Confusões na Clareira escrita por Nati Sangster 17
Dany
Lutei. Com todas as minhas forças, eu lutei. Mas aquele cara era muito mais forte do que eu. Ele me arrastou por todo o labirinto até estarmos na “porta” pela qual eu fugi.
Implorei o caminho inteiro para ele me deixar ir, mas ele continuava firme com seu aperto de aço sobre meu corpo.
Quando chegamos começei a me debater com mais força e o garoto que estava me levando chamou um cara com o nome de Gally para o ajudar.
Gally agarrou meus pés com brutalidade e o garoto que estava me levando disse:
- Calma aí, Gally. Ela é garota, lembra?!
Enquanto eles tentavam me carregar para algum lugar, eu me debatia
desesperadamente.
Então, um barulho ensurdecedor tomou conta do lugar, todos pararam e eu parei de me debater por um tempo para ver o que estava acontecendo, foi aí que eu vi as quatro ”portas” gigantes se fechando.
Por um instante fiquei parada olhando elas se fecharem, mas quando não havia mais saída para o labirinto, voltei a me debater.
Eles me levaram para um lugar chamado Amansador, que era como uma cela. Lá só tinha uma cadeira sem um dos pés.
Largaram-me no chão e antes que eu pudesse me levantar já estava trancada.
E sozinha.
Minha vontade de fugir era tão grande que começei a chutar e bater na grade da janela, na porta e na parede, e gritava feito louca para que me deixassem sair.
Bati tanto naquela grade que acabei, de uma maneira que nem eu sei como, quebrando o que restava da cadeira. “Ótimo” pensei, “agora eu não tenho onde dormir.”
Sentei no chão e começei a jogar os pedaços da cadeira na parede para descontar a minha raiva.
Uma garota veio até o amansador, provavelmente para falar comigo ou algo do tipo. Quando ela chegou, disse:
— Oi, meu nome é Brenda, você lembra o seu?
Fiz que não com a cabeça.
— Hum... Eu trouxe a comida para você, você quer?
Só aí me dei conta de que estava morrendo de fome.
— Sim, obrigada.
Em meio às grades, ela me passou um sanduíche e um copo de água.
Devorei a comida.
— Então – disse Brenda – como foi fugir para o labirinto?
Eu não sabia por que, mas eu havia gostado daquela garota.
— Muito legal, até me arrastarem de volta a esse inferno – falei e Brenda soltou um risinho.
— Esse lugar não é tão infernal assim, afinal, somos apenas três garotas cercadas de garotos.
— Claro! E eles me adoram tanto que eu mal apenas cheguei aqui e dois deles já me arrastaram para a cadeia.
— Não é para menos, você quebrou duas das três regras que temos aqui.
— Sério? Quais?
Quando Brenda iria responder, uma garota de cabelos negros e olhos incrivelmente azuis apareceu e disse:
— Brenda, está na hora de irmos dormir, teremos um longo dia amanhã. Ah, olá trolha, meu nome é Teresa.
— Não me chame de trolha, eu tenho um nome, só não me lembro dele ainda.
— Beleza, – ela disse – mas até lembrar te chamarei de trolha mesmo. Boa noite – ela diz, com um sorriso.
— Boa noite novata – diz Brenda.
E assim elas foram embora.
Estou sozinha de novo.
O que me resta é tentar dormir.
********
Estava em uma casa desconhecida, com pouca mobília e meio escura. Não entendi o que estava fazendo ali. De repente vi dois adultos – um homem e uma mulher – em um canto, abraçados a uma menina de cinco anos, mais ou menos. Então, dois sujeitos de macacões verdes e máscaras chegaram e levaram a menina para longe dos pais, enquanto os pais choravam e diziam:
— Vai ficar tudo bem Dany, não se preocupe, estaremos sempre com você. Nós te amamos.
E assim os sujeitos se foram levando a garota para longe de seus pais.
********
Acordei assustada. Era um sonho. Não, não era um sonho. Era uma lembrança, e aqueles eram meus pais.
E eu era a garota.
Meu nome é Dany.
********
Ainda estava escuro quando a porta da cela foi aberta, e por ela entrou o garoto que derrubei antes de ir pro labirinto. Eu estava sentada em um canto. Ele veio até mim, sentou no chão à minha frente e disse:
— Meu nome é Newt, sou o líder daqui, você lembra seu nome?
— Meu nome é Dany – digo, apenas.
— Ok Dany, vem, vou mostrar o lugar para você – disse se levantando e me estendendo a mão. Aceitei e fui com ele, quando saímos da cela me deparei com mais quatro garotos.
— Pra que isso? – perguntei.
— Por precaução. – ele disse e sorriu.
********
Newt me explicou tudo sobre aquele lugar. Disse que faltava só mais uma coisa para me mostrar.
Fomos até uma parede coberta por uma vegetação espessa, - hera – atrás dela, tinha uma janelinha escondida pela qual Newt me mandou espiar. Vi um monstro horrível por lá. Dei alguns passos para trás e tropeçei em algo, ou melhor, nele. Quase caí, mas ele me segurou.
Um arrepio passou pelo meu corpo.
— Entendi porque não queriam que eu saísse.
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