Musica

She says she wants to end it all when she's all alone in her room

Ela diz que quer acabar com tudo, quando ela esta sozinha em seu quarto

She cries

Ela chora

The way she feels inside is too much for her

A forma como ela se sente por dentro é muito para ela

When all you got is these four walls

Quando tudo o que você tem são essas quatro paredes

It's not that hard to feel so small

Não é difícil se sentir tão pequeno

Or even exist at all

Ou se quer existir afinal

How come no one heard her when she said

Como ninguém a ouviu quando ela disse

            Nico estava em frente a mansão dos Grace. As pupilas dilatadas de raiva, o peito subindo e descendo rapidamente. Não pensava no que faria dali em diante. Só queria extravasar. Ele não aguentava vê-la daquela forma. Não aguentava vê-la da forma que a conheceu. Era como se arrancassem pedaços do seu coração.

**

            Nico não sabia o que fazia seguindo a garota até o vestiário do ginásio. Tinha uma sensação, horrível, que sentiu poucas vezes na vida. Raríssimas, pode-se dizer. Era um estado de alerta, um calafrio terrível o percorria pelo corpo.  Sentiu isso em três ocasiões distintas. Primeira: Quando a mãe havia falado com ele pelo telefone antes de voltar pra casa, onde no caminho e morreu.

            Bianca, sua irmã mais velha, falava que ele era um menino especial, por isso seu anjo da guarda o avisava quando algo grave iria acontecer. Ele não acreditava, mas, dentro das outras opções tolerou essa. E agora mantinha distância segura da garota. Depois ela entrou no banheiro feminino e ele considerou as conseqüências de se alguém os pegasse ali. Mas por fim decidiu entrar. E o que viu a chocou...

            Caída sentada, o braço pendido para o lado do corpo, uma poça de sangue, múltiplos cortes, e era perceptível que não era a primeira vez. Correu até ela, passou um braço por sua cintura e com a mão livre tentou estacar o sangue enquanto gritava por ajuda...

**

—Quem é você? – Perguntou a garota, após acordar, com a voz rouca enquanto tentava identificar onde estava. E ele se espantou com o azul daquele olhar, e a intensidade contida nele.

—Meu nome é Nico. Eu te trouxe ao hospital, você estava...

—Eu sei como eu estava. Foi eu que fiz. E você não devia ter me tirado de lá.

—Hey! Não diga uma coisa dessas.

—Você não entende... Talvez, aquilo fosse o suficiente... – Mal sabia Thalia, que ele entendia melhor do que ninguém.

Maybe I'm better off dead

Talvez eu seja melhor morta

If I was would it finally be enough

Se isso finalmente for o suficiente

To shut out all those voices in my head?

Para calar as vozes na minha cabeça

Maybe I'm better off dead

Talvez eu seja melhor morta

Better off dead!

Melhor morta

Did you hear a word

Você ouviu a palavra

Hear a word I said?

A palavra que eu disse

This is not where I belong

Aqui não é onde eu pertenço

You're gonna miss me when I'm gone

Você vai sentir minha falta quando eu me for

Gone, gone

For, for

This is not where I belong

Aqui não é onde eu pertenço

You're gonna miss me when I'm gone

Você vai sentir minha falta quando eu me for

*

            Fazia um mês desde o ocorrido. Nico havia descoberto que naquele dia, era o aniversário de morte da mãe de Thalia.

            De alguma forma quando os olhares se encontraram, foi como se algo percorresse. Algo forte, inexplicável e assustador. Em um mês Nico conheceu Thalia, não que tivesse sido fácil, mas ele conseguia ser atencioso quando queria.

            Ela tinha o habito de revirar os olhos a mínima situação, principalmente diante do sorriso de canto. O sorriso que ela dava a ele, e de como abria um leve espaço entre os lábios dela mostrando os caninos.

            Como ela sempre apertava a barra da blusa antes de mudar de assunto. Como ela estalava os dedos quando estava nervosa para revelar algo. E como na verdade, os sorrisos contidos, os olhares perdidos na verdade eram só uma armadura.

*

             Ele lembra-se do dia em que ela teve um pesadelo e ligou pra ele. Não pensou duas vezes antes de ir correndo para o condomínio de luxo onde ambos moravam. Subiu pela grande cerejeira que havia de frente ao quarto dela.

            Thalia estava ajoelhada ao lado da cama tremendo. Ele correu ainda mais rápido, a respiração descompassada, pegou-a em seu colo enquanto murmurava coisas desconexas par acalmá-la.

—Nico, - ela murmurou

—Pode falar.

—Promete. Promete que nunca vai me machucar. Promete?

—Não conseguiria mesmo que quisesse. Eu prometo.

—Eu posso confiar em você? Dizem que o amor é para sempre.

—Você é suficiente pra mim. Seu para sempre é tudo o que eu preciso. Até que a morte nos separe.

—Eu te amo pra caralho. –Ela disse e ele sorriu, como um bobo apaixonado que era.

*

            Aos poucos Thalia tornava seus sorrisos mais freqüentes, e Nico adorava isso. Não suportaria perdê-la. Ficaram tão próximos. Nico percebeu, que o principal motivo de Thalia ser daquela forma quando se conheceram, era porque ela não sentia pouco, não pensava pouco. Pelo contrário, com ela ou era 8 ou era 80, e por isso, com as várias decepções talvez aquela fosse a forma de não sentir mais.

She doesn't know she's beautiful

Ela não sabe como é bonita

Because no one's ever told her so

Porque ninguém disse a ela

And the demons that she has is all she knows

E os demonios que ela tem tem é a única coisa que ela conhece

And maybe she can fall in love with someone in her life that she could trust

E talvez ela se apaixone por alguém em quem possa confiar

And tell her she's enough (have someone tell her she's enough)

E que diga a ela que ela é suficiente

How come no one heard her when she said

Como ninguém a ouviu quando ela disse

**

            Abriu a porta da casa dela com um estrondo. Aquela sensação esmagando seu coração. Ela o fizera viver mais. Apaixonou-se perdidamente e mais que isso ele a amava com todas as forças. Já tinha perdido o suficiente de pessoas que amava.

—Como assim vai mandá-la para longe daqui? – Gritou em plenos pulmões

—Então ela teve a dignidade de te contar? Ela vai para aquela clínica sim.

—Nem por cima do meu cadáver.

—A minha consciência não pesaria com o seu cadáver Nico diÂngelo. Eu sou um dos homens mais poderosos desse planeta. Eu sou um Deus. E um Deus não volta atrás em suas palavras.

—Então talvez você nunca devesse ter se tornado um. – E sem dar tempo para o homem segui-lo, aquela sensação horrível em si. Chegou ao quarto de Thalia e deu de cara com a porta e dessa vez, ele estava em um pesadelo.

            Não pensou duas vezes e arrombou a porta, ainda gritando o nome de Thalia. E aquela imagem o veio a mente novamente, mas dessa vez ainda pior. Com os dois braços pingando sangue, e duas possas enormes no chão. Chegou a tempo de ver um papel voando pela janela e pegou-o a tempo.

            A letra disforme e grande, dava indícios de que ela estava tremendo quando escreveu. As manchas no papel indicavam as lágrimas, que agora também escorriam pelo rosto de Nico.

Hey, Anjo da Guarda,

Obrigada por me amar, Te amo.

            Da sua Thalia.

            Nico chamou a ambulância o mais rápido que conseguiu.

*

Maybe I'm better off dead

Talvez eu seja melhor morta

If I was would it finally be enough

Se isso finalmente for o suficiente

To shut out all those voices in my head?

Para calar as vozes na minha cabeça

Maybe I'm better off dead

Talvez eu seja melhor morta

Better off dead!

Melhor morta

Did you hear a word

Você ouviu a palavra

Hear a word I said?

A palavra que eu disse

This is not where I belong

Aqui não é onde eu pertenço

You're gonna miss me when I'm gone

Você vai sentir minha falta quando eu me for

Gone, gone

For, for

This is not where I belong

Aqui não é onde eu pertenço

You're gonna miss me when I'm gone

Você vai sentir minha falta quando eu me for

            Agora, ele não aguentava se lembrar daquela imagem. A viu dessa vez diferente, Thalia numa maca, sendo empurrada por médicos, que gritavam palavras que ele não fez questão de reconhecer. Só sentia mais um pedaço do seu coração se esvaindo.

O médico chega e lhe dar a notícia que ele já sabia, pois agora seu coração já não batia mais da mesma forma.

Foi pra casa, sentia-se egoísta pelo que iria fazer. Escreveu uma carta ao pai pedindo desculpas, e dizendo que ele o amava. Os dois eram bem reservados, mas Nico amava o pai, entretanto agora se encontraria com sua mãe, Bianca e Thalia. Uma única gilete foi o suficiente. Talvez os mitos sobre os campos Elíseos fossem verdadeiros, ele torcia para que fossem, sabia que todas elas haviam ido para lá.