Somos uma Única Luz escrita por Eki The Chuunibyou


Capítulo 1
Capítulo 1 - Tênue Amor




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Parte I

Uma tarde de inverno repleta de neve no chão. Meu dia estava assim. Os pássaros estavam recolhidos em árvores, dentro dos seus ninhos aconchegantes, pois a temperatura não era muito favorável para ficar fora deles. As mamães pássaro se aninhavam entre dois filhotes, para transmitir calor para os dois igualmente. A penugem delas eram suficientes para esquentá-los.  O clima daqui varia bastante: pode ir de temperaturas negativas até uns 30 graus Celsius. Por sorte, estava 14º, então era até possível aguentar com tranquilidade.

Só que, assim como a temperatura daqui, minha vida mudou muito depois de me tornar parte do µ's, o grupo de School Idols que gosto tanto; até as coisas mais simples tornaram-se bem mais alegres do que antes. Eu consegui fazer amizades que jamais imaginaria que se tornariam realidade, e consegui arranjar uma maneira de fazer com que meu talento se tornasse um hobby sustentável.

Eu estava um pouco perdida nos meus pensamentos turbulentos, porque estou cansada de esperar a pessoa que vem me levar para casa, mas já voltei para a realidade. É sábado, último dia de aula da semana, e ficam enrolando para me levar para casa. Eu sou muito impaciente, a ponto de ser chata por causa da demora das pessoas. Por que eu fui gostar de alguém tão... tão...

Makiiiii! — uma voz aguda soava à distância. Vi a Nico correndo na minha direção. Ela resolveu pular em mim e me dar um abraço caloroso logo após pular. – Desculpa a demora. Tive que fazer umas coisas em casa antes de vir, hehe!

Corei bastante ao sentir o frágil corpo dela roçando do meu. Foi um abraço gostoso, mas ainda assim, senti bastante vergonha. Impulsivamente, eu disse a frase mais comum que eu falava quando estava envergonhada:

O-O quê? E-Eu não entendo...!

A garota que eu gostava vestia um sobretudo de lã. Além do sobretudo, Nico usava botas de salto médio, que disfarçavam o quanto ela era pequena (e adorável). O preto combinava bastante com os cabelos sedosos e escuros que ela tinha. Na realidade, a cor combinava com os cabelos, os olhos, e até a pele branquinha dela. Eu que comprei o sobretudo para ela, porque meu gosto para moda é indiscutível, e eu bati o olho naquele sobretudo e vi que combinava com ela. Heh, não é à toa que estou sempre bem vestida. Achava que era minha mãe que escolhia as roupas para mim? Não, ela somente paga. Tudo que eu visto foi escolhido por mim.

Mas, voltando ao assunto. A gente era bem próxima uma da outra quando estávamos no µ's, e isso só aumentou desde que ela saiu do Colégio Otonokizaka, visto que a gente se fala ao menos uma vez ao dia. Quando a gente estudava, ficávamos só nas trocas de olhares de vez em quando, porque cada uma tinha suas próprias coisas para fazer. E a gente manteve contato uma com a outra mesmo depois de termos tomado caminhos diferentes. Claro, nós também fazemos isso com as outras garotas do µ's, mas o contato que mantemos é diferente do contato que mantemos com elas. É diferente, porque, desde que nos beijamos pela primeira vez durante a cerimônia de formatura dela, eu não consigo vê-la só como uma amiga. Meu primeiro beijo foi mesmo com uma garota, e me sinto estranha por ter gostado disso.

Nós já fizemos bastante coisa juntas, mas mesmo depois de um ano de convivência com ela, mais alguns meses desde o nosso primeiro beijo, ainda não me acostumei com todo o sentimento que ela me transmite.

Mas enfim, ela estava alegre por estar junto comigo, mas ao mesmo tempo, parecia impaciente. Acho que ela estava se sentindo assim porque ela gostava bastante de ir para minha casa e se gabar para as outras pessoas, já que minha casa é uma casa de gente rica. Até consigo imaginar ela falando que tem um piano de mármore e mandando a foto do MEU piano para outras pessoas. Ela realmente não tem jeito.

Vamos para sua casa logo, Maki!— ela disse, toda agitada.

Tá, tá, vamos, então. Estou bastante cansada.— eu disse, bocejando.

A gente foi em direção ao carro da mãe dela, e então subi no banco de passageiro. Ela ligou o carro, cujo motor roncou baixo. Desde que a Nico tirou a Carteira de Motorista dela, parei de voltar a pé para casa, pois ela faz questão de me levar embora todos os dias. Além disso, ela fica quase todos os dias em casa, e até janta aqui, no mínimo três vezes por semana mais os fins de semana. Eu sinto que estou ficando cada vez mais ligada a ela, já que a agressividade dela me atrai bastante. Ela consegue ser bastante sincera com o que ela quer, mas... eu não consigo fazer isso, e eu realmente sei que preciso melhorar.

N-Nico...

Hm? O que foi, minha linda Maki?— ela perguntou sem virar-se para o lado, pois estava focando no trânsito. Como não era horário de pico, o trânsito estava bem tranquilo. Eu gostava do jeito que ela dirigia. Como posso explicar... era meio imprudente, mas ao mesmo tempo protetor. Ela jamais expôs a gente a risco algum durante nossas andanças de carro. 

Nico nii...

Fiquei envergonhada, e comecei a mexer no meu cabelo, fingindo que estava arrumando ele. Eu queria perguntar se podia beijá-la, mas eu não consegui. Eu costumo chamá-la pelo nome, porque caso eu fique envergonhada, eu posso simplesmente emendar um “Nico nii” que já se torna a frase que ela diz a todo momento. N-Não me entenda mal, eu não acho essa frase legal ou coisas do tipo!

Se acalma, que já estamos chegando na sua casa. Chegando lá, tenho algo pra te mostrar...— disse a pequena garota de cabelos negros e olhos vermelhos, aparentando estar bastante decidida.

Fiquei imaginando o que poderia ser até chegarmos em casa. Minha imaginação me levou longe, a ponto de eu nem ver os vários quilômetros que tivemos que passar no trânsito, pois a eternidade que demoraria para chegar em casa passou em instantes. E sim, sou bem impaciente.

Ela parou o carro na nossa garagem, que era grande o suficiente para os nossos carros mais o carro dela, e tirou uma mochila de roupas do porta-malas. Começamos a andar em direção à porta de entrada da minha casa, até chegarmos nela e abrirmos a porta sem fazer muito estardalhaço.

Parte II

Na realidade, a Nico só não tem um quarto em casa porque eu faço questão de que ela durma comigo quando ela resolve ficar aqui. Isso acontece frequentemente, pois eu ensino matérias para ela passar no exame de admissão da faculdade que ela quer. Pois é, estou no segundo ano, e sou mais inteligente que ela. Ela jamais encontraria alguém tão linda e esperta como eu, então é por isso que ela dá valor a mim... eu acho.

Abrimos a porta e demos de cara com minha mãe sentada numa poltrona grande que temos na nossa sala de estar. A sala de estar era bastante espaçosa, e com poltronas beges e macias, sonho de consumo de muitas pessoas. Eu e Nico-chan dissemos ao mesmo tempo:

Boa tarde, Nishikino-san.— ela disse, com bastante respeito à minha mãe.

Cheguei, Mãe.— eu disse. Eu gostava bastante da minha mãe, só não demonstrava muito isso, só que de vez em quando, eu beijava a bochecha dela.

Minha mãe passa a maior parte do dia em casa, e desde que começamos a ficar frequentemente, ela começou a se acostumar com a presença da Nico, a ponto de tratá-la como uma segunda filha. Ela sorriu, de olhos fechados, e nos respondeu:

Olá, garotas. Vocês estão lindas como sempre. Querem comer alguma coisa? Se bem que o jantar ficará pronto daqui algumas horinhas... Mas enfim, dá pra comer alguma coisinha leve. O que querem?

Como dá pra perceber, minha mãe era bem prestativa. Ela gostava de ajudar a gente no que fosse preciso, e me apoiava em todas as decisões que eu tomava – até as mais afobadas. Pensamos um pouco, e troquei olhares com a Nico. Estávamos em um nível que conseguíamos nos entender através de uma simples trocar de olhares, pois tínhamos gostos parecidos e nos acostumamos com o que uma ou outra queria e curtia fazer.

Eu vou querer um chá de maçã com algumas bolachinhas de nata. A Nico vai querer um chá de morango com bolachinhas também. Estaremos no meu quarto, porque vou ensinar História para ela.

Pode deixar, filha. Bons estudos pra vocês.

Minha mãe disse aquilo e se dirigiu à cozinha. Ela gostava bastante de cozinhar e fazer as tarefas de casa, então quando a gente pedia algo, ela ficava bastante feliz por ser útil pra gente. Trocamos olhares e começamos a subir as escadas para ir ao meu quarto.

Entramos no meu quarto, e fechei a porta para poder fazermos o que quiséssemos. Eu não deixava transparecer tanto, mas sempre queria estar fazendo coisas com ela. Segurar as mãos, beijar... B-Bem, vamos deixar isso para lá, porque isso é muito indecente!

Eu deveria trocar de roupa, mas como já era costume manter a mesma roupa de quando eu estava na escola, eu continuei vestida do mesmo jeito. Eu tinha 6 uniformes mesmo, então eu podia continuar sujando um, já que sempre teria outro para eu vestir.

Foi então que Nico jogou a mochila dela na minha cama, e tirou uns livros de lá. Eram livros de todas as matérias básicas da escola. Tinha desde história tradicional japonesa até inglês. Eu era boa em todas as matérias escolares, então eu não tinha dificuldade nenhuma em ensinar para a Nico-chan. Ela estava com uma das mãos dentro da mochila e usava a outra para acenar, me incitando a vir mais perto.

Maki, se lembra que eu tinha dito que eu iria te mostrar algo? Venha ver o que é. Te juro que você não irá se arrepender.

Me aproximei da Nico, imaginando o que poderia ser.  Quando cheguei do lado dela, olhei para a mochila, mas não tinha nada. Foi quando ela se virou e me abraçou, dizendo:

Nico Nico Nii~ Meu Nico Nico Nii especial, do meu coração, para o seu! Eu te amo, Maki-chan!

Ela fazia os movimentos característicos do “Nico Nico Nii” com bastante fluidez, e eu ficava meio envergonhada por causa daquilo.

O-O quê? E-Eu não entendo!

Ops. Eu disse isso novamente. Preciso aprender a ser mais sincera com o que sinto. Eu gostei daquilo que ela fez, e obviamente entendi o significado de tudo. Estava ficando com um pouco de raiva das respostas automáticas que saíam das minhas cordas vocais.

Mas Nico sabia que eu estava sendo desonesta com meus sentimentos, e ela sabe que sou o tipo de garota que não perderia tempo com algo que não gosto de verdade. Foi então que ela me puxou para a cama, e encaixou a direita dela no meio das minhas. Ela estava de quatro em cima de mim. Deitada, eu olhava para ela, bastante envergonhada. Eu realmente não sei como consegui fazer aquilo sem desviar completamente o olhar. Não entendo muito minhas reações...

M-A-K-I.— ela disse, dando pausas eróticas.

E-Eh? O que foi?— respondi, meio envergonhada, mas ainda assim, contente por ver as reações dela.

Eu estava olhando ela de lado, pois estava com vergonha. Meus olhos estavam brilhantes, demonstrando uma ansiedade bem óbvia. Acho que era assim que nossos fãs ficavam quando esperavam por um show nosso... Só que no meu caso eu estava esperando que a melhor School Idol fizesse algo para mim.

Me beija, vai.— Nico disse enquanto subia em cima de mim. Aparentemente, ela gostava de ficar por cima, e já que eu não me incomodava com o fato de eu ser naturalmente passiva, eu não reclamava. Além do mais, ela não era pesada, então não incomodava de nenhuma forma.

Porém, alguns segundos depois de nos acomodarmos uma em cima da outra, minha mãe bateu na porta do meu quarto. A propósito, ela não costumava incomodar a gente, ela só veio para nos entregar as bolachinhas e o chá.

Nico, Maki~ — ela chamava – Posso entrar? Trouxe o que vocês pediram. O chá foi feito agora mesmo, aproveitem~

Bagunçamos um pouco a minha escrivaninha para fingirmos que estávamos estudando, e abrimos um livro aleatório. Minha mãe estava feliz, porque amava saber que eu era uma garota perfeita, inteligente e completamente apta a herdar o hospital dos meus pais.

Claro.— respondi para minha ela – As bolachinhas estão boas? Não quero servir nada de má qualidade aqui. E obrigada, mamãe.

Sim, estão. Eu fiz elas ontem mesmo, não se preocupe, minha filha.

Fechei os olhos e balancei minha cabeça positivamente, de peito estufado. Minha mãe se despediu da gente e desceu as escadas. Como era inverno, ela passava a maior parte do tempo no jardim de inverno que tinha em casa, cheio de amostras de plantas de todo o Japão.

Começamos a comer os biscoitos juntas, sem fazer muito barulho. Estávamos uma do lado da outra porque a Nico veio para o meu lado. Ela pegou uma bolacha e ficou segurando-a. Aparentemente ela tinha tido uma ideia.

Maki, quer que eu te sirva bolacha?— Nico me perguntou, com certa incerteza sobre a resposta. – Posso fazer esse favor pra você, mas só se você quiser.

Ela estava começando a demonstrar um pouco de respeito por mim? Finalmente? Obviamente eu iria aceitar.

Se você insiste em querer me servir, acho que não tenho muita escolha...

Hesitante, abri a boca e fechei os olhos. Estava esperando pela bolacha, mas a Nico não estava me servindo. Resolvi abrir os olhos para entender o que estava acontecendo, quando me surpreendi com o fato de ela estar com uma bolacha na boca, inclinando-se na minha direção. Rapidamente fiquei com vergonha, mas não tive essa mesma rapidez para impedir que ela fizesse aquilo. Nos beijamos, e ela empurrou a bolacha com a língua para dentro da minha boca, servindo-a de um jeito que eu não esperava.

E-E-Ehhhh?— surpresa, eu não consegui dizer nada além disso.

Não que tenha sido ruim. Eu gostei muito do que ela fez. Nossa relação era bastante física. Desde que eu aceitei a proposta dela no dia da formatura, nos tocamos e beijamos bastante, porém, nós não nos conhecíamos muito além do µ's, por isso eu ficava bastante surpresa com as coisas que ela fazia. Só que se alguém me perguntasse como a Nico era, eu poderia simplesmente descrevê-la como uma garota que gosta de brincar com os outros e sair na vantagem com isso, como se fosse uma demoniazinha adorável, coisa que não era muito diferente da nossa época de School Idols.

Hehe. Nico gosta de beijar a Maki.— ela disse, sorrindo.

Eu sei que gosta. — eu disse, toda convencida - Mas então, quer dormir em casa hoje? Você até tem umas roupas aqui, já... 

Eu disse aquilo, porque eu queria mudar um pouco minhas reações. Queria me tornar uma garota mais sincera com a Nico, então precisava conhecê-la um pouco mais. Estava impaciente, então comecei a enrolar meu cabelo com os dedos.

Hm, claro. Minha mãe consegue lidar com meus irmãos lá em casa, então não deve ligar se eu quiser dormir aqui, afinal, já é algo frequente. E que bonitinha a sua atitude! Você realmente é adorável, Maki.

Combinado. Não, espera! O-O que eu fiz não foi bonitinho nem nada do tipo, idiota!— eu disse, feliz com a resposta dela, mas ao mesmo tempo envergonhada.

Saímos do meu quarto e fui para o jardim porque minha mãe estava lá. Avisei ela que a Nico iria dormir em casa, e ela disse que o chef de casa faria a janta para nós depois. Depois de ficar tudo certo, voltamos para o quarto e resolvemos ficar deitadas juntas na minha cama.

Uma longa noite estava prestes a começar.


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