— Opa, Amy, tá ocupada? — Caachu invadiu a sala.

— Estou. Ocupadíssima, fazendo um relatório pro próprio Lúcifer — Amy respondeu concentrada no computador, Caa foi olhar para ver o que a demônia tanto mexia e virou a tela para si.

 — Amaanvas! — gritou ela — Você está jogando paciência sua cara de pau.

 — Ok, eu não estou ocupada — ela levantou as mãos em rendição — mas dá ultima vez que eu disse isso, me mandaram ir pro fraldário do purgatório, cuidar dos bebês não batizados.

 Caachu riu com a lembrança. 

 — Não dessa vez, te juro! Vim te convidar para nos divertimos um pouco. — Amy olhou desconfiada para a outra demônia, ela ainda tinha receio sobre as coisas que Caachu achava divertido — Não precisa me olhar assim. Credo, até parece que não confia em mim.

 — Eu não confio.

 Caachu ignorou a resposta de Amy e continuou a falar: — Tem alguns adolescentes jogando com a tabua ouija* nesse momento, que tal a gente ir para lá e conversar com eles? — ela disse com um sorriso de divertimento no rosto. Amy também sorriu.

 — Agora sim, isso parece interessante. Ou mais interessante que paciência pelo menos. — a demônia se levantou da cadeira animada, seguindo sua amiga.

 As duas não demoraram a chegar até o local, uma casa abandonada, na qual sete adolescentes se reuniram para jogar, três garotos e quatro garotas. 

— Eu ouvi dizer que essa casa pertenceu a um cara, que o objetivo da vida dele é ter a alma tão podre que nem o céu, nem o inferno o aceitariam mais e sua alma teria que ficar no seu corpo. Ou seja, ele iria virar imortal. Para isso ele iria quebrar os dez mandamentos, cometer os sete pecados, destruir as virtudes e tudo mais, mas ele foi pego e morto antes de conseguir completar sua missão e seu espirito ficou preso nessa casa, e ele sofre como se estivesse no inferno e por isso tenta descontar a dor em todos que entram em sua casa.* — a mais alta das garotas falou, apontando a lanterna para seu rosto para dar o clima de terror.

 O grupo todo gritou quando um dos potes caiu da estante.

— Ops, foi mal. — Amy, que havia acabado de esbarrar na estante, se desculpou para Caachu. — Essa história ai, que a garota contou, é verdade?

 — Em partes. Jonny nunca morou aqui, e ele na verdade conseguiu completar sua missão, muito gente fina ele, um dia te apresento. 

 Os adolescentes não podiam ver nem ouvir as duas demônias se elas não quisessem, e naquele momento, elas acharam que seria mais divertido se não as vissem.

 — Se o cara é tão mal assim, por que nós queremos invoca-lo? Deixa ele quieto e vamos embora, eu sou bonita demais para morrer. — Disse uma das garotas.

 — Não, você não é. — a garota mais alta falou — E nós vamos fazer porque essas coisas não existem, é só uma brincadeira. Um teste de coragem.

— Não existem? Você acabou de ver o pote caindo do nada da estante! 

 — E você acha que foi um espirito? Deve ter sido o vento ou um rato. — ela retrucou.

 Para Amy, aquilo tudo já estava começando a parecer um roteiro clichê de filme de terror.

— Eca! Prefiro que seja o demônio ao invés de um rato. — Disse a mesma garota de antes.

 “Ah, doce ironia”, pensou Amaanvas.

E depois de mais um pouco de discussão eles começaram o jogo, a garota alta e um garoto com a fisionomia de um gorila seguraram o ponteiro e fizeram a clássica pergunta “espirito, você está ai?”.

 — Agora sim a diversão vai começar — disse Caachu com um sorriso mais diabólico que o normal.