Capítulo 9: Acordo

O caminho de casa me pareceu mais longo do que o normal.

Sasuke parecia procurar o que falar, e eu também. Pois aquele silêncio já estava ficando desconfortável.

Parecia que Sasuke lia pensamentos, pois enquanto eu procurava uma forma de lhe pedir o tal favor de Ino, ele disse:

- Por que você estava na diretoria hoje com sua amiga?

- Bom... sabe quem é Karin? – perguntei enojada

- Ah! Sei... – disse ele suspirando cansado.

- Ela entregou um bilhete falso falando algumas coisas, entre elas xingava a diretora, e disse que era meu e da Ino.

- E não é de vocês?

- Claro que não.

- Hn... – ele ficou mudo por um instante – Eu não gosto dessa menina.

- Muito menos eu. – concordei. – Ela te ama – informei-o rindo.

- Ela nem ao menos me conhece.

- Ela ama sua aparência então, e o jeito como você ignora todos.

- Eu não ignoro a todos.

Eu ri. Era melhor eu falar logo antes que mudássemos mais ainda de assunto.

- Sasuke... – chamei-o apreensiva.

- Sim?

- Olha, eu gostaria de te pedir um... favor.

- Um favor? – perguntou-me ele surpreso.

- É, na verdade o favor nem é para mim.

- Ah não? Então por que é você quem está me pedindo?

- Que tal você ouvir primeiro o que é? – sugeri sutilmente.

- Tudo bem. – respondeu ele normalmente, até me surpreendi.

- Eu gostaria que você mandasse um bilhete para Karin.

- Um bilhete? Dizendo o que?

- Na verdade eu não sei exatamente o que estará escrito, algo que a atraia para algum lugar – disse me lembrando do que Ino havia falado.

- Para que?

- Bom.. Ino quer, digamos, se vingar de Karin por ter nos ferrado na diretoria. Eu tentei convencê-la de que não era uma boa ideia, mas quando aquela garota coloca algo na cabeça não tira mais.

- E por que eu tenho que mandar o bilhete?

- Por que Karin te ama. E se você mandar, ela irá correndo fazer o que você quiser.

- Hn...- ele pensou um pouco - E o que eu ganho se fizer isso?

- Bom.. – me surpreendi, não esperava que ele quisesse algo em troca – Eu não sei.

- Você me pede um favor e nem pensa em me recompensar? – perguntou ele rindo.

- Eu simplesmente não consigo pensar em nada que você queira em troca. E sendo assim, não custa nada você mandar o bilhete certo? – perguntei animada.

- Errado. Porque se eu mandar esse bilhete e depois aquela garota ficará no meu pé.

- Ah – suspirei. Sabia que ele não iria me ajudar. Pelo menos agora teria provado a Ino que ele não gostava de mim. Eu acho que isso prova certo?.

- Mas... – continuou ele -  Eu consigo pensar em algo que você possa me ajudar.

- Sério? – animei-me – E o que seria?

- Infelizmente, a empresa do meu pai irá promover uma festa de premiação. Itachi provavelmente te falou sobre isso não é?

- Não.. – respondi um pouco triste, por que Itachi não havia me falado?

- Sério? – desconfiou ele – Enfim, meu pai quer que eu leve uma... acompanhante a essa festa.

- Como se isso fosse difícil para você. Qualquer garota faria qualquer coisa para te acompanhar – lembrei-o rindo.

- Pode até ser, mas essas garotas são todas superficiais e irritantes. Além do mais acho que meu pai gostaria de te conhecer.

- Por que?

- Bom, não sei se você sabe mas seus pais são amigos do meu.

- É, eu fiquei sabendo...

- Então, ele ficaria... feliz em conhecer a “adorável Haruno”. – disse ele imitando uma voz mais séria e potente, provavelmente de seu pai.

- E se eu te acompanhar nessa festa, você irá fazer e entregar o bilhete? – perguntei hesitante.

- Sim. – disse ele convicto.

- Tudo bem então. – concordei com o trato. Afinal não seria tão mal assim, seria? E Ino estaria me devendo uma.

- Ótimo. – exclamou ele – Então se por um acaso meu irmão te falar sobre isso... e te convidar para ir com ele...

- Não se preocupe. Eu tenho um acordo com você – disse reconfortando-o.

- É, valeu. – sorriu ele.

Nem percebi o tempo passar, mas já estávamos em frente às nossas casas. Nós nos despedimos e entramos.

Corri ao telefone e digitei rapidamente o número de Ino.

- Alô? – atendeu uma voz de boca cheia.

- Estou atrapalhando seu almoço Ino? – perguntei animada.

- Para falar a verdade está sim Sakura – disse ela engolindo a comida.

- Que pena, então depois te conto sobre minha conversa com Sasuke – disse ironicamente ameaçando desligar.

- Não – gritou ela parecendo largar um prato sobre a mesa – me conte tudo agora mesmo. O que ele disse? Ele aceitou mandar o bilhete?

- Sim. Mas nós fizemos um acordo.

- Que acordo?

- Eu terei que acompanhá-lo em um baile da empresa do pai dele.

- Nossa, além de tudo você saiu ganhando. – riu ela

- Não vejo vantagem nenhuma para meu lado nesse acordo. – disse emburrada.

- Não seja boba – brincou ela – Coitada de você amiga, irá ter que passar uma noite inteira ao lado do garoto mais desejado da escola. – ela riu

- Coitada de mim. – concordei rindo.

Ficamos conversando um pouco sobre assuntos banais e logo desligamos.

Quando estava almoçando enquanto conversava com Shizune, a campainha tocou interrompendo-nos.

- Eu atendo – disse a morena se levantando.

- Srta Sakura Haruno? – ouvi da cozinha a voz de um homem perguntando por mim.

- Não, só um minuto. – Shizune voltou pra cozinha – Sakura, pra você.

Fui até a porta e encontrei ali parado, um homem segurando um lindo buquê de Camélias brancas.

- Sim? – observei-o um tanto confusa.

- Srta Haruno, temos uma entrega para você. – disse ele entregando-me o lindo buquê.

- Obrigada – disse pegando-o e analisando um bilhete que repousava suavemente em cima das flores. – De quem são? – perguntei curiosa já imaginando a resposta.

- Sr. Itachi Uchiha – disse ele lendo a prancheta em suas mãos.

- Obrigada – disse mais uma vez, fechando a porta.

- Hn... e então de quem são Sakura? – disse Shizune observando-me sorridente.

- Itachi..

- O filho mais velho do Sr Fugaku?

- Sim...

- Ele não é um pouco velho para você? – perguntou um pouco preocupada minha guardiã. Shizune realmente me tratava como uma filha.

- Não muito, ele tem apenas 19 anos.

- E você apenas 16 – desaprovou-me ela.

- Não se preocupe Shizune.

- Tudo bem, e então o que está escrito no bilhete? – perguntou ela parecendo uma criança que acabara de receber o brinquedo de seus sonhos.

Abri o pequeno papel e o li em voz alta:

“Querida Sakura, espero que goste do meu pequeno presentinho.

Gostaria de jantar com você hoje a noite. Me ligue para dar a resposta.

Um beijo meu amor.”

- Meu amor? – repetiu Shizune incrédula

- Não é nada demais – tranquilezei-a rindo

- Bom, você irá jantar com ele? – perguntou ela apreensiva.

- Acho que sim... – respondi pensativa.

- Cuide-se então – aconselhou-me com o cenho franzido.

- Pode deixar – disse pegando o telefone.

Subi para meu quarto e disquei o número de Itachi...

- Alô? – atendeu ele com a voz séria.

- Olá Itachi, estou atrapalhando?

- Ah Sakura! – disse ele docemente. – É claro que não.

- Recebi suas flores. – disse animada.

- Você gostou? – perguntou gentilmente.

- Camélias hein – ri baixinho – Gostei muito. – sorri que nem uma boba para a parede à minha frente.

- Que bom. E imagino que você esteja ligando para aceitar meu convite certo? – brincou ele.

- Certo!

- Ah que bom. Então as 8:00 passarei para te buscar, tudo bem?

- Estarei lhe esperando. Até mais.

- Até – disse ele desligando.

Eram 4:30 ainda. Eu teria muito tempo para me arrumar, então resolvi ir fazer minhas tarefas escolares.