Aura do Poder escrita por Jean Carlo


Capítulo 1
Parte 1 — Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Meus personagens vão ter um humor e um linguajar não muito tradicional, mas espero isso não atrapalhe em nada.

Boa Leitura!



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Medo da Imortalidade

 

 

Datreulis/ Janeiro de 2013

— Eliot! — chamou Abel ao bater na porta. Passos ecoaram do outro lado da porta, essa que ficava em um corredor iluminado e largo, a luz deixava as paredes vermelhas com a cor ainda mais intensa. Abel olhou para os quadros e luminárias que faziam a decoração. Algumas das pinturas mostravam paisagens, outras fotografias de pessoas uniformizadas, provavelmente, todos importantes. Reconheceu alguns dos fundadores da Academia. Não notou que a porta tinha sido aberta e de lá um menino o observava. — Tenho recado do meu pai!

— Qual seria esse recado, Abel? — perguntou desdenhosamente o garoto com um tom vago na voz. Não queria conversar com seu amigo Abel, pois tinha acabado de chegar e queria apenas ficar deitado em sua cama.

— Você vai ter um colega de quarto esse ano! — respondeu secamente. No momento que olhou no rosto do jovem, notou que seu humor se perdeu em algum canto. Abel viu-o poucas vezes feliz e em seu rosto nunca tinha nenhum rastro de sorriso. — Não reclame! Esse menino pode criar a luz, ou seja, finalmente você terá seu oposto!

As palavras de Abel fizeram Eliot abrir a boca em um perfeito “O” tamanha era à surpresa que o acometeu, mas rapidamente a fechou. Sua disposição naquele momento já era quase que nula, agora depois da notícia acabou passando para zero.

— Quem disse que eu quero um oposto? — Eliot perguntou em um tom seco e amargo na voz. Ambos tinham quase que a mesma altura, percebeu também os cabelos prateados caídos sobre o ombro. — Tenho certeza de que minha mãe virá conversar com seu pai!

Encostou-se a lateral da porta, os olhos se fixaram no menino a sua frente, a palavra oposto ecoava em sua mente. Sua mãe e seus amigos queriam a todo custo encontrar uma pessoa que dominasse o tal elemento para se ligar.

Abel passou pelo menino parado na porta, mas nem se deu ao trabalho de ligar. Já dentro do quarto, viu a sua frente uma mesa de quatro lugares, ao lado havia dois sofás alaranjados.

— Sua mãe? — perguntou Abel em um tom distante, enquanto se esparramava no sofá perto de uma porta fechada. — Já conversou com meu pai!

— Acho que não! — disparou o menino ao se virar para dentro do quarto. Odiava ficar sabendo das coisas depois de outras pessoas, ainda mais quando o assunto era de seu interesse. — Ela teria me falado!

— Seu cabelo é ruivo ou castanho afinal? — Fez uma pausa para acompanhar Eliot sair de perto da porta, passando entre os sofás e seguindo para outra porta no outro lado da sala. Antes de fechar, Abel tinha notado que era à entrada do banheiro. Morava há tantos anos na Academia que sabia da semelhança de todos os quartos. — Sua mãe falou rapidamente com meu pai. — Abel previu que o menino iria reclamar, então logo continuou. — Guarde seu mau humor! Aliás! Espero que trate o novato muito bem! Meu pai e eu esperamos que vocês dois consigam fazer logo a ligação...

— Não preciso de outra pessoa! — interrompeu Eliot. — Todos ficam falando que tenho que encontrar uma pessoa que domine a luz, mas meus poderes não estão me matando. Então parem de tentar mandar em mim!

As palavras acabaram saindo mais alta do que o próprio menino esperava, mas Abel nem prestou atenção. Depois de alguns anos de convívio, acabou acostumando-se com a falta de educação do amigo, porém, admitiu mentalmente que estava tentado a deixá-lo ainda mais nervoso. A ideia se foi no instante seguinte.

— Tanto faz! — exclamou Abel em um tom verdadeiramente distante. — E querendo ou não vai ser aqui que o menino irá ficar. — apontou para a porta ao lado do outro sofá.

— Você ainda não me respondeu! Qual é a cor de seu cabelo! Nesses anos que nos conhecemos, sempre fico me perguntando isso, mas nunca realmente te perguntei. Está deste jeito, por ter que dividir o quarto com um garoto? Sei a respeito do seu segredo e para mim é algo totalmente normal. — Abel disse as palavras sinceras ao se levantar. — Toda a escola sabe! Não tem motivos para se esconder, aliás, acha mesmo que nunca reparei seus olhares em mim? Você toma muito cuidado em fazer isso, admito! Já que nem sempre é fácil não olhar para uma pessoa linda como eu! — deu um sorriso de canto para o garoto.

— Você e a Safira foram os únicos amigos que tive. Sou de fato uma pessoa complicada de se lidar e admito que às vezes meu humor acabe passando dos limites. — disse Eliot ao ignorar o último comentário do amigo. — Mas o restante dos alunos e alguns professores me tratam de uma maneira...

— Isso não importa mais. — interrompeu Abel ao se aproximar. — Sabe que pode confiar em nós, então deixe as outras pessoas de lado. Você tem apenas dezessete anos de idade! É um prodígio. Era para estar no oitavo ano na Academia.

— Você sabe muito bem o motivo por eu ser um prodígio! — exclamou em tom vacilante na voz. — Logo o tempo vai parar de correr para mim, então meu verdadeiro inferno vai começar.

Abel sabia em relação ao segredo do amigo, que quase, nunca comentava. Fato que fez o menino sentir ainda mais pena. Eliot mostrou com o passar do tempo que sentir pena dele era algo errado a se fazer.

— Vai ser jovem para sempre — disse indo para porta a de entrada. — O que tem de tão ruim nisso?

— Não quero ser imortal! — Eliot respondeu ao se sentar no sofá. — Como irei me sentir ao ver as pessoas que amo morrer e ainda continuar vivo? Mantenho esse humor, por querer a distância das pessoas! Pretendo nunca me apaixonar! Só de saber que sentirei a dor da perda para sempre. Acho que isso não é viver!

— Por que pensa desta forma? Ame ao máximo a pessoa. Depois da partida, siga sua vida! Você realmente pode ser feliz e ser eterno, porém, prefere ficar se lamentando e deixando seu sangue falar mais alto. — disse Abel exaltado e já na porta.

Eliot queria muito acreditar nas palavras do amigo, entretanto, apenas ele sabia o quanto é imponente o peso de se tornar uma pessoa imutável. Depois de alguns aniversários sua imagem jamais mudaria. Teria o mesmo cabelo castanho-ruivo, os mesmos olhos cor de mel e a mesma pele em tom pálido e opaco pelo resto da vida. Não que ter a mesma aparência é algo que o deixasse com medo, mas apenas de saber que seguiria uma vida solitária o deixava aterrorizado.

— Meu cabelo é castanho-ruivo. — disse, enquanto o amigo já saia do quarto, porém, conseguiu capitar um pequeno sorriso nos lábios do outro.

 

 

 

===|||===

— Por que não me avisou? — Eliot perguntou em um tom irritado ao celular.

— Vou ser bem direta meu filho! — exclamou a mulher do outro lado do celular. — Porque achei que estava mesmo querendo se ligar a uma pessoa da Luz!  Sei que nem todos das trevas fazem a ligação, então achei melhor não avisar e deixar por sua escolha, mas...

O assunto que Eliot menos amava conversar com sua mãe, e dessa vez queria a todo o custo evitar ter mais uma briga.

— Não quero brigar, então... — disse o menino e logo em seguida desligou o aparelho sem mais uma única palavra.

O assunto sempre o deixava muito irritado, o que significaria perder o controle dos seus poderes, mas não poderia fazer isso com as pessoas do colégio. Seria muito complicado ter que impedir um ataque de trevas, ainda mais logo no início do ano.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler!