Perdão, Amor e Salvação. escrita por Mariana Gonzaga


Capítulo 15
Capitulo 15




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  GABRIELLE

    

  Quando despertei Xena não estava mais no quarto, provavelmente já estava na reunião, levantei tomei um banho rápido e desci para treinar, desde que chegamos da viajem quando Xena estava ocupada para treinar comigo, eu treinava com o mestre de armas do exercito, um senhor com quase o dobro da minha idade, muito sábio e habilidoso com todos os tipos de armas, entrei no campo em que treinávamos, ficava separado do campo de treinamento dos soldados, por exigência de Xena, eu preferi assim também ter tantos soldados me observando me inibe e nunca se sabe quando Xena pode se descontrolar e matar alguém apenas por um olhar.

      Peguei o cajado e caminhei até o homem sorrindo simpaticamente, ele estava lá em pé segurando duas armas, pareciam adagas.

 — Bom dia, Isaias.

      Ele sorriu fazendo uma pequena referencia.

 — Bom dia senhora.

 — Já lhe disse que não precisa me chamar de senhora, Isaias.

      Falei suavemente, ele estava um pouco sem jeito.

 — Hoje não treinaremos com o cajado?

      Disse olhando suas mãos.

 — Hoje irei apresentar-te os sais, e se você se interessar posso ensinar-te a usar. Se não for causar problemas com a conquistadora é claro.

  — Eu comecei treinar e treino para saber me proteger, essa arma parece ofensiva.

       Ele olhou os sais, levantando-os um pouco.

  — Existi uma linha tênue entre a agressividade e a assertividade. A arma não se move sozinha, você decide se ela vai te ajudar a se proteger, ou a matar.

       Um dos motivos de eu gostar de treinar com esse senhor me sentia em uma aula de filosofia.

 — Vamos começar então.

     Gostei da demonstração que ele fez com os sais, comprovou o que disse, decidi que queria aprender, aproveitarei enquanto ainda tenho tempo vago, quando eu e Xena adotarmos a criança meu tempo livre será drasticamente reduzido, isso até me anima.

       Voltei aos aposentos da conquistadora na hora do almoço, ela ainda não estava lá, comi, e chamei Lila para ficar comigo, ela chegou rapidamente. Ficamos conversando, como fazíamos em Potédia, minha irmã estava alegre, animada, parece que Pérdigas está fazendo-a feliz. Decidi me preocupar com outras coisas.

 — Lila, como está Téssalia? Há tempos não a vejo.

 — Você sabe como Téssalia é, se você não for à cozinha você não a ver.

     Faz sentido, decidi ir à cozinha assim que anoitecer.

   

     XENA

    Passei o dia todo em reunião com os membros da corte, senti saudades de Gabrielle, apenas algumas horas sem vê-la e já senti falta, a cada dia me surpreendo mais com essa necessidade de tê-la sempre ao meu lado, entrei em meus aposentos, Gabrielle não estava, tomei um banho rápido e decidi procura-la, imaginei que estaria na cozinha com sua irmã ou Téssalia, caminhei pelos corredores até a porta da cozinha ouvi a voz de Gabrielle em seguida a de Téssalia, parecia que estavam tendo uma conversa seria, aproximei-me, lembrei que é antiético ouvir por trás da porta, dane-se, o palácio é meu, as portas são minhas e escuto atrás delas o que eu quiser. Ouvi Téssalia dizendo seriamente.

 — Há algumas luas Xena não sabia o que é amar e agora vocês estão prestes a adotar uma criança e se casar.

       Sabia que Téssalia não dizia por mal. Demorou um pouco para eu ouvir a voz de Gabrielle.

 — Sabe Téssalia, eu amo Xena e quero realmente me casar com ela e ter uma filha, mais...

     Sempre tem um mais, ela fez uma pausa e isso me deixou nervosa.

 — Você acha que ela não me ama?

      Ela tinha o tom de voz triste.

 — Xena não diria que te ama sem ter certeza, aposto que ela demonstra isso a você com atitudes sempre. Se vocês refletiram sobre tudo isso e se amam, eu espero de coração que sejam felizes. Sabe Gabrielle considero Xena como uma filha, nem sempre concordo com as atitudes dela, mas desde que você entrou no palácio, cada decisão que ela toma me causa orgulho e felicidade, vê-la mudando, se tornando uma pessoa melhor, uma governante melhor. Admiro muito a coragem dela de entregar o coração a você e permitir que você a mude assim. Considerarei a criança de vocês como uma neta se me permitirem.

     Téssalia se emocionou, eu me emocionei e aposto que Gabrielle também.

 — Obrigada por tudo Téssalia...

      Gabrielle estava com a voz embargada, senti meus olhos lacrimejando, me recompus, virei-me para voltar aos meus aposentos, dei de cara com Amadeus parado no meio do corredor me olhando, fiquei rígida, ele sorriu e se aproximou casualmente, estendeu-me a mão.

 — Parabéns pelo noivado conquistadora.

      Agradeci aos deuses por ele fingir não perceber o que eu estava fazendo, ainda tenho uma imagem a manter. Segurei sua mão.

  — Obrigada, Amadeus.

  — Você parece um pouco preocupada, está tudo bem?

       Ele estava usando à intimidade que temos para perguntar.

  — Esta tudo bem sim, eu estava indo aos meus aposentos.

  — Posso acompanha-la se me permitir.

      Parecia que Amadeus queria conversar, o considerava um amigo e daria a ele essa liberdade, começamos a caminhar devagar, quebrei o silêncio.

 — Pode falar Amadeus, o que está acontecendo?

      Não gosto de rodeios, me impacienta.

 — Quero pedir-te uma coisa.

      Ele estava acanhado, fingi indiferença, esperei Amadeus continuar.

 — Queria pedir-te que liberte uma escrava ou me venda ela.

      Fiquei curiosa, qual será o interesse do meu comandante em uma escrava.

 — A que escrava se refere?

     Falei sem olha-lo diretamente.

 — Eleonor, creio que não á conhece.

      Vasculhei minha memoria, lembrei-me de uma jovem que conversava com Gabrielle às vezes, uma ruiva muito bonita, olhos claros... Deve ser ela.

 — Conheço sim. Por que quer que eu dê liberdade a essa escrava?

     Ele levantou a cabeça e respondeu em tom de desabafo.

 — Apaixonamo-nos e pretendo casar-me com ela, mas enquanto for escrava não poderei.

      Senti certa empatia com a situação do meu comandante.

 — Fico feliz por você, amigo. Prepararei os documentos para liberta-la o mais rápido possível.

      Nunca havia visto Amadeus tão contente, se ajoelhou.

 — Obrigada, conquistadora.

      Estendi-lhe a mão para levanta-lo, há anos não o via de joelhos perante mim e não exigiria isso, não me agrada vê-lo assim.

 — Deu-me uma felicidade tão grande, conquistadora. Posso abraçar-te.

      Anos atrás arrancaria os braços de quem me pedisse isso, simplesmente aproximei-me abrindo os braços a ele, realmente a paixão muda às pessoas, há poucas luas meu comandante saia com as mulheres apenas por sexo, sem sentimentalidades, e hoje está aqui na minha frente emocionado pedindo-me um abraço, eu também sou um exemplo dessa mudança.

      Ouvi alguém tossindo suavemente, como se para mostrar sua presença, larguei Amadeus me virando num ímpeto, Gabrielle estava lá parada, não soube identificar o que ela estava sentido, Amadeus ficou envergonhado, senti minha face queimar, levantei o rosto tentando ignorar a vergonha, Gabrielle decidiu falar.

 — Eu só estava voltando para o seus aposentos, já vou.

      Começou a caminhar devagar.

 — Gabrielle eu também estou indo para lá, vamos juntas.

       Ela parou para me esperar, Amadeus se aproximou.

 — Parabéns pelo noivado, senhora.

      Ele estendeu a mão a Gabrielle.

 — Obrigada Amadeus.

      Gabrielle sorriu, fiquei um pouco aliviada, isso era sinal de que ela não tinha ficado enciumada pela cena que presenciou há pouco. Caminhamos até meus aposentos, Gabrielle estava calada parecia estar escondendo alguma coisa. Assim que entramos, e que fechei a porta da antecâmara, Gabrielle me olhou e começou rir.

 — Que foi?

      Ela não parava de rir.

 — Aquela cena com Amadeus... Estava um tanto engraçada, e a cara de vocês quando me viram.

      Recomeçou as gargalhadas, sorri também, aproximei-me dela.

 — Não tem graça era só um abraço amigo, é bem raro isso acontecer entre nos.

      Na verdade não é raro, é inédito. Gabrielle tentou ficar seria mais ainda mantinha um sorriso.

 — Eu sei, Admiro a amizade de vocês.

      Acariciei o rosto dela.

 — Ele também vai se casar, com aquela sua colega Eleonor.

      Ela ficou um pouco surpresa.

 — Eu fico feliz por ela, Amadeus é um bom homem.

      Sorri para ela, já era tarde, eu estava exausta das reuniões.

 — Vamos dormir, temos planos importantes para amanhã, não é?  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até logo. Bjs.



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