A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 17
Luis




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Depois que chegamos ao primeiro andar, puxamos os outros para fora da casa e entramos em um dos carros de Sebastian, ele o ligou e acelerou. Quando estávamos chegando no portão ouvimos uma explosão, olhamos para trás, para ver a casa toda em chamas, como ela tinha feito aquilo não sabíamos, mas também não sabíamos nem o como ela estava viva. Passamos pelo portão direto para a estrada.

 

— O que aconteceu ?— Perguntou Cristian.

— Eryna – Disse Sebastian – Ela esta de volta – Meu pai foi o primeiro a reagir a isso.

— Isso é impossível – Disse ele – Ela morreu a mais de duzentos anos atrás. E mesmo se estivesse viva, por que matar vocês ou melhor, nós ?.

— Pelo visto Prometheus arranjou algum jeito de trazer ela de volta e de controlá-la também.

— Pera – Falou Cristian – Clarisse disse que a Rainha Irys Loriel estava presa em Brimoudo e ela é a última com o sangue de Eryna em suas veias, sera que ele usou isso ?.

— Pode ser que sim, provavelmente ele usou magia negra, da mais poderosa. Temos que encontrá-lo e destruí-lo.

— Você quis dizer: Encontrar Clarisse tirá-lo dela e matar ele, né ?— Falei.

— Luis entenda, não podemos fazer nada quanto a Clarisse estar possuída, apenas ela pode acabar com isso, se ela não conseguir não teremos outra alternativa – Falou meu pai.

— Realmente eu não te conheço – Disse indignado – Você não tocara em um fio de cabelo dela, independente se ela conseguir ou não tirá-lo de seu corpo, nem que tenha que colocar ela em uma jaula para sempre.

— Desculpa, mas seu filho tem razão – Disse Sebastian em tom escuro – Não deixarei que ninguém toque em minha filha, farei de tudo para ajudar ela, mesmo que para isso tenha que acabar com aqueles que a ameacem.

— Vocês estão sendo egoístas, existem milhares de pessoas que morreram caso ela sobreviva com aquilo dentro dela, é melhor ela morta e o resto vivo, do que ela viva e todos mortos – Sebastian freou o carro e olhou para o meu pai.

— Vou falar apenas uma vez Trevis, se você tocar em um fio de cabelo de minha filha te matarei do mesmo jeito que se mata uma barata, entendeu ?— Dessa vez eu fiquei com medo de Sebastian – Você sabe que consigo, independente de suas habilidades, posso matar qualquer um agora. Não consegui proteger minha família antes, mas agora irei proteger ela com minha própria vida se for necessário – Meu pai ficou obviamente assustado, acho que ficou até mesmo intimidado.

— Tudo bem, mas se todos morrerem a culpa é de vocês.

— Que todos morram então – Disse Sebastian, acho que realmente estava gostando dele.

— Então pelo visto visitaremos seu amigo hoje mesmo, né pai ?— Perguntei.

— Você sabe onde fica Sebastian, então pode nos levar – Disse ele meio que me ignorando, o que não me incomodou, apenas me deixou feliz.

— É ele ? — Perguntou Sebastian surpreso – Ele ainda esta vivo ?.

— Sim ele ainda esta vivo, agora vamos.

 

Sebastian voltou com o carro para a estrada em velocidade máxima. Fomos de volta para a cidade, entramos em várias ruas até chegarmos em um bairro humilde.

 

— É aqui – Tínhamos parado em frente a uma casa de dois andares branca, ela tinha uma cerca, que dividia a casa da calçada, saímos do carro e fomos para o gramado da casa, que estava morto. Subimos para a varanda da casa, lá tinha uma cadeira velha, flores penduradas murchas e as janelas estavam sujas, parecia que tinha anos que ninguém morava aqui.

— Vocês tem certeza que alguém vivo mora aqui ?.

— Sim tenho certeza de que é aqui – Disse meu pai.

— Então toquem a campainha – Olhei em volta a procura de alguma – ou batam na porta mesmo.

— Só tem uma coisa – Disse Sebastian – Não irritem ele e nem falem de sua casa ou idade, entendido ?.

— Sim – Todos falamos juntos. Meu pai foi até a porta e bateu, ninguém atendeu, então ele bateu de novo e de novo, na terceira vez a porta se abriu em um solavanco.

— O QUE VOCÊS QUEREM ?— Gritou um senhor do outro lado. Ele tinha cabelos longos e brancos, sua pele estava flácida, seus olhos eram brancos, ele deveria ser cego, parecia não ter carne, apenas ossos, dava para contar cada um deles. Ele vestia uma calça caqui e uma blusa de abotoar xadrez.

— Iquine, que bom te ver vivo – Disse Sebastian, descumprindo uma das próprias regras, olhei para ele e ele deu de ombros. O velho olhou para Sebastian, depois para meu pai e por ultimo para mim e Cristian.

— Seus imprestáveis, o que querem de mim ?— Disse ele se virando e indicando para que entrássemos, ele nos guiou até o que deveria ser uma sala de estar, ela tinha um sofá velho, uma televisão que provavelmente não funcionava mais, um ventilador de teto que faltava uma hélice e uma mesinha de centro com uma cadeira vovô do outro lado. Ele se sentou e ficou olhando para nós – Andem falem o que querem.

— Viemos te vis…- Tentou dizer meu pai.

— Visitar, há, falem logo ou vão embora.

— Você continua rabugento – O velho olhou para Sebastian e deu um sorriso sem dentes.

— E você era para estar morto – Disse ele e Sebastian riu.

— Viemos aqui, por que precisamos que você abra um portal para nós – O velho nos olhou bem e depois de uma risadinha.

— Então que dizer que vocês querem voltar para Morbidus ?.

— Sim, mas especificamente queremos ir para o Clã Gonums – Falou Sebastian.

— Sua casa ou melhor era sua casa né Sebastian – Falou o velho – Pelo que me lembro você foi expulso de lá por ter se casado com uma Princesa Cronariana.

— Seu nome é Susana e sim preciso voltar para lá, tenho que conversar com meu pai.

— Isso não sera possível – Disse o velho.

— Por que ?.

— Porque ele esta morto, seu irmão assumiu o lugar de seu pai – Sebastian pareceu meio abatido, mesmo seu pai o tendo expulsado de casa.

— Bem já pressentia isso – Disse ele – Mas de qualquer jeito precisamos chegar lá, apenas você sabe abrir um portal para lá.

— Sim eu posso, mas isso não quer dizer que irei fazer o que querem.

— O que você que em troca ?— Disse meu pai.

— Nossa já assim direto ao ponto – Disse o velho sorrindo – Tudo bem, eu quero um fruto dos sonhos.

— Isso é impossível – Disse Sebastian – Não existem mais desses.

— Sim, existem sim, apenas um em Brimoudo e eu soube que vocês vão para lá depois – Sebastian ficou pensativo e depois falou.

— Tudo bem, aceitamos os termos – O velho sorriu.

— Parece que temos um acordo então – O velho se levantou e olhou para nós – Agora já podem se levantar, não tenho todo o tempo do mundo – Nos levantamos e o seguimos para a parte dos fundos da casa, onde tudo estava morto. Ele foi até um pedestal que estava no meio do jardim morto e pegou um livro de capa de couro – Olha, isso vai doer um pouco, não que eu me incomode com isso – Ele abriu o livro e começou a ler – Vertalis R’Trount Morbidus – Disse ele apenas essas três simples palavras e um buraco começou a se formar atrás dele, ele era rodeado de energia cinza. Alguns diziam que isso mostra a aura de quem o cria – Esta aberto, mas saibam que os Reivels estão monitorando Morbidus a todo segundo, vocês estarão dois dias de Vornal, foi o mais perto e o único lugar sem proteção que encontrei. Lorde Bron e seu filho não estão por perto, mas seus cavaleiros de fogo estão, então tomem cuidado.

— E desde quando você se preocupa conosco ?— Perguntou meu pai.

— Desde quando fizemos nosso acordo, quero aquele fruto dos sonhos. Agora vão – Fizemos o que ele mandou, passamos pelo portão e como era previsto veio o desconforto de seus órgãos estarem trocando de lugar. Caímos em uma mata fechada, em volta só tinha arvores e flores.

— Onde estamos ?— Perguntou Cristian.

— Estamos no Bosque de Jacharya, foi aqui que a Rainha Cronariana destruiu as frotas dos Gonums. Vamos, temos que sair daqui logo, antes que os cavaleiros de fogo cheguem.

 

Sebastian que nos guiou, já que ele sabia o caminho até o Palácio de Vornal. Passamos por diversas arvores frutíferas, especies que não existiam na terra, algumas delas estavam recheadas de frutas outras estavam em troca de folhagem, passamos por riachos e lagos cristalinos. Caminhamos por cerca de duas horas em silêncio. No meio das arvores pude ouvir um barulho, como algum galho se partindo, puxei Cristian e os outros para trás de um arbusto.

 

— O que foi ?— Perguntou meu pai e o Sebastian.

— Ouvi um barulho entre as arvores – Eles assentiram e olharam de onde vinha o barulho, ficamos lá por dez minutos para ouvir o próximo, só que agora estava mais perto. Ao longe era possível ver uma figura negra, um homem dos Reivel com certeza, ele se aproximou e olhou em volta, como se farejasse alguma coisa no ar. Depois de alguns minutos assim ele partiu para o lado oposto ao nosso – Temos que nos apressar, eles devem ter sentido algo de diferente.

— Ele esta certo, temos que ir agora – Falou Cristian.

— Sério você fica tão quieto, que eu me esqueço que ainda esta aqui – Ele me olhou com cara feia.

— Não é hora para brincadeiras Luis.

— E quem disse que estou brincando – Disse sendo irônico.

— Por favor não comecem agora – Comentou meu pai.

 

Saímos de trás do arbusto e voltamos para o nosso caminho, pelo visto iriamos chegar em Vornal em menos de um dia, já que não iria ter parada alguma. Andamos durante tanto tempo que minha perna estava ficando dolorida, mas em compensação a paisagem era perfeita, passamos por um lago que de acordo com Sebastian, era o lago das mil almas, ele era negro, ele disse que uma lenda fala que um vilarejo inteiro foi morto nesse lago, desde então quem se aventura nessas águas nunca mais volta, pois as almas dos atormentados espreitam por entre as águas. Passamos por um pequeno castelo em ruínas, onde moravam a Senhora Triméria Doscar e seu filho Klevis Doscar, senhores de um clã falido e acabado. Passamos pelo Bosque de Rosas, onde por incrível que pareça eram tulipas brancas e não rosas. O lugar que mais me chamou a atenção foi o despenhadeiro infinito, não sabia se realmente era infinito, mas olhando de cima não se via o fundo, quem sabe algum dia possa ver se é verdade sobre isso. A noite nos alcançou, provando ser impossível chegar em Vornal em um dia, mas Sebastian estava destinado a não parar por nada, eu e os outros estávamos mortos, queríamos parar e descansar, tínhamos vindo desprevenidos, não trouxemos comidas e nem roupas de frio, já que aqui fazia um frio de matar anoite.

 

— Sebastian chega, não aguento mais – Falou meu pai salvando a todos.

— Nem eu – Disse me sentando – Tudo bem que precisamos chegar lá o mais rápido o possível, mas fala sério né.

— Tudo bem, podemos ficar aqui durante umas duas horas no máximo.

— Isso não é nada – Disse Cristian me pegando desprevenido de novo – Preciso dormir um pouco.

— Dá para parar com isso ?.

— Parar com o que Luis ?.

— Com isso, você fica quieto por horas e depois fala sem avisar a ninguém, sério isso vai acabar matando alguém – Ele me olhou e depois revirou os olhos.

— O que esta acontecendo com vocês dois ?— Perguntou meu pai.

— Nada – Respondemos em conjunto.

— Vocês tem que se intenderem e logo, não poderão ter ataque de ignorância um com o outro no Palácio de Vornal – Sebastian disse – Nem sei se meu irmão poderá nos ajudar e se puder nem sei se ajudará.

— Bem pelo menos estamos tentando.

— Descansem, não podemos demorar aqui entenderam ?.

— Ok poderoso chefão, não demoraremos.

— Clarisse fez muito mal em te ensinar a ser tão assim.

— Não posso fazer nada se não gostou, apenas aceite – Cristian me olhou, bufou e virou as costas para mim e foi para longe de mim.

— Vocês brigaram ?.

— Não é dá sua conta pai.

— Nossa, desculpa, estava apenas preocupado com você.

— Desculpa pai, é que eu estou meio estressado desse tempo para cá, tem acontecido muita coisa – Olhei para o chão, tentando criar coragem para falar. Olhei para Sebastian e ele entendeu a mensagem.

— Tá, é eu vou ali – Disse ele.

— Sabe pai, eu brigamos por causa dos clãs – Meu pai me olhou – Disse a ele, que não iria deixar o nosso clã nas mãos daquelas pessoas sem caráter, ele disse que não poderia deixar o dele também, já que era o único herdeiro. Foi ai que começou, nem ele e nem eu cedemos, nunca cederei para falar a verdade – Falei tentando sorrir – Sabe acho que já chegou no fim, não é mais como antes, ele e eu, esta de alguma forma diferente.

— Meu filho, posso te dar um conselho de pai ?.

— Claro que pode.

— Não desista, não ainda, espere, se vocês ainda se amarem tudo ira dar certo. Eu e sua mãe eramos assim, sempre brigávamos e eu pensava que já era, que tinha chegado ao fim, mas não, o nosso amor era maior do que qualquer coisa já vista. Pode até achar brega, mas eu ainda a amo e não teria coragem de me casar novamente, nem se fosse a mulher mais bonita de todos os tempos.

— Eu vou tentar pai, por tudo o que já passamos juntos – Disse tentando sorrir, para passar a tristeza – Bem agora acho melhor irmos dormir um pouco né.

— Nisso eu tenho que concordar – Deitamos no chão, que até estava quentinho. Fiquei lá de costas olhando as estrelas, só de saber que cada constelação daquela tinha um significado próprio, que apenas alguns sabiam seus nomes, de tão poderosos que eram.

**********

 

— Acordem, temos que sair daqui agora mesmo – Disse Cristian me sacudindo.

— O que houve ?.

— Os cavaleiros de fogo nos acharam e estão vindo com uma pequena frota de homens para cá.


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