Para Ter Você (Divergente) escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 2
Capítulo 1: Como começar a semana


Notas iniciais do capítulo

Hello ♥ Como vocês estão? Obrigada pelos comentários e carinho, gente! São vocês quem me motivam a escrever ^^
(Para leitores de UNC, logo logo sairá outro capítulo ;)
Boa Leitura!



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— Definitivamente uma porcaria - disse Shaunna, colocando a xícara de café na mesa com uma careta no rosto. - Veja se está bom e passe mais blush nessas bochechas, está parecendo um zumbi de peruca loira.

— Muito gentil da sua parte - falei pegando uma xícara e colocando o café dentro. - Parece estar bom, é você quem tem o paladar fresco.

Bebi um gole de café e o líquido ruim e velho voltou com tudo da minha garganta, fazendo-me abanar a mão e apertar a barriga. Que droga era aquela?

— Isso nem deveria se chamar café, Shau, e sim, veneno! - ri após engoli-lo com muito esforço. - O que foi que você colocou aqui dentro?

— Eu não pedi para você experimentar, então o problema é todo seu. - deu de ombros, lixando as unhas. - Ah! Usei aquele ali - apontou para a extremidade da mesa.

Revirei os olhos, pus a xícara dentro da pia e peguei o pacote avermelhado no balcão. Procurei pela validade e virei para Shau. 

— Não é me admirar que esteja com um gosto horrível, esse troço venceu faz uns dois meses. Você não tem que ir trabalhar? - indaguei ao vê-la ainda de pijama.

— Mamãe ligou duas vezes pedindo para que eu voltasse para a agência, mas ainda estou mega ressentida com o que ela me disse, entende? Chamar a filha de bastarda e me expulsar foi muito duro da parte dela.

Minha melhor amiga tinha um relacionamento conflitante desde sempre com sua mãe, uma ex modelo e agora empresária.

— Recomendo que vocês conversem, as duas sempre estão em pé de guerra e imagino que um bom diálogo vá fazer bem.

— Obrigada, minha psicóloga - piscou e dobrou as pernas torneadas - Quando você está filosófica desse jeito é porque terá um dia muito bom! Boa sorte na reunião.

Dei de ombros, pois sabia que apesar de ser segunda feira (faço parte daqueles que odeiam e tem amargura por esse dia) Shaunna provavelmente tinha razão. Peguei uma maçã, despedi-me

e entrei no elevador onde mais duas senhoras fofocavam avidamente. Ajustei a saia lápis num tom próximo ao branco e segurei mais firme minha bolsa no ombro e a maleta na mão.

— Bom dia senhorita Beatrice - devolvi o cumprimento ao porteiro e corri e acenei para o táxi que se aproximava.

— Para o "ReichCandy", por favor - disse e o motorista deu partida.

Uma coisa que eu odiava era ter que pegar táxi. Sério, não há nada tão ruim quanto isto. Nada contra a quem exerce a profissão, mas, desde que tirara minha carteira de motorista aos dezessete anos, gostava de sentir-me no controle e ver que alguém já o tinha me deixava um tanto desapontada. Meu bebê de rodas estava no mecânico há duas fatídicas semanas e era uma obrigação pagar uma corrida de meia hora todos os dias. Não que eu tivesse dinheiro para essas regalias diárias, minhas dívidas já apertavam meu pescoço. Mas o que não fazemos pelo trabalho, afinal? È muito melhor pagar o valor de um rim para entrar num táxi do que entrar num ônibus e sair suada e com a roupa toda amarrotada.

Suspirei, deixando-me recostar no estofado do automóvel amarelo.

Comi a maçã enquanto sentia pequenas pontadas na cabeça, exibindo meu exagero ao tomar sete míseras taças de sorvete acompanhadas de palitinhos de chocolate e cobertura de morango. Por hora, eu evitaria o congelador e tentaria fazer meu estômago acostumar-se com as saladas e gororobas de Shaunna e seus sucos multicoloridos com gosto de nada.

Paguei a corrida e tratei de arrumar o cabelo novamente, não por ter uma preocupação notável com a aparência mas pelos fios castanhos e encaracolados estarem atrapalhando minha visão e eu estar com medo de trombar com uma das várias pessoas que iam e vinham pela calçada do arranha céu onde eu trabalhava todos os dias, de segunda a sexta, mais de doze horas por dia enfurnada numa sala até que bonita no setor financeiro.

Amava o meu emprego e nada nem ninguém me faria desistir dele.

O barulho dos meus saltos eram encobertos pelo som das vozes que ecoavam pela recepção repleta de executivos de terno e gravata e mulheres de pentados minuciosamente ajeitados. Segui para o elevador onde mais cinco pessoas também aguardavam para subir para seus andares. Minha sala ficava no 40° andar, os dois andares acima pertenciam a presidência e sócios e advogados e a cobertura privilegiada - que a propósito, eu nunca fora convidada a ir - era um local estritamente fechado para quem não fosse tão importante quanto um Sheik dos Emirados Àrabes. Ou para o presidente da empresa, entenda como preferir.

— Eu já disse, Lynn. Nada de clipes coloridos nas planilhas, nada de balinhas na hora do serviço e não ouse cantar STEP DOWN e, ah! tire esses fones de ouvido imediatamente!

Não contive o riso com a bronca de Eric para Lynn, sua secretária. Ela não fazia o tipo obedeço-ordens, ela estava mais para só-estou-aqui-para-irritar-e-zuar e atingia seu objetivo com êxito.

Eric bufou com as mãos na cintura e virou-se para mim, dando um risinho safado.

— Você está belíssima nessa saia lápis, senhorita Prior. Quando vai aceitar meu convite para jantar?

— Sobre seu décimo nono pedido este mês, minha resposta continua a mesma.

— Essa é a minha Tris! - Lynn levantou da cadeira e pulou em meu pescoço. - Garota, você precisa dar aulas de como dar o fora em alguém. - meneou a cabeça - Você é a melhor!

— Não se gabe - Eric laçou minha cintura - Ela ainda será minha. Você passará de Beatrice Prior para Beatrice Adiers.

— Ou para Beatrice Demitida.

Viramos para o homem imponente nos encarando com um sorriso de lado e atraente.

— Seu pai ficaria furioso se você demitisse minha little doll.

— Cala e boca e devolva a minha funcionária, Eric.

Tobias Eaton caminhou até nós e puxou-me pelo braço. Sedutoramente indelicado, isso o descrevia muito, muito bem.

— Tenho alguns relatórios para terminar, depois conversamos. - acenei, acompanhando Tobias para o elevador.

— Você é tão mal as vezes - falei, apertando o botão para o andar da presidência.

— Eu sei. - Tobias mordeu os lábios e piscou. Arrumou a postura. - Enfim, preciso que dê uma olhada nos últimos balancetes. Encontrei alguns erros bastante sérios e acho que deveria vê-los.

Concordei, deixando-nos num silêncio inoportuno. Se ele não iria falar nada, não seria eu quem puxaria assunto.

Não éramos amigos. Distantes de qualquer relacionamento fora da empresa, mas conversar normalmente não era tão difícil.

Ele me deu passagem para sair primeiro do elevador e me guiou pelo corredor amplo. Alguns quadros na parede faziam-me pensar se realmente valia a pena comprar algo tão fútil. Um deles, por exemplo, possuía apenas dois riscos. Desse jeito até eu virava artista... Contudo, para alegrar o ambiente, alguns vasos de porcelana colonial jaziam nos cantos mais isolados, eles eram velhos tanto quanto bonitos e elegantes quando carregados de tulipas amarelas que deixavam o ambiente cinzento num lugar menos melancólico e "mais próprio de habitação humana"

E também tinha Nita. Pode parecer clichê, talvez. Mas a secretária de Tobias era um doce de pessoa. Tão doce quanto um limão.

Ela acariciou a barriga de sete meses e me analisou dos pés a cabeça antes de revirar os olhos e voltar a apertar com força a caneta com capa de veludo, como aquelas estilo infantil com pompom rosa-choque em cima, sobre a agenda. Acho que ela a daria para a bebê.

— Bom dia, senhorita Schroeder .

— Não posso dizer o mesmo - disse amargurada. - Estou passando por uma fase terrível - passou um lenço na testa. - Enjoos, almoços de pedreiro e meus 'Manolo Blahnik' não entram nos pés. E ainda por cima sou obrigada a ver essa sua cara de manga logo de manhã.

— Não seja por isso. - digo, entrando rapidamente na sala de Tobias. - Até quando ela ficará assim?

— Só saberemos depois da licença maternidade - ele deu de ombros, sentando em sua cadeira de couro. - Veja.

Estendeu um punhado de papeis grampeados e logo procurei pelos erros.

— Não há nada de errado por aqui. Aliás, eles batem com meus relatórios de ontem - peguei as planilhas na maleta e as coloquei no colo.

— Seria bom marcarmos uma reunião com os acionistas. O concurso anual está chegando e a ReichCandy precisa estar no topo. Parece não ser de hoje que as vendas caíram.

Balancei a cabeça em concordância e coloquei os papeis sobre sua mesa de vidro.

Ele pegou o telefone e rapidamente comunicou Nita. O almoço de amanhã estava reservado para os outros três sócios, Tobias e eu.

Ele levantou e caminhou lentamente até a parede de vidro.

— Essa semana, uma filial em Los Angeles foi fechada por falta de clientes. Outra em Manhattan recebeu um lote dos novos bombons de páscoa estragado e sem validade. Eric disse que enviaria  um último balancete ainda esta tarde para você. O Departamento de Criação ainda não trouxe nenhum projeto e precisamos de novas soluções. - Virei para ele e percebi estar falando sozinha. - Era só isso, Eaton?

Fiquei incomodada por não ser ouvida enquanto ele admirava a belíssima vista do centro de Chicago.

— Está tudo bem?

Vou até ele e paro ao seu lado, com os braços cruzados.

— Você já foi obrigada a tomar uma decisão que não queira, Tris?

Ergui meus olhos para ele, mas ele continuou fitando os prédios.

— Sim - disse.

— Sabe, gosto de pensar que ninguém manda em mim. Que sou independente e que não há quem coloque outra coisa na minha cabeça. Que não existe alguém que me impeça de fazer o que eu bem quiser.

— Aonde quer chegar?

Ele me ignorou.

— Já ouviu aquele ditado: “Mais vale tarde do que nunca”? - assenti - Pensei se minha proposta seria o certo e cheguei a conclusão de que só você pode me dizer.


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Notas finais do capítulo

Uma proposta? Hummmm :3 Gostaram? Espero vê-los no próximo capítulo! Beijos com morango e chantili