A primeira de todos eles foi Tatia.

Com uma beleza digna de uma deusa, a primogénita de Licantropo era tudo menos aquilo que o seu rosto angelical aparentava. De baixo das suas feições delicadas escondia-se o demónio em forma de gente. Egoísta, fria e calculista, encarava os demais com uma pose superior e com o nariz torcido, tão característico dela. Tatia não se seguia por ninguém: nem por seu pai, nem pelos seus seis irmãos, não por seu marido nem muito menos pelos seus amantes.

Tatia era um furacão de emoções. E fora esse mesmo furacão que a levara a cometer o maior pecado de todos: derramara o sangue daquele que lhe dera vida, sangue que ficara para sempre marcado como a cor dos seus olhos animalescos.

E foi pelo medo da punição dos Deuses pelo mal que cometera que a fizeram fugir, sem sequer pensar duas vezes. Assim, Tatia entrou no primeiro cargueiro que vira e partira para longe sem olhar para trás. Passara por vilas, reinos e vales infinitos, encontrando paz numa pequena vila a este do Pacifico onde conhecera o verdadeiro amor da sua vida, Órion, que ela não tardou a tomar como um igual.

Tatia faleceu ainda jovem, numa noite de lua cheia enquanto trazia a sua primogénita ao mundo. Mas ela não abandonara o mundo sem deixar uma última marca na terra. Ela não poderia partir sem antes escolher um sobrenome para a sua linhagem: um nome imponente e puro que um dia todos os seres da sua espécie iriam conhecer.

Forte e marcante, o nome acabou por surgir na sua cabeça como o bréu de uma noite escura de inverno, enquanto ela tinha os seus últimos segundos em terra. E como seu último suspiro em vida ela o dissera: Hale.

O sobrenome seria Hale.