Pássaros Azuis escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 2
01 — A luz dos (meus) pesadelos


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO PROGRAMADO MINHA GENTE ♥ Oi, olha eu aqui de nova, atualizando essa bagacinha ♥ Aqui eu não vou citar nada sobre comentários (se eles chegarem a existir) porque quando programei eles não existiam. Mas mesmo assim, se tiver alguém lendo, eu estarei feliz.

Essa é a música que acompanha o capítulo, mas já aviso que ele é bem... Monótono, porque ele precisava ser assim :p mas eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=GNBznlPOf7w

Espero que gostem ♥



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Pássaros Azuis

A luz dos (meus) pesadelos

— Kyuubi, vamos brincar?

Sasuke abriu os olhos ao ouvir a voz infantil que conhecia tão bem, e se viu perdido em meio a um enorme vazio, onde havia apenas uma assustadora escuridão querendo engoli-lo. Não sabia ao certo como havia ido parar ali, mas queria ir embora o mais rápido possível.

— Kyuubi!

A voz mais uma vez o despertou, fazendo-o erguer os orbes ônix para tentar olhar mais além, ver além de tudo aquela negritude que o envolvia, que o deixava desesperado. Se esforçou para dar um passo a mais e se aproximar do que ouvia, mesmo caindo e tento de se arrastar para fazê-lo.

Sentia uma certa dificuldade em respirar, assim como um aperto em seu peito. Por algum motivo não queria desistir, queria chegar perto da criança que parecia lhe chamar, mesmo usando um outro nome. A criança que aparentava grande felicidade, mas que Sasuke sabia que carregava uma enorme dor.

Assim que chegou perto o bastante arregalou os olhos, surpreso e sem acreditar no que viu. Ainda um pouco afastado via uma fraca luz. A luz que iluminaria seu caminho. Ali estava um rapaz de costas, mais baixo do que si, com lisos fios dourados balançando com uma fraca brisa, exibindo em seus rosto um lindo e brilhante sorriso.

Ao seu lado, um pequeno garotinho de cabelos negros, gargalhando de forma doce e infatil, causando em seu corpo alguns tremores de um leve desespero, acelarando seu coração com saudade mescladas a tristeza. Era ele, ali. Consigo há anos atrás.

Os dois se divertiam, brincavam, riam. E o moreno se sentia abatido por um enorme sentimento de nostalgia, e uma vontade ainda maior de falar com o jovem. De chamar por ele, De tocá-lo. De pedir perdão. De tê-lo como seu grande amigo novamente.

Inconsciente, levou os dedos até o pingente azul do colar, que há longos quatro anos o outro deixara antes de desaparecer, a joia que o impedira de esquece-lo. Estendeu uma mão para tentar alcançar os cabelos amarelados, mas parecia ficar ainda mais distante de garoto.

Entrabriu os lábios brancos e o chamou uma, duas, três vezes sem que sua voz saísse, sem que pudesse ser ouvida por Kyuubi ou por ele na versão miniatura. E mais uma vez o desespero voltou a lhe tomar e ele berrou, deixando seu grito se perder no vácuo em um mar de silêncio.

Caiu de joelhos, puxando o ar de volta para seus pulmões e viu os dois se afastarem, andando lentamente. Chamou uma última vez, sem sucesso, e se levantou. Não. Não o perderia novamente. Não mais.

O seguiu, por mais que não conseguisse se aproximar muito da sua fonte de luz, algo parecia o repelir, mantendo-o afastado dos dois que continuavam a se divertir, como se ele não existisse. Isso, não entanto, não lhe importava no momento.

Parou pouco atrás deles, vendo um pequeno sobrado bonito logo à frente, pintado de branco e laranja, e decorados por pequenos vasos com flores de diversas cores. Sasuke raramente via casas assim, e isso o surpreendia ao mesmo tempo que traziam lembraças de dias que ele não parecia ter vivido.

Curioso, tentou se chegar ainda mais perto, e naquele momento os olhos azuis do louro cruzaram com os seus, ainda bonitos e brilhantes, mas que transpareciam uma agonia que fazia doer até nele. Sentiu-se sem ter um chão para pisar, e a escuridão voltou a envolve-lo até que o dominasse totalmente.

E, antes de tudo acabar, a última coisa que viu foram os orbes cerúleos. 

 

 

Sasuke acordou assustado e com a respiração pesada, agarrando os lençóis azuis com força. As gotas de suor se misturavam as lágrimas enquanto escorriam por seu rosto, e ele podia ouvir sua mãe gritando seu nome, mandando levantar e se vestir logo.

Passou a mão nos desalinhados fios negros — alguns grudados na testa — se xingando mentalmente por ter falhado mais uma vez em falar com Kyuubi em seus sonhos, e teria que tentra novamente naquela noite.

Há quatro anos o havia mandado embora num momento de fúria, esperando que voltasse no dia seguinte, e assim se passaram semanas e mais semanas em que o Uchiha passou sentado na varanda de sua casa, querendo ver o sorriso branco de seu querido amigo, sem que ele aparecesse.

No início, seu orgulho não deixava que ele demonstrasse a falta que sentia, e apenas se fechou do mundo por um tempo, calado. Pouco depois, no entanto, começou a chamar pelo louro pedir para que voltasse para sua vida, implorando sem uma resposta. Muitos achavam que ele começava a ficar louco, mas Itachi e sua mãe o apoiaram assim que viram o misterioso colar.

Os dias que ficou sem ver Kyuubi foram classificados como os piores de sua vida, e aquele ano Sasuke passou completamente recluso, quase sem falar, até que o rapaz voltou a aparecer em seus sonhos, sempre acompanhado pelo seu eu criança. Porém nunca conseguia falar com o outro, e o primeiro contanto depois de quatro anos fora o que acabara de ter. Uma troca de olhares.

— Eu vou te encontrar... — murmurou, jogando o lençol para um lado qualquer. Bem, infalizmente era um dia se semana e precisava ir para a escola, aturar aquele bando de gente idiota que queria estar ao seu redor. — Nem que eu tenha de passar mais quatro anos te procurando...

— Falando sozinho, Sasuke-kun? — a delicada voz feminina o fez se virar para a mulher de curtos casbelos róseos que entrava no quarto, trazendo consigo um sorriso doce e uma bandeja de café-da-manhã. Provavelmente sua mãe mandara Sakura Haruno fazer para que a relação deles melhorasse um pouco.

Tsc. Mikoto era tão previsível.

— Isso não é da sua conta, Sakura. — retrucou, estreitando os olhos negros e fazendo com que as duas esmeraldas o fitassem com falsa mágoa. A flor de cerejeira até gostava do mau-humor cotidiano de seu cunhado, e também sua incrível falta de expressão. — Agora saia daqui.

— Eh, não vai comer? — ela arqueou uma sobrancelha, confusa. Sasuke podia ser um jovem muito chato, mas nunca, nunca rejeitava comida. Qualquer que fosse. — Está se sentindo bem, Sasuke-kun? Se quiser eu posso chamar a Mikoto-san e...

— SAI DAQUI, SAKURA! E SAI JÁ! — berrou, fazendo a mais velha dar dois passos para trás, assustada. O Uchiha mais jovem estava mais irritadiço que o normal. — Sai logo.

indo! indo! — disse e deixou a bandeja em cima de uma cômoda do quarto. De afastou do moreno e o encarou com seriedade. — Você está muito mal-educado para o meu gosto, Sasuke-kun. Não quero ser chata, mas se quiser mesmo morar comigo e com o Itachi-kun é melhor melhorar um pouco, Shannaro.

Dizendo isso, a rosada saiu, e assim que a porta foi fechada ouviu o impacto de algo de quebrando contra a madeira, a fazendo se encolher com o susto. Pobre dona Mikoto que teria de comprar um novo ítem de decoração para o quarto do filho.

Sasuke precisava ficar um pouco mais calmo, talvez uma boa terapia o ajudasse. Sim, era isso! Ela não era Psicólogo, mas sua amiga sim. Falaria com Itachi e ligaria para Hinata, quem sabe conseguissem arrastar o moreno para o consultório.

Talvez fosse uma boa ideia... Ou não.

 

 

O rapaz de cabelos escuros se vestiu rapidamente e desceu, ignorando completamente a presença da cunhada que conversava com a mãe e o melhor amigo de seu irmão, fazendo Itachi arquear uma sobrancelha com desconforto. Sabia que, no fundo, o que o mais novo sentia era puro ciúmes de sua noiva de fios róseos, o que podia fazer se ele o amava?

No entanto, isso também o incomodava, a frieza que o menor sempre demonstrava para com todos desde o episódio em que expulsara Kyuubi de sua vida, isso o fizera se fechar ainda mais em seu mundinho limitado. E o médico estava mais que disposta a mudar isso, tanto que até chamara Shisui naquela manhã de inverno.

Fez um sinal para Sakura, pedindo que ela e Mikoto saíssem por um momento e a Haruno consentiu, chamando a sogra para dar uma passeio no mercado. Enfim os três parentes estariam sozinhos para conversar em paz.

— O que você quer com isso, Nii-san? — com sua falta de expressão caracteristíca, Sasuke questionou. O outro estava aprontando, tinha certeza.

— Nossa, como você percebe as coisas ao seu redor, Sasuke. — ironizou com um sorriso de canto nos lábios. — Pena que só não percebe as pessoas. O Shisui está aí, sabia?

— Quem se importa? — àss vezes a mania dela de dar de ombros o irritava, porém a situação exigia certa... Calma.

— Não se preocupe com isso, Itachi. — o advogado interrompee e ajeitou sua gravata. Ah, se aquela conversa não fluísse direito logo ia acabar se atrasando para a audiência. — Olha, Sasu — Sasuke odiava o apelido — eu não tenho muito tempo então vou direto ao assunto, esse tal de Kyuubi existia mesmo?

Por um momento, o moreno pensou que fosse uma brincadeira muito sem graça e nada respondeu. Sério que ainda existia quem questionasse a existência do louro que fizera de sua infância mais feliz? Duvidavam que aquele colar que não tirava do pescoço não vinha do amigo de madeixas douradas?

— Quer que eu me atrase para escola por culpa de suas perguntinhas idiotas? — o costume com a forma rude do primo de tratar os outros fez com que o formado em direito levasse numa boa, dando de ombros com um sorriso bobo no rosto. — E eu não sei quem lhe deu o direito de chama-lo pelo nome.

— Sasuke!

— Cala a boca, Itachi!

O médico tirou os óculos e suspirou, derrotado. Sasuke era um garoto difícil, mas naquele dia isso parecia estar ainda mais evidente. Ah, isso já o estava deixando com raiva! Chegou a entreabrir os lábios para responder, todavia, antes que o fizesse, o mlehor amigo levantou uma mão, pedindo de forma silênciosa que não dissesse nada.

Shisui apenas aumentou o sorriso com a forma defensiva do colegial. Agora achava que podia entender melhor como o jovem estava se sentindo em relação a falta do louro e aos pesadelos constantes — Itachi lhe contara tudo com os mínimos detalhes —, e se sentia no dever de ajudar, eram da mesma família, afinal.

— Pela sua resposta, creio que ele não existia, e sim existe. — se encostou no balcão da cozinha e deixou que seus olhos negros encarassem o teto por um instante, sendo seguido pelo olhar do rapaz de fios espetados. Sim. Os verbos no presente definiam Kyuubi. — Acho que... Você deveria procurar por ele, Sasuke.

— E você acha que não estou fazendo isso?

— Não do jeito certo, se não ele já teria voltado. — Shisui disse, finalmente se pondo numa postura ereta, o esperado para um advogado que daqui a dez minutos teria de enfrentar um juíz com um humor pior que o do primo querido. — Sasuke, eu ainda me lembro de como você era com a presença desse ser invisível. Ele te fazia bem. Vá atrás dele.

O silêncio se instautou entre os familiares por um momentos, até que o último se despediu, dando a desculpa de precisar ir trabalhar, e deixando o moreno com uma expressão de dúvida estampando seu rosto.

Sim, ele queria trazer Kyuubi de volta. Queria poder conversar e rir com ele. Queria de volta aquelas tardes em que, sentados na varanda, eles ficavam lado a lado, apenas apreciando a presença um do outro. Se pudesse tê-lo novamente ali... Seria... Seria perfeito! Seria como voltar ao passado.

Se bem que, prestando a atenção em seus sonhos, algo lhe veio a mente. Mesmo depois de dez anos que se conheciam, Kyuubi nunca havia mudado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, meus doces ♥ Quem quiser comentar, fique a vontade :v

Beijos ♥

POSTADO: 01/03/16



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