Meus sonhos dês de pequeno haviam sido de uma tonalidade só: CINZA.

Todas as coisas em que eu pensava, até o meu lema “ Não faço nada que não preciso , o que tenho que fazer  , faço rápido.” haviam sido virados de cabeça para baixo quando meus olhos cruzaram com os de Chitanda Eru pela primeira vez.

Por mais que eu quisesse continuar sendo desse jeito, mentia para mim mesmo quando sabia de toda a verdade.

Não queria mais ter essa vida com os tons de cinza. Queria ter uma vida colorida quando seus olhos violetas irradiando luz... olhavam para os meus.

Com o passar do tempo veio também os meus desejos escondidos que sentia cada vez que eu olhava mais, e mais  para ela. Eu desejava beijar levemente o seu pescoço , sentir o cheiro de seu cabelo macio e encostar minha cabeça em seu colo.  E isso fazia a minha perna bater impacientemente no chão, meu coração batia mais forte sobre o peito e eu suava frio quando via o cabelo dela cair sobre o seu pescoço delicado,sentia o perfume dela no ar ,  e também quando pegava em minha mão, quando sorria para mim, e é  lógico , quando quebrava o perímetro de contato com as pessoas comigo. Ela chegava tão , tão perto que me fazia pensar que me beijaria ou eu a beijaria .

E isso me fazia pensar em como ela era linda , tão linda que me tirava toda a idéia de poupar energia , de querer fazer tudo o que pudesse para saciar  a curiosidade gulosa dela do meu caminho de conquistar o seu coração.

Era um começo de tarde quando entrei no clube de literatura clássica quando vi seu rosto de perfil olhando na janela.

Será que a vida de tom rosado ...tinha esse significado... de ter cor de paixão?

Seu rosto de beleza pálida intocada  se virou , notando a minha presença. Seu sorriso brotou sobre seu rosto. E meu coração começou a palpitar como um trovão.

Como eu poderia resolver esse mistério que estava escondido em meu ser?

Ela sussurra um olá para mim.

Caminhei com dificuldade até a minha cadeira favorita que fazia eu ficar frente à frente com Chitanda.

Seria tudo uma confusão na minha cabeça?,pensei enquanto olhava na mesma direção que ela havia olhado a poucos minutos, mas quando virei encontrei , mais uma vez , aqueles olhos olhando para mim.

O que minha irmã Tomoe sabia sobre esse sentimento que era combinado com desejo, paixão e luxúria ?

“ Você sabe o que é o amor, Chitanda?”, quis perguntar para ela. Não. Mordi meus lábios , impedindo de tentar fazer essa pergunta idiota.

De nenhuma teoria me ajudaria para tentar abordar sobre esse assunto,  com certeza. Porque me conheço melhor do que ninguém . Teria vergonha, não, é mais do que isso. Tinha medo de que ela notasse tudo o que estava acontecendo comigo e não correspondesse a esse sentimento.

Eu , o de antes,  acharia que o amor seria uma coisa que nunca iria admitir sentir por alguém ... isso é para os fracos e tolos.

Isso faria você ter lembranças do colégio , mais tarde.

Mas eu não entendo por que esse sentimento me sufoca o peito?

Por que sinto esse desejo intenso em beijar a Chitanda com os meus lábios amargos e cinzas nos dela que parecem tão rosados e doces?

— O amor para mim, Oreki- san , é afeição baseada a admiração e devoção . – disse como se tivesse lido os meus pensamentos. E eu deixei que ela continuasse . - E eu sempre admirei muito você, de todo o meu coração e agradeço por você ter estado em cada dia , me ajudado no mistério que meu tio estava envolvido com a escola, agradeço sempre por você sempre conseguir resolver as minhas dúvidas .

— Você pode me agradecer com um beijo . – Não acreditei quando aquelas palavras saíram de minha boca maldita.

Seu rosto ficou totalmente avermelhado. Chitanda desviou seus olhos dos meus, pela primeira vez. Depois de um tempo, ela voltou a olhar para mim com aquele brilho de que não conseguiria mais parar de pensar naquilo, e começou andar, se dirigindo para mim.

Chitanda se aproximou baixando o seu rosto para perto dos meus lábios .

Suas mãos quentes tocaram delicadamente meu rosto cinza. Fiquei tão perdido com aquele toque quando senti seus lábios quentes e doces sobre os meus. O ar faltou-me em meus pulmões . Então , seus lábios se abriram,    se fecharam e se abriram de novo, gentis e doces  sobre os meus.

Eu nunca senti isso. Nunca havia visto tantas cores unidas em um sentimento, em um momento.

Ela era mesmo minha alma gêmea .

Seus lábios tinham o  sumo  da fruta madura.

Inclinei-me para mais perto dela, e agarrei seu corpo de calor cálido , que há muito tempo havia desejado abraçar, em meus braços. Suas pernas envolveram-me em torno da cintura. Então seus lábios levaram os meus outra vez pelas nuvens, antes de recuar.

—Acha que isso bastaria?

Estava perplexo. Queria muito mais.

—Não. Eu desejo mais.  – respondi sincero. E com o rosto avermelhado.

—Quer dizer... – ela balançou a cabeça antes e terminar o que ia dizer que parecia ser um pensamento intimo  e riu de si mesma.

Ela voltou a pressionar seus lábios contra os meus de novo. Fiquei tão surpreso de receber outro beijo como aquele que pensei que poderia morrer . Envolvi os dedos nos cabelos macios dela, chocado comigo mesmo, do que eu era capaz de fazer.

Meus lábios passaram dos seus para o pescoço macio dela. Ela gemeu baixinho roubando toda a minha concentração.

Sem pensar , ela puxou a minha camisa para cima revelando todo o meu abdômen .

Seus dedos delicados como plumas desceram do meu pescoço para tocarem em meu peito. Estava ficando tão quente aquela sala.

Seus olhos violetas belos e   inocentes se  abriram e  esbugalharam- se  diante da visão do meu corpo. Ela sussurrou uma frase cheia de amor em meu ouvido.

—Você é tão lindo, Oreki-san. – Gemi diante daquele elogio que arrepiou meu corpo e meu ser.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa para ela, um barulho soa em meus ouvidos.

Eu abro meus olhos.

Pipipipipi.

Era o despertador. Fora tudo um sonho.

Ergo o meu braço direito até o despertador e aperto o botão de despertar.

No despertador estava marcando 7 horas. O sol estava irradiando sua luz idiota sobre a minha cama confortável . Infelizmente era hora de levantar , antes que meu pai me chamasse para fazer as tarefas da casa apesar de ser uma manhã de domingo em que tudo que gostaria de fazer era voltar para as cobertas que estavam me chamando  e sonhar em me unir  naquele sonho rosado outra vez.

 E dizer as palavras que há muito tempo estavam entaladas em meu peito.
Eu te amo.