A Nova Uchiha - Kazoku escrita por Mrs Fox


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A Nova Uchiha? É isso mesmo produção? Meus olhos não estão me enganado?

Não gente, é isso mesmo, UM CAPÍTULO BONUS PARA COMEMORAR UM ANO QUE EU POSTEI O PRIMEIRO CAPÍTULO DE A NOVA UCHIHA E ACABEI ENTRANDO NESSE MUNDO MALUCO E LINDO DE FICS! Dia 12 fez um ano, cara passou tão rápido, e acabei tendo essa ideia e resolvi postar.

Quero dedicar essa one especialmente a Hell, uma amiga linda que fiz graças a essa história e que surtou quando contei meu plano, além de que ela betou isso aqui, e ouviu meu suro com a sinopse. VALEU HELL! ♥

Olha gente, apesar de na imagem da capa o Sasuke estar com a prótese, aqui ele continua o velho Uchiha Cotoco Sasuke ok? E o menininho... É PORQUE ASSIM QUE SE RECONSTR



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— Ane-chan, por favor, me deixe ir junto com você.

 

Olhei para a porta do quarto de hóspedes da casa da tia Ino, Tamotsu estava parado na soleira enquanto suas mãozinhas gordas agarravam fortemente a madeira, um biquinho pequeno se formava junto nos seu lábios. Suspirei fundo enquanto terminava de arrumar as kunais dentro do coldre de armas, sabia que ele faria manha para me acompanhar, era assim toda vez que pai e mãe saiam juntos para uma missão, meu pequeno irmãozinho se agarrava a mim.

 

— Tamotsu, você sabe que não pode ir, mal acabou de entrar na academia. - andei até ele passando a mão no seu cabelo, rebeldes como do meu pai, rosas como o de minha mãe.

— Mas haha e chichi estão longe, e se acontecer algo com você Sarada-chan? - o biquinho aumentou, e seus braços se cruzaram fortes em frente ao peito.

— Não se preocupe, é uma missão simples em uma fazenda ao redor da vila, no final do dia eu estarei de volta. - seus olhos subiram para os meus, e mesmo que fosse de um verde brilhante, era a mesma expressão de desconfiança e preocupação que aprendi a ver no rosto de meu pai. - Ou vai me dizer que não confia no quão forte sua ane-chan é?

 

Sorri para ele vendo a carranca se desfazer para ganhar um outro em retribuição, às vezes ser irmã mais velha era meio desagradável por ter um garotinho grudento e ciumento no meu pé, mas o carinho que eu recebia dos seus abraços, a empolgação que ele me passava nos treinos, ou a confiança que tinha nas minhas habilidades era algo que eu não gostava de ficar sem.

 

— Pegue sua mochila e vamos indo, vou ter deixar na Academia antes de ir.

— Hai!

 

Ele entrou no quarto em que estávamos dividindo, pegando a mochila no canto da parede e passando por cima dos ombros, descemos as escadas indo diretamente para a cozinha. A animada melhor amiga de minha mãe andava de um lado para o outro arrumando três bentôs com a ajuda de Inojin, enquanto o tio Sai limpava algumas vasilhas que estavam na pia.

 

— Era só o que me faltava, - ela colocou a mão na cintura olhando para o serviço do homem - demora para descer e tomar o café da manhã e ainda que me colocar pra arrumar a sua bagunça.

— Ino querida, eu já falei que estou atrasado e…

— Isso não é desculpa! - como se notasse a nossa chegada, sua carranca se desmoronou, formando um dos seus lindos sorrisos. - Sarada-chan, Tamotsu-chan, vocês já comeram?

— Hai, Ino-san, - respondi - estou indo levar Tamotsu na academia e depois vou para uma missão. Inojin hoje não vou poder esperar você. - falei olhando para meu antigo colega de classe, que só balançou a cabeça em resposta.

— Tudo bem então, se cuide.

 

Acenei com a cabeça e fui seguindo para porta, Tamotsu agarrava com força a minha mão, mas antes de atravessar a porta um Falcão pousou na janela da cozinha da casa, já sabendo de quem era a mensagem, o pequeno soltou-se de mim, e voltou correndo para o cômodo, com os olhos brilhando em expectativa conforme encarava o tio Sai desprendendo o pergaminho do animal.

 

— É uma mensagem do Sasuke-san, - ele falou calmo - ele diz que chegam em no máximo dois dias.

— Sério?

 

Como se para ver se o que estava escrito era certo, ele se esticou na ponta dos pés tentando enxergar o pedaço de papel; sorrindo daquele modo estranho, Sai o entregou, os olhos inteligentes percorreram a folha para chegarem em mim satisfeitos, estiquei o braços e meu irmão logo correu para alcançar minha mão, entregando-me o papel. Acabei que sorrindo, estava contente que depois de duas semanas meus pais voltariam para casa, e por mais que não houvessem detalhes sabia que estavam bem.

 

— Fique com isso. - devolvi-lhe o papel - Agora vamos, não posso me atrasar.

 

Andávamos com um pouco de pressa, as vezes um conhecido ou outro de nossos pais nos cumprimentavam, e animado com a notícia da volta deles, Tamotsu acenava feliz sorrindo de empolgação, praticamente saltitando pelo caminho, e a imagem era tão fofa que acabei rindo de seu jeito. Quando chegamos na academia, vi algumas crianças de várias idades entrando, era engraçado como em menos de seis meses eu tinha acabado de sair dali com minha bandana e finalmente me tornado uma genin.

 

— Entre, e quando a aula acabar vá diretamente pra casa da Tia Ino. - soltei sua mão e fiquei esperando ele se encaminhar para dentro do prédio, mas ao invés disso ficou me encarando de esguelha com aquelas duas bolas verdes.

— Ane-chan, se cuida tá? - ele resmungou, olhando para as pedrinhas que chutava no chão.

 

Me abaixei ficando na sua altura, levando os dois dedos para sua testa, dando um pequeno toque ali, esse sorriu com o gesto já tão familiar na nossa família, feito constantemente por nossa mãe, mas principalmente por nosso pai.

 

— Voltarei no fim do dia.

 

Levantei-me vendo os cabelos rosas balançando conforme o vento soprava, e o símbolo Uchiha bordado na camisa verde se afastava. Era engraçada a sensação de ser irmã mais velha, ainda me lembrava que no começo a notícia da gravidez tinha me assustado, logo depois veio o ciúme, quando notei que meu pai parecia se demorar mais tempo em casa entre as missões, achando que ele gostava mais daquela criança do que de mim, hoje percebo ter sido tola, pois aquele cuidado todo devia-se a gestação, do mesmo modo que descobrir por meios das provocações de minha mãe, que fora a mesma coisa quando eu estava por vim. No final daqueles nove meses eu estava numa sala de espera com meu pai sentado ao meu lado com uma falsa calma, batucando os dedos inquieto no joelho, quando nossa entrada foi liberada, ele se levantou num rompante andando apressado para o quarto que Shizune-san tinha indicado, acabei o seguindo devagar, desconfiada entrei no cômodo vendo o corpo grande do homem cobrindo a visão da minha mãe sentada na maca, ele sorria feliz enquanto dava um beijo na sua testa, preferi ficar quieta de longe observando em silêncio, quando sem avisar ele se voltou para mim, caminhando até onde eu estava parada para me pegar no seu colo com o braço.

 

“- Venha conhecer seu otouto-san, Sarada. Agora você tem alguém para proteger.”

 

Ainda me lembrava de como sua voz grave soara, era firme, mas não como repreensão, e sim como se passasse uma importante tarefa para mim, e foi no exato momento que ele se sentou na beira da cama que pude vislumbrar aquele pequeno e estranho embrulho nos braços da minha matriarca. Receosa, levei minha mão até chegar perto de suas bochechas, mas ele parecia tão frágil que tive medo, e logo encolhi o braço para perto do meu corpo, a risada calma e cansada de minha mãe me fez a encarar, sem entender o motivo daquilo.

 

“- Pode tocar nele, Sara.”

 

Entretanto eu tive medo, e meu pai notou, pegando o meu punho com delicadeza e levando até o pequeno rosto, no instante em que senti o calor nas minhas mãos entendi o que o imponente Uchiha tinha me dito, eu estava encantada com a pequena criatura, que me parecia tão delicada, e já me enchia com uma sensação gostosa, aquecendo-me por dentro.

 

“- Sem bem-vindo, Tamotsu.”

 

A minha voz não tinha passado se um sussurro, mas se tratando de dois grandes ninjas era lógico que eles ouviriam, quando senti que estava sendo observada meu rosto se levantou para encarar o olhar surpreso dos meus pais, o que era normal, já que eu estava dando um nome para o bebê sem pedir permissão a eles. Ainda me lembrava de como me encolhi no colo do meu pai, corando de vergonha por ter notado o que eu tinha feito, porém, ao invés de receber uma reprimida ouvi minha mãe sorrindo, repetindo o nome como se saboreasse as letras, desviando sua atenção de mim para o outro par de olhos negros, um pedido mudo para que desse sua opinião.

 

“- Tatmotsu é uma excelente escolha.”

 

Dei a volta fazendo meu caminho em passos rápidos para o ponto de encontro com minha equipe, em apenas alguns minutos cheguei na ponte em que havíamos combinado de nos encontramos, Konohamaru-sensei e Mitsuki estavam conversando algo sobre chakra, aproximei-me sendo notada por ambos, que me desejaram um bom dia. Acabei que entrando no assunto, fazendo algum comentário ou outro conforme nosso sensei respondia as perguntas do meu companheiro de time. Depois de quase meia hora finalmente Boruto chegou, correndo em nossa direção, ele se abaixou apoiando as mãos nos joelhos respirando ofegante.

 

— Está atrasado, de novo. - cruzei os braços observando seu cansaço por uma corrida tão besta.

— Foi culpa da Hima, tive que levá-la para a academia.

— Isso não é desculpa, tive de levar Tamotsu e cheguei dentro do horário combinado.

— E se formos levar em consideração que Tamotsu-chan tem somente cinco anos, seria muito mais lógico ele atrasar a Sarada, do que a Himawari-chan atrasar você Boruto. - Mitsuki falou com aquele sorriso que sempre usava quando tinha de explicar algum tipo de lógica.

— Por que você sempre fica do lado dela, hein Mitsuki? - Boruto perguntou se levantando, seu rosto completamente contorcido em uma careta.

— Deve ser porque eu sempre estou certa, e ele seja sensato o suficiente para ver isso. - sorri de leve, vitoriosa com meu argumento, o que pareceu provocá-lo ainda mais, pois seus olhos pareciam faiscar na minha direção.

— Crianças, está bom. - Konohamaru-sensei colocou a mão em nossos ombros, nos empurrando para longe um do outro, o loiro me deu língua de longe, e eu me limitei em virar o rosto em outra direção. - Vamos logo andando, não queremos nos atrasar ainda mais.

 

Segui o caminho até a fazenda em silêncio, Boruto contava animado para o nosso sensei sobre a última pegadinha que havia pregado no Hokage-sama, ele ria do garoto quando esse falou sobre como Hinata-san tinha ficado brava com sua travessura, mas ao invés de repreendê-lo por suas atitudes infantis, começou a contar suas próprias histórias com o Sandaime Hokage.

 

Algumas horas depois estávamos recolhendo algumas ervas daninhas que se misturavam na pequena plantação de tomates, Boruto reclamava como odiava quando tínhamos que fazer aquele tipo de tarefa, e tinha que concordar com ele, por mais que minha mãe dissesse que quando saíssemos para missões de rank mais elevado aquela experiência em equipe nos ajudaria muito, enquanto nosso sensei mantinha-se ocupado fazendo pequenos reparos no cercado de madeira que contornava a grande propriedade. Estava concentrada em terminar o mais rápido meu serviço quando uma voz conhecida me chamou a atenção, levantei o rosto e fiquei totalmente congelada com o que eu via: Tamotsu sendo guiado pelo dono da propriedade até nós. No seu rosto mostrava a típica insatisfação de quando era pego fazendo o que não devia, fiquei de pé e logo meus companheiros foram se aproximando, tão confusos quanto eu.

 

— Encontrei esse menino escondido nos arbustos observando vocês, ele disse ser seu otouto-san mocinha.

— Tamotsu, pode me explicar como veio parar aqui? - senti meu rosto se contorcer de raiva.

— Ane-chan, eu precisava vim com você!

— Não, Tamotsu, você não tinha que vim! - gritei fechando meus punhos, sentia o sangue ferver dentro do meu corpo, ao mesmo tempo que queria quebrar alguma coisa. - Você tem ideia do perigo que se colocou?!

— Se acalme Sarada, gritar não resolve nada.

 

A mão do meu sensei voou para o meu ombro dando um leve aperto, meus olhos foram do seu rosto para da figuro encolhida pelos meus gritos, respirei fundo tentando me acalmar, odiava esse instantes em que eu explodia igual a minha mãe.

 

— Mas sua onee-san está certa Tamotsu-chan, é muito perigoso uma criança da sua idade sair sozinha, ainda mais para fora dos limites da vila. Aliás, como nos encontrou?

— E-eu segui a Sarada depois que ela me deixou na academia.

— Você estava nos seguindo esse tempo todo? - os olhos de todos do meu time se esbugalharam quando o menino balançou a cabeça positivamente.

— Você camuflou o seu chakra, não foi? - perguntei olhando diretamente em seus olhos, e talvez por medo da minha reação, só confirmou a minha suposição com um leve manear de cabeça. - Tsc. Você sabe o que haha te falou, ela te ensinaria desde que você não fizesse isso sem que ela ou nosso chichi estivesse por perto.

— Nessa idade ele já aprendeu a camuflar o chakra? - Boruto disse incrédulo.

— Bom, ele é filho da Sakura-san com Sasuke-sama. - Mitsuki murmurou como se aquilo justificasse tudo.

— E escondeu muito bem, ao ponto que sequer mesmo eu consegui notá-lo. - Konohamaru suspirou, olhando curioso para o menino com um sorriso simples. - Afinal você é Uchiha, não teria como ser diferente.

 

Aquilo o fez sorri envergonhado, Tamotsu tinha orgulho do nosso clã, da força de nossos pais, ou como nosso sobrenome era respeitado e importante para a vila, e mais ainda, ele gostava de saber que fazia parte de tudo aquilo.

 

— Bom, como não temos muito o que fazer, mandarei uma mensagem pra vila avisando que ele está conosco. Tamotsu, já que está aqui, ajude a Sarada nas tarefas, você pode fazer isso?

— Hai! Posso sim!

— Ótimo, agora voltem para o que estavam fazendo.

 

Todos voltaram para o que estavam fazendo, meu irmão olhava desconfiado para mim, esperando ouvir mais alguma coisa.

 

— Mais tarde conversamos, e não pense que nossos pais vão ficar sem saber disso. - ele abriu a boca para protestar, entretanto só foi erguer a sobrancelha que ele se calou - Agora venha me ajudar com isso.

 

Cabisbaixo ele me seguiu, não precisei passar nenhuma instrução sobre o que devia ser feito, só de olhar o pequeno monte de ervas que eu já tinha tirado que ele sentou-se no chão, puxando as plantas de dentro da terra. Tinha consciência que o encarava a cada minuto dirigindo o meu pior olhar, e ele simplesmente fingia não ver, desviando o rosto corado para qualquer outra direção, conheço seu jeito sabia que ele poderia até não ter se arrependido de sair escondido daquela maneira, mas estava envergonhado, e principalmente temeroso com a reação de nossos pais. Aos poucos Boruto e Mitsuki começaram a conversar com o pequeno, e ele foi se soltando, com um pouco mais de uma hora que tínhamos o encontrado ele ria das piadas de Boruto, fazendo pequenos comentários juntos de Mitsuki sobre algumas histórias que o loiro contava, a maioria deles zombando da sua cara de alguma forma. E por mais que eu estivesse irritada com a sua irresponsabilidade, aos poucos me acalmei, ainda mais por estar usando sua grande inteligência contra um dos meus colegas de equipe.

 

Na hora do almoço a esposa do fazendeiro nos recebeu, Tamotsu com seu jeito alegre e maduro conquistou facilmente a simpatia de senhora, que o chamou de “pequeno e irradiante adulto” logo após ele ter elogiado sua comida e agradecido a refeição. Conforme o dia foi passando pude me livrar totalmente da irritação, percebendo uma melhora no meu humor, Tamotsu arriscou iniciar algumas conversas comigo, era incrível a sua capacidade de perceber minhas emoções, principalmente quando ele via que eu não estava nos melhores dias e seria melhor se manter longe. No fim da tarde estava escovando os cabelos do único cavalo do lugar, dentro do pequeno estábulo Tamotsu se acomodou em um banquinho enquanto me observava, pude ver por seus olhos que ele estava cansado, as pálpebras escorregavam vez ou outra, o que o fazia dar pequenos pulinhos no banco de madeira para se manter acordado.

 

— Está com sono? - perguntei sem tirar os olhos do meu trabalho.

— Não ane-chan, estou bem.

— Por um instante pensei que você estivesse cansado, como seria o normal para sua idade. Gomen, esqueci que o grande Uchiha Tamotsu nunca se cansa. - brinquei mantendo o tom de voz calmo, e ele soltou uma leve risadinha.

 

Uma das coisas que eu mais adorava em meu irmão era que ambos éramos dados a piadinhas irônicas e sarcásticas, o que resultava em boas brincadeiras e conversas, e se tornava ainda mais engraçado quando meu pai estava na vila, pois assistíamos nossa mãe andando pela casa resmungando sobre o que ela chamava de “o estranho humor Uchiha”.

 

— Sarada-chan?

— Fale.

— Você ainda está brava comigo? - desviei a minha atenção do cavalo para encará-lo, seus olhos verdes comprimidos pela testa enrugada deixavam claro o desgosto que ele estava sentindo.

— Não estou brava com você, ao menos não mais. - um pequeno sorriso foi surgindo nos seus lábios, para logo voltar a linha reta anterior quando continuei falando - O que você fez foi errado e perigoso, sair da vila dessa maneira não é só desrespeitar a ordem shinobi, mas nossa okaa-san e otou-san, além de colocar sua vida em risco por nada.

— Gomenasai, e-eu…

 

Um estrondo nos interrompeu, logo meus sentidos entraram em estado de alerta tentando entender qual era a natureza daquele som. Ouvi alguns gritos e o que pareciam serem passos de um número muito maior de pessoas do que as que deveriam estar naquela fazenda, olhei a minha volta até achar um lugar que me pareceu bom o bastante, soltei a escova e sem dizer nada fui diretamente para Tamotsu puxando-o pela camisa até escondê-lo atrás de uma grande pilha de feno. Puxei uma kunai do meu coldre e estendi em sua direção, suas pequenas mãos tremeram até conseguirem afirmar o aperto ao redor do cabo, e mesmo que tentasse se manter centrado, seu pânico era palpável.

 

— Eu tenho que verificar o que está acontecendo, fique aqui escondido e não faça barulho algum. Se qualquer um que não seja do meu time te encontrar não hessite em atacar com tudo que você sabe. Entendeu? - ele balançou a cabeça fervorosamente mostrando que sim - Ótimo, fique quieto, mas se precisar de ajuda grite com toda força de seus pulmões que eu chegarei até você. - dei um rápido beijo em seus cabelos tentando passar confiança.

 

Sai do casebre de madeira ouvindo os típicos gritos que Boruto dava durante uma batalha, meus olhos percorriam o vazio que era aquela parte da fazenda, enquanto eu avançava cautelosamente tentando senti a presença do inimigo. O primeiro chegou até mim em um salto, apontando o punho para meu rosto, dando-me tempo somente de bloquear o golpe cruzando os meus braços na frente do rosto, assim com meu pai tinha me ensinado movi meu tronco tentando aproveitar da minha posição de defesa pra transformar em uma mobilização, mas antes que tivesse conseguido prender o braço do inimigo em minha mão, um segundo aparecei mirando um chute em meu quadril, fazendo-me saltar longe para não ser atingida.

 

Não houve tempo para me recuperar, ambos avançaram em minha direção num ataque sincronizado, sua sequencia de golpes deixavam claro que o nível deles estava acima do meu, talvez chunins ou jounins, não portavam bandanas, e as vestimentas também não indicavam serem características de nenhuma vila shinobi que eu tivesse conhecimento. Para piorar minha situação mais dois homens chegaram, a luta que antes já estavam complicada somente piorou, ciente que seria morta se não fizesse alguma coisa senti aquela queimação próxima aos meus olhos e logo o brilho vermelho do Sharingan tomava meus olhos, me dando uma interpretação melhor de seus movimentos para que assim eu pudesse achar aberturas que me fossem úteis. Porém suas velocidades aumentaram, e por mais que meus olhos lessem como seus corpos se portavam não tive a agilidade necessária para me defender, e numa rasteira fui imobilizada no chão.

 

— Agora só precisamos pegar o garoto.

 

Um deles falou enquanto pressionava minha cabeça contra o chão, foi quando um grito surgiu vindo do pequeno estábulo, debati-me tentando me livrar do peso que me matinha parada, vi um homem sair do lugar segundo depois, ele tinha uma kunai cravada no braço enquanto com o outro carregava um Tamotsu desacordado.

 

— Solta ele! - gritei tanto me soltar, mas tudo que conseguir foi receber um forte soco em meu rosto.

— Calada!

 

O homem sibilou jogando o corpo inconsciente de meu irmão na minha frente, o sangue escorria por meu rosto pelo golpe recém recebido, deixando-me tonta com facilidade.

 

— O pivete parece ser um Uchiha também, vamos levá-lo e sair agora mesmo daqui antes que cheguem reforços.

— E o filho do Nanadaime? - outra voz falou, mais uma vez tentei me soltar, recebendo outro soco na face.

— Esse dois devem bastar, vamos.

 

Meus braços foram puxados, fazendo com que eu me levantasse bruscamente do chão, numa última tentativa de me soltar, consegui puxar o meu braço, acertando uma cotovelada no meu raptor, entretanto logo depois meu mundo ficou preto.

 

~#~

 

Acordei num quarto escuro, a madeira estava fria e alguns grãos de poeira grudavam na minha bochecha, pisquei algumas vezes tentando me adaptar a escuridão, mas aquele lugar parecia tão isolado que nem isso me ajudou. Tentei me sentar, porém o corpo dolorido tornou a tarefa difícil ao ponto que desisti, olhei mais uma vez ao redor conseguindo em fim distinguir um contorno caído do outro lado do cômodo, quando identifiquei de quem se tratava arrastei-me até alcançá-lo, sendo impedida por algo que parou o meu avanço assim que consegui cobrir metade da distância que nos separava, foi quando notei a corrente que prendia meu tornozelo.

 

Tentei achar qualquer sinal de maus tratos em Tamotsu, mas no final ele aparentava estar bem, ao menos o ritmo que seu peito subia e descia indicava que ele estava dormindo. Soltei um suspiro e um bolo se formou na minha garganta, estava cansada, com dores e medo da nossa situação, não entendi o porquê de termos sido pegos e eu não tinha ideia do que fariam contra nós, contra meu pequeno irmão. Antes que conseguisse parar, grossas lágrimas desceram por meu rosto, lavando o sangue já seco que cobria a minha face, sabia que a minha equipe viria ao meu socorro, isso se já não tivessem mandado mensagens para a vila a pedido de reforços, entretanto a sensação de aperto não parava de me perturbar, fazendo a minha angústia crescer.

 

Não sei por quanto tempo fiquei daquele modo moribundo, poderiam ter sido minutos ou horas, em algum momento vi a porta sendo aberta, uma luz fraca entrou, sendo bloqueada pelo corpo alto. Antes que eu pensasse em fazer qualquer coisa, a porta foi fechada nos devolvendo para escuridão. Tateei até chegar o que parecia ser um prato de comida, o som metálico quando o tocava confirmava que o homem só apareceu aqui para deixar nossa comida. Talvez pelo barulho, Tamotsu se remexeu inquieto, resmungando algumas coisas incompreensíveis.

 

— A-ane-chan? Cadê você? - um desespero tomou sua voz ainda sonolenta.

— Calma, eu estou aqui Tamotsu.

— A-aonde? Está muito escuro, eu não consigo te ver. - ele choramingou.

— Se acalme, eu tô aqui. Olha minha mão está esticada pra você.

 

Distingui sua forma escura vindo na minha direção, ele engatilhava devagar, e pude ouvir pequenos soluços vindos de sua garganta.

 

— Ane-chan, tem algo prendendo o meu pé.

— Eu sei, também estou presa. - respondi o mais calmo possível para que ele não se desesperasse.

— Mas eu quero ficar perto de você, estou com medo.

— Estique o seu braço. - ele fez o que pedi e logo fui capaz de segurar ao menos a sua mão, notando que seu corpo tremia. - Não se preocupe, vão vim nos buscar. E eu não vou deixar que nada de ruim aconteça com você.

— Eu quero a okaa-san e otou-san…

 

Seus soluços aumentaram e logo ele chorava baixinho, ele parecia se encolher dentro de si próprio em busca de conforto, e a única coisa que eu pudia fazer era olhar, massageando sua mão para passar algum conforto. Um tempo depois ele se acalmou, pedi para que ele desse o prato de comida que tinha sido colocado para nós a mim, o metal fazia um barulho frio quando arrastado na madeira, senti o cheiro da comida tentando achar alguma substância que pudesse ser nociva, mas aparentemente não havia nada.

 

— Coma tudo, - falei empurrando novamente a comida em sua direção. -você precisa se alimentar.

— Mas você também precisa comer Sarada-chan.

— Eu estou bem, faça o que eu estou mandando.

 

Mesmo a contra gosto ele me obedeceu, sentou-se no chão comendo a comida, que pelos seus resmungos parecia estar horrível, fiquei aliviada em notar que ele não estava machucado, ao contrário de mim, que sentia cada parte do corpo como se estivesse pegando fogo. Passamos o tempo todo em silêncio, Tamotsu fazia questão de agarrar a minha mão entre as suas, o tempo parecia se arrastar e cada vez mais minha preocupação aumentava, a falta de noção de tempo era perturbadora, me afligindo ainda mais. Algumas vezes cai no sono, outra só ficava sentindo minhas dores e ouvindo Tamotsu chorando baixinho, mais comida nos foi dada, e isso só aumentava os meus cálculos de quanto tempo estávamos ali, ninguém nos falava nada e não seria eu a pedir uma explicação.

 

Em algum momento acordei com um barulho de coisas se quebrando, assustando-me quando notei que aqueles eram sons de luta, olhei para Tamotsu, e vi que este também parecia ter acordado com o barulho. Uma esperança se apoderou de mim, imaginando que aquele poderia ser nosso resgaste, porém uma dúvida se alastrou quando percebi que poderia ser outro grupo de criminosos.

 

— Tamotsu, vá pra longe da porta.

 

Resmunguei enquanto me arrastava para a parede, buscando seu apoio para que conseguisse me manter em pé. Uma ansiedade tomou meu corpo conforme os sons continuavam a chegar ao meus ouvidos, cada vez mais brutais, até que aos poucos eles começaram a cessar, ao ponto de se resumirem a passos no que parecia ser o corredor que levava ao cômodo em que estávamos enjaulados. A porta se abriu ao meio quando recebeu um golpe, as dobradiças não aguentaram a força colocada e a madeira caiu no chão fazendo um forte estalo. Quando vi a figura do outro lado, deixei meu corpo ceder, caindo desajeitada no chão.

 

— Por Kami, Sarada! - a voz da minha mãe saiu estrangulada, e logo seus braços quentes me envolveram. - Você está toda machucada… - sua voz sussurrou no meu ouvido.

— Okaa-san, dói…

 

Choraminguei, cuidadosamente ela me apoiou na parede, para começar a me curar, por cima do meu ombro pude ver Tamotsu agarrando o pescoço de nosso pai, ele estava agachado no chão com sua katana jogada de qualquer jeito enquanto envolvia o corpo pequeno num forte abraço. Quando sua cabeça se levantou pude ver o alívio em sua expressão sempre tão fechada, ele me encarou, e em seus olhos escuro só recebi carinho. Logo seu braço roxo surgiu, compensando a falta do membro, com uma mão brilhando ele quebrou o corrente que prendia meu irmão buscando logo em seguida a katana para ser guardada.

 

— Sakura, a corrente está sugando o chakra. - com um aceno de cabeça minha mãe interrompeu o tratamento por um instante, esmagando o metal com sua mão. Ele se levantou e veio andando até mim, abaixando-se na minha frente. - Você está bem?

— H-hai. - respondi com minha voz fraca, lágrimas grossas começaram a descer por minhas bochechas, com cuidado sua mão roxa veio até elas, interrompendo seu caminho até o meu queixo

— Tamotsu, como ele está? - a voz da minha mãe saiu embargada, mas ainda assim ela tinha seu rosto completamente concentrado em me curar.

— Bem cansado, mas já adormeceu.

— C-como nos acharam? - perguntei. movendo os meus olhos entre seus rostos.

— Chegamos na vila um dia após o sequestro de vocês, - a voz do meu pai me parecia diferente do normal, mas culpei aquela impressão ao meu estado. - fomos avisados ainda no portão, e fomos o mais rápido até a tal fazenda para conseguir o rastro.

— Quanto tempo ficamos presos?

— Foram três dias. - minha mãe me respondeu, meus olhos se esbugalharam, aquilo era tempo demais. - Não se preocupe, agora está tudo bem, vamos pra casa.

— Pegue Tamotsu, eu carrego ela.

 

Quando meu pai estendeu o pequeno para ela vi certa ansiedade em seus olhos, ela o segurou com cuidado, provavelmente se contendo para não o abraçar muito forte e acordá-lo. Logo em seguida senti meu corpo sendo puxado contra o troco do meu pai, minha pernas moles o rodearam conforme ele me segurou, o seu cheiro invadiu meu nariz e apertei seu pescoço querendo mais da sua calma. O braço mecânico do Susanoo era frio em minha volta, porém dava a familiar sensação de proteção que tantas vezes experimentei. Mantive meus olhos fechados durante todo o tempo em que nos afastávamos daquele lugar, depois de dias trancada na escuridão a luz do fim do dia parecia queimar, meu corpo estava anestesiado por conta da cura recém feita, e mesmo que não fosse uma sensação boa era melhor do que sentir as dores, o que me levou a dormir nos braços do meu pai.

 

~#~

 

— Tem certeza que está bem querida? Não sente mais nenhuma dor?

— Sim okaa-san, estou bem.



Estava deitada em minha cama sentindo o vento frio que entrava pela fresta da janela do meu quarto, tinha tomado banho e comido a melhor refeição em dias, ainda me sentia cansada, mas com certeza bem melhor do que antes. Mesmo depois de tirar as roupas sujas minha mãe parecia cansada, vinha verificar o meu estado pela sexta vez desde que chegamos, seu cabelo estava molhando a camisola que vestia, coisa que ela odiava, porém não parecia se importar, ainda mais quando me abraçou mais uma vez.

 

— Conversei com Tamotsu. - viramos nossas cabeças para observar meu pai, ele estava escorado na soleira da porta, visivelmente cansado.

— E então? - minha mãe se levantou, cruzando os braços na frente do seu corpo.

— Acho que ele entendeu. - sua mão foi até os olhos, apertando de leve as pálpebras.

— Vou falar com ele agora.

 

Meu pai acenou, dando espaço para minha mãe passar, ficamos em silêncio nos encarando, não era raro esse tipo de coisa acontecer entre nós, no começo aquilo eram incomodo, segundo minha mãe era por conta das semelhanças de nossas personalidades, porém com o tempo me acostumei, percebendo que aquele tipo de coisa era importante para ele de alguma.

 

— Descobriram o que eles queriam? - perguntei quebrando o silêncio.

— Dinheiro. O plano era levar você e Boruto, mas dois Uchiha lhe pareceram uma solução melhor, eles estavam esperando uma embarcação chegar ao porto para poder se afastarem e fazer o pedido de resgate em um lugar que dificulta Konoha de achá-los antes de pedirem o dinheiro, como aconteceu.

— E a minha equipe?

— Estão todos bem.

 

Balancei a cabeça voltando ao silêncio, um bolo se formava na minha garganta e eu esperava o momento em que levaria uma bronca por ter sido tão displicente com Tamotsu.

 

— Gomenasai. - encarei minhas mãos.

— Pelo o que está se desculpando? - ele me olhava com o cenho franzindo.

— Se eu tivesse sido mais atenta teria percebido Tamotsu me seguindo e não teria colocado ele em perigo.

— Tsc, não diga isso. - ele entrou no quarto, sentando-se na minha cama - Assim como você, seu irmão puxou a sua okaa-san no controle de chakra, nem mesmo o seu sensei conseguiu notá-lo, não estava no seu nível conseguir isso.

— Eu fui fraca. - escondi o rosto entre minhas mãos, fazendo minha voz sair abafada - Eu devia ter cuidado dele.

— Sarada, - a voz do meu pai saiu forte, ele segurou meus punhos, fazendo-me descobrir o rosto - olhe para mim. - a contra gosto levantei minha cabeça, encontrando aquela gentileza no seus olhos que eu tanto amava - Não se culpe por um erro que não é seu, Tamotsu fez algo que não devia, desobedeceu uma ordem e se colocou em perigo. Ele ainda é pequeno, não entende as consequências do que faz, é por isso que nós temos que ensiná-lo. Você se machucou para que ele saísse ileso, protegeu não somente ele, como a mim e Sakura, eu estou orgulhoso.

— Chichi…

 

Pulei em seu pescoço o apertando com força, ele retribuiu o meu abraço um pouco atrapalhado, mas não me importei. Ficamos um tempo daquela maneira, até que ele me deitou, puxando o lençol para me cobrir.

 

— Agora durma, você precisa se recuperar.

 

~#~

 

Sasuke saiu do banho sentindo os ombros tensos doerem, largando a toalha numa cadeira no canto do quarto, os cabelos coçavam em sua pele nua enquanto admirava a noite pela janela quarto, a porta foi aberta e logo sentiu os braços da sua esposa o circulando. Apoiou sua mão nas delas, fechando os olhos para aproveitar a sensação dos seu lábios dando pequenos beijos por sua coluna.

 

— Tamotsu disse que fugiu porque estava preocupado com a Sarada. - a voz feminina saiu abafada pelo proximidade que estava com o corpo do outro.

— Ele me falou a mesma coisa, mas o que fez não deixa de ser errado.

— Depois do que aconteceu tenho certeza que não teremos mais problemas com isso. Ainda sim, não consigo ficar calma, parece que meu coração ainda está sendo esmagado.

 

Sasuke virou-se para olhar suas pedras verdes, se lembrando do desespero que ela estava até finalmente achar os filhos, ele entendia perfeitamente o que ela dizia, era como se a tensão ainda pairasse sobre sua mente, o medo de que algo grave tivesse acontecido, que mais uma parte preciosa de si tivesse sido tomada de seus braços.

 

— Se acalme, agora eles estão bem.

 

Abaixou o rosto encostando seus lábios, sendo tomado pela aquela onda de calor e conforto que sempre sentia quando se beijavam, tentando acalmar as dores que pressionavam seu interior nas últimas horas com o amor de sua mulher. Se afastou alisando o rosto pequeno que se encaixava em sua mão, os olhos inchados contornados de roxo; puxou Sakura pela mão até a cama, buscando calor um no outro conforme se enroscavam. O perfume dela ainda era o mesmo, fresco como laranja, e aquilo foi seu calmante para dormir.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que vocês tenham gostado e matado um pouco da saudade como eu.

Beijão!



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