Time Travel escrita por Lyn Weiss


Capítulo 2
1982


Notas iniciais do capítulo

Olá denovo! Então, esse capítulo não tem muita coisa, é só pra vocês conhecerem um pouco da personagem mesmo. Mas o próximo irá compensar, prometo. Boa leitura. ^^



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— Skyler!

A voz da minha mãe foi ficando mais clara à medida que eu acordava

— Sky, acorde, querida. Vai se atrasar! — meus olhos se arregalaram quando lembrei que hoje é segunda-feira, e eu havia perdido a hora. Levantei em fração de segundos, coloquei a primeira roupa que vi e saí correndo. Peguei as chaves, saí do apartamento e entrei no elevador. Fiz tudo isso tão rápido que fiquei ali ofegante, e odiando meu pai por ter comprado um apartamento no andar mais alto do prédio. Quando finalmente cheguei ao térreo, saí correndo com a mochila nas costas até o carro dos meus pais. O motorista já estava ali esperando. Acho que se ele correr consigo chegar à escola antes do segundo período.

— A senhorita está bem? — perguntou ele vendo que eu estava cansada.

— Ah, estou sim, não se preocupe. — respondi. Leonard é um amigo de longa data dos meus pais, e é um dos únicos empregados que eu confio.

Depois de um longo trajeto, consegui chegar à escola antes de fecharem os portões.

— Obrigada, Leo. Até depois. — disse rapidamente, saí do carro sem nem dar tempo de Leonard responder e corri para dentro. Não tinha mais ninguém no pátio, todos já estavam nas salas. Droga! É a primeira vez que isso acontece comigo. Fui até minha sala o mais rápido possível, e quando cheguei, todos viraram os olhos em minha direção, inclusive o professor. Senti-me uma celebridade, mas fiquei morrendo de vergonha. Afinal, estudo ali há anos e nunca me atrasei. Sempre fui muito ''certinha''. Não costumo me arriscar. Talvez seja porque eu sou filha de pais ricos e fui criada assim.

Olhei no fundo da sala e minha amiga, Anna, acenava para eu me sentar ao seu lado, e assim fiz.

Anna é exatamente o oposto de mim. Ela é toda louca e alegre, e adora aventuras e desafios. Ela é minha melhor amiga desde que me conheço por gente e eu sei que posso contar com ela sempre, mas às vezes desconfio que ela tenha alguns parafusos a menos.

— O que aconteceu? Você nunca se atrasou. — perguntou ela sussurrando, pois a sala toda estava quieta.

— Eu sei, perdi a hora. — respondi no mesmo tom.

— Espera aí! — disse fingindo espanto — Skyler ''Certinha'' Jones perdeu a hora? — eu quase ri da sua cena teatral — Estamos realmente no fim dos tempos.

— Engraçadinha. — disse segurando a risada pra não me ferrar mais ainda.

O resto da aula foi normal, entediante como sempre. E, como sempre, a sala toda saiu correndo quando ouviu o sinal bater. Eu estou no segundo ano do ensino médio, mas às vezes parece ainda estou no fundamental. Eu e Anna ficamos sentadas esperando aquele povo todo sair.

— Hey, o que acha de irmos a uma sorveteria? morrendo de fome. — disse Anna mexendo nos cabelos loiros.

— Sorvete não vai matar sua fome. — respondi e respirei fundo. Não estava a fim de ir para nenhum lugar que não fosse minha casa. Não sei por que, mas estava sentindo certa angústia desde que acordei. Deve ser normal em garotas da minha idade.

— Então vamos? — disse ela como se não tivesse ouvido o que eu disse. Acabei cedendo, Anna consegue convencer qualquer um.

Avisei Leonard que iria para casa depois e fomos até a sorveteria. Eu gostava de ir ali. Não pelo sorvete, mas porque tinha uma decoração retrô que lembrava a década de 60, e eu amo os anos 60. Sentei em uma mesa perto da janela enquanto Anna foi pegar seu precioso sorvete. Eu não iria pegar nada, estava totalmente sem fome, estava ali mesmo só fazendo companhia.

O lugar estava quase vazio, a não ser pelos funcionários, uma mulher com três crianças, duas meninas e um menino, e um senhor de bigode usando óculos de sol e um chapéu de palha. Estranhei os óculos e o chapéu, pois ali dentro não batia raios de sol e estranhei mais ainda quando ele deixou cair o que quer que estivesse segurando quando olhou para mim, e ficou ali me encarando de boca aberta durante uns 2 minutos. Eu teria saído dali rapidamente se Anna não tivesse chegado com seu sorvetão. Ela demorou uns 5 minutos para chegar à metade do sorvete, e aquele velho continuava me olhando com cara de quem viu um fantasma.

— Anna, — disse já impaciente com sua demora — será que você pode acelerar um pouco?

— Por quê? — perguntou com a boca cheia.

— Aquele cara ali — me inclinei até ela e disse com a voz mais baixa — não para de me olhar desde que chegamos aqui — ela fez uma cara maliciosa, achando que era algum rapaz da nossa idade. Mas mudou a expressão para preocupada quando virou e viu quem era.

— Vamos. — disse com o tom de voz mais sério e se levantou, deixando metade de seu sorvete na mesa. Eu também me levantei, peguei minha bolsa e saímos dali quase que correndo. Sorte a minha ter uma amiga que se preocupa comigo.

Depois disso, ela foi para casa e eu fui em direção ao meu prédio, andando rápido pelas ruas movimentadas.

Cheguei, entrei no elevador e subi. Quando entrei no apê parecia que não tinha ninguém, mas como ali é grande, sempre parece estar vazio. Liguei a TV e me joguei no sofá. Esperava relaxar depois do que passei - ou quase passei - na sorveteria, mas o que eu vi no noticiário me deixou ainda mais tensa.

Era um idiota dizendo que tinha provas de que Michael Jackson não estava morto. Claro que não acreditei, não era o primeiro babaca que tentava ganhar dinheiro em cima disso. Mas, bem, qualquer coisa que envolva o Michael ainda me deixa muito abalada. Pensar nisso fez meus olhos lacrimejarem. Balancei a cabeça e respirei fundo para me recompor, desliguei a TV e fui pro meu quarto. Precisava falar com Anna.

 

***

 

— Isso ainda mexe muito com você, né? — disse ela no telefone. Estávamos conversando há horas, e eu tinha acabado de contar a ela o que eu vi na televisão e como me senti depois.

— Sim, muito... — minha voz saiu mais triste do que eu esperava — Mas bola pra frente, né? Eu tenho que pensar no meu futuro.

— Ou... — ela fez uma pausa, parecia estar pensando em algo — Ou você pode mudar o passado.

— Como é?

— Já pensou se você pudesse voltar no tempo e mudar tudo? Poderia impedir a morte de Michael Jackson! — eu não acreditava no que estava ouvindo. Não consegui me segurar e comecei a rir muito.

— Caramba, você tem cada ideia, garota! — disse me recompondo — Ah, vamos dormir. Amanhã temos aula e não quero me atrasar de novo.

— Ok, ''senhorita certinha''. Boa noite. — disse e desligou o celular. Vesti meu pijama e me joguei na cama. Havia sido um dia longo e eu estava cansada, mas o que Anna disse me fez pensar. E se eu pudesse voltar no tempo? Eu teria a chance que nunca tive de conhecer Michael e ainda de impedir sua morte.

Mas, bem, eu sei que isso é completamente e fisicamente impossível, por isso afastei essas ideias da minha mente e tentei pegar no sono.

 

***

 

Abri os olhos lentamente e olhei em volta. Estava escuro. A música que se ouvia ao fundo ficava cada vez mais alta. Foi quando as luzes acenderam e eu consegui ver onde estava. Era um teatro, só que mais antigo que os atuais, e eu estava no palco. A música cada vez mais alta. Estava tocando I Want You Back, dos Jackson 5. E eu não estava entendendo nada.

As luzes do palco estavam ligadas, mas o teatro continuava escuro. A única coisa que se conseguia ver dali era uma silhueta no meio dos bancos. Não dava pra ver quem era. Consegui apenas distinguir a silhueta de um homem, alto e magro.

Ele começou a se aproximar do palco. Estava quase vendo seu rosto...

 

***

 

Acordei com o som estridente do despertador. Havia sido um sonho. Está explicado, eu nunca tenho sonhos normais.

Sentia uma tontura forte, parecia que eu havia ficado girando no mesmo lugar durante umas 10 horas, e uma dor de cabeça aguda. Quando finalmente consegui abrir os olhos, desliguei o despertador, sentei na cama e olhei em volta, e o que eu vi quase me fez cair no chão.

Tinha o mesmo tamanho, as janelas estavam no mesmo lugar, mas não parecia o meu quarto. Não era meu papel de parede, nem os mesmos móveis. Até a cama havia mudado. De início pensei que era uma pegadinha, mas seria preciso muito mais do que uma noite inteira pra mudar tudo no meu quarto e sem me acordar.

Levantei da cama e fui até a janela. Estava sol. Não é possível, estávamos em fevereiro, ontem mesmo estava nevando. Sem falar que estava quase tudo diferente na cidade.

Eu estava começando a ficar assustada. Já vi histórias de garotas que foram drogadas e traficadas. Mas eu conhecia Los Angeles, e conhecia meu apartamento, e eu estava lá, não em outra cidade ou outro país. Saí do quarto e andei pelo apê procurando meus pais, mas eles não estavam. A mobília estava toda trocada.

Ouvi uma movimentação estranha do lado de fora e resolvi sair pra ver o que era, nem me lembrei de trocar de roupa. No corredor, mulheres vestidas de camareiras andavam pra lá e pra cá. Eu nunca vi isso no meu prédio antes. Entrei no elevador, que também estava diferente, e desci até o térreo. E lá, um pessoal que eu nunca vi na minha vida entrava e saía sem parar.

— Senhor, com licença. — disse a um cara no balcão que eu também não me lembro de trabalhar ali — O que está acontecendo? Quem é toda essa gente?

— Moça, — ele me olhou como se eu fosse louca — isso aqui é um hotel, é normal estar lotado.

Eu não estava entendendo mais nada. E a tontura que eu ainda sentia também não ajudava em nada, estava quase caindo ali mesmo. Só podia ser mais um sonho estranho meu.

Eu ia sair pra ver se eu entendia alguma coisa do que estava acontecendo, mas lembrei de que ainda estava de pijama. Fiquei ali parada com cara de mosca morta até ver um cabide perto da porta com um sobretudo preto pendurado e sapatos scarpin. Olhei em volta para ter certeza de que ninguém estava olhando e vesti-os.

Saí do ''hotel'' e senti um vento agradável. Estava sol, mas não estava calor, parecia outono. Mas estávamos no inverno. Jesus, será que eu estou ficando louca?

Eu não sabia o que fazer então comecei a andar por aí, até ver uma banca de jornal. Pedi um para ler e tentar entender alguma coisa, e a primeira coisa que olhei foi a data.

4 de novembro de 1982

Eu juro que quase caí dura no meio da calçada. Não era possível, tinha que ser uma pegadinha.

— Moça, — perguntei à mulher que trabalhava na banca — isso pode parecer estranho, mas... em que ano estamos? — ela me olhou de um jeito estranho, claro, e respondeu de forma seca:

1982.


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Notas finais do capítulo

Roupas da Sky:
http://www.polyvore.com/cgi/set?id=190320142
http://www.polyvore.com/cgi/set?id=190321380



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