O forte cheiro de sangue e som da chuva lá fora me fazia acreditar que tudo estava perdido. Eu sentia uma forte dor no abdômen aonde havia sido feito minha cirurgia. O que estava me deixando aflita era sobre meu filho! Onde estava ele? Será que ainda estava vivo?

Tomara que sim, em meio aos escombros eu consegui sair do galpão no corredor eu vi muitos corpos, eu não fazia ideia do que tinha acontecido ali, mas com certeza não foi nada bom! Alguém estava com muita raiva.

Toquei minha ferida e fiz uma careta de dor, andei devagar até chegar a floresta me sentei perto de uma grande árvore e fiquei a olhar para o céu nublado, a tempestade havia diminuído bastante e apenas alguns respingos de chuva, ouvi um barulho vindo um pouco mais a frente de onde eu estava eu não tinha mais forças nas pernas para me levantar por isso passei e rezar para que não fosse um animal selvagem. Talvez esse tenha sido meu erro.

Uma criatura de quase dois metros de altura com os olhos vermelhos surgiu no meio das arvores parando bem a minha frente, seus punhos estavam cerrados e ele estava completamente nu, engoli em seco e então tive e pequena sensação de que eu sabia quem ele era.

A luz da lua logo foi tomando seu espaço no céu, banhando o corpo daquele ser, ele pareceu temer por mim e então se escondeu atrás das árvores, os olhos dele, mudara de cor rapidamente de vermelho para um azul celeste. O corpo negro e gigante se transforou no corpo de uma criança pequena e ela chorava assustada. Me aproximei dele hesitante e toque suas costas – como se ela queimasse ele se afastou.

— Não! Calma eu não vou machucar você...- eu disse mas a criança não me deu ouvidos.

Eu olhei no fundo de seus olhos e tive aquela sensação, aquele instinto protetor, aquela maneira de amar que só uma criatura no mundo sabe, um amor incondicional um carinho gigantesco incapaz de ter um fim – sim aquela criança que foi tirada de mim ao nascer era meu filho, aquela criatura abominável que me apareceu era o meu filho, esta criança assustada era o meu filho.

— Eu – de repente ele saiu correndo, tão rápido que mau tive tempo de falar – Espere! Não fuja de mim! – disse sentindo as lágrimas caírem – Você é meu filho...