Eu nunca quis me apaixonar por você, mas eu

estava enterrada e

tudo o que eu podia ver era branco.

Minha salvação.

Lydia explodiu. Em um grito agudo, como o de uma criança ao nascer. Como um adolescente que se machucou de bicicleta, ou como o modo sobrenatural, explodiu como uma bomba de vozes, gritando sua dor para que todos ouvissem.

Ela ouviu os vidros, e depois de seu grito tudo ficou negro como a noite. Seu corpo caiu na maca novamente e sua respiração parou. Tudo parou, ela parecia fazer parte de muitas vozes. Quando a mesma abriu os olhos novamente, ela se viu.

Estava em um quarto cheio de espelhos, tantos que ela se via em todos os lugares. Lydia estava péssima, seu corpo estava tão branco e frágil. Sua cabeça doeu, como se estivessem batendo nela.

Vozes e vozes começaram a entrar em sua cabeça. Gritos de horror, acusações, dor. Ela sentia a dor em suas veias e aquilo estava tão alto que ela queria que tudo acabasse para as vozes irem embora. Lydia sentia a si mesma enlouquecendo. Ela tentava o seu máximo, mas não teve sucesso. Ela se sentia tão cansada, mas não podia dormir.

As vozes, ela gritavam, e Lydia mesmo lutando queria desistir e se entregar a morte que elas tanto pediam. Lydia se jogou no chão, e as lágrimas começaram a descer seu rosto. Ela sentia que estava perdendo algo que não podia ser substituído. Seu corpo pareceu fraco novamente, e ela se viu desistindo.

—Lydia – A voz parecia um sussurro perto das outras tantas vozes gritando, porém diferente das outras, essa Lydia podia ouvir bem. – Lydia.

Ela ouviu novamente.

Ela levantou sua cabeça ainda vendo todas as suas imagens gritando coisas. Seu corpo se curvou, e ela se sentiu tão para baixo, parecia devastada.

—Lydia – Ela ouviu novamente e desta vez se deu conta de que não era sua imaginação. Desta vez Lydia se levantou.

—Lydia, vamos. – Ela ouviu estava tão distante, todas as suas figuras pareciam estar tão perto dela, e aquela voz que lhe dava esperança estava tão longe.

Como se estivessem em lugares e dimensões diferentes. Ela pareceu perder a esperança novamente, olhou para seu corpo e viu seus pés, eles estavam quase transparentes, e ao abrir a boca e buscar folego, viu que não conseguia respirar.

Lydia estava em pânico, segurando sua garganta.

—Não, não, não. Lydia, acorde. – Ela ouviu e sentiu seu peito se encher, ela olhou para os lados e viu que agora, havia um pequeno corredor entre os espelho. Ela tentou andar, mas seus pés estavam uma pedra. Ela se jogou no chão, usando suas mãos para a arrastarem daquele lugar, ao ver totalmente o túnel, ela viu, lá no fundo uma luz. Uma luz a guiando para casa. Ela sentia que a voz vinha daquele lugar. Havia uma grande conexão entre ela e a voz. – Vamos.

Ela ouve e foi como um incentivo.

—Acorde. Consegue me ouvir, Lydia. – A voz disse e ela sentiu mais força.

—Sim – Ela sussurrou, almejando chegar naquela luz. Ela queria entender porque aquela voz a deixava tão esperançosa.

—Lydia, abra os olhos, vamos. – Ela queria gritar que estava tentando. Ela tentava abrir os olhos, e ela sabia agora que cada segundo a mais, mais ela morria por dentro.

As vozes ficaram mais altas, e elas ofuscavam a luz. Lydia se deitou, e chorou, sentindo seu peito diminuir.

—Escute-me, Lydia – Ela ouviu, e se focou na voz. – Mostre seus olhos. – Novamente Lydia respirou fundo e continuou deitada, se agarrando a voz daquele rapaz. – Lydia, precisa abrir os seus olhos.

Lydia abriu os olhos e se sentou, na sua frente havia um espelho, mas não com seu reflexo, e sim com o reflexo de Stiles. Lydia olhou para o rapaz e se sentiu aliviada, ele era a voz o tempo todo.

As lágrimas deixavam os seus olhos, e ela se sentiu próxima a ele. Assim que ela olhou para os olhos do rapaz tudo se calou. Todos os outros espelhos sumiram e ela só via Stiles. Com dificuldade ela se levantou, e andou devagar até Stiles. Ele estendeu a mão para ela. Lydia andou devagar até chegar perto de Stiles, e encostou a mão na de Stiles sentindo ele quente, diferente dela.

—Lydia? – Desta vez ela ouviu de forma alta e clara. Lydia tocou na mão de Stiles e sentiu ele a puxando.

Era como se Lydia estivesse caíndo... E logo ela sentiu o baque surdo, e seu peito se encheu de ar novamente. Ela abriu os olhos, atordoada, e seguiu seu olhar para o garoto ao seu lado.

Stiles.

Ela se sentiu feliz e completa ao vê-lo. Ela finalmente mostrou a ele os seus olhos, e olhando para Stiles naquele momento, Lydia viu que ela sentia algo por ele. Algo tão profundo que a fizera voltar apenas para olhá-lo novamente.

—Você está bem? – Ele pergunta, e para Lydia, só os dois estavam na sala. Ela assentiu apenas aproveitando o momento. – Você está bem. – Ele diz aliviado.

Lydia olha para a mão de Stiles, ele segurava a mão dela. Ela não pode deixar de sentir sua alegria fluir por suas veias, ela entrelaça os dedos com o de Stiles, sentindo sua mão quente na dela, a sensação de paz interior que Stiles proporcionava a ela era imensa. Ela olhou nos olhos chocolate de Stiles e sorriu de forma fraca. Ele ainda parecia desesperado, mas aliviado.

E ela se lembrou... "Se você morrer, eu vou enlouquecer".

Naquele dia, Lydia achou aquilo estranho pois para ela, Stiles só sentia uma paixão sem sentido por ela, mas agora Lydia sabia que ela e ele eram um só. Como duas metades juntas, ele não viveria sem ela... E agora Lydia se deu conta de que ela não viveria sem ele.

A grande conexão entre os dois a trouxe de volta e os sentimentos de Lydia estava tão loucos quanto as vozes que a aterrorizavam antes de Stiles calar elas.

—Quer tentar sentar? – Ele pergunta. E ela assente. Ela sente as mãos dele a ajudando junto com as de outra pessoa. Era Scott, e naquele momento ela percebeu que havia outras pessoas além de Stiles na sala. Porém ela não tirava os olhos dele.

Com as mãos ainda juntas, Lydia se sentou. Encarando Stiles, tentando dizer tudo que queria, tudo o que sentia. Aquele sentimento habitava o seu peito a muito tempo, e ela precisou quase morrer para se dar conta disso. Stiles deixou a mão de Lydia na bancada, fazendo-a olhar para a sala e ver ela, sua mãe.

—Mãe? – Lydia sussurrou desta vez conseguindo dizer algo.

—Querida... – Sua mãe diz chorando e indo até ela. O abraço de sua mãe a fez respirar fundo. Ela estava acolhida neles, porém o calor da mão de Stiles ainda fazia presente.

E Lydia sorriu.

—Eles salvaram a minha vida, mãe. – Diz Lydia, e então abriu os olhos especialmente para Stiles, mostrando os olhos cor esmeralda para o garoto que sentiu seu peito pesar ao receber o olhar de Lydia. – Stiles me salvou.— Lydia diz olhando para o garoto.

Lydia sempre achou que era incompleta e que nunca acharia sua casa. Porem tudo mudou para ela, tudo se tornou verdade. Stiles era sua casa, Stiles era a sua conexão.

E Lydia sabia que tudo mudaria depois daquele dia.