Capítulo 23 – Re-encontro

 -Agora temos que roubar um carro. Minha parte preferida. - sorri, mas por dentro estava apreensiva. Eu sabia que não iria dar tempo.

-Nossa, estou meio perdido aqui. Desde quando vocês viraram delinquentes? - Luke riu. - Brincadeira. Eu já sei. Todo mundo sabe. Vocês saíram no jornal! No jornal!

-Droga. - falei. - Quíron dá um jeito nisso.

-Beleza. Agora só nos resta escolher a vítima. - Percy falou.

Eu olhei em volta. E vi um lindo e potente Maserati estacionado ali perto.

-Me sigam. - falei. Me aproximei do carro e, para nossa sorte, vi que a chave estava no contato e que o dono do carro estava do lado de fora, falando em um orelhão de rua. - Entrem! - gritei e abri a porta do motorista. Sentei e Percy e Luke também se acomodaram (Percy no banco de carona e Luke no banco de trás). -Lá vamos nós! U-hu! - gritei enquanto acelerava e ligava o rádio. Eu nunca havia dirigido um Maserati antes e, cara, era muito bom.

-Devagar! - Luke gritou mas eu nem dei ouvidos. Aumentei o volume e comecei a cantar Blah Blah Blah da Ke$ha.

-Você está indo muito rápido! - Luke voltou a gritar. -Selina, vai com calma, temos quatro dias!

Revirei os olhos e voltei a dirigir.

-Luke, cala essa merda de boca! - gritei quando ele começou a me encher o saco de verdade. Então ele ficou quieto.

Percy tentou segurar o riso, sem sucesso.

Depois de algum tempo o silêncio ficou chato. A música que estava rolando era algum cocô da Susan Boyle. Mudei de rádio. Estava tocando Elvis! Sério mesmo! Revirei os olhos e mudei mais uma vez. Ah, ótimo. Era Michael Jackson. Por fim, desisti e desliguei o rádio.

-Gente, que chato não ter nada para fazer. - reclamei. Nós devíamos estar mais ou menos no Colorado. Então eu vi uma coisa realmente impossível. Annabeth e Argaios estavam sentados na beira da estrada acenando para os carros que passavam. Freei.

-Droga, o que foi?! - Luke perguntou, mas eu já havia saído do carro.

-Annie, Argaios! - gritei e acenei. Eles me olharam assustados e sorriram.

-Sel! - Annabeth disse e veio até meu lado. - Você não sabe, achamos Hera! - ela disse e meu queixo caiu. Os carros começaram a buzinar e eu mandei eles entrarem.

-Contem tudo. - falei enquanto voltava a dirigir.

-Bem, vocês esqueceram o mapa das Górgonas com a gente. - Annie disse. - Então nós resolvemos ir até aquele lugar chamado Refúgio dos Deuses. Eu tinha dinheiro então pagamos um táxi. Só que deu muito mais caro então demos o que tínhamos e fugimos correndo do taxista. Foi engraçado, só que tipo, levou bastante tempo a viagem e estávamos cansados. Acabamos dormindo na rua. Então acordamos e fomos até esse lugar. E, cara, era muito sinistro. Mas no fim, Hera estava lá. Ela não havia sido raptada. Ela havia fugido porque estava triste e magoada com Zeus, que a havia traído de novo. Só que desta vez foi uma ninfa qualquer. E então ela decidiu fugir, dá para acreditar?! - Annabeth fez uma careta de indignação. - Nós tentamos a convencer a voltar, mas a bicha é teimosa! Então nós contamos para a guerra e ela resolveu voltar. Disse que numa grande família como o Olimpo, não pode haver guerra. Só podia ser deusa do casamento mesmo...

Eu ri um pouco enquanto acelerava mais ainda.

-O que aconteceu com vocês? - Argaios perguntou. Eu suspirei e comecei a contar tudo que tinha acontecido, desde que eles tinham sido jogados para o outro lado do mundo por Quimera até a hora que nós os achamos novamente.

-Nossa. Eu não acredito que vocês perderam tempo ficando bêbados! - gritou Annabeth, furiosa enquanto seus cachinhos balançavam de um lado para o outro. - Que irresponsabilidade! Burrice, idiotice!

-Annabeth. - eu disse. - O bom é que achamos o raio e a deusa.

-Sim. Bem, alguém tem dinheiro? - Annabeth perguntou depois de respirar fundo.

-Sim. - Luke respondeu.

-Quanto? - Annie perguntou.

-Bem... eu não sabia de quanto ia precisar, então...

-Quanto?!

-Dez mil dólares.

-O que? - perguntei. - Onde você conseguiu tudo isso?

-Sou filho do deus dos ladrões. - Luke deu de ombros.

-Perfeito. - Annabeth disse. - Vamos comprar cinco passagens de avião para New York.

Eu freei com tudo.

-Você está louca? Eu morro se andar nos domínios de Zeus! - gritei. Um trovão soou no ar para confirmar o que eu disse (já que Zeus estava sem o raio).

-Ah, não, não morre. -Annabeth sorriu maliciosamente. - Você está com o raio de Zeus. Ele não vai querer que, sem querer, algo de ruim aconteça a ele. Então você vai ter que andar de avião para entregar a Zeus seu brinquedinho.

Fiquei esperando outro trovão, para desmentir Annabeth. Mas nada aconteceu. Então pensei: “Zeus, se eu puder andar de avião, solte um trovão. E, ah, desculpe pela indelicadeza de pensar em você.” . Depois de uns dois segundos, todos escutamos um trovão e eu sorri e disse:

-Para o aeroporto internacional do Colorado.

-Espera. - Percy disse. - Falta uma peça do quebra-cabeças. O sexto campista, o que deveria voltar com a gente. Está tudo fácil de mais. O Luke ter achado o raio tão fácil, só prova que algo realmente está errado.

Eu sabia que era verdade. Ainda assim, eu disse:

-Dane-se. Para mim não foi fácil. Poxa, tivemos de matar as górgonas, lutar com Quimera, ficar bêbados e ir para o mundo inferior. Eu vou para New York, e lá nós encontramos a peça que falta.