Mais um dia de aula, mais implicações de Chloé, mais um akuma, mais uma luta, mais uma borboleta purificada e mais uma vez a cidade foi reconstruída. Seria só mais um dia “normal” na vida de Marinette se não existisse um porém, e esse porém era loiro, lindo e de olhos verdes.

  Quando Alya viu Marinette com a cabeça nas nuvens já deduziu que a amiga estava pensando em Adrien Agreste, mas não - bom, pelo menos não dessa vez. Marinette estava achando que era loucura de sua cabeça, ela não poderia estar pensando aquilo daquele loiro de olhos verdes, ela não aceitava pensar nele, não podia! “Eu amo o Adrien!", ela insistia, mas não poderia enganar a si mesma, pois agora seu coração estava dividido.

  “Droga! Desde quando estou pensando isso?”

  Ah sim, ela se lembrou da primeira vez em que teve aquela sensação estranha, foi no dia em que conheceu Tikki, quando usou seu ioiô pela primeira vez e por acidente acabou caindo e ficando presa de ponta-cabeça com Chat Noir. Quando ela viu a determinação daquele gato idiota, quando ouviu pela primeira vez ele a chamando por “My Lady” ela se encantou, como se em um passe de mágica tivesse se apaixonado pelo gato idiota, e agora já não aguentava mais todos aqueles sentimentos guardados dentro de si.

  Marinette despertou de seus pensamentos quando seu celular começou a vibrar, e olhou para a tela: “23:00 Patrulha”. Era o aviso de seu despertador - ótimo, agora iria ver o gato que a deixava confusa e ficaria ainda mais confusa. Um sorriso idiota brotou no seu rosto ao lembrar-se de Chat Noir, mas logo ficou nervosa e agitada, estava com muito medo.

  Medo que seu parceiro percebesse que ao vê-lo ela instantaneamente corava e dava um sorriso bobo. Marinette estava tão nervosa que ficou criando paranoias que eram coisas esquisitas como “Ele vai me rejeitar e me odiar eternamente, nunca mais vamos poder ser amigos como antes! Oh meu Deus, e se ele não gostar de mim quando descobrir quem sou de verdade? E se um akuma nos atrapalhar? E se eu beijar mal?".

  Quando pensou na última, ela despertou daquela loucura e olhou novamente para a tela do celular: 23:15. Meu Deus, ela se atrasaria! Eles se encontravam 23:30 todas as sextas na Torre Eiffel, então ela só tinha 15 minutos para chegar lá. Tratou de logo acordar Tikki, que estava dormindo em um prato onde se encontravam alguns cookies, e se transformou na joaninha que protege Paris.

  Saiu pulando entre prédios rapidamente pela escuridão da noite fria, e qualquer um que a visse poderia jurar que estava apressada para uma batalha com algum akuma ou algo do tipo, mas não era isso; ela só estava ansiosa para ver o seu gatinho preto. Ao chegar em um dos prédios próximos da Torre Eiffel, ela ouviu um barulho estranho vindo de um beco, e então pulou no local e se deparou com um casal que tremia de medo e cinco adolescentes armados com facas. Pelo que parecia eles estavam tentando assaltar o casal para comprar drogas, o que deixava Ladybug triste, odiava que gente tão jovem escolhesse esse caminho.

— Ei, vocês! O que pensam que estão fazendo? - Ladybug gritou a primeira coisa que lhe veio à cabeça, seu objetivo com isso era desviar a atenção dos jovens para ela, deu certo.

— Isso não é do seu interesse Ladybug! - disse um deles, que agora já não estavam mais ao redor do casal e sim dela, o que era ruim para ela, mas era seu objetivo para conseguir que o casal saísse dali.

— FUJAM AGORA! - gritou a heroína, e o casal correu desesperadamente rezando para que sua salvadora ficasse bem.

— Sua... NÃO SABE COM QUEM SE METEU LADYBUG! VAI PAGAR POR ELES AGORA! - gritou um dos assaltantes, tentando atacar a joaninha com a faca, mas a menina desviou com facilidade.

— TSC, VOLTE AQUI SUA JOANINHA IDIOTA! - berrou outro que atacou a menina, que mesmo desviando levou um pequeno corte no braço.

  Os assaltantes a tentavam acertar com socos e chutes, e ela desviava de todos os golpes. Não queria machucar os jovens por mais que merecessem, então ela tentou bolar algum plano para sair dali enquanto desviava de tentativas frustradas de socos e chutes deles, mas parece que sua sorte tinha falhado hoje, pois não havia nenhum lugar onde poderia arremessar seu ioiô sem correr o risco de cair de uma enorme altura logo depois.

  Um chute acertou sua coxa, ela caiu e logo foi encurralada pelos cinco jovens em um canto qualquer do beco úmido. Mesmo assim seu instinto de justiça não a permitia machucar aqueles rapazes de modo algum. Por mais que estivesse tentando matá-la, eles não sabiam o que estavam fazendo, estavam completamente fora de si. Ladybug já sentia a lâmina de uma das facas começar um corte em seu pescoço quando ouviu o som de algo caindo e os assaltantes logo se viraram para ver o que era.

  Ladybug arregalou os olhos ao ver os brilhantes olhos verdes no escuro.

— Chat Noir... - sussurrou pra si mesma e se assustou ao ver a expressão de seu parceiro, um olhar assustador. Dava pra sentir o medo do assaltantes ao ver o olhar maligno que Chat Noir possuía, mas não parecia estar possuído por um akuma, ele estava consciente do que estava fazendo ali.

  Chat Noir pegou seu cassetete e o jogou próximo ao rosto do assaltante que estava com a faca perto do pescoço de sua lady. Os criminosos correram em direção a Chat, que os golpeou sem piedade com chutes e socos, e logo pegou seu cassetete de volta o usando para acertar os jovens que já sangravam um pouco, o que deixou Ladybug com medo. Chat estava agindo como um louco naquele momento, os bandidos já estavam caídos no chão inconscientes e Chat não parecia querer parar de atacá-los, mas parou ao ouvir a voz de sua lady.

— Chat! Pare! - gritou ela com uma expressão aflita que deixou Chat assustado.

  O gato correu em direção a Ladybug e a levou para o topo de um prédio com o auxílio de seu cassetete.

— Te machucaram? Te fizeram algum mal? - perguntou com uma face preocupada e Ladybug só acenou negativamente com a cabeça, o que era mentira, pois sua coxa ainda doía e o corte em seu pescoço ardia um pouco, mas não queria preocupar mais ainda seu gatinho - Essas crianças de hoje em dia não sabem que não se pode brincar com facas, não é, My Lady?

  A jovem não disse nada, só foi puxada pela cintura para um abraço de Chat Noir, ela gostava muito dos abraços de Chat Noir, mas ainda estava assustada, não estava com medo dos assaltantes mas sim do olhar de psicopata que Chat Noir possuía quando estava espancando os bandidos.

— Er Chat como sabia que eu estava ali? - a garota ainda não sabia o que dizer; aquela face assassina de Chat não saia de sua cabeça.

— Você estava demorando muito então resolvi te procurar, e como tenho uma ótima audição corri o mais rápido o possível quando ouvi você gritando para alguém fugir.

  Chat é um parceiro prestativo, isso não se podia negar.

  Ele abraçou Ladybug mais forte.

— Chat... eu... você... Por que, Chat? Por quê? - disse a menina, assustada, se encolhendo nos braços de Chat Noir - Por que agiu daquele jeito? Você está louco?

— "Por que"? Você queria o quê? Que eu ficasse vendo de camarote você sendo morta por um bando de ‘Zé Droguinhas’ em um beco sujo qualquer de Paris? - Chat disse um pouco alterado.

— VOCÊ PODIA TER MATADO AQUELAS PESSOAS! - Ladybug berrou de volta.

— OU ERAM ELES OU ERA VOCÊ! ACHA QUE EU IRIA PREFERIR QUEM? - Chat gritou mais alterado ainda e o abraço que antes era bom e reconfortante se tornou apertado e doloroso.

— SOMOS HERÓIS NÃO ASSASSINOS CHAT NOIR! - a bela heroína começou a chorar - Você não é um assassino.

— No fim eu não matei ninguém então não fique assim, não chore My Lady - o gato deixou uma lágrima cair silenciosamente enquanto voltava ao normal e acariciava o rosto de sua querida lady.

— Não faça essas coisas doidas do nada! Você realmente estava alterado e louco lá embaixo. - a menina puxou a cabeça de seu amado fazendo-a ficar na curva de seu pescoço e começou a acariciar seus lindos fios de cabelo dourados.

— Por você eu faço tudo. - o rapaz voltou a abraçá-la com força, porém agora com carinho.

— Nunca te pedi pra fazer coisas assim! Não faça essas loucuras por mim! Não quero te dar problemas Chat Noir, eu me preocupo muito com você sabia? - e Ladybug voltou a chorar.

— E por que se preocupa tanto comigo? - ele se soltou de Ladybug e a encarou seriamente, ele queria saber, ele queria ouvir isso da boca dela.

— Porque... Porque... E-EU TE AMO CHAT NOIR! - Ladybug gritou a última parte e Chat gelou, ficou paralisado sem nem sequer piscar. - Chat? Chat Noir? - Lady estalou os dedos na frente do rosto de Chat Noir - Droga só me rejeite logo, não precisa fazer essa cara seu gato idiota! - a menina começou a chorar de raiva, mas logo foi calada por um beijo, um beijo profundo, apaixonado e muito bom por sinal. Chat estava segurando seu rosto com uma das mãos e a outra estava pousada sobre sua cintura.

— Eu - Chat falou e deu um selinho nela - te - outro selinho - amo - agora um beijo profundo que foi retribuindo pela Lady que, ainda retribuindo, abraçou ele pelo pescoço e deixou lágrimas caírem silenciosamente, mas agora não eram de tristeza e muito menos de raiva, eram lágrimas de felicidade. O ar - infelizmente -faltou para os dois que se separaram, colaram suas testas e ficaram se encarando fixamente por um bom tempo. - Eu ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo comigo... Eu sou o gato preto mais sortudo do mundo!

— Gatinho bobo... Eu também te amo muito. - ela deu um beijo na testa de seu parceiro, mas logo se afastou quando ouviu um “bip” vindo de seu brinco. - Chat eu tenho que ir ago-

— My lady - Chat a interrompeu segurando suas mãos delicadamente - Eu acho que nós não precisamos mais manter segredos entre nós não é? - aquilo realmente saiu muito fofo da parte do gatinho.

— Mas- antes que ela pudesse terminar Chat colocou o indicador em seus lábios.

— Eu tenho uma coisa muito importante pra te dizer agora, então nada vai me interromper - Chat deu um passo para trás, logo se ajoelhando.

— Chat, você vai... - os olhos azuis da garota se encheram de lágrimas quando o garoto tirou uma caixinha do bolso revelando um anel que realmente parecia de ouro e tinha uma pedrinha delicada que ela deduziu ser um rubi - Oh meu Deus Chat Noir!

— My Lady, eu posso estar sendo precipitado e meio brega e careta, mas eu realmente não conheço outra forma de te provar meu amor à não ser por esse pedido - o brilho nos olhos de Chat Noir era maior que o da própria cidade luz - Quer casar comigo - suas transformações se desfizeram - Marinette?

— Adrien... - a menina ficou em estado de choque por alguns segundos mas voltou ao normal ao ver aquele lindo sorriso do gato - Sim Adrien, eu aceito!

  Marinette pulou em cima de seu querido Adrien, os dois caíram deitados no chão, começaram a rir e se abraçaram. Adrien pegou a mão de sua joaninha e ali depositou um beijo. O anel de rubi fez Marinette sorrir feito uma idiota e deitar sua cabeça no peito de Adrien, que sorriu mais ainda que sua princesa. Ficaram ali, em um silêncio confortável e carinhoso observado as estrelas e a melhor parte: juntos.

  “Estamos juntos e continuaremos assim para sempre”, foi o que o coração do casal os disse naquele momento, e eles sabiam que não importa o que acontecesse nada os impediria de ficar juntos para todo o sempre.