Domme escrita por Carmen


Capítulo 4
Capítulo 4 - How Much Does Your Love Cost


Notas iniciais do capítulo

[sorry not sorry desde já]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678111/chapter/4

As luzes no último andar piscavam freneticamente e a garota de cabelos negros caminhava segura do seu destino. Não parecia complicado pra ela achar a porta de ferro ao fim de um dos corredores e encontrar o acesso ao terraço. Ela nunca revelou a ninguém seu esconderijo, exceto para Pipes quando estavam juntas. Desde pequena desenvolveu o hábito de esconder-se quando não conseguia pensar. Cercada por babás durante toda a infância, trancar-se no banheiro não era opção, nem no quarto, caminhar no parque era quase loucura... Então, aproveitar-se dos momentos de distração e fugir para o elevador parecia uma aventura.

Os negócios da Domme, depois da morte misteriosa de Lee B. Vause iam de mal a pior. No início, tudo parecia apenas uma fase ruim, mas a essa altura parecia uma fase interminável. Alex tinha medo ou vergonha de contar a Piper, um receio maior do que ela pensava. Pra ela, depois, isso parecia um instinto.

Com uma reunião marcada, ela, todo arrumadinho, com seu suéter e camisa social esperou que Clair, sua secretária. anunciasse sua presença e, logo, estava sentado em frente à Alexandra. O assunto era simples, objetivo. Ele, como advogado de uma empresa do norte do país, propunha financiar parte das dividas de Alex em troca da união das indústrias.

As palavras de Larry ao ver Piper pela enorme de vidro caíram na consciência de Alex. Ele jurava tê-la conhecido há alguns meses, e a data batia com a viagem da loira. Ele parecia extremamente feliz em reencontrá-la, Alex não escondeu sua curiosidade, já que o rapaz não sabia do envolvimento das duas. E ele entrega o jogo...

Pudera Piper trair Alex tão descaradamente? Obviamente, afinal, quem é capaz de amar alguém como ela? Quem amaria um Vause sem interesses? Quem acreditaria que ela podia amar alguém?

— Desculpa, eu só fico imaginando... Ela é gostosa, ela Le de tudo, ela é ótima de cama... Mas ela é fodida da cabeça, sabe? Podia ser só um golpe, porque garotas bonitas como essa nunca estão sozinhas num bar tomando marguerita, não é? – O diálogo continuou como um monólogo por parte de Larry, já que Alex pensava silenciosamente... – Sabe se ela trabalha aqui?

As palavras do mauricinho moralista que a esta altura já se despedia com um aperto de mãos já sabia que parte de seu plano estava completo. Os contratos foram assinados no fim da semana. Porém, as reflexões de Alex continuaram.

Ela via duas opções apenas: Larry estar terrivelmente enganado sobre quem era Piper e tê-la confundido com uma outra loira qualquer; ou ser realmente Piper, e ela tê-la traído tão descaradamente, passando por cima de tudo o que Alex acreditava ter sacrificado para que o relacionamento delas desse certo. E ela resolveu tirar a prova.

Ela armaria um encontro entre Larry e Piper, mas sem que a garota loira soubesse. Ela observaria a reação da sua namorada ao encontrar o mauricinho de cabelos castanhos enrolados. E a situação assim se resolveria.

Larry só podia ser um aviso do destino, um sinal, um conselho. Homens ricos e da alta sociedade como ele estavam acostumados a lidar com golpista, não? Mulheres ricas como eu também deveriam estar atentas a isso... E tudo fez muito sentido por um instante, cinco longos minutos somados aos 10 de ansiedade e espera de Alex do balcão do restaurante.

No instante em que Piper abriu um sorriso enorme e abraçou Larry, e os braços do rapaz envolveram a cintura da garota. Eles conversaram por uns 10 minutos, e Piper logo pediu licença, pois ainda acreditava que encontraria Alexandra para o almoço. Piper, obviamente, estranhou como ficou à espera da namorada e ela apenas não teve sua companhia.

Alexandra nunca se atrasava. Nunca deixou Piper esperando, nem um minuto sequer. Cumpria seus horários como britânicos costumam fazer, porém não naquele dia. Tudo foi diferente.

A vida de prazeres, dinheiro e mulheres sempre foi desregrada demais. Sua mãe morreu durante o trabalho de parto, seu pai parecia culpá-la por essa peça que o destino pregara, sua família nunca foi muito unida ou amorosa. É difícil pra uma criança crescer nesse universo, Alexandra cresceu e nunca soube o que era amor.

Ao ver a garota loira dançando no salão da Domme, ela sentiu uma alegria estranha só de ver o sorriso leve da menina. Sua única vontade era que aquele sorriso lhe pertencesse. Seria irônico demais que Piper só se importasse com o dinheiro, sentimento esse muito conhecido por Alex, e a morena agora se perdesse nos encantos da garota.

Ela voltou a ser detestável e desprezível cafajeste de sempre, o que eram velhos hábitos. Prestes a completar vinte anos, Alex sentia algo incomum. Ela que sempre tudo o que quis após um único pedido, sentia agora que a vida não se baseava em suas vontades.

Seus segundos de liberdade eram mais preciosos do que pareciam. O cigarro entre seus lábios coloridos. O batom de cor quase aveludada bordô era seu predileto, Com o Sol de fim de tarde, na medida em que os raios batiam em seu corpo, ela admirava as cicatrizes em seu pulso. Sobreviver a duas tentativas de suicídio não é algo comum – ou é. Sempre havia alguém para impedi-la de pular, de terminar o último nó, de deixar o sangue escorrer ou simplesmente arrastá-la para o hospital durante uma overdose.

Havia exatas duas semanas desde que expulsou Piper do seu apartamento. E desde então ninguém sabia dela. Nem seus seguranças, que ficavam na porta do prédio de Nicky onde ela provavelmente estaria.

A última vez em que dormiu bem foi um dia antes de Larry Bloom adentrar o seu escritório. Depois disso, o estresse fora tão grande que ela simplesmente não pregava os olhos por mais de duas horas por noite. Era o Inferno na Terra! Os braços magros e a pele de clara de Piper não a tranqüilizavam ao tocar seu corpo, nem a forma tranquila como a respiração da namorada a fazia sentir paz. E o que deixou o clima ainda mais tenso foi Piper dizer as 3  palavras que Alex mais desprezava, as 8 letras que mais odiava.

Ainda no terraço do antigo Palace Hotel, em que a pequena Vause passou boa parte da sua infância e agora estava abandonado, o pôr do sol melancólico já se despedia e Alex permaneceria acompanhada 3 garrafas de uísque e um maço de cigarro e música por mais algumas horas. Enquanto isso, um carro preto estacionava na porta do apartamento de Nicky e Piper despedia-se da amiga.

A noite deu as caras e com ela, uma decisão. E pras duas, o destino só pedia que escolhessem entre Enfrentar seu destino ou adaptar-se e fugir.
Piper foi obrigada a fazer uma escolha sob pressão. Ela fugiu de Alex e do que ela viveu na Domme, e ao mesmo tempo enfrentar sua família de uma vez por todas. Seus pais não poderiam silenciá-la ou julgá-la.
Alex decidiu, na mesma noite, enfrentar o amor que sentia, engolir o ego e deixar que Piper contasse a ela quem era Larry pra ela.

Mas antes, ela se permitiria sofrer um pouco por perder o amor de sua vida. Enfim, flagrada: Alex Vause perdia algo que nenhum de nós imaginava que ela tinha: seu coração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[you said i have your love, and how much it will cost...]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Domme" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.