Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 50
Atendimento #050: Mim querer troca


Notas iniciais do capítulo

Nunca duvide do que pode acontecer com um atendente, NUNCA!
Sim, o titulo está deixando claro o que vai acontecer...é é isso mesmo. Mim...
Aproveite e ria um pouco deste atendimento.
PS: Atendimentos adicionados todos os dias as 14:00(ou no caso 14:05 sei lá..)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/679050/chapter/50

Atendimento #050: Mim querer troca

 

O lado bom de um mundo globalizado é que tudo está mais próximo de todos. Avanços são desfrutados por mais pessoas, revistas playboy são mais difundidas entres as comunidades mais afastadas, até mesmo o uso de aromatizadores de ar para banheiro passou a ser comum. Incrível, não?

O impressionante desse mundo é a facilidade com que qualquer pessoa pode adquirir qualquer coisa. Eu particularmente adoro chegar naqueles estabelecimentos infernais e ouvir o cara perguntar “Quer pagar quanto?” Me dá uma satisfação incrível ver que qualquer um pode pagar um notebook em 11234234242345234 vezes sem juros no cartão.

— Ezequiel boa tarde com quem eu falo?

— O-bitã, o-bitã sê fala com o-bitã. — O cliente falava de maneira diferente, seu sotaque separava a letra inicial do restante do nome. — O-o mim ter problema no “tablete”, mim querer troca, você troca pra mim.

O atendente não acreditava no que seus ouvidos escutavam, era sacanagem, tinha de ser! Levantou-se e procurou ao longe o lugar onde os monitores de qualidade deveriam estar, não tinha ninguém. Na mesa da supervisão a mesma coisa; Igor saíra para almoçar com os monitores, provavelmente aproveitara para fazer uma reunião.

— Não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não. — Repetia incessantemente enquanto balançava a cabeça incréduto. No rosto um sorriso nervoso brotou. — Tá de zuera que é um índio mesmo?

Amanda percebeu e encarou os registros na tela de Ezequiel.

— Mano, esse cara é um porre! Vive ligando pra cá, não sabe usar o negocio e acha que tudo é problema. — Eles se encararam por um momento, a garota entendeu o olhar aflito de seu marido. — Se quer saber se é um índio mesmo? É sim, se lascou bonitão. Quero ver como você vai atender um índio puto da cara. — Completou rindo.

—  Que porcaria. — Ezequiel menenou a cabeça e tirou do mudo. — Senhor Obitã me informe por gentileza qual o problema no seu tablet.

— Eu ligar tablete ele liga e pia, funcionar bom por dois dia depois tablete ruim. — Ele falava assim mesmo como você está pensando, aquele estereótipo de nativo falando o português. — Tela não boa, tablete ruim.

— Entendi, — Mentira! Ezequiel não tinha entendido bulhufas do que o cliente dizia, a forma como falava era tão complicada mais tão complicada que ele apenas compreendeu o tablete ruim — Já que ele tá apresentando problemas vamos encaminhar ele para assistência técnica está bem?

— Eu levei, levei e volta bom. Obitã leva tablete ruim volta bom passa dois dia ele pia e fica ruim. Ai obitã fica nisso, leva ruim, volta bom leva ruim, volta bom. Mim querer troca mim não aguentar mais. Reparo fica longe, ninguém paga meu metrô, mim querer troca!

Ezequiel se segurava para não disparar uma gargalhada em ondas. Seu esforço era tanto que sua face corou rosada, os olhos encheram de água em resposta a risada interna. O atendente só conseguia visualizar o cliente de cocar todo pintado segurando as barras nos tetos dos vagões.

— Mas se ele está apresentando problemas. — Deixou a voz sair mais engraçada. — E dever da autorizada reparar o produto por isso que tem de encaminhar o produto. A troca só pode ser feita se não tem como resolver mais o problema do produto.

— Mim não quer saber, mim querer troca e mim querer vale transporte pelo metro que peguei! — O cliente falava as frases desconexas em fúria. — Eu levar todo dia todo dia problema diferente, Obitã não quer.

O atendente colocou a chamada no mudo.

— Eu to ferrado. — Nosso herói desatou a rir.

Ele conferia registro a registro o que o cliente relatava de problemas e os laudos passados pela autorizada.

“Cliente deu entrada com o tablet, o produto tinha várias marcas de arranhão e a tela encontrava-se destruída. Senhor Obitã informou que o aparelho ficou daquela maneira depois de lançar o tablet em um pássaro com o intuito de derrubá-lo e assá-lo”

— Cara#$@$! — Exclamou Amanda levando as mãos a boca. Ler o laudo da autorizada a fez pensar se aquilo poderia ser real. — Não cara, como eu não tinha visto isso ainda?

— Senhor? — Questionou Ezequiel verificando se o cliente ainda estava lá.

— Mim está. —  O cliente confirmou de pronto.

— Qual o problema do produto e como aconteceu?

— Mim tava com o produto tava funcionando, ai obitã tentou matar gato do mato e o

‘teblete” desligou. Gato saiu mancando, perdi a janta e perdi o “tablete” Produto ruim, eu levar para assistência e deixar lá.

O atendente tentou se controlar mas não conseguiu, a risada chegou até o cliente.

— Atirei o tablet no gato-to, mas o gato-to.— Amanda rolava de rir no chão enquanto Ezequiel cantava fora do mudo.— Senhor diz pra mim, o gato morreu?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mim não acreditar, mim não quer parar de rir.
mim ver gato fugir e mim ver tablete quebrar....auhauehauehuaehaeuh
Vou sempre repetir isso:
SOU MOVIDO A COMENTÁRIOS SIM! GOSTO DE SABER SE ESTÃO GOSTANDO OU NÃO U.U
Se você riu com esse amontoado de palavras eu fico feliz, esse era meu objetivo bjs e até amanhã :D