Thranduil encontrava-se em seu trono, as pernas cruzadas, os cotovelos apoiados nos braços de madeira e o queixo segurado pelos dedos finos e longos. A expressão parecia tediosa, porém, àqueles que realmente o conheciam sabiam que aquele olhar vagando no nada transmitia toda a tensão que tomava conta de si.

                O Grande Rei da Floresta das Trevas nem percebeu a pequena criatura de cabelos platinados se aproximar. Apenas os puxões em sua túnica o despertaram de seus devaneios.

— ADA! – o pequeno príncipe berrou, demonstrando a urgência em ter a atenção do pai.

                O elfo mais velho levantou o filho e o colocou sentado em seu colo.

— O que o meu pequeno faz aqui? Não devia estar dormindo?! – Encarou a criança em sua expressão mais serena possível.

                Legolas respondeu com um sorriso travesso. Thranduil sabia que ele estava crescendo rápido. Desejou que sua esposa estivesse lá para vê-lo.

—Ada, o que são “Amões”?! – Ele fez uma expressão curiosa que fez o pai explodir em uma gargalhada.

                O príncipe não entendeu o motivo da gargalhada o que o fez franzir as sobrancelhas e Thranduil riu ainda mais. Apesar do esforço, era ainda muito novo para pronunciar tudo corretamente.

— Ion-nin, você está ficando mais esperto a cada dia! – Ele exclamou e deu um pequeno beijo no topo da cabeça de Legolas.

                É claro que os burburinhos sobre a comitiva de anões que viria até o reino chegariam aos ouvidos do pequeno. Desde que a carta fora entregue, a visita “diplomática” de Thror era o assunto mais comentado. E, se bem conhecia seu filho, sabia que era atento à tudo que acontecia no reino, apesar da pouca idade. Assim como ele fora um dia, um legítimo herdeiro do trono.

— Anões, Legolas, são criaturas pequenas, roliças, barbudas e barulhentas. Comem, bebem, falam demais. E roncam quando dormem!

                Os pequenos olhos azuis se arregalaram como se se estivessem descoberto a coisa mais importante de sua vida. Até seus lábios estavam entreabertos demonstrando tamanha surpresa. O rei riu e fez um cafuné nos cabelos tão claros quanto os seus.

—Eles são peligosos?

— Não, não são... Eles só fingem ser...

                A expressão de Legolas se fechou em uma careta. A descrição que seu pai lhe deu sobre essas criaturas não lhe agradou nem um pouco.

— Eu não gosto de amões, Ada!  - Ele cerrou os punhos e golpeou o ar.

— É claro que não, ion-nin. Você é Legolas Thranduilion, Príncipe da Floresta das Trevas, afinal.

                Um sorriso iluminou o pequeno rosto e Legolas saltou do colo do pai saindo correndo pelos corredores. Desapareceu logo da vista do rei, que ficou rindo internamente e com uma expressão esperançosa estampada na face.