48 Horas, ou não... escrita por Mariannatuts


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

olá, queridos possíveis leitores! Essa é a primeira fic que posto, e confesso que estou com certo receio... por favor, não me façam temer vocês, hehe!



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— Você vai levar protetor solar? – Perguntou Bia.

— Vou, mas leva também, porque o meu está acabando – respondi. – A Lohana confirmou se vai?

— É provável que vá, porque o Gerald vai..., mas não confirmou, não.

 Bia estava sentada em minha cama, enquanto eu acabava de arrumar minha mala. Amanhã cedo, todos do último ano irão para praia, com a escola. A cidade onde moramos, não tem praia, mas é cercada por cidades que tem. A escola por sua vez, escolheu uma das praias mais longes, dentro do estado.

— Beatriz? – Minha mãe estava na entrada do quarto, com uma toalha envolvendo os cabelos, e dois copos de suco, na mão.

— Olá, tia Lúcia.

— Aqui – disse, fazendo menção aos sucos, em sua mão. – Sua mãe ligou, perguntou se você vai dormir aqui.

 Bia parecia pensar.

— Ah, também disse que pode trazer sua mala aqui, se for. Falou que vai passar por aqui de qualquer forma, para ir na casa de uma amiga. – Falou e colocou os sucos no criado mudo, do lado da porta.

— Acho que vou dormir aqui então... – Decidiu. – Se a senhora não se importar, é claro.

— Bia, você sabe que é de casa. Alana, vou deixar os cobertores lá na sala. Tem dinheiro no potinho, caso queiram pedir algo para comer. Vou sair, mais tarde... – Falou Lúcia, vivaz.

— Para onde? – Perguntei, Bia também parecia interessada.

— Um encontro? – Beatriz perguntou, parecia se divertir com aquilo.

 Ela é como uma segunda filha para minha mãe, tem a mesma intimidade que eu, com ela. Talvez não a mesma, mas muita.

— Sim, um encontro. E é só o que vocês precisam saber. – Declarou, tentando sem sucesso, parecer séria.

— Achei que você já estava muito velha para isso. – Falei rindo, desviando do travesseiro que Bia jogava em mim.

 - Desculpa por sua filha, ela perdeu a noção do perigo – Bia ria, dizendo. – Mas você ainda vai deixar dinheiro para comida, certo?

 Olhei para minha mãe, que riu comigo.

— Tudo bem, Bia. Achei que pelo menos uma pessoa nessa casa, precisava ter encontros...

— Uoooool, pesado! – Comentou, minha amiga.

— Olha só, quero deixar bem claro que não tenho encontros, por opção – Acrescentei.

Gostava daquilo. Era algo típico na minha casa. Rotineiro.

— Por não ter opção? – Perguntou Bia.

Rimos. Minha mãe saiu do quarto, e eu fechei a mala, que agora estava pronta.

— Vou sentir saudades disso, quando for para faculdade. – Afirmou.

 Beatriz havia escolhido uma faculdade, do outro lado do país, para ter distância. Ter distância da nossa escola, cidade, estado. Diferente de mim, Bia adora mudanças, há um tempo atrás, fez uma das suas melhores frases de efeito – as quais ela sempre fala, sem nem perceber. – “Ficar muito tempo em algo, é como ser sufocada por uma caixinha, que a cada dia, me encolhe mais. ”

— Eu também. Você ainda não me contou o que sua mãe achou de você mudar para longe... você já falou para ela, né? – Perguntei.

— Sim, falei. Não te contei, porque não tem nada para contar. Sabe como é minha relação com ela...  Só me respondeu “ que bom que você está fazendo o que gosta, fico feliz”. – Relatou, indiferente.

— Mas isso não é bom? Quer dizer, ela concordou com você...

— Não, cara. Claro que não. Ela ao menos perguntou qual curso eu escolhi, sabe o que é isso? Ela nem liga para o que eu faço ou deixo de fazer, eu praticamente me criei. Ela fica saindo, todas as noites, e me deixando sozinha naquele apartamento, desde os meus 12 anos, sabe como é? – Finalizou, frustrada.

— Não, eu não sei. Mas você tem que parar de se martirizar, por isso. Você sabe que tem a nós aqui de casa, e olha para você garota! Você é linda! Tem todos esses cachos negros – peguei um tufo de seu cabelo, e joguei para o alto. – Essa pele sem uma se quer espinha ou marca, que toda garota daria a vida para ter, e...

— A vida? – Bia interrompeu, sorrindo.

— Ok, talvez não a vida. Mas o importante é, se foi você, sua mãe ou qualquer outra pessoa que te criou, fez uma ótima criação! Agora beba esse suquinho mágico, e se sinta a poderosa. – Zombei, entregando um dos copos de suco.

— Querida, eu não me sinto poderosa, eu sou. – Entrou na brincadeira.

— Malévola. – Acrescentei, enquanto voltava meu copo vazio, para o criado.

 Minha mãe tem uma loja de sucos. Tem diversas combinações de sucos, afinal é a especialidade. Uma vez por mês ela pede para eu chamar amigos, para experimentar suas novas combinações de sabores. Chamo por volta de uns 10 amigos, se pelo menos 8 aprovarem, vai para o cardápio.

— Agora vamos falar de você – Beatriz decidiu.

— O que? Eu? Não tem nada para falar sobre mim. Sou um livro aberto – afirmei.

— Talvez, mas não com sua mãe. Por que ela acha que você não tem encontros? – Perguntou, desconfiada.

— Porque não tenho – respondi.

— Porque não quer – concluiu.

— Porque não sou obrigada – retruquei.

— Você fala como se fosse um pesadelo sair com o Felipe, Arthur, Yuri, Gabriel, Matheus, Paulo, Elip...

— Como assim, Garota? Desde quando todos esses me convidaram para sair? – Interrompi.

— Pode ser que não tenham todos convidado, mas aposto que sairiam contigo.

— Minha inalterada relação amorosa não é um jogo de pôquer. Se quer fazer apostas, aposte comigo o horário. Precisamos ligar para pizzaria, antes que feche.

— Ok, 20:42 – apostou.

— 20, 48 – apostei.

— Mãe! – Gritei.

Pude ouvir saltos batendo contra o piso. A porta abriu.

— O que foi? – Falou, franzindo a sobrancelha.

— Quantas horas? – Perguntei.

Ela olhou para seu pulso, onde estava o relógio.

— 20:52. Eu não acredito que me chamou aqui, para isso.

— E também para ver sua roupa. Está linda! – Elogiei. – E rá, ganhei. – Comemorei, virando para o lado de Beatriz.

— Sabe que não apostamos nada, né? – Recordou-me Beatriz.

— Ah é, preciso lembrar dessas coisas, antes de apostar.

— Muy bella! – Exclamou Beatriz, para minha mãe.

— Então as aulas de espanhol, estão fazendo algum efeito? – Perguntou minha mãe. – Eu já arrumei a sala para vocês e pedi a pizza, que vocês sempre perdem o horário de pedir. Eu já estou indo...

Ela parecia contente.

— Não sem antes tirar uma foto conosco! Você sempre diz que está “feia” para foto, agora está linda e sabe disso, vem. – Chamou Bia, já com o celular na mão.

— É selfie que vocês chamam? – Perguntou Lúcia.

— Para mim, é foto. – Respondeu Bia.

— Para mim, também. – Respondi.

Não vejo motivo para dar um nome a fotos tiradas pela câmera frontal, foto é foto.

 Então tiramos a foto. Eu no meio, minha mãe a minha direita, Bia a esquerda.

— Olha, mãe. O castanho do seu cabelo, até clareou com o flash, quase da cor do meu – falei, apontando para tela do celular.

— Gostei! Depois irei revelar. – Declarou Lúcia.

— Ótimo, agora me dá um abraço, e corra, porque você tem um encontro para ir. – Falei, abraçando-a.

                                                           ***

— Essa pizza é ótima! – Concretizou Beatriz, observando a fatia mordiscada, em sua mão.

— Sim eu sei, é a melhor da cidade – parei para refletir. – Não que tenha muitas outras opções por aqui...

— Deixa eu escolher o filme? Por favor, favorzinho, please, S'il vous plaît...

— Não adianta bancar a google tradutora, sabe que vamos ver “Um amor para recordar”.

— Por que??? – Perguntou, estendendo o ‘e’ do “que”, dramaticamente.

— Porque é simplesmente, o melhor filme da vida. – Afirmei, colocando o DVD.

— Mas ela morre no final! Não é justo! – Teimou.

— Amiga, os melhores finais, tem mortes. – Observei, e me aconcheguei na coberta, para assistir.

Um som demoníaco empesteava o quarto, um mix de uma baleia morrendo, com garfos metálicos se arrastando contra pratos de vidro. Algo bateu forte contra minha cara. Algo macio. Algo com dedos.

— Alana! Vamos nos atrasar! Eu sei que você acordou, levanta! – Bia pronunciou, com a voz mais grave que o normal.  

 Abri os olhos. A guria estava ajoelhada ao meu lado, com a coberta a envolvendo. Ainda estava com cara de sono, estava aparentemente curiosa.

— Que diabos é isso? – Perguntei, me referindo ao som alto.

— É meu despertador. – Disse, e apontou para caixinha trás de mim.

 Fiquei observando o objeto. Cheio de manchinhas amarelas, cor-de-rosa, verde limão, azul marinho e uma cor que não me recordo o nome. A forma redonda, com dois palitinhos em cima. Um despertador quase tradicional. Por fim, encontrei um botão do lado da coisa, e o desliguei.

— Que exótica suas escolhas de toques matinais. – Comentei, esfregando os olhos.

— Que horas você foi dormir ontem? – Perguntou, agora evidentemente curiosa.

 Pensei sobre o assunto. Não lembrava de nada, devo ter adormecido vendo o filme.

— Hã, não sei – admiti. – Provavelmente vendo o filme, não era tarde.

Ela riu.

— O que? – Perguntei.

— Você não viu o filme ontem. – Afirmou.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Como eu disse, primeira fic. Adoraria ler comentários,e com todas certeza irei responder com todo meu amor. Criticas construtivas? adoro!



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