Agentes da CIC - INTERATIVA escrita por OrigamiBR


Capítulo 3
"Probleminha"


Notas iniciais do capítulo

Avisei que esse capítulo iria sair mais cedo... E a treta continua.



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— Mas Ricky: tu num falasse que eles só tavam em João Pessoa? – disse Ethan, enquanto o grupo descia as escadas. Rachel havia pegado sua mochila com o necessário para fugir, e seus cachorros estavam com Ricky, levando numa bolsa de alça atrás de suas costas.

— Acontece demais no nosso ramo, compadre – respondeu Ricky ao parar atrás de uma cobertura – Se tivéssemos um especialista tecnológico...

— Err, rapazes? – disse Rachel, preocupada enquanto segurava uma pistola .45 – Que grupo é esse que vocês tanto falam?

— Hm, é só um bando de besta que quer controlar a cidade – falou Ricky, dando uma espiada para ver se estava livre o caminho, só para ser recebido com um tiro bem perto de onde estava – Ah, maldito. Ethan? Tem como tu cuidar desse sniper aí?

— Tranquilo por mim, mas tu tem alguma arma que pegue essa distância? Essa 12 de mão aqui não chega até lá nem a pau – disse o rapaz enquanto estava escondido atrás de um pilar.

— To com a submetralhadora do cara de lá de trás. Pega aí!

Arremessando a arma, viu os tiros atingirem o chão do corredor, entre os andares e a escada. Dali, já tinha noção direta de onde estava o atirador, e como Ethan era melhor pra esse tipo de coisa, deixou para o parceiro. Ele engatilhou a arma, ajustou a mira, deu uma respirada funda e correu para o lado. Na cabeça do rapaz, tudo transcorreu em câmera lenta, enquanto via o alvo na sacada do prédio vizinho. Com uma puxada do gatilho, disparou um único projétil, que acertou não a cabeça dele, mas o ferrolho do rifle de precisão que segurava. A arma voaria para longe, mas rodou várias vezes ao redor do pescoço do inimigo, atordoando-o. - Acertei a arma dele, mas acho que ele não caiu! – avisou Ethan.

— De boa, parceiro: já dá pra a gente ir. Vamos vazar!

O trio desceu rapidamente as escadas, escutando o barulho de pessoas em pânico pelo barulho dos disparos. Saíram em disparada até a portaria, quando viram dois homens, vestidos com roupas táticas pesadas entrarem no portal portando rifles de assalto de calibre 7,82, armas típicas de terroristas.
Ricky ficou atrás de uma parede, Ethan ficou por trás de um balcão com Rachel. A mulher respirava fundo, tentando controlar a respiração, mas não ia se deixar levar pelo pânico. Não entendeu o porquê de ter sido alvo de uma organização que nunca ouvira falar. E por que estavam atrás de si? Olhou rapidamente por cima, vislumbrando os dois inimigos e usando todo seu conhecimento. Se pudesse dar uma vantagem sobre eles, então ótimo, correria os riscos. Gravou o máximo de detalhes que pôde, e cochichou para o rapaz.

— Err, Ethan, não é? O da esquerda tá com um machucado no braço esquerdo, aí não vai conseguir atirar muito. Já o da direita está com os olhos nervosos, provavelmente tá com medo. Se tiver como assustá-los o bastante, vai dar tempo pra sairmos com a confusão.

— Beleza, valeu pela ajuda – respondeu o rapaz com um sorriso. Olhou para o parceiro e procurou seu campo de visão. Gesticulou as palavras com os lábios avisando que “iria jogar a submetralhadora pra frente”. Ricky respondeu com um “tá doido?”. Ethan deu de ombros, mas não tinham muitas opções: era isso ou aguardar a morte que chegava devagarzinho.

Com um solavanco rápido, a arma voou por cima, atraindo a atenção dos dois. Aproveitando o momento de hesitação, Ricky atirou em um, acertando na mão perto da arma. O choque o fez soltar uma das mãos e atirar para os lados como um louco, enquanto caía. Ao mesmo tempo, Ethan reagiu disparando contra o outro bem na altura do rosto. Girando o tambor com o dedo, ele saltou por cima da cobertura e ficou em pleno ar, enquanto atirava no outro na cabeça também. Caiu com um rolamento enquanto os dois caíam ruidosamente no chão. O teto e parte do chão estavam crivados de balas, mas nenhuma havia atingido ninguém.

Rachel ficou surpresa: será que ela iria aprender algo assim? Era especialista em linguagem corporal, não era alguém realmente atlética, mas ficou maravilhada com a possibilidade. Só isso fez sua fascinação com a CIC crescer ainda mais. Assim, correu junto com os dois homens para sair daquele local. Mas se lembrou de uma coisa muito importante.

— Como estão meus bonitinhos? – disse, desesperada.

— Tão bem quietinhos aqui, olha. – respondeu o homem, a tranquilizando. Os cachorros estavam quietos, mas ao ver a dona se agitaram, ansiosos – Calma aí, seus pestes! Querem cair?

— Hahaha! – riu-se Rachel, aliviada – Wood, Juno, fiquem calmos.

O grupo pegou o carro escondido e acelerou pra fora de lá, passando pelo porto de Recife. Apesar de não ter sido do jeito que esperava, Rachel estava ansiosa pelo seu futuro trabalho na CIC. Pelo jeito, seria repleta de ação. Apesar disso, não teve muito tempo para pensar sobre isso, pois na rodovia, já a caminho para o estado da Paraíba, um carro veio seguindo em alta velocidade atrás deles. Quando viu quem estava dirigindo, eram os mesmos que a perseguiram no apartamento. Ricky gritou um palavrão, mas procurava no porta-luvas alguma coisa.

— Ethan! Segura as pontas aí: vou derrubar esses pestes!

— Beleza, vou tentar manter vocês estáveis!

— Rachel: mais uma arma agora é de grande ajuda!

— Certo! – confirmou a mulher.

A dupla abriu as janelas do assento de passageiro e puseram o tronco do corpo para fora. O vento era quase ensurdecedor, com o carro viajando a quase 120 km/h. Ambos empunharam suas pistolas, com Ricky tendo substituindo a munição da sua. Já era a furtividade: disparou freneticamente, mirando nos pneus dos carros deles, as balas de 45mm saindo com fogo pela câmara e barulho dissipado pela velocidade. Com o veículo em movimento e as constantes desviadas de Ethan pelo asfalto, era difícil de mirar, mas teria sua chance assim que possível. Rachel tentava se equilibrar enquanto os cabelos chicoteavam o rosto e pescoço, mas ainda atirava com constância, visando acertar o motor dos inimigos. Os perseguidores dançavam sobre a estrada, procurando fugir da saraivada de balas que voava sobre eles. Foi aí que veio o primeiro disparo contra os agentes, um tiro de rifle de assalto de calibre 7,82 zunindo e atingindo a parte de trás do carro, quase na tomada de gasolina.

— Arg, droga! Vou ter que entrar no mato, Ricky! Somos alvos fáceis aqui!

— Beleza, vamos entrar! – e sinalizou para a mulher lhe acompanhar para dentro do carro.

Com uma puxada violenta de direção, Ethan virou o veículo subitamente para um canavial, sacolejando pela estrada de terra. Com as cavas profundas pelo transporte de tratores, a viagem era bem difícil. O carro que os perseguia sumiu seguindo a rodovia, mostrando que estava seguros por enquanto. Ethan pisou no freio, parando.

— Todo mundo bem aí? – disse, olhando para trás, ofegante. Os dois tentavam recuperar o fôlego de tanto segurar na alça de teto e banco dianteiro.

— Só... Um pouquinho... Cansados... – disse Rachel em meio a arquejos.

Ricky levantou uma mão para falar, mas sacudiu a mesma, deixando pra lá. Observou por cima do ombro, e o barulho de mosquitos ficava cada vez maior. A noite se aproximava com bastante ímpeto, cobrindo o céu num manto escuro e suave, repleto de estrelas, visíveis sem a interferência das cidades.

—--

O grupo acabou acampando ali perto, tirando uma tenda da mala e se isolando debaixo de uma árvore solitária nos campos de cana d’açúcar.

— É sempre agitada assim a vida de vocês? – perguntou Rachel, curiosa.

— Só um tiquinho. – disse Ricky, sentado ao lado dela – E aí, parceiro?

Ethan olhava para seu relógio de agente: a CIC dera aos dois, assim que foram aceitos na agência esses equipamentos. Dotados da mais alta tecnologia até o momento, esse fino e casual apetrecho era capaz de conexões com satélites de localização, redes de telefonia, comunicação de longa e curta distância e acesso à internet, além de dar as horas. Tinha todas as funções de um smartphone, mas sua vantagem era a discrição: o aparelho era virtualmente imperceptível, e com o auxílio de um microfone omnidirecional era possível falar sem ser percebido. Ethan colocou dois dedos no ouvido direito, ativando o sinal de chamada da CIC enquanto falava.

— Agente Ethan requisitando transporte rápido pra essa localização. A missão foi comprometida: recrutamos a agente Rachel Price com sucesso, mas houve vazamento de informação e fomos atacados pela organização ELITE. Fugimos, mas o veículo foi avariado e requisito transporte imediato.
O homem esperou um pouco, mas baixou a cabeça, meio inconformado.

— Só de helicóptero...

— “SOMENTE?” – exclamou Ricky – É caro pra caramba um treco desses. A gente tá é importante.

— Não sei não, cara: me parece que a gente tá mexendo com peixe grande. Não faz sentido a ELITE ter perseguido a Rachel somente termos chegarmos lá. Acho que tem alguma treta correndo por baixo dos panos. Valentine ficou surpreso quando falei.

— Saquei.

— Na verdade, até que faz um pouquinho – disse a mulher, e os olhares de Ethan e Ricky encontraram o dela – Há alguns dias, o prefeito da cidade fez um anúncio suspeito: disse que confiaria a segurança da cidade à ELITE. Disse que estava tendo gastos demais com a polícia local, e para evitar problemas com eficiência, mandou uma requisição para o Governo Federal pedindo a privatização, que aceitou bem rápido.

“Feito o acordo, eles até que estavam conseguindo manter a paz, mas as reportagens falavam que eles deixavam uma trilha de corpos por onde faziam rondas. A população até aceitaria, mas os mortos nem sempre eram todos bandidos. Tinham transgressores menores e até civis juntos. O IML estava tendo um problemão até que a população resolveu ir às ruas para saber o que estava acontecendo. E a resposta foi uma chacina: dezenas de pessoas mortas por ordem do próprio prefeito.”

— Soube da notícia, mas mostraram que foi uma “contenção de danos” – disse Ricky, se mexendo desconfortável no chão – A notícia falava que foi um protesto violento, mas na CIC não chegou informação nenhuma.

— Eles mataram também o representante da CIC de lá e conseguiram cobrir o rastro – falou Rachel, desolada – Foi através dele que eu soube que vocês viriam. Aqueles monstros... Como só havia conversado com ele, eu não era suspeita primária, mas já tinha preparado minha fuga...

— Entendi. Bom, você não tem com o que se preocupar mais – disse Ethan, determinado – Agora que sabemos dos detalhes, a equipe SILVER vai tomar a frente nesse caso, saber o que a ELITE quer com Recife; equipe que agora você faz parte.

— Isso aí – confirmou Ricky, colocando uma mão no ombro dela.

Assim que terminaram de falar, o helicóptero foi visto no horizonte. O barulho ficava cada vez maior à medida que se aproximava. O vento e poeira eram o menor dos problemas deles: havia toda uma cidade agora para proteger. Prenderam o carro com cabos de segurança e subiram no helicóptero, deixando a plantação para trás, mas não seu objetivo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Só uma pergunta para todos os leitores: preferem capítulos curtinhos assim (até 2 mil palavras) ou como o primeiro (com quase 4 mil)?
Tenho mais duas vagas disponíveis até o momento dessa postagem, então quem quiser entrar ainda, se apresse!
Até o próximo!



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