Kiss Kiss escrita por Miris


Capítulo 28
Notas


Notas iniciais do capítulo

O.K.!

O último capítulo que eu postei foi no dia 20/06 deste ano, no horário de 18h15min.
Não estou tãao atrasada assim, oras!

Foi um capítulo meio diferente e eu o fiz todinho apenas essa tarde! Para falar a verdade acabei de editá-lo.

Aproveitem!



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            Uma semana havia se passado desde aquele pesadelo que parecia não ter fim. Xavier foi finalmente preso e meus amigos cuidaram de mim, e isso fez bem para todos. Afinal, eles estavam convivendo mais.

            Não demorou em que se ver Ray deitada no colo de Mel fosse algo comum. Ou então Ray e Michael jogando no celular, enquanto Mel e John fumavam em minha janela, trocando mínimas palavras. Mas que eu sabia que eram muitas para eles.

            John e Mel tinham que conversar e era um bom início para os dois que sempre cuidaram de mim e nunca deles verdadeiramente. Já Ray e Michael estavam conversando civilizadamente, apesar desta estar me evitando. Isso não irá durar para sempre.

            John me contou o que ela voltou a fazer e isso me preocupava muito. Ray se fazia de bonita e forte o tempo todo e não queria se tratar, e isso me doía demais. Observei seu corpo magérrimo, adquirido nos últimos meses de separação, enquanto Richard passava uma nova camada de pomada em meu ombro direito.

            Suas pernas definidas haviam desaparecido, seu short mostrava que sua bunda estava menor. Enquanto sua blusa salmão era fina de mangas cumpridas, ela estava se escondendo. Eu a via sorrir apenas com os lábios, tentando não mostrar dentes e gengivas que iriam entregar ela.

Qual o problema?— Richard murmurou para mim.

Ray.— Respondi baixinho, para logo voltar ao normal. – Mas não é nada que deva te preocupar.

— Tudo bem.

            Segunda-feira logo chegou e eu agradeci por ser um dia mais frio, pude usar calças e blusas de manga sem chamar muita atenção. Tudo estava encaminhando para o mais certo possível, então nada podia me impedir de ter um dia calmo e feliz.

            Foi extremamente empolgante ver meus amigos todos juntos na porta da escola me esperando. Quando Richard – que não se escondia mais nas roupas escuras e largas— e meus amigos notaram minha aproximação, sorriram de forma convidativa para mim. Meus olhos se encheram de alegria e fui correndo até eles que me receberam de braços abertos.

            Entramos para buscar nossas coisas em nossos armários e, pela primeira vez em tempos eu me sentia mais do que livre. Andei pensando bastante e constatei que relacionamentos abusivos eram mais comuns do que se imaginava, mas a vítima nunca enxergava isso e sempre se sentia culpada.

            Na sala de aula os professores passaram alguns conteúdos de forma preguiçosa já que era a última semana de aula das férias de verão; Ou seja, três meses inteirinhos sem aula.

Quando as notas finalmente chegaram eu fiquei realmente feliz. Tanto eu quanto meus amigos havíamos tirados notas suficientes para que não tivéssemos recuperação e perdêssemos dias maravilhosos nas férias.

Durante todo o dia sentamos os seis no fundo da sala – sim Richard estava com a gente— e ficamos conversando sobre o que faríamos nas férias de verão. E o nosso dia foi assim, imaginando e planejando.

***

Eu nunca havia reparado no quão bonito e atraente era Richard, principalmente agora que estava mais natural e não se escondia. Não só eu, mas todas as garotas reparavam. Ele sempre foi alto, mas seus braços definidos chamavam atenção. Porém, não tanto quanto sua bunda.

Oh meu deus! O que estou dizendo?

— O que você acha Kory? – Ele sorriu para mim animado me tirando do transe.

— Do que? – Olhei para meus amigos reunidos na mesa da cantina com seus almoços.

— De marcarmos de ir ao parque de diversões! – Meu sorriso apareceu a sumiu no mesmo instante quando Ray disse.

Oh...— Murmurei triste. Já sabia o que estava acontecendo.

— Qual o problema ruivinha? – Mel questionou.

— Me disseram que se fossem aceitos nas novas escolas, iríamos ao parque. – Todos se calaram. – Lembram?

— Sim. – John confessou e um silêncio estranho se propagou.

— Mas ainda não recebemos nada Kory – Michael começou. – Só estamos indo para nos divertirmos. – Sorri.

— Tem razão. Ainda é muito cedo para choradeira. – Comentei e todos riram.

            Com os boletins em mãos fomos comemorar em uma cafeteria do parque. Falávamos de coisas aleatórias e riamos como antes. Acho que tudo voltou ao devido lugar: eu, meus amigos e agora Richard com a gente. Ele era tão espontâneo e engraçado, era impossível alguém não gostar dele.

***

            Depois do passeio ficou combinado que Ray e Mel iriam para minha casa na noite seguinte, afinal teríamos uma noite das garotas. Fomos todos embora acompanhados em pares: Richard e eu fomos caminhando até meu apartamento, Ray e Michael pegaram um ônibus, e Mel e John seguiram para suas casas de moto. Mas provavelmente iriam se encontrar mais tarde.

            Como sempre a companhia de Richard era agradável e animadora. Nosso trajeto era uma mistura de conversa simples e ao mesmo tempo profunda e divertida. Era acompanhada de longos silêncios confortáveis para ouvirmos nossas respirações – e as altas batidas de meu coração que parecia que iria explodir a qualquer segundo.

            Assim que chegamos a meu prédio subi alguns degraus da pequena escadaria e olhei para trás. Ele estava parado me olhando de uma maneira enigmática, eu não conseguia ler o que se passava em sua cabeça.

Rich...?— O chamei baixinho e ele deu um pequeno sorriso. Desci alguns degraus até ficar no terceiro. – Não vem?

— Hoje não ruivinha. – Ele continuou a me olhar. – Você precisa de um tempo Kory, para se organizar. Se cuidar. – Eu entendia o que ele queria dizer e isso era extremamente fofo.

— Obrigada Rich. – Sorri para ele. Sim, no fundo o que eu precisava de um pouco de espaço e solidão para me organizar.

            Eu o vi olhar para o chão e respirar fundo. Ele me olhou e se aproximou lentamente, olhou no fundo de meus olhos e depois para minha boca. Eu paralisei.

— Eu não quero apressar nada e nem forçar... – Ele murmurou e quase não pude ouvir. Então ele fez de novo.

            Richard deu um beijo no canto de minha boca e eu o vi ficar totalmente vermelho e encarar o chão. Ele parecia ofegante com tão pouco... O que estou dizendo? Meu coração está quase saindo pela boca! Isso não é pouco, É MUITO!

— Eu sinto muito... – Ele disse baixo e saiu andando. Eu demorei alguns segundos para voltar ao normal, mas já era tarde. Ele estava um pouco distante e o porteiro veio perguntar se eu estava bem. Foi preciso entrar.

— Tem certeza menina Anders? Você está vermelha, deve estar com febre. – O gentil porteiro comentou.

— Não se preocupe, vou agora mesmo tomar um remédio e ir descansar.

***

            O caminho até o ponto de ônibus foi silencioso, Ray estava tão calada e isso me deixava desconfortável. Observei a minha ex-namorada e ela parecia normal. Calça jeans, blusa listrada em verde-claro, maquiagem e bolsa... Não.

            Primeira pista: não se tratava de visual, era por dentro. A verdade era que Ray estava com mais maquiagem e já dava para ver que estava saindo, por causa de suas olheiras estarem aparecendo. Ou seja, ela não estava dormindo. E Ray não deixa quase nada abalar seu sono sagrado.

            Outra pista são suas roupas. Mesmo no frio Ray usa roupas que contornam bem seu corpo, mas suas roupas parecem mais largas do que o normal. Terceira pista: peguei Ray duas vezes hesitante com a comida, e quando comia parava e encarava a comida. Como se sentisse culpa...

— Tem algo acontecendo? – Questionei e ela sorriu.

— Não. Por quê?

— Nada. – Fingi despreocupação. – Apenas perguntando.

            O ônibus chegou e seguimos o caminho em silêncio, eu iria descobrir. Essa patricinha extrovertida era minha perdição de uma forma única. Eu largaria todos os meus jogos por ela!

            Em frente ao seu apartamento eu pedi para entrar porque havia esquecido as chaves e minhas mães só voltariam tarde da noite – o que não era uma mentira. Lá pedi um copo de água e ficamos sozinhos na cozinha.

— E... Como vai você e o Gabriel? – Comecei.

— Não temos nada. – Sorri.

— O que houve?

— Ele era um babaca que não sabe aceitar quando perde. – Em minha cabeça soava o “eu avisei”.

Hm. – Bebi a água.

— Sei o que está pensando Michael. – Coloquei o copo na pia.

— Será mesmo que sabe? – Ela cruzou os braços.

— Está pensando “Eu avisei”.

— Errou. – Ela arqueou a sobrancelha. – Ok, você acertou.

— Eu disse que sabia.

— Então adivinha o que estou pensando agora. – Ela deu de ombros.

— Não sei.

— Estou pensando em: – Me aproximei dela e a puxei para mim, deixando-a assustada. – O que houve com a Ray? Porque ela está assim? E porque ela controla o meu coração como ela bem entende? – Ela estava calada e vermelha. – Fui muito rápido? Quer que eu te solte?

— É por isso que eu te amo Michael. – Foi a minha vez de ficar confuso. – Mesmo sendo um homem e dando suas investidas, você ainda quer saber se a pessoa está ou não confortável com a situação. – Eu ri.

— Fui criado por duas mães e tive um pai que sumiu no mundo quando descobriu a gravidez e que a minha mãe era lésbica. Obviamente eu não sairia dentro do padrão machista da sociedade. – Ela riu e isso doeu em mim. – Suas gengivas... Estão feridas. – Ela colocou a mão na boca e se afastou, logo correndo para o banheiro. – Ray, espera.

Me deixa Michael!— Ela trancou a porta e eu respirei fundo enquanto bati com minha testa na mesma.

Que outros segredos você tem Ray?— Murmurei e me arrastei na porta até sentar no chão.

            Demorou cerca de uma hora para que Ray saísse do banheiro, inclusive já estava de banho tomado. Ela me encarou quando viu que eu estava encostado na parede oposta ao banheiro encarando seus olhos. Provavelmente eu estava péssimo.

— Ainda aqui? – Ela disse e olhou para o lado.

— Não vou embora hoje. – Disse convicto. – Vou dormir aqui hoje para te proteger. – Ela me olhou incrédula.

— De quê?

— De você mesma! – Entrei no quarto junto a ela que me viu buscar as roupas extras que eu sabia que ela guardava no quarto. Era da nossa época de namoro. – Tô indo pro banho.

— Michael! – Ela protestou.

— Aham, tô te ouvindo. – Disse e mostrei o play de uma lista de músicas de meu celular que logo foi pressionado quando entrei no banheiro.

***

— Obrigada pela carona. – Mel disse já fora da moto e tirando o capacete. Eu nem tinha desligado a moto.

— Calma aí. – Ela já estava indo em direção as escadas dos prédios velhos. – Mel, espera!

— O que é? – Mel se virou e me olhou finalmente.

— Não vamos nem conversar? – Abri meus braços querendo uma explicação. Ela suspirou e desceu alguns degraus de braços cruzados.

— E sobre o que você quer conversar John?

— Sobre o que tá acontecendo com a gente!

— Ok... – Ela olhou para baixo e balançou seu corpo por uns instantes. – Eu me apaixonei por você e estou me afastando para não sofrer. – Fiquei calado, como prosseguir? – Ótimo papo, boa noite!

            Eu nem tive tempo para argumentar, Mel já saiu em disparada para o prédio adentro. Montei na moto apenas para guiá-la mais alguns metros até o prédio ao lado e guardar na garagem alugada da senhorinha do primeiro andar.

            Subi para meu apartamento que era de frente ao de Mel e pude ver, pelas sombras que as luzes fracas de seu quarto faziam nas cortinas, a garota retirar blusa e logo o sutiã. Corei e me joguei na cama querendo gritar de raiva.

            Tomei meu banho e de volta no quarto eu me vesti. Respirei fundo e comecei a perceber que no apartamento de Mel havia gente brigando alto.

... Pois faça o que quiser!— Era a voz da Mel. – Você nunca ligou para nada e ninguém. Porque agora seria diferente?

Me respeite que sou sua mãe!

Você não é nada! Sou eu quem coloca dinheiro e comida nesta casa.

Melissa Bonnie Sharalyn!

Assim que minha vaga sair eu juro que nunca mais vou voltar a olhar na sua cara cheia de reboco barato para conquistar homens mais baratos e nojentos do que você!

            A porta fez um barulho enorme que acordou um monte de vizinhos que começaram a gritar e reclamar, mas depois de quinze minutos tudo se acalmou novamente. Eu tomei coragem, passei pela minha janela do quarto parando na escada de incêndio. Mel ainda estava acordada, então eu só precisei passar para a sua escada de incêndio. Nossos prédios formavam um beco, então era fácil e fazíamos isso quase sempre.

— Mel? – Chamei a garota e me sentei em sua janela ainda coberta pela cortina. Me assustei quando ela abriu a cortina toda e vi um corte em seu lábio. – O que houve?

— Eu e a Sarah saímos na ‘porrada’ agora a pouco. – Ela sentou no peitoril da janela.

— Sinto muito. – Ela deu uma risada irônica e revirou os olhos.

— É a mulher que me botou no mundo inconsequentemente, não dá pra não sentir. – Rimos baixinho e ouvimos uma porta ser trancada.

— Ela...? – Comecei.

— Sim, foi trabalhar. E pela nossa briga, vai demorar alguns dias pra voltar.

— Como sempre. – Comentei e ela concordou. – Vamos subir? – Ela assentiu e passou pela janela. Subimos pela escada de incêndio até o terraço.

            Mel estava com um short de pano preto, uma camisa cinza grande com uma flor amarela murcha no meio, uma blusa de frio grande preta e cabelo amarrado para baixo.

— Será que a gente vai se resolver um dia John? – Ela perguntou olhando a vizinhança corrompida por seus problemas sociais.

— Nós dois? – Ela assentiu e fez ‘Uhum’. – Quem sabe Mel?

            Nós nos olhamos e sorrimos um para o outro, Mel colocou a testa em meu peito e se manteve imóvel. Eu apenas pude fazer carinho em seu pescoço como ela gostava.

— Eu odeio gostar de você... Florian. – Ela riu depois de dizer meu sobrenome secreto.

— Eu também... Bonnie. – Rimos e ficamos até altas horas da madrugada vendo nosso bairro sem solução ficar cada vez mais silencioso.

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Notas finais do capítulo

Eu gostei muito de escrever a breve cena de John e Mel! ♥
Tô ficando xônada nesses dois ♥ ♥

Espero que tenham gostado!



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