Garota quase perfeita. escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 2
Esmeralda.




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P.O.V. Branca.

A garota era realmente encantadora. Tinha cara de boneca de porcelana.

—Quem é essa mocinha?

—Sou eu Seu Rodolfo. A Esmeralda.

—A filha da Rosário?

—Sim.

—Quando te vi pela última vez era só uma menininha.

—É. Ar... mas que coisa! Seu José Armando, eu posso ver você?

—O que?

—Acho que ela quer tocar no seu rosto filho.

—Isso. Posso?

—Pode.

—Fecha os olhos.

Ela tocou o rosto do meu filho com as pontas dos dedos.

—Tem um nariz empinadinho.

Disse ela rindo.

—Rará, muito engraçado.

—O cabelo é macio que nem o da sua mãe.

Armandinho riu.

—E eu posso ver você?

—Você é cego também?

—Não.

—Então não vale!

Ela deu um empurrãozinho nele. Só de brincadeira.

—Já sei. Vamos ver se você reconhece os perfumes.

—Perfumes?

—Espera ai.

P.O.V. José Armando.

Me disseram que as pessoas cegas tem facilidade em identificar odores.

—Aqui. Quero ver se você adivinha de quem é cada perfume.

—Tudo bem. Manda ver.

—Esse aqui de quem é?

—Do Seu Rodolfo.

—Acertou. E esse.

—Da Dona Branca.

—Acertou de novo!

—E esse?

—É o seu.

—Uau! Impressionante. E esse aqui?

—Não sei. Não é de ninguém que eu conheça.

—É seu.

—Meu? Eu não tenho esse cheiro não.

—Mas vai ter.

—Porque?

—Porque eu comprei pra você.

—Pra mim? Porque?

—Porque achei que você ia gostar. 

—É uma delícia. Foi muito caro? Eu não quero dar prejuízo pra ninguém.

—Não. Não foi caro.

—Então, obrigado. Vou guardar com carinho.

—Não é pra guardar, é pra usar. E se você usasse no baile seria ótimo.

—Baile? Que diabo de baile é esse?

—É o meu baile de aniversário. 

—Mas, eu? Vai convidar logo eu? A cega caipira no meio dos granfinos que enxergam. Vai ser lindo.

—Vai mesmo.

—Não pode estar falando sério?

—Estou sim. Super sério.

—Mas, eu nem tenho vestido pra colocar.

—Eu tenho um vestido.

—Dona Branca... vocês estão sendo muito gentis comigo já, não tem necessidade. Eu nem sei como me comportar no meio dessas pessoas chiques.

—Bobagem. Eu te dei aulas não dei?

—Deu, mas...

—Nada de mas. Você vai ficar linda naquele vestido. Além do mais aquele vestido está mofando dentro da caixa ele merece uma festa.

—Você tá de maquiagem Esmeralda?

—É. Eu aprendi a fazer sem enfiar o rímel no olho ou passar batom nos dentes.

—Legal. Isso é ótimo.

—É mesmo?

—É claro.

—Mas, de onde saiu esse seu nome Esmeralda?

—É porque eu tenho olhos verdes que nem uma pedra chamada Esmeralda.

—Como sabe que tem olhos verdes se não enxerga?

—Rodolfo!

—Não, tudo bem. É que a minha mãe falou e ela disse que os brincos da minha avó paterna também ajudaram a escolher o meu nome.

—Brincos?

—É. São a coisa mais valiosa que temos. São feitos com essa pedra.

—E se são tão valiosos porque não os vendem e compram uma casa maior?

—Rodolfo!

—Porque estão na nossa família á gerações! Nem tudo pode ser vendido! Nem tudo se trata de dinheiro Seu Rodolfo! Você devia saber. Com licença.

Ela levantou e foi para a cozinha. 

—Você consegue estragar tudo né pai? Como sempre!

—José Armando!

—Qual é mãe?! Eu falei o que você também pensa, mas não tem coragem de falar! O papai não sabe lidar com as pessoas ou é do jeito dele ou não é.

—José Armando volte aqui! Volte aqui imediatamente menino!

Eu não iria ficar lá pra ouvir o mesmo sermão estúpido de sempre. Ele quer ser respeitado, mas não respeita ninguém. Ninguém! E eu odeio isso.

Ele acha que só porque é o dono da fazenda pode fazer todo mundo de capacho. Mas eu nunca mais vou ser capacho dele e não vou deixar ele tratar a Esmeralda assim! Ela é uma boa moça e não merece ouvir as asneiras do meu pai sem educação.


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