Lá estavam eles. Os dois seres mais poderosos e temidos daquele mundo. Em uma época fática, onde só havia dor, tristeza... Ódio. Milhares de anjos mortos ou feridos, assim como demônios, eram os fardos que cada um tinha que carregar. Alguém tinha que vencer a guerra e ninguém iria ceder.  De frente um para o outro estavam Deusa e Diabo, prontos para um combate inevitável.

Os demônios de maior confiança dele estavam mortos. Mortos pelos comandos daquele que chamam de Divindade. O ódio lhe consumia, o desejo de vingança se refletia em suas garras negras. Kcalb.

Seus anjos também agonizavam por tantos mortos e feridos. Os anjos de maior confiança haviam morrido em combate para aquele ser de tanta crueldade. Olhava para ele com desgosto, ela queria acabar com aquilo por si só. Etihw.

Ambos estavam feridos, ambos terminariam com aquilo.

Ela moveu sua mão, invocou uma pedra branca luminosa. Seu ataque mais forte, porém ele não temeu. Também moveu sua mão, invocou uma pedra preta que brilhava negramente. Os olhares de ódio continuaram até que ambos se moveram. Atacaram um ao outro sem hesitar.

O choque foi sentido em todo lugar.

O poder se esvaiu, apenas um continuava de pé. A Deusa havia resistido.

Já o Diabo, estava caído no chão. Tentava se levantar, porém algo estava errado.

— Está na hora disso acabar. – Disse a Deusa, mesmo ferida, mantendo sua voz firme.

O Diabo ainda tentava se levantar, olhou para Etihw ainda com ódio.

— O que você fez comigo?

— Apenas o que precisa ser feito. – Disse a Deusa com o mesmo olhar de desgosto. – Você estava lá naquele dia, e mesmo assim... – Murmurou a Deusa.

O Diabo não disse nada, apenas continuou olhando-a. A Deusa se aproximou, ele continuou tentando se levantar quando percebeu uma pedra branca cravada em seu ombro. Mas não era uma pedra qualquer, a pedra que Etihw havia invocado antes.

Poder de selamento.

Outras pedras brancas foram invocadas ao redor do Diabo, uma luz saiu delas passando ao redor do corpo do mesmo e o mantendo imóvel. A mesma luz o levitou para que ficasse de frente para a Deusa.

Ela havia o enganado outra vez.

Ele tentou se soltar, porém a Deusa reforçou o poder, quase o sufocando. Ela começara a desenhar um símbolo no ar, enquanto o fazia sua roupa branca começava a se manchar de vermelho, começara a ter uma hemorragia. O poder do Diabo tinha lhe feito um forte dano.

Sentiu o poder enfraquecer, era sua chance. Conseguiu soltar seu braço, afiou suas garras e atacou a Deusa. Porém alguém a protegera, suas garras se sujaram de sangue, o rosto daquela pessoa também. Era aquele anjo que lhe chamava de irmão.

O anjo colocou a mão sobre o rosto, que sangrava sem parar. A Deusa se recompôs e prendeu o Diabo novamente, desta vez com mais força, para que agonizasse.

— Wodahs, você está bem?! – Perguntou preocupada.

— Não consigo ver. – O anjo se recompôs. – Mais ainda posso lutar.

— Fedelho... – Murmurou o Diabo. – Você não deveria atrapalhar. Eu poderia ter te matado.

— Servirei a Etihw mesmo que custe minha vida. – O anjo disse, olhando-o com o olho que ainda conseguia usar. – Ou parte de minha visão.

— Que tal eu te matar agora? – Dizia o Diabo friamente.

— Você não vai fazer nada. – Pronunciou a Deusa. – Nunca mais, a ninguém.

O Diabo tentou se soltar mais uma vez. A Deusa recomeçou a fazer o símbolo no ar conseguindo terminar desta vez. O mesmo símbolo surgiu em grande escala no chão. O Diabo sabia muito bem o que era aquilo.

— A partir de agora, eu te selo nos confins da terra. – Pronunciou a Deusa em voz alta. – Você pagará por tudo que fez Kcalb.

Ele sentiu seu poder se esvaindo, seu corpo enfraquecendo. Estava sendo arrastado para dentro do símbolo, ainda tentava se soltar em vão.

— Isto não acabou. – Disse o Diabo. – Eu me vingarei de ti, Etihw.

Isto não iria acabar.

— Agora, deixe-me ter a minha vingança.

Era o destino dos dois.

— Tudo que o que você criou, cada pequena coisa...

Lutar um contra o outro.

— Destruirei.

Isto não vai mudar.

— Adeus, Kcalb.