podemos saber se é menino ou menina, vamos ter de esperar até ao próximo mês. Já sabem que quero ver-vos com muita regularidade, então daqui a três semanas vemo-nos. Até lá muito repouso, alimentação saudável e muito cuidado.

—Assim seja, obrigada e até à próxima consulta! – agradeci e saímos os dois. A ficha ainda não caiu, mas a realidade é que sei que a minha vida vai mudar ainda mais, o meu terceiro filho está a caminho, só espero que nasça com saúde e que corra tudo bem, quer durante a gravidez, quer durante o parto. Mais uma volta de 180º na minha vida, e o responsável é mais uma vez o Mellark.


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Notas finais do capítulo

Wow! Johanna aparecida, Finnick romântico, Clove desconfiada, e agora? A Katniss e o Peeta estão a embarcar na viagem do terceiro filho, como será que lhes vai correr? Como se chamará? Será menino ou menina? Tantas perguntas a serem respondidas nos próximos capítulos a não perder!
Espero que gostem :)



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