Capítulo 17 – Falidos e foragidos

POV – Percy

Eu estava encantado com ela. Aquela menina que de uma hora para outra, deixara de ser mimada e se tornara uma incrível guerreira. E ainda por cima, havia socado a cara de um deus por mim!

-Ok. Agora, precisamos voltar para a estrada. - Selina disse- Eu não estou aguentando essas malas! - ela apontou para a mochila em suas costas.

-Quer ajuda? - perguntei de imediato, trocando minha mala de mão.

Ela riu.

-Não, está tudo bem. Vamos andar um pouco? - antes de eu responder ela saiu andando pela rua.

-Ei, srta. Tik Tok, que horas são? - perguntei sorrindo.

-Duas e cinquenta, senhor filhote de sardinha. - ela disse e eu fiz uma careta. - Tabom, é cabeça de alga mesmo. - eu sorri.

-Entãão, o que vamos fazer agora? - Perguntou Sel.

-Você está com o mapa de Medusa? - eu perguntei e ela assentiu. - E com os dracmas? - perguntei de novo e novamente ela assentiu. - Vamos mandar uma mensagem de Íris a nossos amigos.

-Uma mensagem de que? - Sel perguntou confusa. Eu acenei com a mão e pedi um dracma. Ela me entregou e eu joguei numa poça da água ali perto.

Um arco-íris se formou e eu pedi:

-Gostaria de falar com... hum Annabeth Chase.

O arco-íris se dissolveu e em seu lugar apareceu a imagem de Annabeth e Argaios, como que em 3D. Selina exclamou:

-Nooossaa!

Eu ri e falei com Annie:

-Annabeth, Argaios, vocês estão bem? Onde vocês estão?

-Percy, Sel! - Annabeth sorriu. - Nós estamos perdidos em alguma parte de Kentucky.

-Como assim em Kentucky?! - Selina gritou. - É muito longe de onde estamos. Estamos em Illinois!

-Nossa! - Argaios disse.

-Annabeth, vamos nos encontrar em algum lugar! - eu disse. - No Missouri, talvez?

-Sim, mas talvez demore muito... nós só temos mais 12 dias! Já passamos três dias viajando!

-Eu sei, Annie. Melhor do que ninguém. - Selina disse triste.

A imagem de Annabeth começou a se dissolver, e antes que sumisse por completo ela gritou:

-Vocês vão para Califórnia! Nós vamos achar Thalia!

E a imagem sumiu.

-Bom, então vamos em busca da Califórnia. - Selina disse.

Eu assenti, mas disse:

-Primeiro eu gostaria de ir em busca de um sanduíche!

Sel riu e disse:

-Qualquer lugar em que não haja górgonas, leões com cabeça de cabra e qualquer coisa desse tipo!

Eu ri um pouco e começamos a andar. Pouco depois, entramos numa rua um pouco mais movimentada.

-Vamos pedir orientação para alguém. - Selina falou. Ela olhou em volta e disse: - Já sei!

Sel foi andando até um garoto de uns vinte anos, alto, loiro e atlético. O tipo de garoto que se vê em um filme como High School Musical.

Eu a segui com uma careta. Ela sorriu para o Troy Bolton loiro e disse:

-Desculpe-me perguntar, mas você poderia nos dizer onde tem um restaurante ou uma cafeteria, algum lugar assim, por perto?

O loiro sorriu.

-Sim, eu estou indo para um clube que fica ao lado de um McDonalds a duas ruas daqui. Podem me seguir. - ele disse e eu aumentei minha careta.

-Adorari...

-...amos. - completei a frase de Sel e passei a mão em sua cintura.

Selina riu e me deu um beijinho, sussurrando só para mim ouvir enquanto andávamos:

-Você fica tão fofo com ciúmes.

Eu me senti corar levemente e continuei seguindo o loiro.

Até que depois de um tempo ele parou em frente a um tão conhecido prédio quadrado de cores vermelhas e amarelas.

-É aí. Bom, eu vou indo. - O loiro disse e entrou em um salão ao lado do McDonalds.

-Bem, eu estou com fome. - Selina disse e correu para dentro do restaurante fast-food. Eu a segui.

-Um big-mac com batata frita e coca, uns nuggets de dez e mais batata. - pedi com um sorriso. Ela riu e entrou na fila.

Depois de uns segundos, eu ouvi a inconfundível controladamente alterada de Selina. Ela costumava usar está voz quando estava brava, mas não queria brigar. Me aproximei do balcão e vi que Sel discutia com uma atendente. A bandeja com os lanches estava ao seu lado, mas ela ainda não tinha pago.

-O que aconteceu? - perguntei.

-Esta maluca está dizendo que o meu cartão sem limites está bloqueado! - Selina gritou e a mulher me lançou um olhar que significava algo como SOS!

-Mas seu cartão pode ter sido bloqueado... - tentei convencê-la

-É lógico que não! É impossível, porque o meu cartão UNLIMITED é pago pelas empresas do meu... do meu...

-Do seu?

-Do meu pai! É por isso que está bloqueado, caramba!- Selina gritou e começou a pedir um milhão de desculpas a atendente, enquanto procurava dinheiro na bolsa.

-Onde eu deixei...Droga! - ela disse de repente. - Meu dinheiro estava com Annabeth. Na sua mochila.

Eu a olhei espantado.

-Mas você não tem outro cartão?

-Não, eu... - de repente ela olhou para a atendente que nos encarava confusa. Seu olhar vagou entre ela e o espaço até a bandeja com os lanches. Ela me olhou.

-Corre por sua comida! - Selina gritou enquanto agarrava a bandeja e saia correndo para fora do McDonalds. E eu a segui. O que mais poderia fazer?

POV SELINA

Ok. Eu era mesmo louca. Mas eu não ia passar fome! Então, quando agarrei a bandeja do McDonalds e saí correndo pelas ruas de Illinois desvairadamente, foi por uma boa causa.

Eu sempre sobrevivera com meu cartão sem limites. Apesar disso, eu tinha uns duzentos dólares comigo sempre que saia. Mas como eu sou muito sortuda, havia os deixado na mala de Annabeth. Dentro do 4x4 que estava muito longe agora.

Depois de ver que já estava longe o suficiente do fast-food, parei para tomar fôlego, com a bandeja intocada nas mãos.

-Você...é...pirada! - Percy disse quando parou do meu lado. Depois ele me olhou e começou a rir descontroladamente.

-Ei. - eu disse rindo junto. - Foi divertido.

-É! - ele disse e pegou seu bigmac da bandeja, tirando a embalagem e dando uma grande mordida.

Nos sentamos em um banco ali perto, e começamos a comer. Quando acabamos, Percy me disse uma coisa em que não havia pensado antes:

-Preciso ir ao banheiro.

Eu o olhei. Nós não íamos ao banheiro desde que saímos da Pensão da dona Iolanda, mas eu não queria ir. Meus olhos vasculharam o lugar, em busca de algum local por perto. Achei um bar do outro lado da rua.

-Tem um bar ali. - apontei.

-Mas... no bar? - Percy me perguntou com uma careta.

-É no bar ou no matinho do lado dele. - respondi. Percy bufou e foi até o bar. Fiquei batendo com os dedos no banco, quando vi algo que realmente me chamou a atenção. Uma reluzente BMW vermelha, que virava a rua no momento, atraindo a atenção de todos. Ela estacionou pouco a frente de onde eu estava sentada e seu motorista saiu. Um homem negro e careca de uns trinta anos, com pinta de empresário. Ele me olhou e perguntou:

-Você pode dar uma olhada no carro por um instante? Eu vou ali e já volto.

-Claro... - respondi com um sorriso. O homem saiu dali e Percy chegou pouco depois.

-Uau, de quem é essa belezinha? - ele perguntou.

-Não sei. Quer dizer, sei mais ou menos. - eu disse e tive uma ideia repentina. - Percy entra no carro! - mandei enquanto pulava para fora do banco e tirava Anaklusmos do bolso de Percy. Ele me olhou assustado e eu quebrei o vidro da BMW, entrando pela janela.

Um alarme irritante começou a tocar.

-Mas que diabos você pensa que está fazendo?!- Percy gritou.

-Entra logo! - ordenei enquanto abria a porta do carona por dentro, para ele entrar, e jogava nossas malas no chão do mesmo banco do carona.

-Agora é só... - eu disse olhando para o volante e congelando. - A chave. - eu disse desanimada, no mesmo instante em que o dono do carro apareceu gritando palavras nada legais. Saí do carro e fui até ele. Nem ouvi as indulgencias que ele me falava, só o empurrei e enfiei a mão no bolso da sua jaqueta e voltei correndo para o carro. Mas não antes que ele me fotografasse com o celular e ao Percy, que já havia saído do carro.

Entramos novamente no carro e eu pisei fundo no acelerador.

Não fazia muito tempo que estávamos andando quando ouvi as sirenes de polícia, e dois carros azuis e vermelhos nos cercaram. Pisei fundo no acelerador e joguei o carro para esquerda, enquanto os carros nos seguiam.

-Droga, droga e droga! - reclamei.

-Para o tempo, para o tempo! - Percy gritou. Mas eu não sabia como! Os carros estavam se aproximando. Minha cabeça estava um zunido só, mas eu comecei a querer mais que tudo que os carros atrás de mim congelassem no tempo por uns dez minutos. Desejei muito forte.

Então, não pude deixar de sorrir quando Percy disse:

-Você conseguiu.

Chegamos na estrada em pouco tempo, mas já fazia umas duas horas que eu estava dirigindo. Não havíamos dito nada um para o outro e o vidro do passageiro da BMW estava quebrado. Apesar disso, eu ainda estava a mais de 250Km por hora.

Eu liguei o rádio, mas não prestei atenção no que passava. Poucos segundos depois, Percy disse:

-Eu não acredito que somos delinquentes.

-Nem eu! - respondi sorrindo.- Quer dizer, roubar um McDonalds tudo bem. Mas uma BMW? Isso é irado!

-Não, é sério. - ele disse aumentando o rádio. Só então eu escutei o que o locutor falava:

-Os adolescentes têm 16 anos de idade e ambos são morenos. A garota, cujo nome descobrimos ser Selina Mira van der Halt, filha dos famosíssimos empresários Van der Halt, tem olhos azuis e altura mediana. Seu pai, William van der Halt, se pronunciou dizendo que ela estava se comportando de forma muito estranha ultimamente, e que a garota havia fugido de casa.

-Quanto ao menino alto, de olhos verde-mar, seu nome é Perceu Jackson. Sua mãe, Sally Jackson não deu nenhuma declaração. O fato é que os dois são agora acusados de roubar uma BMW de Fernando Vintage, um famoso advogado. E após uma fuga propositada dos carros da viatura policial local de Illionois, os dois estão sendo considerados foragidos do estado.

As duas viaturas policiais que os seguiam enguiçaram e os guardas que as dirigiam não puderam seguir Selina e Perceu. Enquanto isso, aguardamos novas notícias...

-EU NÃO ACREDITO! - gritei perdendo o controle do volante por um momento. - Como eles conseguiram falar tão rápido com meu pai?!!! Como nós viramos foragidos da lei, tão rápido?!!!

-Ah, isso é simples. - Percy sorriu. - Foi porque roubamos um bigmac e um refrigerante.