Atendimento #225: Churrasqueira controle remoto

Claro que um banho de esterco humano não iria passar impune, nosso heroí não é trouxa e logo uniu-se com a empresa em um processo contra a empresa do andar de cima. Dá pra acreditar que a desculpa deles é que eles eram japoneses e acharam que estavam fora do horário comercial?

Tá eu acredito que o fuso é diferente, afinal isso é um fato, mas vamos combinar que você não têm como dizer que o sol do meio dia é igual a lua da meia noite no japão né?

— “Eu estou de olho em você, eu sei tudo”— Nosso herói observou a mensagem escondida no título de um dos arquivos de sua área de trabalho e simplesmente o apagou. — Vírus idiota. — Falou ele abrindo um documento com algumas informações presentes na tela.

Nosso herói não estava preocupado com o processo que acabara de se envolver, dinheiro já não era problema, entretanto seu medo era com sua esposa. Amanda é uma garota que não tinha a vontade de engravidar, claro que a mesma tratou o acontecido como um presente, mas a sua teimosia a impedia de ficar em casa e descansar durante a gestação. A garota estava na metade do sétimo mês e ainda insistia que deveria atender clientes chatos.

— Quando você parar de trabalhar eu vou dispensar a dona Catherine para ficar junto com você.

— Tá falando do que mocinha? Eu tô ótima não preciso de ficar em casa.

— Atá bom, eu sei que tá bem o mulher de aço, mas atualmente você é uma incubadora de monstrinhos, então não me vem se achando a super mulher por que eu não não estou nem aí para o que você fez na guerra viu? — Nosso herói falava com uma seriedade e carinho que ela poucas vezes presenciou.

— Tá...mas são nossos monstrinhos. — Atendeu a chamada que apareceu no seu telefone araya. —  Amanda bom dia com quem eu falo. —  Abriu um pacote de chicletes  e começou a mastigar na intenção de deixar o cliente irritado e fazê-lo desligar.  

— Oi eu comprei uma churrasqueira de controle remoto e preciso de uma ajuda para fazer ela funcionar pela primeira vez.

Amanda já tinha ouvido falar, de outros setores, que um recall se iniciaria sobre aquele produto, entretanto se o cliente havia comprado o mesmo não fazia sentido que o recolhimento estivesse acontecendo, afinal de contas que empresa venderia os produtos danificados enquanto pede para recolhê-los?

— Oi pessoal.—  A voz chamou atenção dos atendentes do setor de nosso herói. Ao olhar em volta não conseguiram encontrar o detentor da voz. —  Aqui em cima. —  Assim que encararam as luzes viram um homem com a cabeça no buraco que havia sido aberto no teto. — Então nós vamos colocar uma lona aqui para não ter visibilidade dos andares e hoje mesmo começamos a reparar essa cagada.

O rapaz sorridente, ou no caso sem dentes frontais logo sumiu deixando todos com cara de surpresa.

—  Alo? Você está ai menina?  

— An...eu estou sim — tornou a mastigar como uma cabra ruminar.— senhor.—  Ela realmente queria fazê-lo desistir de procurar ajuda só com o chiclete.

— Porque você parou de falar e mastigar que nem uma maluca agora pouco? —  Checkmate! o cliente não estava nem aí! Pelo contrário, segundos depois daquilo o mesmo começou a mastigar.

—  Ah nada não foi só um cara o teto.

—  Um cara no teto né? —  O cliente apenas repetiu a frase até porque ele seguia a filosofia de “nunca contrariar maluco” —  Então como eu faço para ligar esse troço.

Amanda ainda tinha dúvidas se deveria ou não atender o cliente e avisá-lo da suspeita de recall. Por essa razão que a garota deslizou a cadeira para o lado para solicitar auxílio de seu amado supervisor. Curiosamente Ezequiel ajeitou-se na cadeira e trocou rapidamente a tela em branco com caracteres pela área de trabalho, bem naquele estilo “ninguém viu que eu estava vendo receitas bizarras na internet”

— O que você estava fazendo? — Estranhou a garota como quem pega alguém no flagra vendo o que? Isso...receitas bizarras na internet.

— Nada...só estava vendo receitas. O que foi?

— Sei...— Ela cerrou os olhos. — Enfim, o cliente têm uma churrasqueira de controle remoto.

— Só um segundo. — Quando o supervisor recebe uma chamada no seu telefone pode acreditar que é algo sério. E esse foi o caso.— Aham...sei, tá… — Um momento de silêncio. — Elas estão fazendo O QUE? — Desligou o contato e tomou o telefone de Amanda. — Senhor desculpe pela demora eu sou o supervisor do setor.

A garota não entendia o que o fês ficar tão alarmado.

— VOu pedir que o senhor me faça um favor está bem?

— Que favor? — Colocou o telefone de lado. — Coloca na tomada lá.

— Senhor! Senhor! A churrasqueiras de controle remoto estão.

Um barulho de estrondo chegou aos ouvidos de Ezequiel, o telefone do cliente caiu.

— Tá pegando fogo bixo! — Gritou o cliente antes da chamada se encerrar por combustão do telefone.