Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 24
Lágrima


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Tá aí capítulo novo.
Have fun!



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Chiara lentamente começou a recobrar a consciência. A última lembrança que tinha era da face assustadora do motorista do carro onde estavam ela e Aizawa anunciando o sequestro. Após isso, apenas sentiu quando alguém atrás dela forçou um lenço de cheiro forte sob seu nariz.

Lentamente, como que tomando consciência do próprio corpo novamente, Chiara abriu os olhos, mas não viu nada além de escuro completo. Seu coração disparou por um segundo, até ela perceber que estava vendada. Seu movimento involuntário foi tentar tirar a venda, mas seus braços não conseguiram se mover um centímetro sequer, assim como suas pernas. Estava acorrentada. Podia sentir o metal gelado lhe pressionar contra algo que parecia uma grande estaca de madeira. Seus braços estavam abertos, como se ela estivesse presa em uma cruz. A posição era extremamente desconfortável. Seu corpo doía, principalmente as costelas quebradas que mal haviam tido tempo de se recuperar. No local onde estava, o cheiro de madeira velha se misturava ao de metal enferrujado. No lado de fora, apenas o som do vento e o barulho de alguns insetos, o que permitiu a ela inferir que estavam afastados da cidade. Com sua audição peculiar, a ruiva ouvia pequenos ruídos de pessoas caminhando no andar de cima. Deviam ser os sequestradores. Próximo dela, havia alguém de respiração lenta e fraca.

— Aizawa? Aizawa, você está bem?

Não houve resposta. O medo de toda aquela situação fez seu coração acelerar e sua respiração ficar ofegante, o que fazia doer ainda mais o ferimento nas costelas. Chiara não precisou pensar muito para deduzir o motivo de estar ali: provavelmente criminosos a capturaram para pedir o Death Note como resgate. Sabendo-se que apenas a força tarefa e Kira sabiam da existência do caderno, os criminosos só podem estar sendo controlados por Kira, que para Chiara, provavelmente era Light. A essa altura, ele já deveria saber do envolvimento dela e de L, e talvez quisesse confrontar o detetive diretamente. Mas isso não seria uma quase declaração de culpa? Porque Light faria algo que o tornaria ainda mais suspeito para tomar de volta o Death Note?

De repente, um suspiro assustado ecoou pelo cativeiro.

— Aizawa? Você está bem?

— Chiara? É você? O que diabos está acontecendo? – indagou o policial, se debatendo.

— Tente ficar calmo. Como você já deve ter percebido, fomos sequestrados.

— Filhos da mãe! Isso só pode ser coisa do Kira!

— Provavelmente irão pedir o caderno em troca de nossas vidas. Mas eu não acho que L aceitaria a chantagem. Várias vidas já foram sacrificadas para que o Death Note fosse encontrado. Não valeria a pena jogar tudo o que foi feito até aqui pro alto para salvar as nossas vidas...

— Mas isso não faz o menor sentido. Kira provavelmente já sabe que L não cederia a esse tipo de chantagem. A menos que...

— Você quer dizer o meu envolvimento com L? Isso não muda muita coisa. Mas só os membros da força tarefa sabiam disso, o que aumenta ainda mais as suspeitas sobre o Light.

— Mas se ele realmente for o Kira, esse sequestro seria uma confissão de culpa! Não faria sentido, dado que ele estava resguardado pela regra dos treze dias...

— A não ser que a regra seja falsa, como L suspeita – Chiara suspirou. – Posso ouvir os sequestradores conversando no andar de cima. Eles mandarão imagens nossas para L, como primeiro contato.

— Não e difícil deduzir que esses sequestradores devem ser criminosos controlados por Kira.

— Foi exatamente o que eu pensei.

De repente, ouviu-se sons de passos que pareciam descer em uma escada.

— Sorriam para a câmera! – disse um dos sequestradores, que para os prisioneiros era apenas uma voz masculina desconhecida.

— Desistam. L não vai entregar o que vocês querem – disse Chiara num tom desafiador.

— E quem disse que você sabe o que eu queremos? E eu acho melhor você baixar a bola, bonitinha, senão vai morrer mais cedo do que pensa... – o homem apertou o queixo de Chiara com força.

— Não toque em mim! – gritou a ruiva se esquivando das mãos do homem que ela nem sabia como era.

— Não sejam burros, Kira logo vai matar vocês! – bradou Aizawa, sem ouvir resposta.

— É o suficiente, vamos – falou uma voz diferente, feminina.

Os passos foram ficando cada vez mais distantes, até não serem mais audíveis. Menos para Chiara, que conseguia escutar tudo.

—___________________

No dia seguinte ao sequestro, L e o restante do time estavam empenhados na busca pelos sequestradores. Ninguém havia dormido. Light pesquisava os nomes das pessoas que estiveram no hospital no mesmo dia em que Chiara e Aizawa foram sequestrados, ao mesmo tempo em que repassava o plano na sua cabeça. O primeiro passo já havia saído exatamente como o planejado: os criminosos cujo nome ele escreveu no Death Note haviam sequestrado Aizawa e Chiara na hora que ele previu. Light teve o cuidado de escolher criminosos extremamente preparados, para que L não os pudesse apanhá-los com facilidade. Agora, ele deveria esperar pelo primeiro sinal dos sequestradores. Por enquanto, não precisaria agir, apenas observar o correr dos acontecimentos. No momento certo, ele acionaria Misa. Ao fim de tudo, Light não apenas teria o caderno de volta como também teria eliminado todo a equipe de investigação, inclusive L. O detetive, por sinal, deu sinais de desestabilização, como ele esperava.

“L... Nunca pensei que veria você desconcentrado por causa de uma garota. Esperava mais de você”, pensou o adolescente.

O nível de risco do plano de Light o fazia sentir a adrenalina percorrer o seu corpo. Será que o detetive já tinha percebido o recado? Será que ele já havia planejado como revidar?

Foi quando a voz de Roger soou nas caixas de som da sala de controle.

— Ryuzaki, acabamos de receber contato dos sequestradores. Já verifiquei a origem, mas parece que eles são bem sofisticados. Precisaremos de tempo.

L, que estava de pé, sentou-se imediatamente em sua cadeira, joelhos encostados no peito.

— Transfira pra cá, Roger.

Surgiu no enorme monitor logo à frente de L apenas uma tela escura, de onde saiu uma voz estridente, mascarada por camadas de filtro de voz.

Prestem atenção! Sei que vocês são a força tarefa que investiga Kira, comandados pelo detetive L. Eu sou o verdadeiro Kira e soube que vocês apreenderam um falsário que cometeu a audácia de achar que poderia julgar como eu. Só eu posso decidir quem vive e quem morre, e os meios que utilizo para julgar estavam sendo usados de maneira leviana. Dessa forma, fui obrigado a matar Higuchi para me proteger. Entretanto, sei que vocês têm em posse algo que me pertence, algo que só pode ser usado por quem tem a sabedoria de usá-lo para o bem da justiça, ou seja, eu. Sendo assim, fui obrigado a equilibrar o jogo ao sequestrar dois dos seus. A troca é simples: o caderno pela vida deles. Caso a resposta seja não, seus outros homens também morrerão, um de cada vez.

— O quê!! – reagiram os policiais na sala.

Não tive dificuldade em descobrir suas identidades, à exceção de você, detetive — continuou a voz -. Caso você ainda se recuse, tomarei medidas mais drásticas. Sem mais, em breve os contatarei novamente, para dar detalhes da negociação. E para que você não pense que é um blefe, aqui estão eles.

Eis que surgem as imagens de Chiara e Aizawa presos em um lugar que parecia ser um porão abandonado. Presos por correntes e vendados, a aparência dos prisioneiros era digna de comoção.

— Minha nossa! – exclamou Matsuda, indignado.

Para tornar a cena ainda mais chocante, o modo como Chiara estava presa a fazia parecer Misa Amane, quando foi capturada por L. Em uma espécie suporte em forma de cruz, seus braços estavam abertos e caídos ao máximo que a corrente permitia, o que demonstrava o cansaço da ruiva. A corrente se entrelaçava pelo seu corpo, pressionando o vestido até os pés, também presos pela mesma corrente. Em seu rosto, uma venda escondia seus olhos. Aizawa tinha as mãos e pés acorrentados e também estava vendado, mas estava jogado no chão.

L já tinha ideia dos planos de Kira, mas vendo as imagens, ele teve certeza do plano do rival. Era uma afronta direta a ele. Um deboche. Um ataque àquilo que Kira acreditava ser seu ponto fraco.

Mesmo no auge do seu autocontrole, L respirava rapidamente e apertava as mãos sem parar.

— Já sabem o que fazer. Tentem rastrear o vídeo e descobrir o local do cativeiro – disse, enquanto se retirava.

Andando lentamente, L deixou a sala de controle, atravessou o corredor e chegou em seu próprio quarto. Com toda calma do mundo, abriu a porta e entrou. Antes de voltar à sala de comando e encarar o trabalho, precisava ter um pouco de privacidade para ordenar seus pensamentos. O seu ódio à Kira se tornou ainda maior. Apesar de já ter decifrado o plano dele, L não tinha certeza se poderia salvar Chiara.

Com esse pensamento, o detetive se escorou na porta e ficou encarando o vazio escuro do quarto. Em seu rosto não havia nenhuma expressão. De repente, como uma pessoa tímida que se apresenta, quase que pedindo desculpas por estar ali, surgiu uma lágrima em seu olho, que escorreu tímida e lentamente pela face pálida e inexpressiva do detetive e depois desapareceu no escuro do recinto.

L não se lembrava da última vez que havia chorado.


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Notas finais do capítulo

É isso aí.
O resto são cenas dos próximos capítulos



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