O dilema de um escritor escrita por Tyler
Ou se é vaso,
Ou se é mármore.
Se for vaso é porque bebe no sentimentos dos outros.
Se for mármore é porque perpetuou em si um sentimento
e, então, essa é a própria dor de si mesmo.
Se é vaso,
chora as lágrimas dos outros,
a dor lhe é confusa,
mas familiar.
Seus olhos são sua porta e convite.
Se é mármore,
rasga a mesma cicatriz
que faz jorrar letras em seu papel.
A dor é amiga antiga desde a mais tenra infância.
É duro e de olhar fixo,
O jarro bebe nestes olhos,
Porém mais feliz o jarro,
que bebe nestes olhos profundos
e bebe também em outros:
felizes, apaixonados e enciumados.
O mármore é fixo em sua dor,
é linear e constante.
Se escreve é, sempre, a sua dor quem lhe fala.
O jarro escreve sobre o que vê nos outros
e, se bem esperto, se coloca nessa visão.
Engole algo e regurgita
com pedaços de seu próprio coração.
Enquanto que o mármore quebra partes de si
e as macera sobre suas obras.
Ali, naquele papel,
está um pedaço de sentimento cultivado
no coração partido de um escritor.
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