Desde que voltei a morar com meus pais eles tentam das formas mais sutis me convencer que o melhor que eu posso fazer é voltar a trabalhar na empresa, que eles precisam da minha ajuda e todo aquele blábláblá que eu escuto desde sempre.  Apesar de ninguém estar me forçando a nada aqui e nem brigas tivemos nesse último mês eu sentia falta de ter um lugar só meu. Sentia falta da companhia da Sakura, pois até na faculdade não tinha mais visto a minha ex-namorada.  Graças a Karin fiquei sabendo que ela estava com Itachi agora. Estranhei, mas deve ser verdade se a noticia veio da boca do Uchiha. Quando fui ao escritório falar com meu pai que queria me mudar para um apartamento só meu notei que ele e minha avó conversavam sobre Sakura, então resolvi escutar atrás da porta. Nunca tinha feito isso na vida, mas se eu aparecesse certamente eles mudariam de assunto.

— Acho que em pouco tempo vamos conseguir convencer Gaara a voltar a trabalhar na empresa. – dizia vovó Chiyo

— Eu ainda acho que com a ajuda daquela Sakura nós teríamos conseguido nosso objetivo mais rápido. – dizia meu pai

— Mas ela se recusou a nos ajudar. Disse que não era justo com Gaara.

— Ela te afrontou muito.

— Sim, ela disse que Gaara tinha o direito de escolher o que fazer. Mas ele não precisa afinal o destino dele já está decidido. – eu não acreditava que aquelas palavras estavam saindo da boca da minha avó

— Falta só ele perceber que o futuro dele é na presidência da empresa e não como dentista num consultório qualquer. – nessa hora vi que já tinha escutado demais e resolvi interferir, já estava furioso e chocado, porque eu me virei contra Sakura, porque acreditei na minha avó

— Quer dizer que o meu futuro já está decidido? – perguntei encarando os dois surpresos por minha chegada

— Quanto ouviu da conversa? – meu pai perguntou

— O suficiente pra desmascarar todos vocês. – disse furioso - Do senhor papai eu já esperava qualquer coisa, mas a senhora vovó foi uma grande decepção. Eu te defendi! Eu larguei a mulher que eu amava porque achava que ela tinha te desrespeitado e olha só o que eu recebo em troca? Mentiras.

— Meu neto, eu só estava preocupada com seu futuro. Não queria te ver como um simples dentista. Você merece algo maior como a presidência da empresa e também merece uma mulher mais refinada.

— Você quer dizer que eu mereço apenas dinheiro não é? E a satisfação pessoal? E o amor verdadeiro? É tudo mito? Eu me orgulhava de tê-la como avó. Te achava sábia. Agora eu vejo uma mentirosa, um monstro que acha que eu não sou capaz de tomar minhas próprias decisões. Eu não sou um fantoche dessa família.

— Gaara, não faça isso. Somos sua família e precisamos de você. – vovó Chiyo implorava

— Eu não preciso mais de vocês. Eu vou embora daqui agora mesmo.

— Você não tem dinheiro pra conseguir um bom apartamento. – disse meu pai

— Prefiro morar no meio da rua a continuar aqui com tanta mentira. – Saí direto pro meu quarto e arrumei uma mala com coisas suficientes pra ficar algum tempo fora, então minha mãe veio tentar me impedir

— Gaara, não vá. Sua avó se excedeu, mas fez tudo pelo seu bem.

— Você não pode falar nada mamãe, pois é cúmplice deles. Vocês não podiam, não tinham o direito de me manipular desse jeito.

— Nós só queríamos que você voltasse pra casa e assumisse a empresa.

— Agora vocês conseguiram é me afastar de vocês pra sempre.

— Você está indo pra onde? – minha mãe perguntava preocupada

— Pra qualquer lugar. – disse e saí de casa, no corredor esbarrei em Temari e Sasori

— Pra onde vai Gaara? – Temari queria saber

— Não sei, quando souber te aviso.

— O que aconteceu? – perguntava Sasori

— Descobri as mentiras da nossa amada vovó. Tenha cuidado Sasori ela não te quer na presidência, e também não querem a Temari. Se unam. – disse e saí de lá, pois não aguentava mais o ar pesado que aquela casa tinha.

Peguei meu carro e saí às pressas de lá. No caminho fiquei pensando nos erros que cometi. Tinha errado com a Sakura. Ela estava certa, pois minha avó não era quem eu pensava.  Fiquei dirigindo pela cidade sem rumo por algumas horas. Precisava pensar no que faria, precisava de algum lugar pra ficar, mas antes de ver isso decidi que iria até a casa da Sakura para pedir perdão. Era o mínimo que eu poderia fazer. Quando cheguei lá e subi, fiquei algum tempo em frente à porta sem saber se tocava a campainha. A verdade era que me faltava coragem de encarar Sakura depois de tudo que eu disse a ela. Contei até dez, respirei fundo e então apertei a campainha. 

— Que surpresa revê-lo aqui Gaara. – disse me olhando ainda sem saber o que eu pretendia ali

— Posso entrar Sakura? – pedi

— Claro. – deu espaço e então entramos e me acomodei no sofá, ao olhar o apartamento vi que ele estava exatamente igual quando eu tinha saído, afinal não fazia tanto tempo assim. Tinha um mês e alguns dias que havia me mudado para a casa dos mentirosos.

— O apartamento continua igual. – disse e coloquei um sorriso no rosto

— Não achei que fosse necessário mudar nada aqui depois que você foi embora. – disse simpática – O que você veio fazer aqui?

— Eu queria te pedir perdão.

— Pelo o que?

— Por causa de tudo que te disse no dia que saí daqui. Eu finalmente descobri que a minha avó é uma mentirosa. Você estava certa Sakura! Eu me sinto um completo idiota por ter ficado contra você.

— Eu já te perdoei há muito tempo. Na verdade, eu nunca fiquei com raiva de você. Gaara, eu entendo a sua posição afinal eles são a sua família, apesar de serem desse jeito.

— Mas eles foram errados. Eles tramaram isso pra me ter de volta naquela casa e na empresa e também não queriam que eu ficasse com você. Eles queriam tomar todas as decisões por mim.

— É. Quando eles perceberam que eu não ia ajudá-los trataram de inverter a história e posarem de vitima.

— Eu me sinto extremamente envergonhado por causa dessa atitude deles.

— Eu entendo. Agora que você descobriu a verdade o que vai fazer?

— Eu saí de casa. Não quero morar com eles, estou de novo sem teto. Vou procurar algum hotel pra me hospedar.

— Você pode voltar a morar aqui – Sakura disse por fim

— O que? Você me aceitaria aqui de volta mesmo depois de tudo?

— Como eu te disse nunca fiquei com raiva de você. Só na hora, mas passou. E eu sei que você tem um bom coração. Pode ficar aqui. Eu senti falta de ter alguém pra me fazer companhia em casa.

— Você é demais Sakura. – não contive a felicidade a abracei forte, ao senti-la não perto notei que a saudade que eu sentia dela era grande mais.

— Obrigada ruivinho. Você também é demais – disse e nos afastamos

— Meu quarto continua como era?

— Aham. Eu não fiz nenhuma mudança, aliás, você deixou aqui algumas mudas de roupa e um sapato. Estão no guarda-roupa.

— E você não ia me devolver?

— Estava esperando você vir me procurar. – sorriu e deu um beijo na minha testa – Arrume tudo e depois venha pra gente jantar.

O resto do dia foi bom. Estar ali com Sakura era uma coisa boa. Definitivamente, a melhor que tinha acontecido nas últimas 24 horas. A verdade era que eu nunca devia ter saído daqui. Este sempre foi o meu lugar. Passei a noite toda conversando com Sakura. Ela me contou como começou o namoro com Itachi, da briga com Sasuke e me pediu pra não contar nada a Karin, porque não queria arrumar problemas pro Uchiha. Eu e Sakura estávamos ali como os melhores amigos que sempre fomos então eu percebi que todo amor que eu sentia por ela tinha se transformado numa amizade verdadeira. Agora eu ajudaria Sakura no que ela precisasse, assim como ela sempre me ajudou. No fundo eu acho que ela ama Sasuke, só que, como ele é comprometido com minha irmã, Sakura não tem coragem de assumir os próprios sentimentos para os outros, talvez até pra ela mesma.