Os murmurinhos não cessavam, tentei respirar fundo e me esforcei ao máximo para ficar calma. Yang Mi e eu nos servimos e sentamos em uma mesa no canto, um pouco mais isolada. Com a cabeça baixa, comecei a comer.

—Então quer dizer que podíamos ter chego até o centro do labirinto mas você não quis me levar até lá? –Ela falava naturalmente, aparentemente tentando me consolar.

—Eu não pretendia guardar segredo por muito tempo. –Tentei agir naturalmente. Talvez fosse melhor não pensar muito sobre isso. –Ia contar tudo assim que estivéssemos em casa.

—Ora, e por qual motivo? –Franziu o cenho –Não é como se eu fosse pular em cima do garoto ou sair gritando por aí também. –Ela riu, dando uma garfada no bife e o levando até a boca.

—Eu te conheço, tenho certeza que ia. –Não pude deixar de rir também. Enquanto conversávamos, os alunos iam passando ao nosso lado e olhando descaradamente. Eu me sentia uma atração principal. Finalmente estava começando a me acostumar a ser o entretenimento alheio. Além de ser a única estrangeira da escola, começo a gostar do menino que a “encrenqueira” da sala almeja e, para melhorar, ele me trata melhor que ela. Bom, não é como se ele me tratasse tão bem assim, ele só era gentil. Depois de pensar por um tempo pude perceber que ele não me levou até o centro do labirinto por um motivo especial, ele simplesmente me entendeu, soube dos meus problemas com Ha Ni e como tínhamos isso em comum, ele resolveu se abrir comigo, só isso. Yang Mi concordou que se ele quisesse algo, aquele seria o lugar perfeito para fazê-lo. No fim ele só estava mostrando compaixão. Terminamos nossa janta e voltamos ao quarto, eu já me sentia um pouco melhor. Comida sempre resolve tudo. “Pensamento de gorda.” Ri sozinha. Fomos dormir cedo, dormir também resolve bastante coisa.

No dia seguinte, acordamos com o despertador e fomos nos arrumar. Yang Mi fez questão de me lembrar que o destino me faria sentar ao lado de Jungkook novamente, e que provavelmente as garotas iriam falar sobre mim a viagem toda. Ela prometeu que me manteria informada sobre tudo que ouvisse Ha Ni comentando em seu ônibus, não que eu quisesse realmente saber, mas ela fez questão. Fomos ao restaurante para o café da manhã. Peguei apenas um suco de caixinha e me sentei na mesa com Yang Mi. “Quanto menos eu comer, menos motivos para ficar enjoada.” pensei. Mesmo já estando enjoada graças ao fato de que a viagem seria longa ao lado do nosso querido asiático dos olhos grandes e cabelo negro.

—Podíamos sair esse final de semana. –Disse Yang Mi, enquanto dava uma mordida em sua rosquinha.

—Acho válido. –Concordei. Realmente seria bom sair um pouco, eu tinha passado todos os outros finais de semana focada nos estudos e não tinha de fato aproveitado a viagem. –Conhece algum lugar legal pra gente ir?

—Hm... –Ela pensou enquanto ainda mastigava. –Podemos ir ao parque ver as cerejeiras! –Ela sorriu, terminando de comer.

—Mas elas ainda não floresceram certo? –Perguntei confusa. Quando pesquisei sobre o país, descobri que elas só floresciam em uma certa época do ano, e ficavam por pouco tempo.

—E o que é que tem? –Ela riu. –Vamos lá para ver, apenas. Vai ser legal.

Conversa vai, conversa vem, os professores nos chamam para irmos aos ônibus. Todos deixam o restaurante e encontram seu grupo para a chamada. De longe avisto Jungkook, como sempre distraído com seu celular e fones de ouvido. Respiro fundo. “Nada de surtar dessa vez.”. Entramos no automóvel e nos sentamos. Deixo meu celular em mãos, esperando pelas mensagens de Yang Mi.

—Você estava bem ontem? –Sou surpreendida pela voz de Jungkook, que estava me olhando com um de seus fones na mão.

—Ãh? Eu? –Ele deve ter pensado que eu estava passando mal ou algo do tipo... “Seja natural Serena, natural”. –Oh, sim... Foi só uma tontura. Eu não esperava que o motorista fosse dar a ré aquela hora. Desculpe por cair em cima de você. –Eu não conseguia deixar de corar quando olhava para ele, então decidi não cruzar olhares. Fitei o banco à minha frente.

—Não se preocupe com isso, já estou acostumado com você caindo. –Ele sorriu. Foi inevitável olhar para aquele sorriso. Pude sentir meu corpo derreter. Sorri sem graça de volta. –Mas então, o que achou do museu?

—Achei legal... eu acho. –Jeon Jungkook estava realmente puxando assunto comigo? “Seria isso um sonho?”. Soltei uma risada curta.